Nas suas lembranças escrita por dayane


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Quando eu fico resfriada perco a inspiração... Será que é só comigo?
Bom... Novamente agradeço aos que acompanham e à Anna, que deixou mais um comentário =)



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Desci as escadas com o coração mais leve. O café da manhã estava posto à mesa e minha mãe servia uma das xícaras, pronta para iniciar o ritual sagrado de ter um bom desejum. Joguei-me na cadeira mais próxima e me servi.

– Dia bom. - Comentei.

– Bom dia, filha. - Ela sorriu com curiosidade.

– Quase terminei meu tcc. - Menti e ela sinalisou para mim, alertando que não tinha me perguntado nada.

Meu celular tocou novamente e pude escutá-lo da cozinha. A ansiedade bateu em meu corpo e devorei toda a comida como se tivesse com minha vida em risco. Minha mãe nunca me permitira interromper uma refeição por culpa de uma ligação banal. E como eu nunca tinha compromissos importantes...

– Vai se engasgar. - Minha mãe alertou rindo. Obviamente, ela sabia que algo bom tinha acontecido.

Terminei de comer e corri até meu quarto. Havia uma ligação perdida. Dei o comando para discar ao numero e aguardei ansiosa. O telefone chamou uma, duas, três vezes e somente quanto eu estava para desistir, é que a voz de Carlos surgiu.

– Estarei na sua rua em vinte minutos. Espero que esteja pronta para sair.

E assim, ele desligou.

Mantive a calma e escolhi a primeira roupa que encontrei, depois, tomei uma ducha rápida e em vinte minutos eu estava pronta. Mas na verdade, eu entrei em colapso e Carlos teve que me aguardar por mais uma hora, tendo a companhia de minha mãe que, segundo ele, tinha um papo legal.

– Sério, por que você demora tanto pra se arrumar?

Caminhávamos pelas ruas do meu bairro, indo para o ponto de ônibus.

– Sei lá. Algumas vezes não sabemos se é melhor usar calça ou saia.

– É muito simples, pegue a primeira roupa que der, uma ducha de poucos minutos e um sapato confortável. - Ele retrucou.

– Então você não liga para a roupa que a mulher está usando?

– Sinceramente, qualquer mulher fica bonita de uma certa forma. Infelizmente o horário não me permite dizer qual.

Bufei de forma impaciente. Ele sorriu.

– Para onde vamos? - Perguntei quando estávamos próximos do ponto.

Carlos girou nos calcanhares, enquanto segurava minha mão. Ele encostou o corpo no ponto do onibus e me colocou de frente para seu corpo.

– Eu estava pensando em irmos ao teatro.

– E qual seria a peça?

– Bom, como disse no passado, deixo claro que não iremos mais.

– Não necessáriamente, você podia estar me expondo seus pensamentos antigos, que nasceram quando me ligou ou estava indo para minha casa.

Carlos riu e me abraçou, deixando seu perfume preso ao meu corpo.

– Sua mãe me contou que não tem muitos amigos. - Meu coração pareceu congelar.

Carlos afroxou o abraço, deixando claro que queria desfazer, mas ao contrário dele, eu apertei meu corpo contra o dele e adjetivei minha mãe de todas as coisas negativas que consegui pensar.

– Eu tenho amigos o sulficiente. - Retruquei depois de um tempo.

– Não minta para mim. - Carlos manteve o abraço. - Eu me preocupo com meus amigos e acho que não se pode ser feliz só.

– Como você disse, é meu amigo. Não vivo só.

– Paula... Um amigo não é a segurança de ter sempre alguém ao seu lado. Sabe por que as pessoas sempre procuram amigos? Porque sabem que se tiverr um número pequeno, pode viver só. Se eu morrer, quem vai te escutar? Não me diga tem sua mãe ou qualquer outro familar, sempre desconfiaremos de que nossa família usará o velho “eu te avisei”.

Não consegui processar nenhuma palavra. Meu medo era de chorar e fazer com que Carlos sentisse pena de mim. Eu tinha medo das pessoas, pensava. Medo de que elas me ignorassem ou me humilhassem.

Eu não sou o tipo de pessoa que ri de si ou faz piada de seus defeitos. Eu me escondo, como uma boa covarde. Meu riso é baixo, meu o cabelo e unhas estão sempre impecáveis. Uso saltos para parecer mais alta e milhares de cremes para não ter espinha. Não uso roupas apertadas demais ou folgadas de mais. Me mantenho nula do mundo e mergulho no livro que tiver mais perto.

E todas as vezes que lembro disso, me pergunto como Carlos veio se aproximar de mim. Ai eu lembro, no primeiro dia do curso de inglês, quando comentei meu amor pelos livros e ele veio conversar comigo sobre o mundo que tanto amo.

– Eu vou te mostrar que ter amigos é melhor do que viver só.

Eu me afastei de Carlos. Olhei em seus olhos e tive certeza, somente pela forma cautelosa com que ele me olhava, que eu demonstrei todo o meu pavor.

– Por favor, não.

Carlos me cobraria uma explicação. E eu teria que achar uma ou contar o quão covarde sou. Era um beco sem saída.

E quando olho nos olhos dele, sinto a certeza de que posso confiar. Mas será que vou me ferir? Será que ele não seria capaz de me enganar?

Nestes momentos, me torno aquele filhote medroso, que enfia o rabinho entre as pernas e abaixa a cabeça, rezando por uma dor mais fraca.




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