Licantropia: A Reserva escrita por Paulo Carvalho


Capítulo 18
Capitulo 17: Serviços comunitários.


Notas iniciais do capítulo

E aí ,pessoal, tudo bom? Me perdoem de novo pelo atraso! Minha escola está acabando comigo e eu acabei de descobrir que terei aulas dezembro inteiro...ou seja, possíveis atrasos ocorrerão novamente. Já me desculpo de antemão.
Espero que gostem!! Boa leitura!!



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Samantha não queria acordar. Tinha medo de que tudo se desfizesse em pó em seus sonhos. Quando acordou ela sentia raios de sol atingindo seus olhos, mas recusou-se a abri-los, apenas puxou o travesseiro por cima de sua cabeça. O silêncio que a cercava por meses nunca lhe pareceu tão acolhedor quanto naquele momento. Quando não pôde mais aguentar, Sam empurrou o travesseiro para o lado e sentou-se na cama.

Ela nunca vira um quarto tão grande e confortável em toda sua vida. Na Reserva seu quarto era uma concentração composta por 10 beliches divididos entre homens e mulheres. As noites eram ocupadas pelo barulho dos geradores de energia que ficavam no final do corredor e pelas visitas noturnas que os patrulheiros e mensageiros faziam uns aos outros. O quarto que ela estava naquele momento era o triplo da concentração, com paredes azuis, móveis de madeira antiga e uma cama de casal com o colchão mais macio que ela já sentira em toda sua existência.

Havia alguns reparos a serem feitos ainda. Os quadros nas paredes ou possuíam molduras quebradas ou estavam em pedaços no chão. O tapete azul que cobria a maior parte do chão de mármore estava encardido e manchado, mas a sensação da lã sob os pés de Samantha era tão boa que ela não se incomodava. Poeira cobria os móveis e havia caixas e mais caixas de objetos encontrados que estavam guardados ali. Devia ser o depósito deles, pensou.

Ela se levantou e com cuidado olhou por entre as cortinas amareladas. A mansão era composta por quatro andares. O quarto de Sam ficava no terceiro e fornecia visão para o complexo industrial para onde ela fora levada na primeira noite que chegara ao acampamento. Ainda era muito cedo e o sol começava a surgir por entre dois dos maiores prédios da cidade. As tochas que se erguiam ao lado das portas de metal oxidado ainda queimavam como pequenas línguas laranjas. As janelas eram quadrados de aproximadamente 1 metro quadrado; algumas estavam vedadas, outras quebradas e algumas ainda exibiam pichações que pareciam muito recentes. O que eles esperam conseguir com aquilo?

Batidas na porta a sobressaltaram. Ela esperou que Soren entrasse, mas nada aconteceu. Após alguns minutos as batidas retornaram e ela abriu a porta com as sobrancelhas franzidas. Não fazia sentido Soren bater em sua porta.

–--Olá. ---Um garoto sorriu para ela. ---Samantha, não é isso?

Era magro e tinha olhos castanhos grandes demais para o rosto pequeno e de ossos finos. Um sorriso tênue dançava em seus lábios finos e vermelhos, exibindo dentes brancos e reluzentes. Os cabelos da mesma cor dos olhos eram lisos e estavam presos em um rabo de cavalo que chegava até a altura de seus ombros.

–--Sim. ---ela respondeu desconfiada. Quem é esse agora?

–--Meu nome é Sebastian. ---ele estendeu a mão e Sam a apertou. ---Soren está... ---a voz do garoto estremeceu por um momento. ---Ocupado. ---ele pronunciou a palavra com cuidado. ---Ele pediu que eu... a observasse para o caso de você...

–--Sofrer outra ameaça de morte? ---Sam sugeriu com uma sobrancelha erguida.

Sebastian sorriu brevemente com uma expressão envergonhada e acenou afirmativamente com a cabeça. Samantha o analisou novamente. Era muito magro e apenas alguns centímetros mais alto que a própria Sam; ele não parecia com os outros licantropos. Todos os Filhos da Noite que ela vira, até mesmo a pequena Caly, eram morenos, com olhos brilhantes e constituição firme, forte. Sebastian parecia com os jovens puros da Reserva que estudavam durante anos para se tornarem pesquisadores: magros, frágeis e inocentes. Mas ele não é. Lembre-se disso. Isso aqui não é a Reserva.

–--Podemos ir? ---ele perguntou.

–--Ir aonde? ---Sam semicerrou os olhos.

