My Brother's Best Friend escrita por Mayy Chan


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Bem, essa é mais uma das minhas únicas *u*
Pois é, eu acho que finalmente estou inspirada pra escrever outra saga enquanto minhas outras capas não fiquem prontas hue.
Não se esqueçam dos meus reviews, porque quanto mais eu tiver, mais eu posto, okay?
XOXO, espero que gostem, Mayy



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Eu definitivamente não gostava da escola. Quer dizer, nada contra os nerds, CDFs e professores, mas não sei como alguém gostaria de ficar mais do que as horas obrigatórias naquele lugar horrível. Pois bem, aparentemente dormir na aula de Biologia é motivo de detenção pro aluno, e não um grande sermão pro professor ao menos parecer interessante.

Por isso que eu fui chegar hoje em casa as exatas três horas da tarde, morrendo de fome e parecendo que tinha corrido uma maratona, porque o ônibus da escola vai embora logo depois do almoço e ninguém podia ir me buscar na escola.

Minha mãe não ficou muito nervosa, o que me fez agradecer mentalmente por um longo tempo, mas ainda sim me deixou o castigo idiota de passar o fim de semana inteiro em casa, o que é realmente uma merda se pensarmos na melhor forma da coisa. Sábado tinha a inauguração de um brechó só duas esquinas daqui, mas teria que ficar em casa “para aprender a dar valor no tempo dos professores”. A única coisa que meu pai fez foi rir, então presumo que ninguém estaria ligando muito aqui em casa.

Fora o estúpido do meu irmão Caleb, é claro. Ele sempre foi um tipo diferente de extraterrestre que passava o dia todo enfunado no quarto tentando fazer algo que vai “mudar a visão de toda a sociedade”, seja lá o que isso quer dizer. O meu máximo de experiências eram as que a escola obrigava, e o meu limite era tirar energia de uma batata e, algumas vezes, até esterco. Claro que pra fazer esse precisei da ajuda da minha melhor amiga Cristina, mas vamos fingir que não.

— Mamãe, cheguei! — gritei para a casa inteira mais um pedaço da vizinhança ouvir.

Já tinha colocado a água ferver quando meu irmão estúpido desceu as escadas com uns headphones enormes no ouvido e falou:

— A mamãe saiu, sua idiota! Esqueceu que hoje é dia daqueles encontros ridículos do trabalho dela? Agora será que podia fazer silêncio para eu poder voltar a me concentrar no meu trabalho de Mutação Genética?

— Olha a minha cara de preocupação com o seu trabalho. — indaguei enquanto bocejava. — Agora some pro seu quarto, seu lesado.

— Eu sou mais velho que você, então não tem direito de mandar em mim, entendeu?

— Olha ali. — apontei para a janela, onde ele rapidamente começou a procurar pra onde eu apontava. — É um pássaro? É um avião? Não, é o Super-Merda, o cara que deu ensino-superior pra sua opinião.

— Para de ser infantil, Tris. — disse em um tom nervoso.

— Dez meses, Caleb. Dez míseros meses é a nossa diferença de idade. Agora será que pode voltar a afundar essa sua bunda mole na cadeira do seu quarto e construir um vulcão com bicarbonato de sódio. — revirei os olhos e despejei o macarrão instantâneo e o pozinho junto.

— Você é uma idiota, Tris. Simplesmente uma idiota.

Eu posso afirmar que uma das coisas mais chatas do mundo é ter um irmão débil mental que adora repetir frases. Nem acredito que ele tem uma namorada.

Liguei a TV, peguei o meu miojo e uma lata de refrigerante, só pra depois poder assistir em paz “Dance Moms”. Cara, eu era muito fã daquela professora.

Claro que a paz não durou muito, porque logo Tobias Eaton, o melhor amigo nojento e insuportável do meu irmão, adentrou a casa quase me matando de susto. Que tipo de merda tinha na cabeça do meu irmão quando ele foi contar onde ficava a nossa chave reserva pra esse lesado?

Tudo bem que ele era o tipo de nerd idiota que deixaria qualquer garota com as pernas bambas, mas eu tinha que manter o meu porte de anti-social com problemas comportamentais que passava as tardes assistindo seriados sobre modelos loucas, confeiteiros querendo se matar e, na maior parte do tempo, seriados criminais. Mas como a minha sorte estava uma merda hoje, não tinha CSI passando em nenhum dos duzentos canais, muito menos The Mentalist. Cara, a vida pode realmente ser uma caixinha de merda cheia de purpurina e glitter.

