Tsuyoshi no Inu escrita por Miyuki Suzuno Oowashi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, agradeço a todos que me ajudaram nesta fic, sou muito grata a vocês :3
Escrevi esta fic somente por diversão, não ia postá-la, mas a pedido de meus amigos, aqui está!
Enjoy!



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Uma garota de cabelos e olhos castanhos encontrava-se extremamente animada, afinal não é todo dia que se completam dezesseis anos. Seus pais tinham lhe prometido um cachorro e disseram que iriam lhe dar no dia do seu aniversário.

Andava de um lado para o outro na sala. Impaciente. Estava para abrir um buraco no chão. Comemorou quando escutou o carro parando na garagem. Fixou seu olhar na porta, de onde surgiu seu pai trazendo alguns objetos e colocando-os no chão.

— Cadê? — Perguntou.

— Sua mãe está trazendo.

Virou-se e viu sua mãe entrando com um cachorro em braços, tinha os pelos meio compridos negros, parecia estar dormindo. Usava uma coleira com o nome gravado: Tsuyoshi. Uma completa fofura. Quase surtou.

— Obrigada, mãe, pai!

— Nós prometemos, então temos de cumprir, não é? –O senhor não estava feliz com a ideia do cachorro.

— Vem querida, pegue-o.

Aproximou-se de sua mãe e, cuidadosamente, pegou-o no colo. Não era muito pesado. Ele se remexeu um pouco.

— Não se acostume, ele ficará mais pesado com o tempo.

Assentiu e, com cuidado, dirigiu-se ao seu quarto. Chegando lá o sentiu se mover. Tsuyoshi tinha acordado. Colocou-o no chão. O cachorro possuía um olhar sério.

— Olá, Tsu, sou May, sua nova amiga. — Sorriu.

Silêncio.

— Er... Estamos no meu quarto, mas você só irá poder entrar aqui quando eu estiver, está bem? — Tentou fazer-lhe uma carícia. Sua mão fora arranhada. — Ai! — Recolheu-a de imediato. Pequenas lágrimas se formaram no canto dos seus olhos. — V-vou fazer um curativo, não saia daí.

Dirigiu-se ao banheiro, onde fez um pequeno curativo e voltou para onde estava anteriormente. Tsuyoshi não estava mais no chão, e sim, sobre sua cama, descansando.

— Ne, Tsu, desça, você não pode ficar ai. —Tentou tocá-lo, mas ele se virou no mesmo momento e rosnou. Retirou a mão rapidamente.

Acabaram de se conhecer, justo dele ser assim, iriam ser bons amigos, certo?

Terceiro mês de convivência e continuavam tudo igual. Exceto pelo fato dele ter parado de fazer xixi no seu quarto e na mesma. Além de somente obedecê-la somente quando seus pais estavam próximos, mas era amável e obediente para com eles.

Apesar de não serem tão bons amigos, May conversava com Tsuyoshi como se fosse seu melhor amigo. O mesmo não poderia gostar dela, mas a garota o amava. Contava de tudo a ele. Absolutamente tudo. Ele era o único a quem ela confiava seus segredos.

[...]

No quarto mês, Tsuyoshi começou há agir um pouco diferente, parecia estar mais “sociável” com ela, passou a aceitar as carícias que lhe eram dadas, não tentava mais mordê-la ou arranhá-la.

[...]

Próximo ao quinto mês, as coisas começaram a ficar estranhas, achava que estava ficando louca, sentia que toda noite alguém entrava em sua casa, essa pessoa era extremamente silenciosa e não roubava nada da casa. Como descobriu? May encontrou-o durante uma noite e lembrava perfeitamente de como fora:

Acordara no meio da noite com o barulho vindo do lado de fora da casa, estava chovendo. Ficou deitada por um tempo, até sentir sede e decidir ir beber algo. Saiu do quarto silenciosamente, tinha medo de fazer barulho e acordar seus pais. Usou seu celular de lanterna, não queria ligar as luzes. Andou até a cozinha, que ficava relativamente longe de seu quarto. Reclamou mentalmente de ter que andar tanto.

Pegou um copo em um armário, foi até a geladeira, onde se serviu. Terminou de beber água, colocou o copo na pia e dirigiu-se de volta para o quarto. Mas quando saiu do recinto, ouviu um barulho atrás de si, virou-se e iluminou o lugar. Nada. Deu de ombros e se pôs a andar. Chegando à sala, sentiu um vulto passar por si. Apressou o passo. Ouviu um barulho atrás de si. Gelou. Virou-se para trás. Acabando por se chocar em algo. Ou melhor. Alguém. Recuou. Colocou o celular para retirar-se da escuridão, iluminando o intruso.

