Depois de morrer em um grave acidente, Alasca ainda era lembrada por todos na Creek; Miles, depois de muito tempo pensando e se lamentando por não ter agido enquanto podia, tinha voltado a fazer o que tinha costume, lembrar de últimas palavras, estudar muito para as provas desafiadoras, se embebedar junto ao Coronel e acordar com ressaca amanhecida.

Após a morte de Alasca, os dias na Creek nunca mais foram os mesmos mas todos lá faziam o possível para fingir que tudo era do mesmo jeito de antigamente. Todo dia faziam questão de revirar o quarto de Alasca por dez minutos para verem se achavam alguma coisa importante ou anormal de parte deles, mas tudo o que encontravam era sempre a mesma coisa, garrafas de vinho totalmente vazias, copos de bebida alcoólica com cheiro de vodca, livros de várias coleções e roupas íntimas por toda parte; Miles não tivera coragem de entrar no quarto dela por motivos óbvios que todos sabiam, ele tinha sido o último beijo de Alasca e talvez seu último amor; tinha a mesma rotina todo dia, acordava às oito horas da manhã, ia para à escola, aguentava as aulas mais entediantes e sem graça, comia bufritos na parte do almoço e na parte da tarde e dormir depois de uma bebedeira abundante; até que um dia após uma conversa com Takumi, Miles desafiara todos os seus sentimentos e entrara no quarto de Alasca, revirou tudo o que podia, cesto de roupas, lençóis mal dobrados, garrafas de bebida vazias, roupas íntimas, livros, sapatos e tudo o que podia ter visto naquele quarto e não havia achado nada; até que ele se lembrou de seu segredo com ela, os dois sabiam que haviam garrafas de vinho enterradas de baixo da terra, próximo à quadra de futebol.

Miles esperou até o anoitecer, esperou até que Águia apagasse todas as luzes do campus e foi até o local onde haviam as garrafas enterradas de Alasca. Depois de chegar ao local, ele cavou o mais profundo que podia até achar uma garrafa de vinho vazia com um papel amassado e dobrado dentro dela. Naquele papel estava escrito assim:

''Sei que morrerei, mais cedo ou mais tarde eu morrerei, mas antes... quero deixar este papel com relatos de alguém que mostra o que viu desta vida.

A vida é nada mais, nada menos que um constante recomeço, nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos com lembranças na cabeça. Desde a morte de minha mãe, eu nunca mais fui a mesma pessoa, me viciei em bebidas alcoólicas, cigarros, pornografias e leitura; acho que foi o único caminho para me livrar de todo o sofrimento que passei neste meio tempo; vim para um colégio interno á procura de novos amigos que pensassem como eu; posso dizer que fui uma adolescente normal como qualquer outra, chorei, sorri, beijei, amei e me aventurei como todos os adolescentes fazem nesta idade da vida; fiz amigos legais que nenhuma pessoa poderia ter igual, bebi feito uma ''vaca velha'' em seus últimos dias de vida, fumei como um drogado viciado obviamente em drogas e mostrei para todos que conheci a Alasca que todos gostariam que eu realmente fosse; minha vida era um constante círculo que girava em torno das mesmas coisas todo dia, até eu conhecer o Gordo, seu verdadeiro nome era Miles Halter, um menino com pinta de cdf mas que não dispensava uma aventura á dois ou sozinho; ele mudou minha vida, tirou de mim a felicidade que não existia mais, lembrou-me de que a vida não era simplesmente um ''Labirinto sem fim'', compartilhou comigo segredos que eu não contaria para ninguém, nem mesmo para o Coronel meu grande amigo; o Gordo nunca soube e nem saberá tão cedo o verdadeiro sentimento que tenho por ele, apesar de mostrar-lhe somente o meu lado frio, sedutor e ''chato''; no fundo eu gostaria de mostrar-lhe o meu lado bom, simples e agradável. Apesar de nunca ter dito isso á ele, eu o amo muito, sinto por ele algo nunca sentido em mim, coisa de ''louco'', atração sem fim. Se algum dia ele ler este papel ''sem fundos'' saberá que... eu te amo Gordo, eu te amo muito Miles Halter. 10 de janeiro, 00:00 h''

Após Miles ler o papel ''sem fundos'' de Alasca, escrito horas antes de sua morte, sentiu uma grande felicidade misturada com tristeza; felicidade por saber que Alasca Young te amava da mesma forma que ele o amava e tristeza por saber que não pôde aproveitar o seu outro lado ''bom, simples e agradável'' mas apesar de todos os seus sentimentos, naquela madrugada, ele deixou tudo o que sentia antes para trás e viveu de um modo totalmente diferente, a partir dali, Alasca existia apenas em seu coração e em sua memória, colocou fim no seu arrependimento e voltou para à ''vida como era antes''.