Bitchcraft escrita por Eduardo Mauricio


Capítulo 7
Capítulo 06 - Venha Para Fora e Brinque




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– Para onde vamos? – Perguntou Rain, cabisbaixa.

– Para a sede – Felicia respondeu. Seus olhos ainda lacrimejavam.

Esse foi o último diálogo dentro do veículo até que chegassem em uma grande mansão. A sede.

Os helicópteros pousaram em um grande campo aberto, maior que o da Garden. A poucos metros, estava a entrada da grande construção. Uma mansão de estilo vitoriano, com a aparência de um castelo.

Ao descer dos veículos, algumas das garotas se abraçaram, desmanchando-se em lágrimas, enquanto as outras seguiram em silêncio até o local.

– Você acha que as fadas ainda não vieram aqui? – Felicia perguntou à Virginia, que caminhava ao lado dela.

– Eu não sei – Ela respondeu – Mas aqui moram as bruxas mais poderosas e inteligentes que conheço, se elas também souberam dos ataques, tenho quase certeza de que deram um jeito... Elas estão bem.

A guarita estava vazia. A bruxa responsável pela portaria não estava lá.

– Isso não está me cheirando bem – Disse Felicia.

Virginia empurrou o grande portão e percebeu que estava aberto, então entraram.

Caminharam pela passarela de pedra no jardim e chegaram à porta. Tocaram a campainha. Passaram-se alguns segundos e ninguém atendeu. Tocaram novamente. Não era possível que em uma casa com dezenas de bruxas, nenhuma ouvisse o som agudo e estridente da campainha. Tocaram a terceira vez e ninguém atendeu novamente.

– Vamos entrar – Felicia sugeriu, girando o trinco banhado a ouro. A porta se abriu.

Virginia esperou o pior. Esperou encontrar os corpos delas espalhados pelo saguão, mas não havia nada. Estava tudo vazio.

As bruxas entraram, caso estivessem em uma visita normal, ficariam maravilhadas com o interior da mansão, piso de cerâmica branca perolada e uma escada com um corrimão folheado a ouro, entretanto, nem prestavam atenção no local, só queriam se deitar e dormir, para tentar esquecer o pior dia de suas vidas.

Elas andavam pelos corredores, estranhando o fato de estarem sozinhas no local. Estavam caminhando em direção à cozinha, quando ouviram uma voz.

– Virginia? – A voz perguntou. Era uma mulher.

Virginia virou-se e as garotas abriram espaço. Era uma mulher de uns 70 e poucos anos, com cabelos grisalhos e estatura baixa. Vestia um sapato branco e um luxuoso vestido esverdeado.

– Matilda – Virginia disse e sorriu. Logo em seguida correu para abraçar a mulher.

– Eu sinto muito pelas perdas – A mulher lamentou, olhando para ela e as garotas.

– Elas vieram? As fadas vieram para cá?

– Infelizmente, sim, mas não conseguiram nos achar... Temos um abrigo subterrâneo.

***

Mais tarde, naquela noite, todas as garotas estavam deitadas em colchões enfileirados uns ao lado dos outros em uma ampla sala sem janelas, no subsolo. Nenhuma delas conseguia dormir, algumas ainda choravam. Rain estava sentada, roendo suas unhas – um antigo hábito horrível seu, que voltava em situações de nervosismo – e pensando nas cenas horrendas que havia presenciado naquele dia. As mortes, a violência... Era tudo tão cruel.

– Eu queria dizer que não há palavra de conforto nenhuma que possa acalmá-las neste instante – Virginia disse, com uma visível expressão de angústia no rosto – Vocês perderam pessoas importantes, assim como nós...

As palavras dela apenas aumentava o sofrimento das garotas. Várias delas estavam abraçadas, chorando nos ombros umas das outras.

– Eu só queria dizer que... – Ela abaixou a cabeça – Eu sinto muito, de verdade.

Em seguida ela saiu da sala.

– Você está bem? – Ava perguntou, pegando Rain de surpresa. Ela estava com olheiras e seus olhos ainda estavam vermelhos por ela ter chorado.

– Na verdade não.