Era um rapaz. Aparentemente 17 anos, os cabelos negros desarrumados lhe davam um ar atraente. Tinha fechado um dos olhos por causa da luz em seu rosto, deixando somente a vista um de seus orbes vermelho-sangue. Entretanto, o que mais lhe surpreendeu foi algo no topo de sua cabeça, em cada lado, pareciam orelhas de animal?!

Não pode olhar para ele por mais do que aquele mísero instante. Pois sentiu ser puxada, dando de contra com ele e acabou derrubando o celular. Assustou-se ao ser abraçada pela cintura. Corou e ficou paralisada. Seu queixo foi erguido levemente e encarou os olhos do mesmo. May estava com os olhos arregalados.

— Não se assuste, querida dona.

Dona?! Estava tão assustada que quando percebeu, o mesmo estava com o rosto em seu pescoço, cheirando-a.

— Um cheiro tão bom...

Aquilo foi a gota d’água, com uma força que não sabia que tinha, conseguiu se soltar e correr para seu quarto. Ao chegar ao mesmo, trancou a porta em uma velocidade incrível. Encostou-se a mesma, deslizando até o chão. Escutou o barulho de algo arranhando a madeira. Ignorou. Encolheu-se e acabou adormecendo.

Acordou no dia seguinte no mesmo local que adormecera, apesar de bastante confusa, decidiu pensar que aquilo foi uma alucinação. Levantou-se e foi fazer sua higiene matinal para ir à escola.

[...]

Quando voltou da escola, foi direto para seu quarto, pegou uma muda de roupa e dirigiu-se ao banheiro. Tomou um bom banho e retornou ao seu quarto. Ao entrar, percebeu seu cão deitado em sua cama. Decidiu não mexer com ele.

Resolveu estudar, sentou-se à sua escrivaninha e se pôs a ler seu livro de Biologia, a matéria que mais tinha dificuldade. O tempo foi passando, a cada minuto o sono ia chegando, mais e mais. Estava prestes a cochilar, porém escutou a mesma voz da noite anterior próxima ao seu ouvido:

— Quer ajuda? — Gelou.

Virou-se bruscamente, entretanto só achou seu cão a encarando, confuso. Rodou os olhos pelo aposento. Nada. Deveria estar ficando louca ou era o sono. Contudo, a sonolência se foi com o susto. Voltou-se para o livro. Não conseguiria mais estudar. Decidiu sair para esfriar a cabeça...

[...]

O sexto mês foi o mais complicado, pois foi quando ocorreu o dia da "revelação":

May entrou em casa, entrou em seu quarto e jogou-se na cama, sentando com o rosto entre os joelhos. Tsuyoshi,que estava dormindo, acabou caindo no chão, acordando irritado. Pulou sobre a cama com intenção de mordê-la, mas ao ver seu estado, parou e se aproximou, com as orelhas meio baixas. Ela estava chorando, seus soluços eram baixos. O rosto estava escondido. Entretanto, ele conseguiu escutar o que ela disse:

–G-garotos não são confiáveis. São todos iguais. E-eu achei que o Erick era diferente, mas ele é o pior de todos...

O pequeno cão aproximou-se mais e lambeu o rosto dela, surpreendendo-a. Contudo, a surpresa foi ainda maior quando ela virou-se para olha-lo e foi surpreendida por um beijo. Seus olhos se arregalaram e entrou em choque. O beijo não durou muito. Ao se separarem, May estava vermelha e assustada, queria gritar, mas sua voz não saia. O choque continuou por mais alguns segundos. Quando, bruscamente, ela recuou, caindo da cama e batendo a cabeça no armário ao lado de sua cama. Desmaiando.

[...]

Acordou desnorteada, sua cabeça latejava muito. Ergue-se com dificuldade, mas foi parada por sua mãe.

— Querida, fique deitada. Você bateu a cabeça com força.

— Eu... Bati?

— Sim, se não fosse o Tsu não iríamos saber.

Lembrou-se exatamente o motivo de ter batido a cabeça. Corou levemente.

— O T-Tsu? — Olhou para o cão deitado ao seu lado meio temerosa.

— Vou deixá-la descansar. Durma.

— Obrigada, mãe. A senhora poderia levá-lo? — Referiu-se ao cão.

Sua mãe não entendeu o porquê daquilo, mas assentiu, pegou o animal e saiu do quarto.

Reuniu suas forças e levantou. Foi até a porta e a trancou, não queria mais a presença dele ali. Voltou para a cama e lá adormeceu.

[...]