–--Hã...---Sebastian parecia tentar encontrar as palavras certas. ---Soren disse que você devia trabalhar. Quero dizer, ele...ele falou que dessa forma as pessoas iriam se acostumar com a sua presença. Não que eu esteja dizendo que a sua presença incomoda...eu só...

–--Tudo bem. ---Samantha o interrompeu tentando conter o sorriso. ---Já entendi. Me dê dois minutos e já vou.

Ele assentiu visivelmente aliviado por não tê-la ofendido e recostou-se na parede ao lado da porta enquanto Sam trocava de roupa. Não havia muitas opções, mas ela escolheu as que lhe pareciam mais resistentes e seguiu Sebastian pelos corredores da mansão.

Era a primeira vez que a patrulheira via um local sem rachaduras e lixo entulhado ao seu redor. Não havia marcas de infiltração, objetos abandonado às pressas ou reboco ameaçando quebrar sua cabeça. Na verdade, tudo parecia de aparência cara e luxuosa, com colunas de mármore e móveis antigos e pesados. Os quadros estavam caídos no chão com molduras quebradas, mas as pinturas pareciam intactas, apenas algumas esculturas estavam rachadas ou quebradas; a maioria, porém, encontrava-se em perfeito estado de conservação. Se a poeira não cobrisse todo o lugar, Sam acreditaria estar numa mansão pré-guerra, onde viviam os ricos e poderosos. Agora todos estão morando naquelas cidades no fundo das Reservas. Ricos e pobres.

–--Essa mansão estava cercada por escombros de casas e prédios demolidos ao redor, bloqueando todas as entradas. Então Caly... você a conhece, não? A irmã de Sam? ---Sebastian se virou.

–--Sim. ---Sam sorriu ao pensar na garotinha.

–--Ela conhece esse lugar melhor do que ninguém. Foi ela que descobriu como entrar por uma saída lateral da mansão, uma das vigas do banco ao lado, abriu um buraco enorme na mansão e é por lá que você entrou. ---ele apontou para uma cratera que se erguia até o último andar da mansão até o chão do térreo. Do outro lado, montanhas de lixo e entulho soterravam o que deveria ter sido o banco.

Eles desceram as escadas até o primeiro andar, onde um grupo de Filhos da Noite, trabalhava carregando entulho para fora da mansão. Eles pararam no minuto em que viram Sam e a encaram por um período longo e tortuoso até Sebastian bater as mãos e gritar:

–--Parem com isso! ---ele gritou o mais alto que podia. ---Soren e Raniah não querem saber de confusões. Esta é Samantha. ---ele apontou para a garota ao seu lado que ergueu as sobrancelhas interrogativamente. ---ela irá nos ajudar a arrumar toda essa bagunça e espero que sejam legais com ela.

–--Cale a boca! ---alguém gritou e Sam não pode conter o riso. Todos a encararam como se ela fosse louca.

–--Me desculpe. ---ela se dirigiu a Sebastian. ---Bem... ---ela se virou para os que a encaravam logo abaixo. ---Eu sou Samantha, como se vocês não soubessem e estou aqui por razões óbvias. Não precisam ser legais comigo, só não tentem me matar. ---ela tentou sorrir, mas desistiu quando todos se viraram e voltaram a realizar suas tarefas.

Ao contrário dos andares superiores, o térreo era composto por montanhas de entulho, lixo e poeira. O trabalho de Sam era, basicamente, retirar os escombros e coloca-los nos carrinhos de mão improvisados para em seguida serem levados pela saída lateral até o que Sebastian chamava de O Aterro. Era um trabalho duro e exaustivo que deixou Samantha com os braços doloridos e as pernas cansadas no meio da tarde. Não deixarei que me chamem de fraca.

Anoitecia quando finalmente Sebastian disse que os trabalhos estavam encerrados. Ele passara o dia inteiro trabalhando junto com os outros quinze Filhos da Noite, mas Sam sabia que sua função era observar e cuidar para que ninguém tentasse matá-la.

Soren, entretanto, tinha razão. Dos quinze Filhos da Noite que trabalhavam com ela, sete eram mulheres na faixa dos quarenta anos com filhos de doze ou treze anos. Havia dois jovens magros que pareciam estar feridos e apenas ajudavam superficialmente e apenas um homem lhe oferecia perigo. Era Hádron que parecia cuidar do trabalho mais pesado, carregando blocos gigantescos de concreto nos braços que não eram suportados pelos carrinhos de mão. Mesmo assim ele não a encarava com hostilidade. A única vez que Sam o vira olhando-a fora durante uma pequena pausa e os olhos verdes do homem a observavam com curiosidade. Fora isso, ele parecia entediado.

