Ninguém sabe como me sinto...

Ninguém me compreende...

O que é que fariam se soubessem que poderiam morrer a qualquer momento?

- Aqui tem: O jornal mensal e dois kits de desenho. - Disse secamente uma rapariga de cabelos negros ao balcão de uma papelaria.

- Obrigada linda menina! - Respondeu o cliente - Tem uns lindos olhos, sabia? São cor de mel e...

- Sim, eu já sei da cor dos meus olhos desde que nasci: Por favor, tenho trabalho a fazer e clientes à espera por isso, bom dia. - O cliente lá se foi embora desapontado e, quando a rapariga se preparava para atender o próximo cliente:

- Hanako-san: A gerente quer falar contigo - Disse-lhe uma outra empregada. E Hanako lá foi, sóbria e um tanto preocupada. Chegou ao gabinete principal e lá estava a gerente, sentada no tampo da secretária, a esboçar um sorriso:

- Hanako-san, queria mesmo falar contigo - Começou, fazendo com que o sorriso fosse gradualmente desaparecendo. - É sobre o trabalho: Eu... Eu sei que te esforças e tudo mais, mas és sempre tão fria com os clientes. Já tivemos algumas reclamações por causa disso...- Hanako manteve-se em silêncio, baixando a cabeça. - E... E...

- Vai descontar no meu salário?

- Não! - Hanako assustou-se com a emoção da resposta. - Quer dizer, não... Bem, já conversámos muito, e eu sei que deve de ser difícil viver sozinha, sem pais e... com... qual era a doença que tinhas?

- Depressão crónica.

- Isso! Depressão crónica! E por isso, não o faço... Mas para o próximo mês tens de dar o teu máximo, ok?! - Hanako suspira e responde afirmativamente. - Adeus Hanako-san! - Disse-lhe a gerente, enquanto Hanako saía do gabinete.

O turno acabou por acabar, e a rapariga decidiu ir para casa.Mais um dia na minha vida, pensava,E aquela cabeça no ar continua a ser minha gerente... Seela soubesse o quanto custa suportar a solidão. Ela não sabe de nada, está sempre a ir a karaokes com as amigas, ou a ir a concertos... Se ela estivesse na minha situação, já teria perdido a vontade de viver.Estava agora no início da rua e já via o seu apartamento.É tão frustante saber que se pode morrer de um momento para o outro!

A rua estava vazia, era noite e Hanako era a única a caminhar naqueles passeios. De repente sente a enfraquecer: Parecia que o coração quase que parava, os seus olhos a quereremfechar e a dor de cabeça que tinha, era a mais que já tinha tido. Sentiu o ser corpo e cair, até que perdeu a consciência.

Onde... Onde é que eu estou?Ouviu o som da sua voz dizer. Estaria a voltar a si? Mas porque é que havia tanta luz?

Abriu os olhos lentamente: Estava na sua sala, aquele era o seu teto, o seu candeeiro e ela estava deitada no seu sofá verde-claro, tapada pela sua manta de sempre.Mas como é que vim parar aqui?Interrogava-se, espreguiçando-se naquele ambiente familiar de sempre, até que:

- Ei pessoal: Ela já está acordada!

- Oh... - Apareceram uns rapazes à volta dela. Todos vestidos excêntricamente, com cores vibrantes e fatos deslumbrantes, mas Hanako não conhecia nenhum deles.

- Oohhh, ela é tão fofinha!

-Sim, realmente é uma gracinha...

- Oh, por favor Ren: Pára de serplayboy! - Quem eram aqueles? Hanako ia entrar em pânico, ela estava em pânico ela estava completa e redondamente em pânico...

-Ah... Ah...

- Esperem, calem-se: Ela esta a tentar dizer qualquer coisa!

-Ah...Ah... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!