Já estava evitando seu "adorado cachorrinho" por quase um mês, não ficava mais do cinco minutos no mesmo ambiente que ele. O mesmo não podia mais entrar no seu quarto. Até que certo dia:

— May! — Ouviu seu pai gritar.

Correu até lá. Ele estava com uma cara séria. Tsuyoshi estava ao seu lado com a cara de cão que caiu da mudança. Quando a viu tentou se aproximar, mas ela recuou.

— Você pediu o cachorro, prometeu que cuidaria dele e daria atenção a ele. Onde está toda essa atenção?! Cuide direito dele!

— Sim, senhor! — Saiu do recinto com o cão a seguindo. Virou-se para ele.

— Fique aí, vou buscar a sua guia, nós vamos passear.

Tsuyoshi esperou sentado no chão até May retornar.

— Vamos. — Ela se abaixou e prendeu a guia na coleira.

Saíram de casa, estava anoitecendo.

— Vamos andar um pouco pela praça e voltaremos, está bem?

Ele latiu em resposta e o silêncio se estabeleceu. A praça não era tão distante, mas por conta do clima “pesado”, o tempo parecia não passar.

Quando estavam próximos ao destino, começaram a escutar passos e vozes atrás de si. Ignoraram e continuaram o seu caminho, mas foram surpreendidos por dois homens que apareceram na frente de ambos. Mais dois os cercaram por trás. Todos com aparentemente 20 anos.

— O que a jovem faz sozinha na rua há essa hora? Largue esse vira-lata e venha dar uma volta conosco. — O que parecia ser o líder falou, a malícia era explícita em sua voz.

—Não, obrigada. Vamos, Tsu. — Tentou passar por ele, mas seu braço foi segurado com força. Gemeu de dor.

— Não estou perguntando. — Ia puxá-la, porém Tsuyoshi mordeu-lhe a perna, fazendo-o soltar May, que correu. — Ah! Cachorro desgraçado! — Chutou-o longe.

O cachorro chocou-se com força contra uma casa. Ele tentou se levantar, mas caiu. Olhou para sua dona antes de desmaiar.

— Tsu! — Fez menção em ir até ele, mas desistiu e continuou correndo.

— Deixem o cão, peguem-na! — O líder ordenou.

Corria com toda a sua velocidade em direção à praça, na qual sabia que mesmo àquela hora haveria alguém por lá. Assustou-se quando a encontrou completamente vazia.

— O quê?! — Parou em frente da grande fonte.

— Surpresa queridinha? — Ouviu a voz de quem parecia ser o chefe. — Há quanto tempo não vem por aqui? Essa área agora nos pertence! — Foi agarrada pelas costas e jogada em direção ao líder, no qual a segurou com força e violência pela cintura.

— Tem muita coragem de tentar escapar. Não iríamos lhe maltratar muito, mas já que teve essa ousadia, vamos aproveitar o máximo! — Ele segurou o rosto de May e aproximou seus lábios do dela, mas antes que pudesse completar o ato, foi lançado longe, soltando-a.

— Ninguém toca no que é meu.

[...]

Voltaram correndo para casa, dirigiram-se direto para o quarto de May. Tsuyoshi ao entrar no recinto, foi para sua forma humana e trancou a porta, estava com alguns arranhados e hematomas.

— Vou buscar a caixa de primeiros-socorros, sente ai! — Apontou para a cama.

Não demorou muito e já estava voltando com a caixa. Abriu-a e começou a tratar dos ferimentos.

— Doeu!

— Calma já vai passar...

Limpou os arranhões e passou uma pomada. Nos hematomas, um spray.

— Isso deve resolver.

— Obrigado. — Agradeceu o rapaz, levemente corado.

— E-eu que agradeço por ter me salvado...

O silêncio predominou por um curto tempo.

— V-você poderia-me dizer como ficou assim? — Perguntou meio sem-graça.

— Claro, não vejo proble-! — Foi interrompido por alguém que batia na porta.

— May, querida, o jantar está pronto. — Era a voz de sua mãe.

— Sim, senhora! Estarei indo daqui a pouco.

— Não demore. —Avisou.

May encarou-o.

— Conte, por favor.

— Vá tomar um banho para ir jantar, conto-lhe mais tarde.

— Não!

— Quer que eu te dê banho então?

O rosto dela adquiriu um tom de vermelho escarlate.

— Está bem! Eu vou! Prometa que vai me contar mais tarde!

Ele riu.

— Eu prometo. Anda logo antes que eu te leve pra banheira. — Sorriu maliciosamente.

— Não ouse! — Pegou as coisas que necessitava e correu para o banheiro.

