Ai no Fuyu

Capitulo I – Chocolate

Eu não gosto muito do inverno, ele é frio, monótono e extremamente branco, fora que temos que gastar com o Natal e o Ano Novo e sinceramente, o meu salário de arquiteto não cobre tudo o que eu preciso pagar durante essa estação. Maldita hora em que eu escolhi ser livre da família Hyuuga e seguir a carreira de arquiteto!

- Neji-niisan?

Eu sempre soube que ia me arrepender, mas a minha idiotice não me deixava enxergar que ser um dos donos das empresas Hyuuga junto com Hinata-sama ia ser o melhor pra mim, mas não... Eu tinha que seguir os malditos conselhos do Naruto, aquele loiro idiota... “Você não tem que se prender a família Hyuuga” “Você é livre, pode ser o que quiser” E ainda me avisaram inúmeras vezes que eu estava errado... Mas eu nunca escuto ninguém! Maldita hora pra ser cabeça dura!

- Neji-niisan está me escutando?

Eu já disse que sou um idiota? E ao que me parece além de idiota eu sou um reclamão, chato e rabugento, eu não quero me aturar quando mais velho, será mesmo que as coisas vão continuar assim? Afinal,  eu tenho apenas 23 anos as coisas podem melhor certo?

Não... Elas TÊM que melhorar... Eu não quero continuar reclamando assim...

- Neji!

- Hã? – Eu disse para a mulher sentada na cadeira de uma mesa de mogno enorme. – O que disse Hinata-sama?

- Neji-niisan! Você não prestou atenção uma palavra do que eu disse até agora não é? – Ela disse cruzando os braços. – Estava pensando em quê?

- Em nada de importante... – Eu disse, ela me lançou um olhar desconfiado, era impossível enganar a Hinata, pelo menos pra mim e pro Uchiha namorado dela.

- Aham... Sei... Bom então vamos continuar... O que você achou da decoração do salão? – Ela me perguntou me mostrando algumas fotos de decorações.

Raras eram às vezes em que eu visitava as empresas Hyuuga e aquela ocasião era uma delas, minha prima Hinata havia me pedido para ir até lá ajudá-la em alguns assuntos do baile de Natal que ela promove todo o ano para a família Hyuuga e alguns amigos.

- Está ótimo! – Eu disse observando a decoração prata das fotos. – Você sabe que eu não tenho o seu bom gosto pra isso, não sei por que me chamou aqui.

- Eu precisava de opiniões Nii-san! – Ela dizia recolhendo as fotos e me mostrando o cardápio do baile. – E o que acha do buffet que eu contratei?

- Excelente Hinata-sama! – Eu disse, ela sorriu em agradecimento.

- Ótimo, agora só preciso mandar os convites para todos! – Ela disse guardando todos os papéis que havia me mostrado.

Fechei a cara, eu não aprovava a idéia dela chamar todos que estudaram com a gente, afinal, eu não gosto de ficar lembrando do meu passado quando eu não gostava da Hinata-sama... O meu passado é um tanto obscuro... E com certeza seria bastante lembrado pelos meus “colegas” do colegial.

- Você ainda não desistiu da idéia de chamar todo mundo do colegial não é? – Eu perguntei fitando-a tirar alguns convites da gaveta.

- Com certeza não! – Ela disse sorrindo. – Neji-niisan, são nossos antigos colegas de classe temos um passado inteiro juntos!

- A certo... Não vou insistir mais com você... – Eu disse já me levantando. – Agora já está na hora de eu ir.

- Tudo bem. – Ela sorriu. – Muito obrigada pela ajuda Neji-niisan!

- Não se preocupe, aliás, eu nem ajudei em muita coisa!

- Claro que ajudou! Sua opinião valeu muito!

Ela disse sorrindo docemente, típico da Hinata, não sei como ela conseguiu ficar com o Uchiha, um cara totalmente diferente dela, mas pelo menos cuida muito bem da minha prima, bem melhor que o Inuzuka,  mas isso não vem ao caso agora...

Comecei a andar até a porta.

- Ja ne Hinata-sama.

- Ja ne Neji-niisan. – Eu disse já fechando a porta.

Pus-me a andar por aquele enorme corredor de paredes brancas e em um minuto eu já estava no elevador indo para o térreo daquele enorme prédio, olhei para meu relógio de pulso, 15:45 h,  não estava tão tarde assim, quando pus meu pé pra fora daquele prédio tive um encontro nada legal com um desconhecido, em outras palavras, trombei com alguém. E doeu! Só um pouco claro, instantaneamente eu segurei a mão do desconhecido para que ele não fosse de encontro ao chão, e para minha maior surpresa, era uma mulher, uma bela mulher. Os cabelos longos e castanhos caiam pelos ombros, o casaco azul e felpudo escondia curvas que eu imaginava poder olhar, mas o que mais me chamara atenção foi os grandes  olhos cor de chocolate me olhando assustados.