— E aí, pirralha?

Revirei os olhos e me ajoelhei sobre o sofá com uma grande cara de merda que só quem tem irmão sabe fazer.

— Sério, vocês tiraram o dia pra me zoar? Onze meses, Quatro, onze meses.

Eu achava ridículo aquele apelido que deram pra aquele ser idiota. Tipo, qual é a graça de uma pessoa ter quatro pontos de QI abaixo do nível “Gênio”? O meu era aceitável e me fazia passar com “A+” em boa parte das matérias.

— Mas isso ainda me faz estar uma série na sua frente. Aceite isso rápido e finja ser uma pessoa ao menos aceitável, Prior.

— Hey, querido, caso eu esteja bem lembrada, não pedi sua opinião de merda, não é mesmo? Por que não vai pro quarto do meu irmão e finja ser um adolescente normal por um segundo e fale sobre festas, carros, bebidas, garotas, o que é que for. Só, por gentileza, poderia me deixar assistir meu lindo e perfeito seriado em paz?

Falar tanto assim me deixou meio sem fôlego, mas rapidamente me recuperei quando ouvi a sua resposta:

— Primeiramente, quando eu estou com o seu irmão, falamos sobre coisas... um pouquinho diferentes do que você está pensando...

— Ai, vocês meninos são um nojo. — revirei os meus olhos e voltei a me sentar no sofá e aumentar o volume para ver se abafava o som insuportável da sua voz rouca e sedutora.

— Segundo, eu vim hoje pra cá te ajudar.

Não, espera porque eu acho que meu mundo está caindo sobre as minhas costas e de repente eu nem consigo mais respirar. Alguém traga o meu aparelhinho secreto para asma porque eu acho que ouvi uma voz do além falando que Tobias Eaton, o nerd mais irritante — e gato— que eu já conheci na vida está falando que vai me ajudar?! Acho que vai chover Coca-Cola hoje. Minha visão está ficando meio turva, eu sinto como se fosse desmaiar, eu vejo um unicórnio me levando pra luz com churros na boca e...

— Hey, Prior, está me ouvindo? — ele estalou os dedos na minha frente.

— Será que se caísse pizza do céu ela ia se despedaçar? Se sim, eu ia pegar só a calabresa.

— Às vezes eu acho que você se finge de idiota. — se aproximou do sofá. — Eu estava dizendo que vamos fazer aquele seu trabalho de biologia. Sua mãe parece não ter gostado muito de você ter levado detenção e mudou o seu castigo para passar a tarde fazendo tarefas. Minha mãe meio que me obrigou a vir te ajudar, mas não é novidade.

— Eu acho a maior idiotice ter que fazer esse trabalho, para começo de conversa. Eu devia ao menos poder fingir que eu sou uma idiota para não ter que fazer essas coisas.

— Ah, claro, porque “Senhor, posso anotar o seu pedido?” me parece uma carreira muito promissora. Agora será que você pode levantar essa bunda do sofá e pensar um pouquinho no seu futuro?

Me levantei bufando e, enquanto ele se sentava na mesa, fui para o meu quarto pegar a mochila pesada. Quando voltei, ele estava com um caderno fazendo alguma coisa. Pensei que era um desenho, porque desenhos são super sedutores, mas na verdade eram um monte de números que, um dia, chegariam a um resultado. Mas na verdade era como se ele estivesse fazendo a conta, e não respondendo ela. Só então fui notar que era a minha agenda de recadinhos e estranhei. O esperei terminar a conta, e então tomei antes que ele lesse os das outras pessoas.

— Você não aquieta essas mãos nem um segundo, né? Será que poderia, por gentileza, fazer o que você veio fazer aqui?

— Você gosta de mim, Beatrice, bem no fundo está apaixonada por mim.

Incrivelmente, pude saber que uma parte sobre isso era verdade. Talvez fosse seus olhos azuis escuros como o céu em uma noite de Lua, ou mesmo o cabelo rebelde. Claro que não iria admitir isso, porque nerds simplesmente não gostam de meninas com um QI mais baixo do que eles, ou mesmo meninas como eu que não adicionavam nenhum valor a humanidade a não ser o fato de estar destruindo a poluir mais ainda o ar enquanto respira.

