Licantropia: A Reserva escrita por Paulo Carvalho


Capítulo 16
Capitulo 15: Fragmentação.


Notas iniciais do capítulo

E aí, gente? Tudo bom? Me desculpem por não ter postado ontem, cheguei muito tarde!! Espero que gostem.
Boa leitura.



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Sam podia ouvir os ecos em sua cabeça. As vozes exaltadas de Soren e Raniah contra os rugidos e provocações de Serena, Jolie e Hádron. Samantha fora ignorada durante todo aquele tempo, tratada como uma mera sombra incômoda; um problema antes invisível que causara estragos que necessitavam de atenção e cuidados. Soren a protegia; Raniah tentava ser justo e os outros três queriam que as regras fossem executadas.

–--Ele merece o direito de se defender. Um julgamento. ---Serena surgira junto com Raniah seguida pela irmã, Jolie que trouzera seu namorado, Hádron.

–--E precisamos de um julgamento? Tentativas de assassinato são punidas com expulsão. Daremos a ele a chance de escolher: expulsão ou morte. São as regras! ---Soren respondeu.

–--Para o caso de ele tentar assassinar um membro do grupo. ---Jolie respondeu. ---Ela não é do grupo. ---a mulher nem sequer olhou para Sam.

Era tão diferente da irmã quanto dois estranhos poderiam ser. Serena era alta, bela e forte; com cabelos cor de chocolate, olhos verdes e amendoados, a pele queimada de sol. Uma guerreira. Jolie era bonita, porém pequena e frágil. O tom de seus cabelos era cinco vezes mais claro que da irmã, os olhos não eram verdes e sim castanhos escuros, a pele era branca como leite. Era uma beldade, não uma guerreira. Até mesmo sua voz era fina e doce enquanto a de Serena era firme e alta.

–--Ela é...---Soren se interrompeu. ---Tudo bem. Se Sam não serve, Caly também foi quase morta.

–--Não seja exagerado. ---Hádron se impôs. ---Oscar nunca teria matado Caly. Ele é burro e idiota, mas não suicida. Todos nós o mataríamos se ele tentasse e o babaca sabe disso. Provavelmente foi só um susto para afasta-la. ---O olhar de Soren, cheio de raiva se fixou nos olhos verdes de Hadron, que o sustentou sem dificuldade. Sam ficou surpresa.

Hadron era um homem forte, alto e bonito. Tinha cabelos cacheados e brilhantes, embora não tão escuros quanto os de Soren; a pele era como café com leite; as íris eram de um verde brilhante, como duas esmeraldas perfeitamente redondas incrustadas em olhos compridos e grandes. Tatuagens pretas cobriam todo o entorno dos braços largos e firmes.

–--Eles têm razão, Soren. ---Raniah se pronunciou desconfortável alisando a barba loira. ---Os outros não irão gostar se simplesmente o expulsarmos ou mata-lo. Eles não consideram Sam parte da alcateia.

–--Por que ela não faz parte. ---Serena respondeu.

–--Que se foda os outros! Ela salvou a minha irmã e olha o que o sádico do Oscar fez no pescoço dela. Nós prometemos que nada aconteceria a ela se nos desse as respostas. Ele merece ser expulso.

A discussão perdurou por um bom tempo. Sam apenas observava cada um deles, analisando e tentando compreender como deveria proceder. Raniah era um líder e Sam gostava dele, mas sua necessidade de agradar a todos, o tornava volátil e começava a irrita-la; Serena não parecia sentir nada por ela, nem raiva nem simpatia; Jolie parecia achar Oscar correto e injustiçado; Hadron era irritante e parecia discordar e concordar com todos ao mesmo tempo. Seu único defensor era Soren. E mesmo ele, ela suspeitava, sentia mais culpa e raiva pela irmã.

–--Esqueçam isso. ---Sam se pronunciou e teve de repetir duas vezes até que lhe dessem atenção. ---Vocês tem razão, eu não pertenço a esse lugar. Oscar sim. Esqueçamos tudo isso.

–--O quê?! ---Soren gritou irritado. ---Não! Ele merece ser morto. Sam! ---ele a encarou irritado.

–--Você a ouviu. ---Hádron se intrometeu novamente. ---Ela não quer participar disso, ou seja, não precisamos de um julgamento. Tudo resolvido!

–--Nada está resolvido. ---Soren rosnou.