- Me desculpe. – Eu disse soltando a mão da garota.

- Não tudo bem, eu que tenho que pedir desculpas. – Ela disse pegando a sacola que caira no chão e depois sorrindo abertamente.

- Tá tudo bem... – Eu disse um pouco abobado, aquele sorriso era o mais lindo que eu já vira em toda a minha vida.

- Bom, então até mais. – Ela disse entrando no prédio Hyuuga.

- Até mais...

Eu sussurrei mais pra mim mesmo do que para ela, estava ali parado no meio da calçada em frente ao prédio Hyuuga onde a qualquer momento poderia entrar um parente meu, olhando pro nada feito um idiota pensando nos olhos de chocolate de uma garota que eu nem mesmo conheço, mas que me lembra alguma coisa que eu não faço a mínima idéia do que seja!

Hoje não está sendo um dia muito produtivo, suspirei, precisava urgentemente tomar um café. Parei na primeira lanchonete que pude julgar agradável, logo uma garçonete sorridente veio me atender.

- Boa tarde, no que posso ajudar? – Ela disse sorrindo e pronta para anotar o meu pedido em seu bloquinho de papel.

- Hã... Por favor um chocolate-quente! – Eu disse para a moça estranhando a mim mesmo.

- Hai, já vou buscar senhor! – Ela disse se retirando.

Olhei para a mesa de madeira indignado, na minha cabeça o meu pedido seria uma boa xícara de café, mas a minha boca havia pedido chocolate-quente, como?

Foi ai que a imagem da garota que eu havia trombado minutos atrás veio a minha cabeça, e do jeito que a coisa ia, ela não ia sair tão cedo de lá. Suspirei, como aqueles olhos de chocolate poderiam me trazer um sentimento tão nostálgico, uma lembrança que eu não sabia qual, um mistério... Acho que eu estou enlouquecendo de vez, talvez esteja trabalhando demais, ou talvez esteja apenas pensando demais, o que é estranho, pois eu nunca vi nada de ruim em pensar, ao contrário, pensar é sempre bom...

- Hyuuga Neji você está pirando! – Eu disse pra mim mesmo.

- Falando sozinho você apenas confirma que você está pirando. – De imediato eu olhei para a dona da voz feminina e me deparei com um belo par de olhos castanhos, cor de chocolate.

- Você não é a moça dos olhos de chocolate que eu acabei de trombar? – Perguntei abobado. Como isso aconteceu? Foi só pensar nos olhos dela que ela apareceu? Preciso praticar isso...

- Moça dos olhos de chocolate!? Muito obrigada. – Ela disse sorrindo abertamente. – Posso me sentar aqui?

- Claro! – Eu olhava para ela feito um idiota e isso deve ter feito o sorriso dela aumentar.

- Obrigada. – Ela disse se sentando.

Eu observava cada movimento dela, eram sutis, a mesma garçonete que me atendeu veio de prontidão atendê-la, a garota dos olhos de chocolate sorria enquanto fazia o seu pedido. Após pedir, ela me fitou com um sorriso.

- Vi que você não estava comendo nada e resolvi pedir uma torta de uva para nós tudo bem? – Ela disse.

- Aham... – Eu disse apenas fechando os olhos.

Em alguns minutos ela desatara a falar várias coisas, eu não escutava a maioria delas, estava hipnotizado pela sua voz, pelo brilho dos seus olhos e pelos seus movimentos, com certeza eu não sabia o que estava acontecendo comigo e nem queria saber, era algo bom que me fazia sorrir feito um idiota, o que eu tenho feito muito ultimamente. Fui acordado do meu transe quando ouvi um barulho de celular tocando, logo a menina dos olhos de chocolate  abriu sua bolsa retirando de lá o objeto e o atendendo, fiz uma cara feia que passou despercebida por ela. Após desligar o telefone ela se virou pra mim com um pequeno sorriso terno.

- Desculpe, mas eu tenho que ir. – Ela  disse já se levantando, olhei para ela confuso e ela apenas sorriu. – Foi bom falar com você Neji!

E assim ela se foi. Continuei a observá-la até quando ela atravessou a rua sumindo por entre os enormes prédios de Tókio, suspirei pesadamente me lembrando de algumas coisas...

Primeiro: Como ela sabia o meu nome?

Segundo: Por que eu não perguntei o nome dela?

E terceiro: Por que ela saiu correndo sem ao menos se preocupar em deixar dinheiro para pagar a conta! ?

Mas pelo menos valeu a pena, e sinto que ainda vamos nos ver de novo, e a minha intuição Hyuuga nunca falha!

Continua...