As brumas que invadiram a noite depois do dia terrivelmente ensolarado eram assustadoras. Mal se podia ver um palmo diante do nariz, mas quem precisava ver? Eu podia sentir, eu podia sentir o medo correndo pelos corpos ao meu redor eu podia sentir o cheiro que cada um ali exalava...

Eu não estava com medo, no entanto, não por mim, estava praticamente em êxtase, pensei que quando chegasse essa hora eu estaria como os outros ao meu redor tremendo! Mas não, eu estava firme.

 Meus cabelos chicoteavam no vento, o ar frio em rajadas fortes, eu me segurei firmemente ao meu corcel negro, o arco em minhas costas, o punhal preso a minha coxa sob o vestido e a magia explodindo em mim de tal forma que eu não sabia como estava me contendo.

Olhei ao redor e sorri, apesar do medo, os poucos que restavam ali eram os poucos que eu queria que ali estivessem, menos um...

 Afastei o pensamento e assumi minha melhor postura, já conseguia ouvir os galopes que a maioria ali não seria capaz de registrar, troquei um olhar com Siana, ela também podia ouvir, afinal éramos iguais, ela fez uma reverência com a cabeça. Tola. Éramos exatamente iguais, não havia motivos para reverência. Apesar de que talvez se fossemos exatamente iguais eu não estaria ali e os outros não haveriam me seguido.

Eu me lembrei da simples pergunta que mudou tudo:

“So you believe in fairies?” Acompanhada do sorriso mais lindo do mundo, que talvez eu jamais voltasse a ver.

Os galopes se aproximaram ainda mais, eu e me concentrei para dizimar a nevoa ao nosso redor. E lá estava o exército mais cruel e sanguinário deste mundo, infinitamente mais numeroso que o meu.

Lá estava o Fim... Seja lá qual fosse.