(Pov Lola)

Assim que termino de por meu ultimo porta retrato – onde contém uma foto minha com maman em frente à torre Eiffel, ambas com um enorme sorriso no rosto -, na caixa, olho ao redor onde fica, ou melhor, ficava meu quarto, meu refugio, castelo, lar. A maioria das pessoas gosta de se mudar, eu não faço parte dessa maioria.

E nesse exato momento estou simplesmente deixando para trás toda a minha vida, dramático eu sei, mas é assim que eu me sinto nesse momento, dramática. Eu estou tendo que deixar meu país, minha França, por conta do trabalho de papa, ele havia recebido uma proposta de trabalho nos Estados Unidos, onde seria mais reconhecido e ganharia mais. Fiquei feliz por ele e por maman também, pois assim ela poderia ajudá-lo nos projetos, já que ambos são arquitetos.

—Lola! – maman me chama do andar de baixo.

—Já estou indo! – grito de volta.

Termino de fechar a caixa e a levo para o andar de baixo, onde avisto várias outras caixas. Maman e papa conversando com tia Suzani, mãe da minha melhor amiga, que mora ao lado da nossa ex-casa. Após colocar a caixa empilhada em cima de oura caixa, vou até tia Suzi e lhe dou um abraço bem apertado.

—Oi, então animada? –ela pergunta mexendo em meus cabelos castanhos.

—Um pouco, mas é difícil ter que se desfazer de tudo e de todos. –respondo com sinceridade.

—Bom, a Marie está lhe esperando lá em casa para se despedir. –assim que ela diz isso meus olhos se enchem d’água.

Marie, minha melhor amiga desde que eu me conheço por gente, nos conhecemos através de nossas mães que também são melhores amigas assim como nós. Assim que eu saio de casa sinto um arrepio, por conta do vento frio de Paris, vou até a casa do lado e nem toco a campainha simplesmente entro. Subo e vou em direção ao quarto de Marie, onde a encontro sentada na cama, mexendo no celular.

—Oi, loira. –digo me jogando na cama ao seu lado.

—Oi, morena. –responde ela largando o celular.

Ficamos em silencio por um tempo e ela começa a falar.

—Promete que nós iremos continuar sendo melhores amigas? –ela pergunta praticamente chorando.

Eu e ela nunca nos separamos nem mesmo nas férias nós ficamos longe uma da outra, ela era a minha confidente e eu a dela, confiamos na outra de olhos fechados, não conseguimos ficar brigadas por mais de 24 horas, é impossível pensar numa Lola sem a Marie.

—Claro, eu prometo. –digo a abraçando e chorando também.

Acho que o pior de quando se esta indo para longe sem saber se irá voltar, não é por conta das coisas que você deixa, mas sim as pessoas, as quais você nunca se imaginou sem.

(*)

—Sorry. –digo para a mulher, a qual acabei de esbarrar, e vou em direção a mesa onde maman e papa estão.

Havíamos acabado de desembarcar aqui em Nova York e decidimos comer algo, no aeroporto mesmo, antes de irmos para nossa nova casa.

—Então já pediram algo? –pergunto ao me sentar à mesa.

—Sim, seu papa pediu um hambúrguer e coca-cola para você. –maman diz mexendo no IPad. –Lola, querida suas aulas começam daqui a dois dias, amanhã eu e você iremos conhecer a escola e comprar o material necessário.

—Sim, maman.

(*)

—É a ultima. –papa diz ao largar a ultima caixa na sala da nossa nova casa.

A casa era muito parecida com a nossa na Franca a única diferença era que havia três quartos e não apenas dois. Mas até mesmo a aparência dela era muito parecida. Após terminarmos de carregar as caixas, cada um foi para um canto da casa organizar, eu fui para meu novo quarto, maman decidiu organizar a cozinha e a sala, e papa o quarto deles.

Meu quarto até então é apenas um espaço pequeno pintado de azul claro, com uma cama de casal, um closet bem pequeno e um banheiro também pequeno. Aos poucos vou dando a minha cara para o quarto, coloco minhas fotos na parede mesmo, arrumo minhas roupas no closet e assim vou organizando aos pouco.

Quem sabe essa viajem para cá não seja tão ruim assim, afinal irei conhecer pessoas novas e terias novas experiências. Será como um novo começo.