–--Você tem certeza de que não quer uma punição pelo que Oscar fez? ---Raniah perguntou. Os olhos escuros estavam brilhando, cheios de esperança.

–--Sim. ---Era isso que você queria, não é?

–--Ótimo. ---Serena lançou um olhar quase amigável na direção de Sam. ---Agora que tudo está resolvido, Ran, precisamos conversar sobre outras coisas.

–--Esperem. ---Caly surgiu na porta, com os cabelos amarrados em uma trança longa e os olhos dourados cheios de convicção. ---Oscar me machucou também. E eu quero punição.

–--Não! ---Jolie respondeu irritada, embora seu tom de voz fino a fizesse parecer assustada. ---Não se deixe levar por essa mulher, Caly. Ela é a inimiga, não Oscar.

–--Ela não tentou matar ninguém. ---a menina cruzou os braços. ---Sam me ajudou. Vocês sabiam que ela lutou contra Oscar? Eu o vi agora pouco. Um dos olhos dele vai demorar muito tempo até se curar. Samantha me salvou. Como ela pode ser a inimiga?

–--Oscar não teria matado você, pequena... ---Hádron sorriu condescendentemente.

–--Não me chame de pequena! ---a garotinha franziu as sobrancelhas. ---Você não estava lá! Olhem o que ele fez! ---Caly puxou a manga da camiseta e exibiu cinco grandes cortes transversais que iam do cotovelo ao pulso. O sangue seco dava um tom vermelho escuro ao braço. ---Eu não sei vocês, mas isso não é assustar, apenas.

Ninguém a encarava naquele momento, Sam percebeu. Todos os olhos estavam focados no homem caolho sentado na cadeira de ferro amassada. Era a mesma cadeira onde ela fora torturada. Sam percebeu que pela primeira vez que todos estavam juntos e não perdeu a oportunidade para contar. Eram 56 licantropos. Muito mais do que ela acreditava ser possível.

Na Reserva, haviam lhe ensinado muitas coisas sobre os Filhos da Noite. A maioria mentiras ou meias-verdades, ela percebera com o tempo. Lobisomens se curam, mas podem ser mortos com um ferimento fatal. Errado. São meio bestas, meio humanos. Mentira. Não tem controle sobre si, selvagens movidos unicamente pela fome. Meia-verdade. A única coisa que era certamente correto de se dizer em relação aos licantropos era que os infectados eram perigosos. Disso ela tinha certeza, mas o resto era incrivelmente imprevisível.

Eles tinham regras cheias de exceções que se anulavam uma perante a outra; tinham um senso de proteção apurado, mas o de sobrevivência era ainda maior. Tanto eu quanto Oscar podemos estar mortos no fim deste julgamento.

Sam sempre fora fascinada pelos licantropos. No inicio, ela sonhara em ser uma das cientistas geneticistas que estudavam o vírus, tentando compreende-lo. Mas, descobrira com o passar dos anos que nenhuma Impura poderia aspirar a uma posição tão elevada. Então, ela decidira se tornar uma Patrulheira. Não era impossível, ela sabia; já havia visto outros Impuros na defesa da Reserva. E fora nisso que concentrara boa parte de sua vida. Foram oito anos tentando se formar, aprendendo técnicas de planejamento, manejo de armas, treinamento médico e estudo da história da Guerra da Lua.

Ela fora a melhor da turma. Embora magra e pequena, conseguia derrubar todos os outros alunos; seus planos na aula de estratégia nunca falhavam; sua média de tiros era 365 de 370 com uma precisão de 93%; suas notas na prova de história eram perfeitas, sem erros ou enganos; seu pior desempenho fora nas aulas de primeiros socorros, onde os gritos e toda a pressão acabavam por deixa-la confusa e perdida. Fora esse argumento usado por Levi, o chefe dos patrulheiros, para não admiti-la. Sam ainda podia se lembrar do sorriso cínico no rosto do homem quando ele lhe disse não.

–--Silêncio. ---a voz de Raniah era baixa, mas firme.

Aos poucos todos ficaram quietos. O armazém que normalmente era usado como refeitório, estava abarrotado com todos os licantropos que se acotovelavam para ficar na frente. As mesas haviam sido empurradas para os cantos e eram usadas como bancos. Sam estava atrás de Raniah, com Caly à sua direita e Serena à esquerda. Soren estava bem atrás, com os braços cruzados e os olhos amarelos fixados em Oscar.