Após o jantar, May retornou ao quarto e Tsuyoshi contou um pouco sobre seu passado:

— Antes de eu fugir, peguei a minha pasta e li. De acordo com o que dizia nela, roubaram-me na maternidade e disseram para minha mãe que eu nasci morto. Quando eu completei um mês, eles começaram a fazer experiências com o meu DNA, misturando-o com o de um cão. Os efeitos começaram a aparecer quando eu fiz dezoito meses, mas a aparência só mudou aos três anos. Ai Depois disso foram testes e mais testes, tanto fisiológicos como físicos. Umas semanas antes de seus pais me comprarem, fugi de lá, aquele lugar era horrível. Como não podia transitar com as orelhas e o rabo aparecendo, fiquei como cachorro, mas eu fui pego pelo dono do petshop, que me acolheu e me colocou à venda. — Ela o abraçou.

— Tem alguma informação sobre a sua família?

— Não, mas eu poderia conseguir caso voltasse pra lá.

— Não vou deixá-lo voltar para lá! — Apertou o abraço.

— Não se preocupe, tenho pouca curiosidade quanto a isso, prefiro ficar por aqui. — Retribuiu.

[...]

Os meses seguintes passaram tranquilamente. Mas um dia, quando os pais de May não estavam em casa, uma briga ocorreu, fora tão feia que Tsuyoshi fugiu.

May ficou abalada após aquilo, não queria sair do quarto, muito menos ir à escola. Seus pais não entendiam o que aconteceu, ofereceram-lhe comprar outro cão, mas aquilo pareceu piorar o estado da mesma.

[...]

Quase cinco meses após o sumiço do seu amado cão, May não tinha voltado completamente ao normal, pois o sorriso que estava sempre presente em seu rosto, agora quase não aparecia mais. Entretanto, no final daquele mesmo mês, a alegria retornou em um só dia:

Encontra-se deitada em sua cama, descansava depois de mais um dia procurando por seu cão. Só tinha tempo nos fins de semana.

Ouviu a campainha. Seus pais estavam em casa, então algum deles abriria. Não demorou muito e escutou a porta se abrindo, seu pai logo lhe chamou:

— May, tem um amigo seu querendo falar com você!

Levantou, sem vontade, da cama e dirigiu-se à porta da frente. Seu pai saiu, dando espaço para ela. Quando olhou para porta, gelou. E aos poucos, lágrimas e mais lágrimas rolavam por seu rosto.

Tsuyoshi estava parado ali, com um singelo sorriso, suas partes caninas haviam desaparecido.

— Sentiu saudades? — Ele brincou.

— Seu idiota! — Abraçou-o. — Você sumiu por um tempão! Não faça mais isso!

— Eu não vou. — Retribuiu o ato.

Ficaram abraçados por curto tempo, até May perguntar:

— C-como você...?

— Naquele dia, decidi voltar àquele lugar e exigir respostas. E foi o que eu fiz. Apesar de não conseguirem arrumar tudo que fizeram comigo, conseguiram mexer no meu DNA ao ponto de me fazer retornar ao normal, pelo menos é o que parece.

— Que bom...Mas como não lhe prenderam novamente?!

— Tenho meus segredos. Tenho certeza de que nunca mais farão mal a alguém novamente. — Riu.

— E a sua família biológica?

— Eu os encontrei, estavam mais perto do que o esperado...

— Miyazaki-san, boa tarde! — Ouviram vozes.

Virou-se na direção em que vinham e surpreendeu-se ao ver mais dois garotos idênticos ao amado, mas um possuía olhos azuis.

— Deixe-me apresentar-lhe meus irmãos, Toshio e Tadashi. — Apresentou-os.

–Olá! –Ambos se aproximaram.

Desvencilhou-se de Tsuyoshi e cumprimentou-os.

— É um prazer conhecer a pessoa que cuidou do nosso irmão. — Agradeceu Tadashi.

— E-ele contou?

— Sim, e espero que vocês não tenham feito nenhuma gracinha. — Brincou Toshio.

A pele de May adquiriu uma coloração avermelhada. Começaram a rir.

— Claro que não! — Exclamou envergonhada.

— Calma, calma, estou só brincando.

— Ne... Vocês moram aqui na cidade?

— Sim e não é muito longe daqui.

— Ah! D-desculpem a minha indelicadeza, gostariam de entrar?

— Obrigado, mas só passamos pra deixá-lo aqui. Até! — Despediram-se.

— Deixá-lo? — Encarou-o.

— Sim, acha que só você ficou com saudades? — Perguntou Tsuyoshi antes de puxá-la para um beijo. — Também tenho que repor nosso tempo perdido.


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Notas finais do capítulo

Não sei fazer finais, julguem-me! Kkkkkk
Espero que tenham gostado! >w



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