Mirror in the sky, what is love? escrita por iheartkatyp


Capítulo 3
Surprise, surprise.




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Marina abriu os olhos e, pela primeira vez em sua vida, sentiu-se decepcionada por estar sozinha. Ela olhou em volta do quarto, e teve certeza de que Clara havia ido embora quando viu que suas coisas não estavam mais lá. Ela levantou-se.

De certa forma, sentia-se mal por ter “abusado” de alguém bêbado, mas ela disse que estava tudo bem. Marina balançou a própria cabeça, afim de expulsar todos os pensamentos que envolviam Clara e aliviou-se ao lembrar de que elas nunca mais teriam de se ver. Nunca.

...

Clara entrou no apartamento usando a ponta dos pés. Não queria acordar Felipe que, depois de ser expulso por quase toda a família, agora morava com ela. Ela passou pela porta de vidro do banheiro e pode ouvir claramente o barulho da água do chuveiro caindo.

–Clara? É você? -Perguntou Felipe. Ela suspirou. Não iria contar á ele nenhum detalhe do que havia acontecido com ela na noite anterior e o porque de não ter passado a noite em casa.

–Sou eu, desculpa. -Ela disse. Tentou ir na ponta dos pés para o quarto quando Felipe abriu a porta do banheiro, assustando-a.

–Então, onde você foi parar ontem á noite? -Perguntou.

Pensa, Clara, pensa.

–Eu dormi na casa da Cínthia. Bebi demais, extrapolei, e ela mora perto do bar. -Felipe franziu as sobrancelhas e Clara mordeu os lábios, orando por todos os céus que o irmão aceitasse a desculpa esfarrapada.

–Então por que a Cínthia ligou aqui para casa hoje perguntando se você estava bem porque você desapareceu do bar ontem á noite sem dizer nada? -Perguntou, desconfiado. –Clara, você nunca mente, o que aconteceu?

Droga. Ela teria de contar a verdade, mas não toda a verdade.

–Irmão, eu estraguei tudo ontem á noite. -Começou, enquanto sentava-se no sofá e afundava o rosto no meio das mãos. –Eu bebi demais e acordei numa cama estranha... Sem roupa.

–Você traiu o Cadu. -Ele repetiu alto, para si mesmo. Estava pasmo. –Mas... Por quê?

–Eu não sei, Felipe, eu não sei! Eu nem me lembro de ter feito isso... Não me pergunte o por quê. -Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Clara enquanto ela continuava a pensar em tudo aquilo.

–Quem foi? Quem era ele? -Perguntou Felipe.

–Eu não sei, um qualquer. Você não o conhece. -Ela não estava mentindo para Felipe, só estava escondendo parte da verdade debaixo do tapete. Felipe sentou-se ao lado da irmã, passando as mãos por suas costas enquanto ela continuava a chorar.

–O que que eu vou fazer, irmão? O quê? Eu não quero perder o Cadu e se ele descobrir eu tenho certeza que ele não vai pensar duas vezes e vai embora. Eu sei como ele é. -Terminou.

–Eu não acredito que vou dizer isso, mas... -Ele respirou fundo. –Eu sou o único que sei, certo?

–Sim, você e, bom... -Ela calou-se automaticamente quando percebeu que estava prestes a pronunciar o nome de Marina. Seu estômago embrulhou.

–Você não vai contar pra ele.

–O quê? -Clara espantou-se. Felipe sempre foi sua voz da razão. Sempre que ela fazia algo de errado ou mentia, ele a convencia a contar a verdade e consertar as coisas. Como podia dizer algo assim?

–Não é como se você fosse vê-lo novamente. Tenho certeza que você se arrependeu do seu erro e você não vai precisar se preocupar com esse outro cara. Vou ligar para Cínthia e dizer que você estava em casa o tempo todo, mas que dormiu no banheiro e você não vai mais se preocupar com isso. Vamos só... Esquecer. -Disse ele, abraçando a irmã.

–Tudo bem, então. -Mais uma vez, Felipe tinha razão. Não era como se as duas fossem se vez alguma outra vez. Ela amava Cadu e ninguém podia duvidar disso. Se ela evitasse o bar que Marina é dona, provavelmente as duas não terão que se ver nunca mais.

...

