Não sei por quanto tempo eu andei, mas só parei quando os meus pés começaram a sangrar, eu estava com tanta raiva e tanta tristeza que era como se meu coração tivesse sido arrancado, não aguentei mais e caí no chão, cortando os joelhos.

– Pelo Olimpo, você está horrível - Uma voz feminina me disse, tirando-me de meus devaneios

– O que foi? Veio à mando daquele filho de Zeus estúpido? Caso a resposta seja sim, saia agora, não hesitarei em te matar, não tenho a quem magoar fazendo isso.

– Seu defeito mortal é o rancor, posso sentir isso- a mulher continuou- Levante a cabeça, não é correto falar com uma deusa quando se está abaixada

Levantei a cabeça e encarei a mulher. Era muito bonita, com cabelos que pareciam ser loiros e morenos, tudo ao mesmo tempo, tinha também olhos cinza- tempestade, que expressavam inteligência e soberania.

– Antes de continuar, diga-me, que deusa você é? - pergunto

– Caramba, quando me disseram que você era lerda não estavam brincando. Sou Atena - Ela disse enquanto ajeitava sua túnica

– Saiba que a admiro muito...

– Pare de ser puxa-saco! Vim aqui com um motivo, uma proposta

– Pode falar

– Sei que você sente muita raiva de Perséfone, e que quer se vingar dela, mas sei também que uma semideusa nunca seria capaz de enviar uma deusa para o Tártaro, por isso, irei te propor algo. Tem uma coisa, da qual eu preciso muito , consiga isto e entregue em minhas mãos e então você vira uma deusa.

– E do que você precisa?

– Algo que está nas profundezas do Tártaro

– Deixe-me ver se entendi, você quer que eu vá até a Tártaro e busque algo para você, e em troca você me transforma em deusa. Porém, há uma chance enorme de eu morrer antes de te entregar, caso isso aconteça eu perco minha vida mortal e minha vida divina, quase um suicídio.

– É isso ou morrer nas mãos de Perséfone

– Tá, eu aceito. Mas pelo o que devo procurar?

– Algo grande e brilhante

Após dizer isso, a deusa desapareceu, e uma bola de luz surgiu em minha frente, comecei a segui-la e quando ela finalmente sumiu, eu estava em frente a um monte, havia uma porta de ouro, mas estava trancada, peguei minha espada e forcei a porta, que se destranco, havia uma escadaria, parecia ser sem fim, mas alguma coisa me disse para subi-la. Quando finalmente acabei de subir, eu me espantei com o que vi.

– Ai meus deuses - sussurrei

Era um lugar maravilhoso, casas- templo de ouro, estátuas por todos os lugares e logo em minha frente, uma sala com 12 tronos, pareciam ser personalizados, estava tão admirada que nem percebi quando alguém se aproximou

– O que faz aqui?- uma voz masculina e autoritária disse

– Eu segui uma bolinha de luz- eu disse, me virando para o homem. Era alto, tinha olhos azuis e barba, usava uma túnica branca e segurava um raio.

– Zeus? – Pergunto

– Sim, pensou que eu fosse Hera? – Ele diz com ironia

Era inacreditável, até o senhor do Olimpo tirava onde comigo.

– Mas- ele prosseguiu – O que faz aqui?

– Eu já disse, uma bola de luz surgiu e eu entrei.

– Para entrar precisa ser semideusa, ter sangue divino nas veias, diga-me, de quem é filha?

– Hades. Sou filha de Hades

– Saia agora, o Olimpo não é seu lugar – Ele aumenta o tom de voz

– Pare com isso! Ela veio porque eu permiti, eu a guiei - Uma voz feminina e familiar diz

– Está protegendo ela, Atena? Pensei que fosse deusa da sabedoria, não da solidariedade em quem não se deve confiar.

Sério, aquela frase confundiu meu cérebro.

– Justamente por ser sábia, sei que não se deve julgar uma pessoa pela sua filiação, coisa que você deveria saber por experiência própria. – A deusa disse – Venha querida, me acompanhe.

Dito isso a deusa começou a andar, e tive que andar mais rápido para acompanha-la.

– Por que me protegeu? – Pergunto

– Porque não é justo tratar uma jovem semideusa que acabou de perder a mãe com grosseria, mas não veio aqui para isso. Eu conversei com os 12 olimpianos, e eles permitiram que eu te tornasse imortal, uma deusa, mas minha aliada, entende?

– Mais ou menos

– Você terá tudo o que um deus tem, mas não será deusa de algo específico.

– Por mim tudo bem, desde que eu me vingue de Perséfone.

– Então vamos ao juramento, repita comigo. “Eu, Katherine serei uma deusa, honrarei minha mestre Atena e serei eternamente grata por isso”.

– Eu, Katherine serei uma deusa, honrarei minha mestre Atena e serei eternamente grata por isso. –repito

– Pronto, agora é a minha vez. “Eu Atena, concretizo que a partir de hoje, esta jovem será uma deusa”.

Assim que ela disse isso, uma luz dourada me envolveu, transformando minhas roupas e todo o meu ser em algo muito mais belo, mais divino. Era impossível de acreditar, eu era uma deusa, e agora iria ao Tártaro para pagar o preço de ser assim.