–--Graças a Deus! ---ele ergueu as mãos para o alto quando Sebastian o liberou. ---Eu não podia imaginar que a ´´restruturação de ambientes`` de Raniah era retirar de entulho da droga de um prédio caindo aos pedaços. Vou pedir liberação hoje mesmo.

Acho que Raniah não o liberou, Sam pensou quando Hadron surgiu no dia seguinte com uma expressão mal-humorada carregando mais blocos de concreto nas costas. Os dias se passaram lentos e exaustivos e lentamente o chão da mansão foi se tornando visível.

Foram necessários seis dias para que todo o lixo fosse retirado do andar térreo, restando apenas uma poeira fina e branca. Alguns móveis foram deixados e coube às crianças limparem-nos; os quadros foram reaproveitados e apenas dois foram jogados foras.

Nestes seis dias,Soren não reapareceu e Sam percebeu que a sua presença havia se tornado tão corriqueira nos últimos meses que o seu sumiço lhe parecia estranho, como se algo estivesse faltando.

Samantha então passou a viver sob uma rotina intensa e cansativa, acordando as 7:30 da manhã e trabalhando o dia e a tarde inteiras. À noite, ela ajudava as mulheres na cozinha recém-reformada, indo dormir cerca de onze da noite. Com o passar do tempo ,ela descobrira o nome de todos ao seu redor e suas peculiaridades. As sete mulheres pareciam querer manter distância e Sam não se incomodava com isso, uma vez que todas encaravam-na desconfiadas e irritadas. Seus filhos, porém, pareciam fascinados em conhecer alguém da Reserva, mesmo que fosse uma ameaça e sempre faziam perguntas quando ficavam longe o suficiente das mães. Com o passar dos dias, Sam passara a gostar da presença deles.

Foi na oitavo dia, quando todos começavam a trabalhar no segundo andar que Caly surgiu. Os machucados haviam sumido, mas Sam não se surpreendia mais com a capacidade de regeneração dos Filhos da Noite. Ela nunca vira nenhum licantropo permanecer ferido por mais de dois dias. Caly havia cortado os cabelos deixando-o tão curtos que não fosse o rosto de boneca, ela poderia se passar por um garoto. Os olhos dourados brilhavam de animação quando encontrou Sam. Por alguma razão incoviniente, Sam lembrou-se que eram exatamente os mesmos olhos dourados de Soren e notou o quanto eram bonitos; como ouro derretido.

–--Oi, Sam! ---ela sorriu e pulou para o banco ao seu lado.

–--Olá, Caly. ---Sam sorriu para ela. Era talvez a única pessoa para quem ela sorria verdadeiramente naquele lugar.

–--Soren disse que talvez você fosse precisar de ajuda e eu me ofereci. Cansei de ficar ajudando Serena a cuidar de Gregory.

–--Quem é Gregory? ---Sam perguntou e lembrou-se dos outros que poderiam interpretar mal a pergunta. Porém, elas estavam sozinhas em dos incontáveis corredores do segundo andar.

–--É um dos lican...Filhos da Noite. ---Caly se corrigiu. ---ele está com a Doença da Prata.

Samantha deixou que a caixa contendo os pedaços de uma estátua que se quebrara caísse no chão e sentou-se no banco. Ela havia ouvido falar da Doença da Prata na Reserva. Fora criada em laboratório e Sam vira as imagens dos infectados em um antigo projetor nas aulas de saúde. Fora um dos poucos momentos que a haviam feito hesitar. O vírus agia de forma violenta e cruel.

–--Você já ouviu falar dela? ---Caly perguntou curiosa.

–--Sim. ---Sam estremeceu. ---Sei bastante sobre ela, na verdade.

–--Mesmo? Ela é fatal, não é? E sem cura?

Sam hesitou em contar o que sabia, mas não sentia mais nenhuma ligação com a Reserva. Eles me abandonaram aqui e eu quase morri por três vezes. Não tenho a mínima ideia de quanto tempo mais tenho. Não devo nada àqueles idiotas.

–--Tecnicamente... não. ---Samantha sorriu para a expressão de susto que inundou o rosto de Caly. ---O vírus incapacita o hospedeiro nos 10 ou 15 minutos após sua entrada no organismo, causando paralisia parcial dos músculos e ataca os tecidos cerebrais. Isso seria o suficiente para matar um ser humano, mas não um de vocês. Isso apenas nos dá mais chances de matá-los. Pelo menos era o que eu pensava. Mas, o vírus foi feito para agir em cinco fases, na verdade.