–--Podemos começar? ---Raniah se dirigiu a Serena que assentiu e se levantou.

A mulher pôs as mãos em ambos os lados dos ombros de Oscar, apertando-os de leve e então deliberadamente se inclinou na direção do pescoço do homem e cheirou. Ela está...farejando, Sam notou. Em seguida, Serena assentiu e Raniah começou o julgamento.

–--Nós estamos aqui para discutir qual deve ser a pena de Oscar Friedman. Oscar, você jura não mentir e nos contar apenas os fatos, sem apresentar sua visão ou opinião?

–--Não é para isso que ela está aqui? ---Oscar rugiu e Serena cravou os dedos nas omoplatas do homem fazendo-o gemer. ---Juro. ---Raniah só pareceu acreditar quando Serena assentiu.

–--Por que Raniah espera pela opinião de Serena? ---Sam se inclinou para trás.

–--Nós, licantropos, podemos diferenciar verdades e... mentiras. ---o hálito quente de Soren arrepiou os pelos da nuca de Samantha. ---Serena está impedindo que Oscar minta para nós durante o julgamento.

–--Como?

–--São reações instintivas. Por exemplo, algumas pessoas tem um leve aumento da pressão arterial quando estão prestes a mentir. Humanos normais teriam de verificar manualmente para percebê-lo, e mesmo assim, poderiam não notar. Nós conseguimos ouvir a variação de pressão. Outros têm pequenos tiques: piscam, desviam o olhar, mexem nas pontas dos dedos ou até mesmo arqueiam as sobrancelhas. Coisas que passariam despercebidas em um interrogatório humano, mas que são vistas por todos em um julgamento de lobisomem.

–--Oscar, você está sendo acusado de desobedecer as ordens do seu líder, acabando por ferir um dos seus próprios e quase matar uma refém...

–--Ela não é uma refém! ---Oscar esbravejou. ---É o bichinho de estimação do Soren. ---Serena o calou, cravando seus dedos mais profundamente na carne do homem.

–--Só abra a boca quando for solicitado. ---Raniah resmungou. ---Você confirma ou nega os crimes citados?

–--Eu admito ter desobedecido as ordens e sim...quase matei a cadelinha loira ali. ---Ele ergueu o queixo na direção de Sam. ---Mas não queria machucar Caly. Ela só estava no lugar errado.

Sam sentiu Soren se erguer, mas Caly segurou seu braço, forçando-o a se sentar novamente. Os olhos dourados estavam cheios de ódio e se focaram diretamente em Sam. Ela se virou novamente desconcertada e tentou prestar atenção no julgamento à sua frente. Por que ele está com raiva de mim? Dessa vez eu não fiz nada! Ou fiz?

–--Mas você a machucou, não foi? --- Raniah perguntou impaciente.

–--Eu só estava tentando... ---ele gemeu, quando Serena pressionou seus ombros com mais força. ---Sim. Mas, eu não queria.

–--Caly, venha aqui, por favor. ---Raniah chamou.

A menina se levantou com a cabeça erguida orgulhosamente e caminhou até onde Raniah estava sentado. Ela estendeu o braço machucado, com uma expressão levemente arrogante que Sam sempre notara em Soren e por alguma razão, aquilo a fez sorrir.

–--Foi Oscar que fez isso a você? ---Raniah perguntou e ela assentiu. ---Conte-nos como, por favor.

Caly contou toda a história e enquanto isso Sam observava os rostos que estavam ao seu alcance. Ela sabia que deveria analisar e descobrir o que se passava na mente de cada um dos integrantes daquele grupo. A garota continuou a dizer como Samantha a havia protegido e lutado com Oscar para salva-la e foi nesse momento que percebeu o que poderia acontecer. Eles apoiam esse idiota. Acham que os machucados no braço de Caly são resultado da infantilidade da menina. Estou completamente ferrada.

A garota se sentou novamente e Raniah continuou a interrogar o homem, verificando se os fatos apresentados eram verdadeiros. A mente de Sam buscava por uma saída. Ela não via opções. Ninguém confiava ou gostava dela naquele lugar. A maioria julgava Oscar correto por sua atitude; acreditavam que fora uma tentativa de ajudar o grupo. E praticamente todos concordavam que algo deveria ser feito com Sam. Minha única saída é ser um deles. Um arrepio percorreu seu corpo; ela não queria ser uma infectada. O inimigo do meu inimigo é meu amigo. A ideia brotou rapidamente na sua cabeça.

