P.o.V.Lyra:

Lyra e Matt seguiram Tom pelas ruas, até chegarem à frente do belo castelo que haviam visto antes. Os muros altos eram de uma rocha escura, quase preta, e possuía três torres, que circundavam a parte principal da construção. Mais ao fundo, podia ser vista uma construção também de pedra, com um grande portão de ferro e sem janelas. O portão principal, para onde se dirigiam, era muito alto, feito de uma madeira também escura, entalhada com diferentes formas. Um par portas menores se abria como uma entrada mais simples e discreta, mostrando o interior de um grande salão circular. Quando o trio passou pelas portas, puderam ver melhor o belíssimo cômodo: o teto era alto e adornado com pinturas em alto relevo, com quatro lustres em posicionados em torno de um quinto maior que ficava no centro. As paredes eram de pedra, mas pareciam de certa forma mais delicadas do que os muros de fora. Além da entrada, havia mais quatro saídas do salão, que levavam a corredores largos e bem iluminados, e podiam ser vistas pequenas janelas de vidro próximas ao teto. Um pouco ao fundo, porém sem se afastar muito do centro, havia uma longa mesa de carvalho, com onze cadeiras atrás. Além dela, havia mais duas mesas um pouco menos compridas, formando uma espécie de triângulo, cercadas de várias cadeiras.

Lyra estava maravilhada. Havia pessoas andando em todas as direções, às vezes sozinhas, às vezes cercadas de amigos, conversando, rindo, brigando... Tom parecia familiarizado ao ambiente, e os guiou ao primeiro corredor à esquerda. Havia uma porta logo à direita, na qual ele bateu três vezes. Após alguns segundos ouviu-se um abafado “entre”, e Tom abriu a porta, fazendo gestos para que o seguissem. Dentro da sala, Lyra viu uma mesa oval, rodeada de cadeiras. Havia três pessoas na sala: um homem que parecia ter por volta de trinta anos, com cabelos curtos castanhos e pele morena que estava em pé próximo a um armário repleto de livros, cadernos e frascos; uma senhora de cabelos grisalhos com alguns fios negros presos em um rabo de cavalo na altura dos ombros e olhos cinzentos, sentada à mesa, e uma outra mulher, jovem, com cabelos curtos e cacheados de um tom de castanho arruivado um tanto rebeldes, olhos grandes e azuis e óculos quadrados.

– Thommas! O que o traz aqui? – perguntou a moça com um sorriso simpático.

– Trouxe esses dois para o Teste. O sr. Harrison me pediu para trazê-los aqui. – Explicou o jovem.

O homem desviou o olhar do que estava fazendo e observou o trio atentamente. Seus olhos eram negros e profundos, e davam a impressão de enxergar além dos jovens, como se soubessem de algo. Lyra estremeceu de leve e desviou o olhar incomodada.

– Estes são os gêmeos de quem comentou, Tom? – quando o garoto assentiu, a moça virou-se para Matt e Lyra e disse com um sorriso agradável:

– Prazer, sou Dalya Melloy. Serei sua professora de Magia Psicológica. Este é o Olliver Stephans, professor de Uso de Objetos Mágicos, e ela é a profª Margareth Schmutz, de Poções e Venenos.

Dalya observou-os com seus grandes olhos azuis com expectativa. Só então passou pela cabeça de Lyra que talvez ela estivesse esperando algum comentário.

– Hum... O prazer é nosso. – Balbuciou embaraçada, e sentiu o rosto esquentar com o olhar de todos sobre ela. A professora se aproximou e fez sinal para que a seguissem para fora da sala. Saíram para o mesmo corredor por onde tinham vindo e voltaram para o grande salão de entrada, porém, não saíram. Mais ao fundo se via uma escada de pedra em caracol, por onde subiram a passos largos. Logo haviam chegado ao centro de um encontro de corredores, onde viraram à direita e pararam em frente a uma porta de madeira escura. Lyra observou a porta. Tinha a impressão de que havia algo errado. Então percebeu: a porta não tinha fechadura ou maçaneta. Dalya ergueu a mão e tocou a porta. Ouviu-se um “clic” abafado e a porta de abriu, mostrando uma grande sala, onde se viam algumas estantes com diferentes objetos e uma cadeira grande e bela, de madeira clara e com vários desenhos entalhados.

–Onde está você...? Nunca sei onde guardam... – murmurou a professora enquanto remexia as estantes. Então, com um triunfante “aha!” ela pegou uma pequena pedra redonda e polida de um preto profundo e estendeu para os gêmeos com um sorriso animado.

– O teste é muito simples: um de vocês segura a pedra. Se ela ficar verde, significa que a pessoa é um Invocador, e se ficar azul, um Conectado. Se nada acontecer, então certamente vocês não são Dragaynes. E então? Quem irá primeiro?

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P.o.V. Matt:

Matt olhou nervoso o objeto na mão de Dalya. Então, respirando fundo, pegou-o. Uma forte energia pareceu invadir o garoto. Matt tentou gritar, mas nada saiu além de algo que soou como “Ghasp cof cof”. Era como se a pedra estivesse lhe dando um choque, e ele não conseguia solta-la. Então sua visão ficou turva, e ele sentiu seu corpo cambalear...

– Matt!! Matt, o que houve? Você está bem?

Era a voz de Lyra. Matt piscou. Tudo voltara ao normal, e ele estava de pé na sala, de frente para as duas mulheres que pareciam preocupadas, e a pedra agora estava na mão da professora

– O-o quê...?

– Você ia desmaiar! O quê aconteceu? Pensei que ia... – Lyra parou, recobrando o fôlego e continuou, mais lentamente:

– O quê aconteceu? Assim que você pegou a pedra você começou a tremer e murmurar alguma coisa. Pensei que estivesse convulsionando!

– E-eu... Não sei. Foi como levar um choque. Mas... E a pedra? Aconteceu alguma coisa?

– Ela perecia... Não sei. Algo como um verde muito escuro. O que isso significa? – Perguntou Lyra virando-se para Dalya, que tinha uma expressão pensativa.

– Provavelmente significa que ele é um Invocador. Mas eu não saberia dizer... Não lembro de ter ouvido falar de nada parecido. Se for um Invocador, posso providenciar os seus horários. Mas pode ser algo diferente... Talvez seja bom falar com o sr. Lodergwël... Mas antes, seria bom que fizesse o teste, Lyra. – Disse a professora. Com isso, entregou a pedra agora de um verde suave para Lyra. Por um instante, nada aconteceu. Então, quando Matt olhou novamente a pedra, tomou um susto.

Estava púrpura.