Não sabia nada sobre o amor em si, muito menos frases, a vida e as obras de grandes escritores românticos, quem diria sobre como tratar uma mulher. Cook só entendia como ser ele mesmo nas pessoas. Simples, direto, sem emoções. Não gostava de permanecer com somente uma pessoa, porque se sentia quando ficamos em uma posição na cadeira por muito tempo.

Carinho era realmente uma coisa irritante, quando pensava em dar, as pessoas grudavam e enchia o saco.

James Cook era totalmente indiferente ao sentimento. Ao toque. Aos esforços emocionalmente humanos que fazemos (pra que tudo isso, porra?). Podia conseguir sexo só com um olhar. Compromisso era a mesma coisa que entrar em desgaste. A morte vital de um homem que você um dia fora. Você se estagna a uma pessoa que com o tempo começa a odiar. É completamente fora de cogitação essa merda toda, honestamente.

Porém, chegou Elizabeth Stonem. Ou como gostava de ser chamada, Effy.

O mundo era feito de luz que cegava seus olhos e Effy era uma cortina silenciosa, escura, que tranquilizava sua vista. Se pudesse, ela seria sua, se resignaria somente a sua existência.

Mas ele ouviu ela dizer que amava Freddie. Foda-se eles, pensou. Eu sou Cook. Mas nem mesmo ser Cook foi o bastante. Nem toda maconha, nem toda bebida. Ninguém cobria a luz de seus olhos como ela cobria. Mulheres e toda a masturbação pensando nela não adiantava.

Era um buraco feroz que cobria seu peito e tomava toda sua respiração cada vez que ela se afastava.

E aqueles olhos perigosamente azuis, como pedrinhas de diamantes, brilhantes e que nunca se importavam com ele, com nada?

“Eu amo você nessa porra, Effy” e ela nunca respondia de volta. Nunca.

“Desculpa, Cook. Eu não sei o que deveria dizer.” Ela revelou com aquele jeito disperso, sem concentração, sempre flutuando nos efeitos das drogas. Aqueles majestosos olhos azuis dela olharam nos dele.

“Eu nunca pensei que fosse dizer que amava alguém”, ele sentenciou. “E pior, nunca pensei que fosse dizer isso pela primeira vez quase implorando pra essa pessoa me amar de volta. Mas é tudo o que eu tenho, porra. Tá na cara que não posso ter mais que isso. E me sinto bem te amando apesar de todo meu corpo se arranhar cada vez que digo isso”, sua voz parecia ter feito um corte na gravidade.

“Eu não posso te dar mais, Cook.”

Ele sentiu suas pernas amolecerem, sua mão tremer e uma imensa vontade de chorar e rir ao mesmo tempo. Era incrível o quanto o seu corpo era fiel refletindo o que as pessoas faziam com você. Estava carregando tudo: toda aquela dor e aquele sentimento vergonhoso que é admitir amar alguém. E então, foi naquele momento que desistiu de tudo. Não queria nunca mais olhar para trás.

A vida é tão injustamente bonita. Como Effy.

Ele tinha essa sensação a cada contração ventricular prematura que seu coração dava. Ele iria subir. Subir um pouco mais. Porque ele sabia que Effy seria infinita na sua vida. Ela nunca teria fim. Ninguém nunca tem fim quando toca em sua vida. E ela fez mais que tocar, ela consumiu.

Mas foda-se, afinal. Porque sempre tem espaço de sobra. Tudo tem conserto e sutura. Tudo se recompõe.

"Eu sou Cook."

Essas palavras eram tudo e nada, simultaneamente. Um suspiro sufocado e um grito implorando plateia. Sólidas e fortes, monstruosamente reais, que o fariam emergir. Ele iria subir um pouco mais alto, e mais.