Collapse escrita por Chrissie


Capítulo 9
A fuga


Notas iniciais do capítulo

Capítulo narrado por Alice.



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Era bom sentir a o vento batendo no meu rosto. Eu estava de mãos dadas com meu pai enquanto corríamos pelo quintal de casa. Estava com o vestido preferido da minha mãe. Ela estava na porta nos chamando para o jantar. Ela estava diferente, mas eu sabia que era ela. Meu pai tentou me levar no colo, mas eu já não era aquela garotinha de cinco anos. Apostamos corrida até a porta e minha mãe sorria para nós, ela sabia que eu ganharia do meu pai, como sempre. Eu estava triste, tinha medo de acabar. Eu não imaginaria como seria o mundo sem eles.

– Filha, não suje suas roupas!

– Desculpe.

Rimos juntas e meu pai nos abraçou. Era perfeito.

– Alice!

Procurei a voz, mas agora eu estava sozinha. Meus pais tinham sumido, e o quintal agora era sombrio e vazio.

– Alice, você precisa acordar.

Eu sabia que já não estava mais dormindo. Não queria abrir os olhos. Queria que meus pais voltassem e me abraçassem, eu queria eles de volta.

– Alice, porra!

Acordei assustada com o palavrão. Me enrolei no edredom quando vi que o tal Josh estava no meu quarto. Eu não esperava que ele viesse no meio da noite. Tive raiva por ele ter me acordado do único sonho bom que tive nas últimas noites.

– O que foi?

– Shiiiiiiiiiiiu! – Ele colocou a mão na minha boca e continuou baixo – Precisamos sair daqui agora. Não tenho tempo pra explicar.

Droga. Pensei. Sabia que algo ruim tinha acontecido, ele não me buscaria de madrugada se não fosse algo importante.

– Ok. Vou pegar umas roupas.

– Não, Alice. Isso é mais sério do que você pensa. Temos que ir agora.

Respirei fundo e me levantei.

– Peguem aquela menina! – Os guardas gritaram. Josh correu para a janela e colocou a mão sobre o vidro. Ele sussurrou e eu não entendi.

– Sabe algum lugar que podemos sair sem sermos vistos?

Assenti. Fui até o outro lado do quarto e procurei os guardas. O jardim estava vazio, então abri a janela e chamei Josh. Todas as casas do governo eram planejadas para caso de incêndio. Escondido entre as plantas ficava uma escada que dava acesso ao jardim. Desci e Josh veio logo atrás de mim. Fizemos de tudo para não fazer barulho e fomos bem sucedidos. Não sabia para onde fugir, mas Josh me puxou e fomos correndo entre os arbustos até uma casinha de madeira perto de um rio. A luz estava acesa e Josh olhou para todos os lados antes de entrar.

– Pronto Alice, estará a salvo aqui.

– Tudo bem. Agora pode me explicar o que está havendo?

Ele suspirou e foi andando até a sala. Eu o segui.

– Seu tio mandou cortar os freios do seu carro.

– O que? – Eu disse num tom alto

– Shiiiiiiiiiiiiiu. Você não sabe falar baixo?

– Ele... Porque ele faria isso?

Josh não respondeu.

“Quem não sabe é você! Você era criança quando ela morreu, mal sabia o que era isso. Seu pai escondeu a verdade de você a vida toda pra não te assustar, ele não esperava morrer tão cedo. Sua mãe foi envenenada dois dias antes da primeira assembleia geral que ela estava organizando. Ninguém conseguiu descobrir nada sobre o caso, muito menos o assassino. Mas sabe porque mataram ela? Porque a assembléia foi criada com o intuito de impor a democracia em todos os estados. Você acha que foi por acaso ela ter morrido dois dias antes? Pense nisso Alice.”

– Desgraçado! – eu soquei a parede de madeira e Josh me olhou assustado.

Não pude deixar chorar. Agora eu entendia tudo. Minha mãe foi envenenada porque foi contra meu tio. Todas as palavras dela passaram pela minha cabeça. Todas as vezes que ela conversava com meu pai sobre isso, dizia que não queria ter um irmão como ele. E ele queria me matar porque eu era a única pessoa em seu caminho, se eu estivesse morta ele seria o único herdeiro. Ele também era a única pessoa (tirando meu pai) que poderia entrar ou sair de casa sem ser notado ou barrado.

Eu estava insegura e nervosa, mas acima de tudo preocupada. Não comigo, mas com as pessoas inocentes que estavam se arriscando pra me salvar. Josh percebeu minha preocupação, mas não se importava com isso. Ele parecia distante, preocupado com algo ainda maior do que eu.

– Olha, muito obrigado. Por tudo.

– Não precisa agradecer. Você sabe que não estou fazendo isso por você. Eu jamais colocaria a Maggie em risco.

Eu queria dizer algo mas nada veio na minha mente. Eu nem sabia quem era essa tal Maggie. Deveria ser a irmã dele, por isso ele estava tão preocupado com ela. Eu só não queria ser injusta, então o melhor que eu tinha a fazer era me calar e esperar que tudo desse certo.

**

Esperamos por horas. O sol já estava começando a nascer e Josh já estava quase aos prantos. Andava para todos os lados mas não conseguia pensar em nada. Eu estava ficando assustada e preocupada também. Com certeza já era para a garota ter voltado. Nos distraímos com o barulho da escada, e com alguns pés descalços que desciam.

– Josh? Maggie?

Uma mulher nos encarou. Achou estranho a minha presença e pareceu me reconhecer. Olhou para os lados procurando alguém, que não encontrou. Estava ofegante, e Josh subiu as escadas para ajudá-la a descer as escadas.

– Cadê a Maggie? E o que uma Melbourne está fazendo aqui?

Ele não respondeu. Ela ficou ainda mais ofegante.

– Josh? Onde ela está?

Ele suspirou.

– Eu... Eu não sei.

– Como assim não sabe? Ontem ela saiu com você, não foi?

Novamente ele não respondeu.

– Josh, estou ficando preocupada.

– Sim, Sarah. Ela saiu comigo, mas nos separamos e ela ainda não voltou.

A mulher se sentou na cadeira e colocou a mão no coração. Resmungava varias coisas que eu não entendia. Josh a abraçou.

– Eu vou buscá-la, mas preciso que me ajude. Você precisa esconder a Alice.

– O que essa garota faz aqui? Se acharem ela, vão nos matar.

– Eu sei Sarah, por favor não me faça perguntas que eu não posso responder. Só me ajude, por favor. Eu preciso achar a Maggie.

Ela assentiu. A mulher me olhou com ódio e Josh saiu. Ela sabia exatamente que eles foram me buscar. Eu me sentia extremamente culpada pela situação e tive vontade de fugir, mas eu sabia que isso não resolveria a situação.

Ela se levantou e puxou o tapete que escondia algo que parecia um porão. Corri para ajudá-la a abrir.

– Olha, não é como a sua casa luxuosa, mas é o que tenho para te oferecer. – sua expressão ficou séria – Se algo tiver acontecido com a minha filha, eu mesma vou me encarregar de matar você.

Entrei no porão e gritei assim que senti as teias. Ela riu e me aconselhou a acender as velas. Assenti e ela fechou e cobriu meu esconderijo. Acendi uma vela e fiquei ali sentada por horas, apenas refletindo os fatos que aconteceram nas últimas horas.

Um sinal muito alto tocou e eu fiquei assustada. Ouvi a voz da mulher em cima de mim dizendo que voltaria logo. Eu nunca tive tanto medo como naquele momento.


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