Fiquei acordada a noite toda, li um livro, várias revistas, esse tipo de coisa. Já eram nove horas da manhã quando vejo que preciso ir ao mercado. Odeio ir ao mercado, as pessoas ficam me encarando, para elas uma pessoa de treze anos fazer compra sozinha é muito estranho.

Tomo um banho, visto uma blusa do Green Day e jeans, Calço coturnos e passo um batom nude na boca. Pego a bicicleta e começo a andar pela cidade. Quando paro em frente ao mercado, vejo um garoto do outro lado da rua. Ele tem cabelos pretos e mesmo de longe vejo seus olhos verde mar... Eu conheço aquele garoto. Corro pela rua, até alcançá-lo, carros buzinam e motoristas praguejam em grego, todos me xingando, mas não ligo. Pulo sobre o menino e o derrubo no chão

–Elijah, onde você esteve?

– Quem é você? Está ficando louca? – O garoto diz com uma voz que, definitivamente não é a de Elijah

Eu o encaro, percebendo que seus olhos são azuis, Não verde mar.

– Me desculpe te confundi com... Outra pessoa

Ele olha para mim, como se eu fosse maluca

– Você me machucou, sabia?

– Desculpe, mas eu realmente achava que você era ele

– Tanto faz, mas você deveria prestar atenção antes de sair derrubando as pessoas, sua maluca

O rapaz sai batendo os pés e bufando, me sinto mal por ter derrubado ele, mas realmente parecia Elijah, acho que conforme os anos passam , mais esqueço de como ele era. Ainda tenho-o na memória, mas até quando?

Respiro fundo e volto para o mercado. Algum espertinho roubou minha bicicleta.

– Que beleza, começou um daqueles dias.

Quando já estou em casa, guardo as compras nas devidas gavetas e resolvo pintar um quadro, mas antes coloco uma roupa mais velha.

Pego o quadro e resolvo fazer a pintura de olhos fechados, um especialista disse que isso trabalha a criatividade. Vou pintando, sentindo o pincel sob minhas mãos, quando pinto me sinto mais leve, mais feliz. Retiro a venda e então vejo que, todos aqueles riscos formam o aquele rosto, o rosto de Elijah. Deixo a pintura em um lugar seguro, para que ela seque se estragar. Me lembro que surrupiaram a bicicleta e resolvo ir até a loja para comprar outra, troco de roupa ( de novo e vou até lá).

– Boa tarde, posso ajudar? – Um senhor, de aproximadamente setenta anos me pergunta ‘

– Quero uma bicicleta nova

– Preferência de cor?

– Preto

– Ok, vou ver o que temos

Segundos mais tarde, ele aparece com algumas bicicletas, todas bonitas.

– Essa é o modelo A-E90 , ideal para pessoas esportistas. A minha esquerda está a P 9-456, que eu indico para qualquer um . Por último a P37905, com troca de marchas.

– Pode ser a P9?

– Sim.

Ele me leva até o balcão, onde efetuo o pagamento.

– Moça, eu já não te vi antes? Montei essa loja há muito tempo, eu já vi você por aqui

– Não, eu nunca vim nessa loja, morava E.U.A até ano passado – Minto

– Mas eu já te vi, eu lembro.

– Deve ser minha Mãe, ela nasceu aqui e na minha idade atual, ainda morava -minto, de novo

– Deve ser. Aqui está o troco.

– Obrigada- falo , subindo na bicicleta

– Por nada.

Saio andando na bicicleta, pensando no que o senhor disse. As pessoas estarão começando a notar