Os Dezessete escrita por Supremacia Verde


Capítulo 20
Capítulo XX - Elise Burg Feuer


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Beatriz Silveira, revisado por Simone Hoffmann e Gabriel Dacoregio, com a leitura e aprovação de Beatrice Werneck.
(Escrito ao som de "Vampires Is A Bit Strong But", do Arctic Monkeys)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/521451/chapter/20

Sentei-me próxima às crianças por um momento e logo uma garotinha ruiva de olhos verdes veio até mim. Encarei-a por alguns segundos ao perceber que ela era praticamente igual a mim quando eu possuía a idade dela. Os cabelos presos em uma trança cheia de flores batiam quase na sua cintura e seus olhos iluminavam o lugar, assim como seu sorriso. Logo indagou-me o porquê de nunca ter me visto.

“E por acaso alguma vez me procuraste?”, rebati. Ela acenou a cabeça negativamente, tirou duas pedrinhas vermelhas do bolso e colocou-as na minha mão. “O que elas são?”, questionei, e ela falou alguma coisa na mesma língua a qual os guardas haviam falado comigo.

“Um presente”, disse a menina antes de voltar correndo para o círculo de crianças que se formava no centro do pátio.

Era um lugar muito mais interessante do que eu poderia ter imaginado por detrás dos portões. Enquanto estava ali, quase esqueci que aquele povo sequestrou o meu irmão. Conferi minhas armas, com as facas presas nas pernas e besta nas costas, e saí a procurar onde poderiam estar os meus bárbaros.

Quadros espalhados pelas paredes, pessoas falando em uma língua desconhecida, porém familiar, quartos e mais quartos, mas nada de um calabouço.

Ou eu desaprendi a procurar, ou o local onde eles resolveram amontoar seus presos é muito bem escondido. Bem, também existe a hipótese deles matarem seus presos, mas acho difícil. Continuei a caminhar por aqueles corredores, e acabei encontrando uma porta trancada, a única até agora.

Conseguia ouvir tudo o que se passava lá dentro.

“Vamos lá, gracinha, converse comigo”, dizia um dos guardas para a garota do outro lado das grades. Ele a segurava pelo maxilar e era muito maior do que ela, não importava o quanto ela tentasse, não conseguia se soltar. “Sinto muito em dizer que amanhã é o dia da sua execução, ofereceremos sua alma pecadora aos Deuses, alguma utilidade terás, afinal.”

“Vá a merda!”, esbravejou ela quando ele a soltou, “Deixa eu te contar uma coisa: seus Deuses não existem. Lide com isso.”

Pegou-a pelos cabelos dourados, amarrou seus braços em duas correntes presas no teto e seus pés ao chão. “Que sorte a minha então”, caçoou ele enquanto rasgava as vestes da moça, que nada podia fazer. Ele a mordia, apertava, chupava e fazia tudo que pudesse com o corpo dela. Tudo que ela conseguia sentir era nojo. Não falou nada, não chorou, não se desesperou.

Eu precisava arrombar a porta sem fazer barulho. Rezei a Loki que me mostrasse o que fazer, e com isso as pedras que ganhei da menina começaram a brilhar no meu bolso. Peguei-as na mão e antes que eu pudesse pensar em algo, as palavras “holz brennen” saíram da minha boca, e tão logo o fiz, a porta a minha frente queimou, transformando-se em pó instantaneamente.

Puxei uma das minhas facas e a arremessei no guarda que estava ajoelhado, de costas para mim. Logo que a arremessei, vi-a ficar vermelha como em brasa e o acertar nas costas. Caminhei até ele, puxei-o pelo cabelo, fazendo sua cabeça se inclinar para trás, e com a outra faca, cortei a sua jugular.

“Qual o seu nome?” perguntei para a garota que acabara de salvar enquanto soltava suas amarras. Ela devia ter a minha idade, mas parecia não saber lidar com a presença de outros humanos. Tinha marcas selvagens em suas expressões; coisa que me encantara.

Ela não respondeu.

“Bom, você vai precisar de roupas novas para sair daqui. Pode ficar com as minhas.” Lancei a bolsa onde tinha guardado os meus pertences para ela, “tem itens de primeira necessidade aí também. Se importa se eu sair agora?”

“Lif Musspell”, disse finalmente, porém ainda desconfiada, “Chamam-me por Lif Musspell.”

Como nunca servi de babá, peguei minhas duas facas e dei as costas para a tal Lif. Quando virei, me deparei com um outro guarda, que apontava sua arma para mim. Ela era como a minha besta, só que muito mais aprimorada.

Num primeiro momento fiquei encantada, e se não fossem os meus instintos ele teria acertado uma flecha bem no meio da minha testa. Porém no momento em que ele a disparou, eu me abaixei e o golpeei na boca do estômago com a minha faca. Com isso ele soltou sua arma e eu terminei o trabalho.

Com a besta e a flecha dele, eu o matei.

Quanto a garota que eu havia salvo? A flecha que fora disparada contra mim acertara-a na garganta. Não havia mais o que eu pudesse fazer por ela, que agora se encontrava estirada no chão.

Seus olhos perderam o brilho que tinham, pareciam ter sido congelados, e agora me encaravam, vidrados, petrificados, mortos. Ela morrera, mas fora vingada. Duas vezes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Dezessete" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.