–Só espere não ter trazido nada mais de volta.

As palavras sairam como facas de minha boca, eu estava enfurecida, mas confesso que não era a raiva que me dominava, e sim a dor, uma dor profunda. Ver abraçando Marian, ver a felicidade em seu rosto fez com que meu coração uma vez mais se quebrasse.

–Regina, eu não quis... - Emma tentava se explicar novamente, mas foi interrompida por Rumple.

– Neve?! - Ele olhava confuso e ao mesmo tempo assustado para o lado de fora, o que fez com que todos virassem os olhos para ver o que acontecia.

Ele saiu do Granny's e eu fui logo em seguida, um pouco porque estava curiosa com a neve e um pouco porque não queria mais ficar ali. Todos nos seguiram até o lado de fora.

– Isso é impossível! Não deveria cair neve essa época do ano. - Belle pareceu muito surpresa.

Rumple estava no meio da pista coberta de neve quando um floco de neve perfeito caiu diretamente em sua mão. Ele virou-se pra mim pálido.

– Regina...

– Elsa!

Eu disse antes que ele pudesse terminar a frase. Eu não conhecia muito sobre Elsa, nunca tinha a visto, mas lembro que durante uma das diversas aulas que Rumple me deu pela floresta comentou um pouco sobre ela. Suas poucas palavras me assustaram por completo. "Uma bruxa poderosíssima, cujo o poder eu nem ao menos consigo explicar ou controlar. Ela não devia ter nascido" recordo de ter ouvido ele falar.

– Mas como? Você me disse, eu lembro que disse há muito tempo. Você a aprisionou, no cofre sem portas, dentro daquela garrafa, ela não poderia ter saído.

–Espere, você disse cofre sem portas? - Emma pareceu assustada.

–Não... Não, não, não. Emma, por favor, diga-me que não esteve lá? Que nem ao menos sabe do que se trata? - Rumple suplicou levemente desesperado.

–É uma pena, mas eu acho que sim... - Hook respondeu temendo.

O rosto de Rumple parecia uma mistura entre medo e raiva.

–Isso não podia ter acontecido!! Mas que raios vocês foram fazer perto do portal? Não tem noção do perigo? E pior que mudarem o passado é ter trago pessoas para cá. Tinha que ser dois inexperientes, dois idiotas. - Rumple estava explodindo.

–Mas nós só trouxemos Marian, a única que cruzei foi ela, nem ao menos sei quem é Elsa.

Rumple se aproximou de Emma o suficiente para que seus narizes ficassem a centímetros.

–Emma, querida, se uma pessoa passou, é lógico que outras pessoas passam também, ainda mais, se essa pessoa for tão poderosa quanto Elsa. Ai se eu pudesse mataria vocês agora mesmo!! Ótimo presente de casamento, obrigado.

–Esperem, você e Belle se casaram? - Snow perguntou e Belle assentiu com a cabeça. Parecia animada e muito feliz, mas o momento não lhe permitia comemorações.

–Mas você é o Senhor das Trevas, e ainda tem Regina ao seu lado, porque temem uma bruxa que faz neve? - Isso era demais para minha curta paciência.

–Bruxa que faz neve? Ai meu Deus, vocês realmente não tem noção de com quem estão lidando não mesmo? Eu não a conheço, mas eu ouvi o suficiente para saber que Elsa não é tão fácil de ser vencida como vocês estão pensando.

–Ótimo e por que querem te matar dessa vez Regina? A culpa não é exclusiva da Emma, se não tivesse feito nada a ela, não teria porque temer. Ande, diga, qual a sua maldade dessa vez?

"Argh, quem essa velha pensa que é pra falar assim comigo?", pensei.

– Como é Granny? Óbvio não é mesmo? Sempre mais fácil colocar toda a culpa em cima da Rainha Má, defender os dois que trouxeram esse monstro para cá e me julgar. Mas dessa vez lady, não foi minha culpa, não sei porque ela está aqui, não sei o que quer, não sei nem ao menos quem ela é, então eu lhe aconselho a voltar para suas tortas e me deixar em paz antes que eu arranque a sua língua para não falar mais besteiras. Aliás, nem sei porque continuo aqui.

Dei as costas às pessoas que ali se reuniram e sai caminhando por um chão parcialmente congelado, esfregando os meus braços na tentativa fracassada de me aquecer.

–Regina espere! –Rumple gritou me fazendo parar - Como assim vai embora? Elsa está aqui, nós temos que ir atrás dela, temos que fazer algo.

Eu me virei para ele.

–Nós? Existe um nós?

–O que quer dizer Regina?

–A situação está inversa não é mesmo? Dessa vez... pela primeira vez, você é o amedrontado que precisa de ajuda. Mas vejamos, qual foi a última vez que me ajudou mesmo? Estou cansada Rumple, cansada de seus truques e de todas aquelas vezes que eu te chamei em vão. No fundo você nunca se importou em me ajudar ou comigo. Porque eu me importaria com você agora?

Eu me virei e continuei a minha caminhada.

–Porque eu posso trazer Daniel. Marian pode voltar então porque Daniel não poderia? É simples, me ajuda que eu te ajudarei também.

Minhas pernas se congelaram, fiquei parada onde estava por alguns segundos, enquanto uma onda de ódio se espalhava pelo meu corpo. Eu caminhei em direção a Rumple e ele parecia com uma expressão triunfante, mas assim que cheguei perto o suficiente apontei meu dedo em seu rosto e percebi uma mudança em sua expressão.

–Escute, você nunca mais usará o nome de Daniel para me induzir a fazer nada! –Eu gritava- Basta! Eu não sou mais a sua boneca Rumple.

Agora sim me virei para não voltar mais, até porque ao dar as costas eu já não conseguia conter as lágrimas pois além da discursão com Rumple ainda havia a dor que me dominava, a dor de ter perdido Robin. Eu sabia que ele não podia trazer Daniel, tudo mudaria caso isso acontecesse, mas mais uma vez ele estava tentando me convencer com base em mentiras. Eu estava com ódio dessa situação.

Talvez tudo o que eu disse a Rumple tivesse sido apenas uma consequência da dor que eu sentia, até porque não sei se em um dia comum eu me recusaria a ajuda-lo, mas eu sabia, que mesmo sendo uma consequência, eu estava certa.