– Nem eu – Ela sentou-se no chão, ao lado de Rain – Foi tudo tão cruel, tão brutal... Eu... – Ela não conseguiu terminar a frase, deu um longo suspiro – Sempre que eu fecho meus olhos, eu as vejo morrendo – Ela começou a chorar.

Rain a puxou para perto e deitou a cabeça dela em seu ombro.

– Elas morreram lutando – Ela tentou melhorar alguma coisa, mas não adiantou. Nem ela mesma sentia-se confortável com aquelas palavras.

Arya e Mia se aproximaram e abraçaram Ava.

As quatro permaneceram ali, abraçadas, chorando, por algum tempo.

***

Felicia estava em um quarto ali perto, conversando com Virginia e outras três bruxas.

– O que aconteceu? – Virginia perguntou.

– Nós recebemos a ligação de Martha – Uma delas respondeu. Era ruiva e usava óculos redondos de armação branca – E corremos para cá.

– Não deixamos nenhum rastro que indicava que ainda estávamos aqui – Outra bruxa, de pele clara e cabelos grisalhos, continuou – Elas simplesmente vieram e foram embora.

– Alguma ideia de onde elas possam estar agora? – Felicia perguntou.

– Não – A terceira bruxa, uma mulher de pele morena e cabelos longos, respondeu – Na verdade, acho que elas ainda estão por perto, ainda consigo sentir a energia negativa.

– Você acha que elas não foram embora? – Virginia perguntou.

– Acho, eu consigo senti-las.

– Elas estão perto.

A mulher fechou os olhos para tentar captar mais alguma coisa e então teve um susto, pulando para a frente. Seu olhar era de espanto.

– O que houve? O que aconteceu? – A outra bruxa de cabelos ruivos perguntou, segurando-a pelo ombro.

– Elas estão aqui conosco – A mulher respondeu e as bruxas que ali estavam se entreolharam.

Elas estavam assustadas. Sabiam que os sentidos de Veronica eram muito aguçados, era uma de suas habilidades. Se ela disse que as fadas estavam ali, elas estavam ali.

– Como assim estão aqui, conosco? – Felicia perguntou, espantada.

– Elas estão lá em cima, nos procurando – A mulher respondeu, apontando para o teto.

– Como elas descobriram? – Virginia perguntou, sabendo que, obviamente, elas não saberiam a resposta.

– Eu acho que elas nunca foram embora.

– Acha que elas nos viram entrar?

– Sim, acho que elas estavam escondidas na floresta.

– Temos que fazer algo – Disse Felicia.

– Junte todas as bruxas, vamos ataca-las – Avisou a bruxa de pele negra e cabelos longos.

– Minhas garotas não podem – Virginia retrucou – Não possuem forças para lutar, estão muito abaladas.

– Então juntem todas as bruxas que conseguirem e vamos ataca-las.

***

Três bruxas andavam por um corredor amplo e vazio. O silêncio predominava ali e não havia sinal de ninguém.

De repente, alguém passou por trás delas, como um vulto. Elas olharam para trás, desconfiadas, e duas delas seguiram aquela direção.

Ao chegar à cozinha, perceberam que havia três fadas entrando pela janela. Quando as inimigas as viram, sorriam maliciosamente. Uma delas apontou a mão para as bruxas e ameaçou lançar sua bola de energia cósmica esverdeada, mas foram muito lentas. Uma das bruxas direcionou uma das mãos para elas e lançou uma impressionante rajada de vento, que as derrubaram sobre alguns utensílios. Em seguida, a segunda bruxa se aproximou um pouco e com um gesto com a mão, controlou e lançou dezenas de facas nos corpos de duas delas. A terceira fada tentou fugir, mas a bruxa fechou as janelas apenas com um olhar, enquanto a última a eletrizou até fritar sua carne com raios de energia elétrica que saíam de seus dedos.

***

No subsolo, as garotas ouviram um baque no teto, vindo do andar de cima.

– O que foi isso? – Rain perguntou.

– Eu não sei – Ava respondeu.

Uma garota, que estava deitada a alguns metros delas, olhou para o teto com uma profunda concentração. Estava olhando através dele. Em seguida, abriu sua boca, espantada.

– Estamos sendo atacadas.


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