O sol estava ainda tímido na hora em que a menina veio ao mundo, esta que se mostrou agitada e cheia de energia ao chorar alto e logo manteve a calma ao sentir o toque do astro rei em seu rosto. Ela era linda e imprevisível, bem como o céu, então sua mãe decidiu presenteá-la com um nome um tanto incomum. “Ten” era céu, e para não ficar vago, decidiu que repetiria, ficando assim: Tenten.

Alguns meses depois, as águias estavam gritando ao longe na hora em que o dia se misturava com a noite, tendo lá no alto do céu a lua ainda envergonhada e o sol saindo de cena, na hora em que o recém-nascido deu seu primeiro choro – bem tranquilo – no mundo, mas se calou ao ganhar o conforto do colo da mãe e o belo canto vindo de sabe-se lá onde, que ele mal sabia o que era, mas gostava. Seu pai, esperando um futuro promissor para aquele pequenino de olhos perolados, deu um nome inspirado em técnicas do seu clã: Neji. Ele perfuraria barreiras, como parafuso, seria forte e quase inquebrável.

Tenten na infância mostrou ser mesmo imprevisível. Gostava de se aventurar pelas florestas de Konoha, não era muito feminina, mas ainda assim tinha seus momentos de menina. Chorava sempre que se lembrava de seus pais, que perdeu pouco tempo depois de completar três anos, era frágil, mas nunca deixou que a fragilidade fosse maior que sua força e coragem. Adorava mexer com armas ninjas e aí descobriu um grande talento para manuseá-las. Tenten viria a se tornar a mestra das armas.

Neji, de sua infância também não trazia boas lembranças. Tinha perdido o pai, tinha ganhado o selo que o impediria de muitas coisas, tinha perdido sua paz interior. O pequeno Hyuuga se tornara uma criança fria, triste e perturbada. Sentia-se rejeitado pelo próprio clã sempre que se lembrava da existência daquele símbolo na testa que o limitava a muitas coisas. E para mostrar que ele não seria preso a si próprio com isso, passou a treinar e a criar suas técnicas, chegando a conseguir ativar o Byakugan, o que não lhe era permitido com tal selo. Neji viria a se tornar o gênio prodígio de Konoha.

E o destino, este o qual o garoto sempre criticava, resolveu uni-los em equipe. Ele era como um filhote de águia na época, não tinha muita experiência, precisava ter seus baixos antes que começasse a pensar que era como o Sol, imponente. Tenten era como o céu que acalmava aquele filhote, mostrando-lhe como devia voar. O gênio sempre ganhava ajuda da mestra das armas, Tenten era o amparo de Neji. E sempre era.

Quando mais velho, aos dezessete anos, Neji já estava mais formado, era mais forte, mais equilibrado, tranquilo, sereno e realista, não era mais arrogante, tampouco mal-educado. Era o mais maduro da equipe, até mais que seu próprio mestre. E Tenten, ah, como Tenten sofreu com a puberdade na pré-adolescência, mas parecia que à medida que ganhava um ano a mais, sua instabilidade aumentava. Ora alegre, ora triste, ora agitada, ora preguiçosa. Neji não a entendia, mas gostava daquela garota, ela o surpreendia.

Pouco mais tarde, ambos foram convocados para a Quarta Grande Guerra e escalados em equipes diferentes. Neji foi separado de Tenten. Pássaro foi separado do céu. E quando menos se esperava, aquele que já estava forte e pronto para voar, finalmente ergueu voo e rumou diretamente àquela imensidão celeste, deixando a companheira sozinha. E Tenten, aquela que era seu céu particular, sentiu-se traída, machucada por dentro, mas não deixou transparecer, certamente quando pudesse ela traria um grande temporal, porque um céu, não é o mesmo quando não tem um pássaro para acalentar, porque Tenten não era mais Tenten sem Neji.