Fazia tantos anos que eu não fazia isso. Estava até envergonhado de ficar no mesmo espaço que meu pupilo admirando as estrelas do céu siberiano. Oui*, estávamos admirando as estrelas do céu siberiano, tal como fazíamos anos atrás, quando ele era apenas uma criança. Uma criança curiosa e que tudo queria saber, especialmente sobre as estrelas e, mais ainda, sobre as constelações.

Hyoga sempre me pedia para contar a história por trás de cada uma das constelações, coisa que eu fazia com a maior alegria, mesmo que disfarçada, afinal, nunca fui de mostrar meus reais sentimentos. E posso garantir que era uma alegria verdadeira, ainda mais pelo fato do menino prestar toda a atenção possível no que eu dizia e por guardar cada uma de minhas palavras com carinho, tudo refletido em seus brilhantes olhos azuis. Claro que, depois que o deixei sozinho, tendo que voltar ao Santuário, essas histórias cessaram e ainda faltava a história de algumas constelações, mas acredito que ele as tenha procurado por si só.

¬ Mestre Camus. - chamou-me ainda mirando o céu, que agora era enfeitado com a Aurora Boreal.

¬ Hun!? - isso no meu vocabulário podia significar muita coisa, mas meu pupilo me conhecia o bastante para saber que era um consentimento a sua palavra.

¬ Poderia me contar a história por trás da minha constelação? - ele se virou para me encarar. - E de Phoenix também?

Devo admitir que fiquei surpreso com esse pedido. Como eu disse antes, pensei que ele já tinha conhecimento sobre todas as histórias de todas as constelações, mas pelo que parece, meu pupilo ainda dependia um pouco de mim. Isso me fez esboçar um leve sorriso, amava aquela rapaz como a um filho e ver que ele ainda precisava de mim aquecia meu cruelmente-gélido-talvez-inexistente-e-adorável (como Milo sempre diz) coração.

¬ Pourquoi pas?* - o vi sorrir.

¬ Então, pozhaluysta*, me conte a de Cygnus primeiro? - perguntou levianamente animado.

¬ Na verdade, Hyoga, as duas histórias estão entrelaçadas. - vi confusão em seus olhos.

¬ Como assim, Mestre?

Permiti-me soltar um pequeno riso. Ai... suspeito de que está não será a história de que ele mais vai gostar, mas foi ele quem pediu.

¬ Bien*... A história das constelações de Phoenix e Cygnus são pouco conhecidas, e remontam a Era dos Primeiros Cavaleiros de Atena. - a curiosidade expressa em seus olhos me trouxe lembranças dele menino. - Só pelo teor de minhas palavras, certamente já sabe que é uma lenda grega. - ele confirmou um tanto quanto afoito. - Eh bian*, voltemos nossa mente para a lenda d'O Lago do Cisne. E antes que diga qualquer coisa, eu não vou te contar a história do balé O Lago doS CisneS. - dei uma ênfase nos “S”. - Vou contar-lhe a história de Phoenix e Cygnus.

Francês:

Oui – Sim

Pourquoi pas? - Porque não?

Bien – Bem

Eh bian – Pois bem, então...

Russo:

Pozhaluysta – Por favor