Nas Mãos do Destino escrita por Keth
Notas iniciais do capítulo
Enjoy!
Meu amado Wilbur,
Espero do fundo de minha alma que essa carta chegue em tuas mãos. Restam apenas algumas semanas para o fim do inverno e mesmo após todos esses anos longe de ti, é nessa época em que sempre adoeço. Meu marido, Magnus, contratou os melhores médicos e curandeiros de todo o reino, mas nenhum deles sentiu-se confortável em afirmar que sabe qual doença me aflige. Uns arriscaram chamar de doença do inverno, mas não cansam de repetir que nunca viram um caso o meu.
Todos haviam perdido as esperanças, até que em uma tarde chuvosa estava a caminhar melancolicamente pelos corredores, quando encontro uma bela e misteriosa mulher de cabelos negros como a noite que contrastavam com o azul de seus olhos que eram claros como o dia, que apresentou-se como Mirthia, uma curandeira. Ao olhar-me nos olhos, contou-me que sabia qual era a doença que me afligia todos esses anos, era uma doença do coração. Quando o mesmo era partido, nenhuma poção ou remédio na Terra faria efeito.
Perguntou-me se agradar-me-ia a possibilidade de ter uma amiga que a entendesse e pudesse compartilhar segredos. E assim começou uma amizade que floresce a cada dia. Aconselhou-me a escrever-lhe esta carta para que possa acalmar esse meu coração tão despedaçado.
Sendo assim, escrevo-te esta carta contendo minhas melhores lembranças de uma época em que tudo era preto e branco.
Lembro-me do inverno mais longo e rigoroso da década, que nos isolou do mundo por vários meses, os quais eu agora percebo terem sido uma amostra do paraíso. Vivíamos apenas um para o outro, nossa única preocupação era nos manter aquecidos e alimentados. Ensinou-me a preparar armadilhas, cozinhar e a sobreviver no inverno rigoroso.
Sendo nobre, o único conhecimento que possuía era etiqueta. Suas tentativas de me ensinar as tarefas básicas de sobrevivência no início pareceu perda de tempo e logo cheguei a acreditar que minha vida terminaria ali naquela cabana abandonada. Mas tua persistência e fé deram-me forças para enfrentar esse desafio que parecia impossível. Semanas se passaram e eu podia perceber as mudanças em meu corpo: minhas mãos ásperas de tanto trabalhar com madeira, meu cabelo uma vez cheio de vida e brilho agora todo embaraçado e preso de forma simples, também havia emagrecido pois as roupas que me apertavam agora estavam largas.
Um mês depois já preparava minhas próprias armadilhas, manuseava uma faca sem medo e lhe ajudava com lanças improvisadas. Após o segundo mês, quando chamou-me para caçar, o único medo que tinha era te desapontar. Já havia me esquecido como era minha antiga vida onde a minha única preocupação era escolher a roupa do dia e aproveitar dos mais exóticos banquetes. Terminada nossa pequena jornada em busca da refeição do dia, enchi o peito de orgulho em dizer que aquele era o melhor banquete de minha vida; um veado jovem e uma pequena lebre, ao final da ceia, quando sentamo-nos frente a lareira, me tomaste em teus braços beijando-me apaixonadamente e sussurrando o quanto orgulho sentia de mim, era um sonho se realizando.
Despertei na manha seguinte sentindo-me leve e realizada, deparando-me com teus lindos olhos castanhos fitando a neve que começava a derreter lentamente. Faltavam apenas algumas semanas para o final daquele inverno e teríamos que voltar para nossas vidas, mas ao observar teu semblante tranquilo, esqueci-me de todas as preocupações, éramos apenas nós naquele pedaço de céu. Faltam-me palavras para descrever o último mês, teus braços aqueciam-me como uma lareira ali era o único lugar onde eu queria estar.
A neve continuava a derreter, o frio já não era o mesmo. Era uma questão de tempo até que os guardas de meu pai nos encontrassem. Jamais me perdoei por termos permanecido na cabana, poderíamos ter fugido e vivido da terra como estávamos fazendo durante aqueles meses. Por fim o dia que tanto temíamos havia chegado, o som dos cascos se aproximando fez-me tremer mesmo tendo teus braços a minha volta, já não poderia viver num mundo sem você. Por um breve momento, fui tola e criei esperanças quando não nos reconheceram. Amaldiçoo todas as noites o cavalheiro que reconheceu-me ao olhar bem em meus olhos.
Recordo-me também do triste meio de primavera, em que arranjaram-me um casamento, tu invadias meus sonhos e assombravas minhas refeições quando finalmente deixaram-me sair, cavalguei a teu encontro no nosso campo de rosas onde podíamos ser nós mesmos e nos amarmos.
Após todos esses anos, tua presença ainda me assombra, não existe um dia sequer que eu não pense nos belos campos de rosas no qual costumávamos passar horas a conversar e a correr como se o amanhã nunca pudesse nos alcançar.
Perdoe-me novamente meu amado, por não ter respondido tuas cartas, temia que alguém descobrisse e te matasse. Dói-me profundamente saber que pensaste que não te amaste mais. Agradeço todos os dias pelo último dia em que estive em teus braços pois me destes o melhor presente que uma mulher pode receber, o presente da vida. É uma linda menina e seus cabelos são brilhantes como as folhas que caem no outono, ela também possui teus belos e expressivos olhos. Seu nome é Kyra. Espero que o destino sorria para nós mais uma vez e nos permita um reencontro.
Com todo meu amor, sua amada Gwen.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
O que acharam? Deixem nos comentário sua opinião, ela é muito importante para a constante evolução. =^-^=
Dependendo de como o feedback for, escrevo até uma continuação ;p