Annabelle escrita por Igor Santos


Capítulo 1
Capitulo Único


Notas iniciais do capítulo

~ Estão vamos lá! Boa leitura ;) ~



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Coloco o gravador sob uma bancada e direciono o microfone para a garota.

Inicio a gravação:

– Olá Annabelle. Tudo bem com você?

– ... – a garota se mantém calada.

– Você poderia me contar aquela história novamente?

– Não.

– Porque Annabelle?

– Porque ele pode ouvir.

– Ele quem?

– Ele. – seus olhos estavam escondidos graças à sombra, mas ainda era possível enxergar o medo neles.

– Ele não vai ouvir, pois estamos apenas nos dois neste quarto. Agora conte a história.

– Há alguns meses atrás, nos se mudamos para Riverview. O papai não conseguia manter o ritmo em morar na cidade grande. O dinheiro já não era suficiente para nos mantermos.

A cidade era legal, tínhamos uma boa vizinhança e a casa era muito bonita, bem diferente da onde morávamos. Eu tinha meu próprio quarto. – um leve sorriso formou em seu rosto – A mamãe e o papai estavam se dando muito bem, brincávamos muito e nos divertíamos, ainda sobrando tempo para o papai escrever suas longas histórias, mas... – o sorriso que antes formara, logo desapareceu, dando lugar para um olhar aflito e sombrio.

– Mas?

– Algumas coisas começaram a acontecer na casa. Coisas estranhas.

– Que tipo de coisas estranhas?

– À noite, as portas abriam sozinhas e as janelas rangiam. Às vezes, eu escutava vozes, vozes do mal.

– E o que elas falavam Annabelle?

– Que eu... eu devia matar meus pai e cortar a minha garganta.

– Você falou com os seus pais sobre essas vozes?

– Não.

– Porque não?

– Porque ele não deixava. Ele segurava a minha boca e sussurrava em meu ouvido para não falar. Ele também me batia, e me puxava da cama.

– Pode contar mais da história?

– Depois de algum tempo, eles também começaram a perceber que algo ruim estava naquela casa, mas achavam que era algo passageiro... Mas não era.

Foi quando tudo começou a piorar.

As luzes se apagavam e acendiam, os televisores também. As portas não mais apenas abriam, agora elas batiam com força, nossos retratos caiam e a cruz que ficava na parede de meu quarto virou de cabeça para baixo.

Meus pais temiam, mas não sabia o que fazerem. Agora, fazer alguma coisa de nada adiantava.

Naquela noite, ele me pegou pelo pescoço e me jogou contra a parede, meus pais tentavam entrar no quarto mais ele tinha o trancado. Ele subiu em cima de mim, foi quando pude vê-lo. Era um homem alto e velho, com feridas espalhadas pelo corpo, seus olhos estavam arrancados e sua boca sangrava, sua pele era pálida e suas vestes eram manchadas de sangue, que não era de sua boca e sim...

– De quem era o sangue Annabelle?

– ... – ela parou de falar, fitou a porta do quarto, depois voltou a olhar para mim.

– De quem era o sangue?

– Das pessoas. Daquelas que ele se alimentava. – de súbito, a porta se abriu. Ela voltou a fita-la. Levantei-me e a fechei.

Tornei a me sentar, mas algo estava diferente. Annabelle roia as unhas e olhava profundamente para a parede atrás de mim. Um arrepio assombrou meu corpo. Queria não olhar, mas a curiosidade ainda prevalecia. Virei lentamente. A garota olhava para a janela do quarto.

– Annabelle, o que você ver ali.

– Ele.

– Quem?

– Aquele que estava em minha casa. – repentinamente, a feição de seu rosto mudou. Parecia que todos os sentimentos se desvairam e um olhar faminto se formou.

– O que foi Annabelle?

– Edward... você acredita em fantasmas? – sua voz não expressava mais medo.

– Não, acredito no que é certo, não no duvidoso. – após terminar de falar, a garota começou a fazer alguns ruídos pela boca como forma de negação ao o que falei. Levantou-se e ficou em minha frente. Cara a cara. Conseguia sentir o cheiro de podre e as veias de seus olhos estavam saltadas, se tornando a mostra.

– Não acreditar neles não te protegerá Edward.

– Annabelle, sente-se.

– Não.

– Annabelle, sente-se. – falei com mais intensidade.

– Não.

– Sente-se. - esbravejei.

– Nããão. – gritou e uma segunda voz foi escuta, mais grave e demoníaca. Não pude esconder meu espanto, aquela garota tinha algo fora do normal em si. Segurei suas mãos e coloquei-a na cadeira. Voltei para o meu assento e continuei:

– O que aconteceu Annabelle?

– Infelizmente, Annabelle não está mais aqui. Agora, ela está apodrecendo no fundo do inferno. – ela pulou em cima e enterrou seus dentes em meu pescoço, mordendo-o com muita voracidade. Com muito esforço, consegui tira-la de cima de mim.

Levantei do chão e olhei para ela. Estava agachada em um canto da parede, chorando:

– Porque ele faz essas coisas comigo Edward, por quê?

Aproximei vagarosamente, temendo-a. Ao chegar perto, ela começou a rir, mas não era de felicidade e sim, de algo maligno. Um ruído de algo sendo cortado e ferido saia de suas mãos. Ela se virou e revelou o que fazia: Inseria uma cruz de ponta cabeça em sua vagina, que sangrava, gruindo que nem um animal. Afastei-me. Ela soltou a cruz e fitou-me:

– Que foi Edward? Está com medo? – sorriu maleficamente – Está dodói Edward? – segurava minhas mãos contra o pescoço, tentando interromper o sangramento. Não era mais possível esconder meu medo. Estava aterrorizado e queria sair dali.

Andei depressa em direção à porta, mas ela se fechou. Tinha certeza que era a garota:

– Vem ficar mais um pouco comigo Edward, estou me sentindo muito solitária. – ela tinha espasmos que fazia sua cabeça se contorcer estranhamente – Eu só preciso de um amigo – as luzes começaram a falhar - Você esta vendo Edward, ele não esta feliz com você.

– Q-quem não esta feliz comigo, Annabelle? – não pude evitar o gaguejo, estava apavorado.

– Ele. – a garota sorriu e, repentinamente, desmaiou. As luzes se apagaram de vez.

Fui até a garota que estava imóvel no chão.

Foi quando eu senti algo em meu ombro. Uma respiração feroz e abafada, junto com uma risada demoníaca.

Virei-me lentamente. Algo me agarrou pelo pescoço. Não consegui ver por completo, mas as mãos gélidas e manchadas de sangue faziam me pensar que era ele, o homem de quem Annabelle falava. Meu corpo estremeceu e senti uma fraqueza espontânea. Ele estava se nutrindo de mim. Estava se nutrindo da minha alma.

Fui perdendo a consciência e a sanidade. Ele não apenas tirava a alma, mas também a felicidade da pessoa, transformando-a em psicopata. Não sentia mais meu corpo e aos poucos perecia.

Por fim, meu coração parou de bater por completo, deixando apenas em meus últimos segundos de vida, memórias tenebrosas e assustadoras, que era do homem que um dia foi aquela criatura. E o ultimo resquício que sobrara foi seu nome: Charles Di Stefano, o ex-morador da casa onde eles viviam e praticante de magia negra, antes de morrer em 1762.


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Notas finais do capítulo

~ Ficou curto, mas essa era a intenção.~ Gostaram? Odiaram? Reviews!



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