–--Fases? Como assim?

–--A primeira foi criada para efeito instantâneo fornecendo vantagem para os nossos soldados na guerra. Ele incapacita, como eu disse. Mas essa primeira etapa pode falhar em certos aspectos e um Filho da Noite poderia fugir ou continuar vivo. Por isso, os cientistas criaram as outras fases do vírus. Eu não sei muito sobre o vírus, na verdade. Nunca fui treinada para ser um dos cientistas, sabe? Eles nunca me aceitariam em uma ala tão importante.

–--Soren me disse que eles te chamam de Impura porque nasceu de pais licantropos.

–--Sim. ---Mais uma usando esse termo, Sam pensou.

–--E o que acontece nas outras fases?

–--Essa parte era conhecimento restrito para os geneticistas e biólogos da Reserva. Eu só sei de uma coisa, Caly: as outras fases do vírus são brutais. Cada fase retira uma de suas habilidades até que não reste nada de licantropo em vocês.

–--Então ,essa doença é a cura? ---Caly arregalou os olhos. ---Gregory vai voltar a ser um humano comum?

–--Não. ---Sam respondeu com as sobrancelhas franzidas. ---O vírus não para até que o hospedeiro esteja morto. Na Reserva chamamos este vírus de o Último Soldado. ---Samantha notou o olhar de tristeza da menina. ---Mas até o soldado mais forte pode falhar.

–--O que você quer dizer?

–--Que esse vírus é resultado de um conjunto de mutações, Caly, e em cada fase ele se modifica. Algumas vezes, ele falha e não se transforma como deveria. Isso pode ser tanto quanto bom como ruim. Ele pode se transformar em algo destrutível ou em alguma coisa ainda mais forte.

Caly se manteve em silêncio por um bom tempo depois disso e Sam a deixou com seus pensamentos. Ela ouvira dizer sobre a ineficácia do vírus depois de algumas semanas, mas os hospedeiros sobreviventes... ela ainda se lembrava das fotos com feridas abertas e os olhos cheios de sangue. Talvez seja melhor para esse Gregory morrer. Ele pode não gostar do que vai restar dele se sobreviver à doença.

Caly passou o dia inteiro ajudando-a com a limpeza dos corredores e no final do dia, elas haviam conseguido cuidar de todos os dez quartos distribuídos em três corredores diferentes. Eram espaços gigantes e ricamente mobiliados com quadros e esculturas de pedra cinzenta decorando paredes e vãos. Elas haviam encontrado também roupas em perfeito estado em um dos quartos e uma estante cheia de livros antigos, porém, utilizáveis. Estava anoitecendo quando finalmente levaram todos os objetos encontrados até Sebastian para que pudesse levá-las para Raniah.

–--Uau! Ran ficará muito feliz. ---o garoto sorriu. ---Está bom, pessoal. ---ele gritou para todos. ---Já está bom por hoje, bom trabalho. Amanhã retornamos.

–--Quem foi que disse que você é o supervisor. ---Hadron provocou enquanto jogava dois pedaços de madeira sobre um carrinho de mão.

–--Soren. ---o menino respondeu convencido.

–--E quem foi que disse que é ele quem decide as coisas por aqui?

–--Raniah. ---Caly respondeu mal-humorada. ---E todos nós decidimos que é ele quem manda por aqui. Inclusive você. ---ela piscou fazendo os outros rirem. Sam tentou esconder o sorriso enquanto se abaixava para depositar a caixa no chão.

–--Chega de discussão. ---Sebastian bateu as mãos novamente. ---Vamos comer ou vamos ficar com os restos.

Todos assentiram e começaram a descer as escadas em direção ao refeitório. Caly começou a segui-los, mas quando notou que Sam não os seguia, voltou com as sobrancelhas erguidas interrogativamente.

–--Você não vem? ---ela perguntou.

–--Acho melhor não, Caly. ---Sam sorriu. ---Mas não se preocupe comigo. Eu me viro.

–--Eu... volto logo. ---Caly respondeu indecisa.

–--Não precisa. ---Sam sorriu. ---Eu ficarei bem aqui.

–-É que eu estava pensando se não poderia dormir aqui na mansão. Serena e Raniah não me deixam dormir direito. ---ela respondeu envergonhada.

–--Ah. Tudo bem. ---Sam riu. ---Esse lugar pertence mais a você do que a mim. Faça o que achar melhor.

A menina sorriu satisfeita e correu para alcançar o grupo no andar debaixo. Sebastian então sentou-se em um dos bancos com uma expressão decepcionado e começou a folhear os livros achados.

