P.O.V. Elsa.

Anna está tão animada que dá gosto de ver. Ela não para de falar, rir e fazer perguntas. Nem sei como ainda não pediu para mim fazer um mapa de Hogwarts para ela. Já eu, não estou muito disposta a conversar. Apenas assinto às coisas que ela me diz. Estamos sozinhas na cabine, pelo menos por enquanto. Logo chega Merida, uma grande amiga minha, ela se senta ao meu lado. Anna já a conhece, pois Merida já foi à nossa casa inúmeras vezes.

–A Sonserina te espera, garota.- Ela diz à Anna que abre um enorme sorriso.

–Lá é legal?- Pergunta Anna toda empolgada.

–Maravilhoso.- Merida sorri.

Então duas garotas aparecem à porta da cabine. Uma usa as vestes de Hogwarts, seus cabelos são enormes e louros e a outra usa um simples vestido amarelo e seus cabelos são ondulados e castanhos.

–A gente pode sentar aqui com vocês?- Pergunta a loura, ainda mais empolgada que minha irmã.

–Fique a vontade.- Convido.

As duas entram. A loura se senta ao lado de Anna e a outra ao lado de Merida.

–Sabe, é que eu estava pensando, Hogwarts é um castelo, então nós somos princesas; moraremos em um castelo e isso significa...- Ela continuou a tagarelar com Anna. Duas tagarelas! Essa não!

–Hm... Vocês ainda não se apresentaram.- Observa Merida.

–Eu sou Bela e ela é Rapunzel.- Diz a morena.- Ela está meio agitada.

–Acho que deu pra perceber.- Rio.

–Vocês são da Sonserina, não é?- Pergunta ela, timidamente.

–É isso que nosso uniforme sugere.- Merida ri, mas dou-lhe uma cotovelada.

–Somos sim, Bela.- Digo, gentilmente.

–É que...- Ela olha para baixo.- Sabe, eu acho que vou para a Corvinal.

–A casa dos sabichões?- Merida ri.- Receio que não vá gostar muito. Os mais belos e inteligentes– Ela afina voz e faz uma careta.- Quanta conversa fiada.

–Todos na minha família foram de lá.- Ela cora- Espero que o que esteja dizendo não seja verdade.

–Não ligue, Bela, a Merida tem a mania de falar demais.- Digo, entre os dentes.

Uma garota aparece na porta da cabine. Sua pele é branquíssima e o negrume de seus cabelos lembram uma noite sem lua. Ela parece mal-humorada, conta as integrantes da cabine com o dedo e depois gira os olhos, transferindo o peso para uma das pernas.

Merida pigarreia.

–Desculpe, perdeu alguma coisa aqui?- Ela diz, nada amigável.

–Estou procurando uma cabine, se não está vendo.- A garota retruca.- Mas percebo que essa aqui está mal frequentada.

Espero para ver a reação de Merida. Achei que ela fosse voar na garota, mas simplesmente soltou uma gargalhada.

–Merida? Tudo bem?- Pergunto, não achando muito normal a forma que reagira.

–Ah, sim.- Ela diz, parando de rir.- Sabe, essa menininha me fez lembrar a mim mesma, quando vim a primeira vez para Hogwarts. Tão... malcriada.

–Escuta aqui, menininha é a vovozinha. Eu tenho nome, e ele é...- Ela pensa um pouco.- Quer saber, não sou obrigada a dizer. Mas torne a me chamar desse jeito e vai se ver comigo.

Merida ri mais uma vez.

–Ai, que medinho.- Ela diz.- Sabe, menininha, você não passa de uma novata. Deve respeitar aos seus superiores.

A menina gira os olhos, impaciente.

–Não tenho tempo para discutir.- Ela diz, transferindo o peso para a outra perna.- Você parece tão insuportável quanto...

–Você?- Merida semicerra os olhos.

–Minha madrasta.

–Nossa, que máximo.- Merida solta o ar dos pulmões.- Você vai entrar na porcaria da cabine ou prefere que eu te chute porta afora?

–Merida!- Ralho.

–Não, obrigado.- Ela diz, debochadamente.- Não vou entrar nessa porcaria de cabine, pois não quero pegar a sua doença. Adeus, queridinha.

Ela lança um beijo para Merida e sai da cabine tranquilamente.

Nós cinco nos entreolhamos. Não demorou nem quatro segundos para Merida cair na gargalhada novamente.

–Aposto dez galeões que aquela mocinha vai para Sonserina também.- Ela diz, entre risos.

–Eu aposto que vai para a Grifinória.- Digo.

–E eu que vai para Corvinal.- Rapunzel diz, sorridente.

–Ela me pareceu bem burrinha.- Observa Merida.

–Mas é linda.- Completa Rapunzel.- Corvinal não é a casa dos bonitinhos?

–Então para mim só restou Lufa-Lufa.- Diz Anna, animada.- A garota vai para a Lufa-Lufa.

–Você acha que ela vai para onde, Bela?- Pergunto.

–Não tenho dinheiro- Ela responde, timidamente.- E não gosto de apostas.

–É só uma sugestão, esquisita.- Merida gira os olhos, fazendo a garota corar.

–Não sou boa com sugestões.

–Certo, Bela, tudo bem.- Digo, apoiando a mão em seu ombro.

E a viagem de trem segue.