–--Samantha. ---Raniah a chamou. ---Pode vir aqui e contar sua versão dos fatos. Diga-nos o que ele fez com você?

–--Nada. ---ela respondeu. ---Oscar não fez nada.

–--Levante-se, por favor. ---Raniah pediu, com os olhos escuros sérios e cansados.

–--Não preciso. Ele não fez nada comigo. Oscar simplesmente estava tentando proteger o grupo. Eu entendo e não farei acusação nenhuma. ---Sam encarou o seu assassino que semicerrava os olhos, desconfiado.

–--Covarde! ---Alguém gritou. ---Está com medo de nós, querida?

–--Eu... ---pense, Sam. Seja um deles. Aja como um deles. Do que eles gostam? –--Eu deixei-o sem um olho. Quer que eu arranque mais o quê? O cérebro? Ele nem sequer tem um. ---As risadas fizeram um leve sorriso dançar em seus lábios. O rosnado de Oscar apenas tornou a sensação mais doce.

–--O que você está fazendo? ---Soren rugiu em seu ouvido.

–--Sobrevivendo. ---Sam se virou irritada.

–--Então... podemos abrir votação? ---Raniah perguntou a todos que murmuram aprovações.

–--Por que fez isso? ---Soren resmungou. ---Está com medo? Ele não pode fazer nada comigo...

–--Ah, cale a boca, por favor! ---Samantha revirou os olhos. ---Ninguém me protege, e eu sei disso. Não pedi para ser capturada, mas fui idiota. Agora tenho de pagar o preço. Estou por minha conta e percebi isso muito antes do você imagina. Se existe uma ínfima chance de sobrevivência para mim, eu a agarrarei com todas as minha forças. Então, pelo amor de Deus, não me atrapalhe.

Soren a encarou com os olhos dourados cheios de surpresa e irritação. Ele se encostou à cadeira e cruzou os braços como uma criança birrenta enquanto cada um dos Filhos da Noite dava seu voto. Sam não precisava contar para saber que Oscar seria inocentado, muitos poucos haviam votado pela sua expulsão e a apenas um havia pedido pela execução.

–--Matem o filho da puta! ---Soren gritou mais alto que todos, fazendo alguns rirem e outros revirarem os olhos.

Quando o julgamento terminou e todos se dispersaram, Oscar se levantou e aproximou-se de onde Sam estava. O olho direito era uma esfera amarela perfeita cheia de cílios negros e espessos, mas a órbita esquerda estava marcada por uma enorme escara cicatrizada e avermelhada que embrulhou o estômago de Samantha. Melhor ele do que eu, pensou. Soren se levantou e emitiu um leve grunhido de aviso.

–--Relaxe, Soren. Não pretendo machucar a sua cade...

Sam se moveu tão rápido quanto podia, acertando o joelho de Oscar. O homem caiu sob seu peso e antes que pudesse reagir, Samantha já se posicionava sobre ele, com as mãos ao redor do olho bom. Mostre que você é tão perigosa quanto eles, seja um deles. No olho amarelado de Oscar era possível ver uma leve surpresa e um medo mal disfarçado.

–--Só para deixar claro: Eu não sou a cadelinha de ninguém. Não preciso de ninguém para me proteger e da próxima vez, eu juro que faço muito pior do que acabar com um dos seus olhos... me deixe em paz e fique vivo.

–--Claro, como se você conseguisse fazer algo pior. Foi um golpe de sorte, menina. Eu estava perto de te sufocar... se o heroizinho não tivesse chegado.

–--Pense um pouco, idiota. ---Sam respondeu sorrindo. ---Já viu algum treinamento da Reserva? Sabemos tudo sobre vocês; Matar um de vocês, sozinho, seria muito mais fácil do que você imagina. Diga-me: já descobriram o ponto fraco desse vírus? ---ela viu a dúvida nos olhos do homem. --- Não? Nós sabemos! Chamamos de Erro Fatal. Um deslize e vocês morrem tão facilmente quanto um humano qualquer. Deixe-me em paz!

