Estava na cafeteira do centro da cidade. Apoiei meus cotovelos na mesa e respirei fundo. Como as coisas muda. Alguns meses atrás, eu estaria neste mesmo lugar, rodeada de pessoas que diziam me amar. Percebi que só diziam mesmo.

- Hanna?! - levantei os olhos ao ouvir meu nome - Hum... Posso sentar com você?

- É.. claro! - disse respirando fundo e prendendo a vontade de chorar.

- Bom... - ela se acomodou numa cadeira a minha frente - Eu te vi na igreja!

- É... meu amigo me convidou! - disse dando um leve sorriso forçado.

- Você gostou?

- Uhum!

- É... vai ter um culto hoje a noite, quer ir?! - ela disse sorrindo.

A felicidade, a paz daquela menina me tranquilizava, de um jeito que eu não sabia como.

- Olha, hoje não vai dar... Estou um pouco cansada...

- Ah, vão! - me interrompeu animada - Você vai gostar, vai ser um culto diferente. O pastor de jovens vai dar a palavra. Gostaríamos de você lá hoje.

- Uhum... - disse confirmando com a cabeça - Mas hoje não vai dar... Lamento!

Ela sorriu meio triste.

- Então tá, quem sabe numa próxima vez! - ela disse pegando suas coisas e levantando da mesa - Até mais então! - ela acenou e sorriu pra mim, indo em direção a porta.

Sinceramente, eu não queria ir. Não iria contra a minha vontade. Algo dentro de mim me fazia ficar num "escuro", parecia que eu estava sozinha neste mundo inteiro.

Na verdade, estava. Minha mãe morreu faz dois meses. Meus amigos se afastaram de mim depois que eu decidi não seguir o jeito deles de quebrar as regras.

Algo me falou sim. Algo me fez sorrir.

Levantei correndo, e fui atrás da menina que havia falado comigo á pouco tempo.

Achei ela entrando no carro.

Corri atrás dela. Gritar seu nome seria mais fácil, mas eu não sabia.

Corri o mais rápido e consegui encontra-la antes dela sair com o carro.

- Bom, te vejo lá hoje? - disse sorrindo e apoiando na janela.

Ela sorriu. Era um sorriso sincero.

- Com certeza! Começa as sete e meia. Vai querer que eu te busco?

- Pode ser! - disse ofegante.

Ela anotou meu número e eu o dela, e ela ficou de me ligar.

Senti uma paz, uma tranquilidade dentro de mim mesmo.

Queria viver assim...