Clara chegou ao restaurante e respirou fundo. Era a primeira vez que ela veria Cadu depois de tê-lo traído e ela não sabia como agir. Ela saiu do carro e bateu a porta, trancando-o. Viu Cadu esperando-a na porta do prédio e não pode esconder a vontade de vomitar. Ela caminhou até ele serenamente, e deu o melhor sorriso que pode forçar.

–Oi, amor. -Disse ela, enquanto passava os braços envolta de seu pescoço. Ele se inclinou até ela e lhe beijou a bochecha.

–Senti sua falta. -Ele sussurrou. Ela se soltou de seus braços e ele percebeu que algo estava errado. –Tá tudo bem, amor? -Perguntou.

–Tá sim, só uma ressaca. -Ela disfarçou. –Podemos entrar? Eu preciso de um pouco d’água.

Ele riu, passou a mão pela cintura dela e foi até a porta do restaurante.

A decoração estava linda. A família de Clara estaria lá e seus amigos também. Aquela era uma noite importante para Felipe e ela não queria que nada estragasse o sorriso que o irmão esboçava sempre que ouvia um comentário positivo sobre o casamento. Assim que os dois entraram no salão lotado de pessoas, ela avistou Vanessa e Felipe.

Clara aproximou-se e abraçou Vanessa, apertado.

–Parabéns. Estou tão feliz por vocês dois. -Ela sorriu. Vanessa sorriu junto á Clara.

–Obrigada. Eu estava com medo de você não aprovar, não vou mentir.

–Mas é claro que aprovo, qualquer coisa pra ver meu caçulão feliz. -Ela riu, deixando Felipe totalmente vermelho.

–Como alguém não aprovaria alguém tão perfeito quanto você? -Perguntou Felipe.

–Nunca se sabe.

–Cala a boca. Você sabe que ela te adora. E eu te amo.

–Eu te amo também.

–Ok, se os dois não pararem com isso agora mesmo eu serei obrigada a me retirar da conversa. -Disse Clara, rindo.

–Clara, eu tenho alguém que quero que você conheça. -Disse Vanessa, procurando por alguém no salão. –Minha dama de honra. Ela deve estar por aqui... Eu já volto.

–Meu par é uma mulher? -Perguntou Clara. Felipe riu.

–Elas são amigas desde a faculdade, e a Vanessa disse que não queria nenhuma outa pessoa no lugar dela. Sabe que ela foi a primeira lésbica que eu conheci?

–Lésbica? E você não tem ciúmes das duas?

–Eu deveria? Ela deve se interessar mais por você do que pela Vanessa. -Ele riu. –Sério, devo te avisar. Ela é uma idiota sarcástica. Eu não gostei dela quando nos conhecemos pela primeira vez, mas ás vezes o senso de humor sem nenhum senso dela pode ajudar a acostumar.

–Entendi.

–Eu prometi pra Vanessa que incluiria ela em tudo que fizéssemos para o casamento, então vocês duas devem passar muito tempo juntas nos próximos meses.

–Clara, quero que você conheça. Essa é minha dama de honra, Marina Meirelles. -Os olhos de Clara se arregalaram e ela teve de se controlar para não cuspir todo o champagne que havia acabado de beber. Ela olhou para a mulher á sua frente e viu os mesmos olhos castanhos que a chamaram atenção na noite anterior.

Marina não pode controlar e acabou sentindo uma pontinha de felicidade quando viu os cabelos lisos e familiares de Clara, e também os olhos escuros.

–Marina, essa é Clara Fernandes, meu “pajem”, vocês duas vão passar bastante tempo juntas nos próximos oito meses então faço questão que as duas se deem muito bem. -Disse Felipe.

–Não vejo isso como um problema -Disse Marina. –Eu já até sinto como se nos conhecêssemos bem. -Brincou. Ela sabia que Clara leria as entrelinhas de sua fala. –Com tudo que me dizem sobre ela, é claro. -Disfarçou.

–Eu guardei lugar para vocês duas perto uma da outra para quando os discursos começarem. Temos que andar, cumprimentar, espero que se deem bem.

As duas mulheres observaram seus melhores amigos virando as costas, e indo embora. Quando sozinhas, nenhuma das duas disse uma palavra. Até que Marina resolveu quebrar o silêncio.

–Então... Clara, não é mesmo? Que nome lindo. Você não é fã de Harry Potter, é? -Ela gargalhou.

O que diabos ela faria agora?


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