Samantha se levantou com a mesma expressão superior e provocativa para encarar Soren que permanecia quieto, sem expressão e com apenas um leve sorriso nos lábios vermelhos. Ele fez um sinal com a cabeça e juntos ambos seguiram pelas ruas semi destruídas da cidade. Alguns o encaravam, mas em um número muito menor do que das últimas vezes. Isso pode ser um bom sinal, Sam pensou.

–--Aquela história de erro fatal...---Soren começou sem virar-se. ---Eu sei que é mentira, mas foi inteligente.

–--Quem te disse que é mentira? ---Samantha perguntou.

–--Nós percebemos mentiras, esqueceu? Cada um de nós tem um deslize quando mente. Só é preciso conhecê-los. Quanto melhor conhecemos alguém, mais fácil percebemos seus deslizes. O seu é muito sutil, mas ainda assim, perceptível. ---Soren parou em frente a um conjunto de prédios destruídos. --- Certifique-se de que ninguém está nos seguindo quando entrarmos e fique atenta ao caminho. Terá de memorizá-lo.

–--Tudo bem. Mas, qual é o meu defeito? ---Sam perguntou.

–--Só digo se você me responder uma coisa. ---Soren sorriu e caminhou por arcadas rachadas e salas cheias de materiais quebrados e vigas enferrujadas. Samantha assentiu e ele a encarou por alguns poucos minutos. ---Você me odeia? Quero dizer, eu entendo que talvez não seja minha fã, mas eu fico me perguntando... se pudesse, você me mataria?

Sam se manteve um tempo em silêncio e pensou a respeito. Ele havia capturado e levado até aquele lugar e por algum tempo a tortura, mesmo que indiretamente. Ela devia odia-lo, mas só se sentia irritada e curiosa. Irritada pelo jeito de falsa proteção que Soren adotava quando estava perto dela e curiosa pelo motivo.

–--Eu poderia matar você, só para constar. ---ela respondeu e Soren riu.

–--Não, não poderia.

–--Talvez sim, talvez não. Melhor não me testar. Mas, não, Soren. Eu não te odeio. --- Sam respondeu. ---Você é chato, irritante e grosso, mas eu só desgosto de você.

–--Seus batimentos cardíacos diminuem ao invés de acelerar. ---ele respondeu e continuou a andar. ---Você fica mais calma quando mente.

Eles seguiram por mais ruínas cheias de lixo e poeira. Sam identificou o que antes deveria ter sido uma sala gigantesca e luxuosa cheia de móveis caros e sofás confortáveis. Uma escadaria com degraus de mármore subia em espirais perfeitos até os níveis superiores. Samantha contou três andares até Soren virar à esquerda e parar em um corredor longo e limpo. Quadros cobriam as paredes, o chão havia sido lavado há pouco tempo e a maior parte das coisas parecia reformada e em bom estado.

–--Essa mansão conseguiu manter-se intacta mesmo depois das explosões. É bem afastada da área principal dos Rasantes e estamos pensando em nos estabelecer aqui. Ainda há muito trabalho para fazer e não podemos desperdiçar um grande contingente para a tarefa ou ficaríamos desprotegidos. A maioria dos trabalhadores aqui é jovem ou não tem habilidades para lutar. Junte-se a eles e estará segura. ---Soren respondeu sorrindo. --- É mais provável que eles sintam medo, mas creio que você não fará mal a eles, não é?

–--Claro que não. ---Sam respondeu mal-humorada e sentiu-se mal. ---Desculpe. Eu não farei mal nenhum. Não quero machuca-los. Juro que não.

–--Eu sei. Estava apenas confirmando. ---ele sorriu e abriu o quarto mais próximo. ---Pode ficar nesse quarto. Estará mais segura aqui, acredito. Poucos sabem sobre o lugar ainda. De qualquer forma deixarei sempre alguém de confiança para observar. Não é muito, mas é o melhor que posso fazer.

–--Não, Soren. Isso é incrível! ---Sam se virou sorrindo. ---Eu não sei como agradecer.

–--Considere como uma parte do pagamento. ---ele piscou e se virou para sair.

–--Que pagamento?

–--Eu tenho uma dívida com você, não tenho? Fiz muitas coisas erradas sem razão. Estou tentado me redimir da melhor forma possível. Não poderei devolvê-la para o seu lugar, então... ---ele franziu as sobrancelhas, claramente desconfortável. --- quero fazê-la ser parte deste aqui. ---Sam não conseguiu pensar em nenhuma resposta e Soren deixou-a sozinha em seu novo quarto.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam??



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