— Não, Tobias, eu definitivamente não sinto nada por você a não ser desgosto.

— Fale o que quiser, eu sei que não passa de uma mentira esfarrapada que você usa pra convencer a si mesma. — piscou pra mim e foi para a cozinha.

— O que você vai fazer?

— Vamos estudar, mas pra isso você tem que se alimentar direito.

Ele ergueu seus braços e eu simplesmente perdi todo o meu fôlego.

Oh, me segurem. No fim da coluna dele eu não vi o que eu acho que vi. O pior é que eu tenho uma leve impressão que eu tenho certeza do que eu estava olhando sem parar.

Tobias Eaton tinha uma tatuagem. Uma grande, aparentemente. Como eu posso definir o nível de sedução que isso acrescenta para um garoto? Ter uma marca dessas, enorme, nas costas é simplesmente uma coisa que eu gosto muito mais do que deveria gostar.

Debaixo da sua camiseta, alguns centímetros antes do lugar onde a calça começava, tinha uma espécie de círculo desenhado e colorido de preto por dentro. Devia ter algo dentro, mas não pude ver.

Então eu fiz o maior — e melhor — erro da minha vida.

— Você tem uma tatuagem?

Ele se virou para o meu lado e, sorrindo, tirou a camiseta. Cinco círculos. Uma chama, um olho, uma árvore, uma balança e duas mãos dadas. Chamativo, bonito, simplesmente perfeito. Como uma pessoa poderia ser tão... divergente? Simplesmente era incompreensível existir um nerd como Tobias Eaton.

— São todas as qualidades que eu preciso ter pra continuar aguentando a sociedade. Audácia, erudição, amizade, franqueza e abnegação.

— Me desculpe, mas poderia falar um pouco menos... difícil?

— Coragem, inteligência, ser amigo, falar a verdade e pensar antes no outro do que eu mesmo.

— Você fez depois que...

— Sim. — ele se virou novamente, colocou a camiseta e voltou a procurar algo.

Sua mãe morrera quando ele devia ter os seus quatro anos. Me lembro dos seus sorrisos gentis, as tortas deliciosas e a facilidade que ela tinha em fazer qualquer pessoa escolher o caminho certo. Ela era uma pessoa boa, todos sabiam. Mas depois de sua morte, o marido ficou louco. Batia em Tobias quase todos os dias até o mesmo ficar estirado no chão sem conseguir se levantar. Às vezes se escondia no armário, mas todo o dia o via com uma cicatriz ou hematoma novo.

Então eu o abracei com todas as minhas forças. Não podia falar um “sinto muito”, porque sei como era doloroso. Era simplesmente apaixonante tudo o que o envolvia, mas faria de tudo pra voltar no tempo e protegê-lo do próprio pai naquela época.

Ele era mais forte do que eu, mas aposto que o machucava tamanha a dor que eu queria que ele parasse de sentir. Tinha esperanças que o abraçando, tudo fosse parar de doer e lembranças novas e boas ocupariam a sua mente.

Mas lembranças ruins simplesmente não podem ser apagadas.

Ele beijou o topo da minha cabeça e soltou do abraço.

— Me desculpa. — sussurrei segurando as lágrimas.

Desde pequena sempre fora uma garota chorona. Não podia cair, ser ofendida ou mesmo ver o garoto que eu gostava falando com a irmã que eu chorava. Hoje era simplesmente um dia normal, mas as lágrimas doíam mais para caírem.

— Pelo que?

— Por eu ser uma cadela.

Ouvi sua risada gostosa e depois senti os seus lábios se encostarem levemente nos meus.

— Faça a conta, me ligue mais tarde e a gente se vê amanhã. A propósito, não fale nada pra sua mãe sobre eu ter vindo aqui, Tris. — piscou e saiu pela porta da frente.

Passei o resto da tarde tentando resolver aquela conta, quando finalmente cheguei a uma resolução:

3u7e4m0 = s2

É, pelo jeito um nerd nunca, nunca mesmo, deixa a sua nerdice de lado.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não se esqueçam dos meus reviews
XOXO, Mayy *u*