–--Pode ir também, Sebastian. Eu fico de olho nela. ---Hadron sorriu. ---Não deixarei ela fugir.

–--Não acho que Soren iria gostar disso. ---Sebastian respondeu com uma expressão que deixava claro que ele queria ir embora. ---Ele pediu para que eu não tirasse os olhos dela.

Sam sentiu uma mistura de sensações ao ouvir aquilo. Ela era agradecida a Soren pelo cuidado, mas pressentiu que havia uma espécie de piado naquilo. Era quase possível imaginá-lo com um sorriso irônico afirmando que Samantha não era capaz de virar sozinha. Não sou tão indefesa assim.

–--Pode ir, Sebastian. ---ela respondeu. ---Diga à ele que consigo sobreviver algumas horas sozinha. ---Vá, não tem problema. ---Sam insistiu quando percebeu que o menino estava prestes a protestar.

O garoto se levantou e acenou afirmativamente. Antes de sair, lançou um último olhar para Hadron,tentando soar ameaçador, mas falhando miseravelmente. Hadron balançou os ombros desdenhosamente e voltou a carregar vigas de ferro como se não pesassem mais do que tijolos. Samantha se manteve imóvel, por alguns segundos, analisando-o. Pensou que talvez não tivesse sido uma boa ideia ficar sozinha com alguém como ele.

Hadron era muito alto, mais alto que Soren. Tinha mais músculos, também. Era como observar uma máquina de guerra trabalhando como pedreiro. Eu não teria a menor chance contra alguém desse tamanho. Minha única opção seria fugir.

–--Não precisa ter medo. ---ele respondeu distraidamente enquanto chutava o resto de uma parede, quebrando-a. ---Eu não faço parte do pequeno grupo idiota que ainda quer te matar e, mesmo que fosse, não sou idiota o suficiente para ataca-la aqui e ser despedaçado depois por Soren e Raniah. Na verdade, foi muito inteligente, sabia? Escolheu seus protetores muito bem. O Chefe e o general da matilha.

–--Primeiro. ---Sam se levantou irritada. ---Eu não tenho medo de você. --- o sorriso de descrença de Hadron a fez cerrar os punhos. ---Segundo: você não seria capaz de me matar. E, por último: eu não escolhi ninguém para me proteger. Não tenho protetores.

–--Tudo bem. ---ele ergueu os ombros. ---Acredito em você. Sam se preparou para discutir, mas a afirmação tirou as palavras da sua boca. Ela não esperava por aquilo.

–--Mesmo? ---ela perguntou antes que pudesse se conter.

–--Sim. Eu sempre achei que você fosse uma pessoa legal. Agora, tenho certeza. ---ele piscou e jogou mais entulho sobre um dos carrinhos.

–--Como assim? O que te fez mudar de ideia tão rápido? ---Sam perguntou.

–--Você não estava mentindo quando disse que não escolheu ninguém para te proteger. O que significa que Raniah e Soren acreditam que matá-la é errado, mesmo arriscando a segurança da matilha. Raniah tem um coração mole demais e não me impressiona que ele esteja do seu lado, mas Soren é exatamente o oposto. Ele não é nosso treinador por ser passional, sabe? Então se ele acredita em você, tenho provas suficientes para crer também. ---ele respondeu com um sorriso amigável no rosto e empurrou a carrinho de mão.

–--Como você sabe que eu não estou mentindo? Soren me disse que vocês precisam conhecer a pessoa em questão para saber se está ou não mentindo.

–--Digamos apenas que enquanto Raniah é super- inteligente e Soren é mega forte, meu dom é conhecer as pessoas antes mesmo que elas me conheçam. ---ele respondeu simplesmente.

Sam organizou aqueles pensamentos na sua cabeça. Uma frase continuava a ecoar na sua cabeça. ´´Eu não faço parte do pequeno grupo idiota que ainda quer te matar`` . Se o que ele dizia era verdade, então havia grandes chances de que ela sobrevivesse.

Aproveitando que Hadron estava de costas, Sam deixou que um sorriso surgisse rapidamente em seu rosto.


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Notas finais do capítulo

Fiquei um bom tempo sem escrever e os capítulos que estou postando estão muito próximos dos últimos no meu computador, além do mais, tenho uma outra ideia que surgiu em minha cabeça há duas semanas que estou louco para postar aqui também. O que eu tenho a ver com isso, vocês devem estar se perguntando. É só uma pequena desculpa se algum atraso mais longo acontecer, sabe...haha
Espero que tenham gostado. Críticas e comentários são bem vindos!



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