Ele não tinha presença.

Para onde quer que as pessoas olhassem, nunca eram capazes de vê-lo. Kuroko Tetsuya, era apagado como uma sombra. Um sem luz. Um sem vida.

Sempre que entrava nas quadras, era criticado por seu basquete fraco. Ninguém era capaz de reconhecer o seu estilo, a forma como gostava de jogar. Ele não era um monstro nas quadras como Aomine, não sabia fazer cestas perfeitas como Midorima, não podia atacar de maneira destrutiva como Murasakibara, não era habilidoso como Kise e muito menos um imperador como Akashi.

Ele não possuía nada de especial.

(Ele era um nada)

Mas foi isso que Akashi enxergou nele. Foi o primeiro a enxergar Kuroko como ele realmente era.

“Você é um fantasma, Tetsuya. Isso não é de todo ruim. Toda e qualquer habilidade especial pode ser aproveitada. Tolos são os que não conseguem ver como você é especial.”

Dentro da Teiko, ele encontrou sua luz.

Junto com Aomine, era imbatível. Cresceram, e ele se tornou seu melhor amigo. Tornou-se aquele que Kuroko jamais seria, mas que o era por sua causa.

Ele achava que sim.

(Com o tempo, Aomine se tornou distante. Ninguém podia vencer ele além dele mesmo. E Kuroko foi ficando esquecido, apagado... mais uma vez tornando-se um fantasma que ninguém era capaz de ver. Por que ele não podia crescer sozinho? Por que seu basquete não podia ser reconhecido?)

Aos poucos, eles se separaram. Aomine não sorria mais. Midorima achava-se melhor do que os outros. Akashi era o soberano. Murasakibara odiava demais o basquete. Kise não tinha a força para uni-los como antes.

Cada um foi para uma escola.

(E ele se tornou um nada novamente...)

Ainda que isso tivesse acontecido, algo queimava em seu peito. O desejo de algum dia mostrar ao mundo que o basquete não precisava ser apenas ofensivo, ou habilidoso, ou destrutivo, ou instintivo. O basquete também podia ser jogado das sombras.

No momento em que pisou na Seirin, ele se deu conta disso. E em Kagami, enxergou sua nova luz. A luz que, junto dele, transformaria seu basquete em um algo superior. Um algo que mostraria à Geração dos Milagres que, mesmo sendo um fantasma, ele também era capaz de se sobressair. Um dia, ele seria como eles. Uma estrela brilhando no palco.

(Kuroko apenas não sabia que ele já brilhava. Talvez tanto quanto qualquer um deles)

Sua hamartía era achar que era apagado demais. E até que descobrisse isso, Tetsuya nunca seria nada além de um homem fantasma. O sexto homem. Um ninguém.