Jasper andava inquieto de um lado para o outro no quarto que dividia com Alice na casa do Dr. Cullen. Já estavam lá há mais de dez anos e todos os tinham recebido muito bem. Já eram uma família mesmo com pouco tempo de convivência.

                Ele andou mais algumas vezes e parou, sentindo as vibrações do lugar, todas as sensações dos outros moradores da casa de Denali. Edward estava mais uma vez na biblioteca, compenetrado em seus estudos, ele fazia muito disso em seus dias... Carlisle e Esme estavam juntos na pequena varanda que dava para os fundos da casa onde Esme tinha criado um delicado jardim de inverno. Era o dia de folga de Carlisle do hospital e os dois aproveitavam para namorar. Emmett estava excitado em algum lugar no meio da floresta, provavelmente caçando ou derrubando algumas árvores. Rosalie encontrava-se em seu quarto e estava vaidosamente encantada. Devia estar se admirando no espelho...

                Então, ele pôde sentir Alice. Sua Alice! Aquela criatura tão única e misteriosa que o fazia gravitar em torno de sua beleza. Quando Jasper se concentrava nela, todos os seus instintos eram para ela, todos os seus sentidos e atenções... Alice conseguia produzir nele um êxtase intenso de adoração e felicidade... Algo que ele só conseguia comparar em magnitude e intensidade, devido às suas experiências, à devoção e fé com que suas antigas vítimas clamavam a Deus antes da morte. Mas seu sentimento por Alice conseguia ser muito, muito maior... Milhares de vezes maior do que qualquer outra coisa que já tivesse sentido desde sua transformação há mais de um século.

                Ela dançava com toda a sua graciosidade pelos cômodos da casa como se fosse uma brisa primaveril, o gosto doce e o perfume delicioso conseguiam atingi-lo em cheio mesmo que ela deslizasse para o outro lado da casa.

                Alice estava entretida, alegre e todas as sensações dela eram como ondas elétricas de calor que quase conseguiam reviver o coração parado no peito dele.

                Jasper sorriu e inspirou profundamente aquele aroma. Queria senti-lo entrando em sua pele, em suas narinas e em sua boca. Seu sorriso se alargou ainda mais, tinha necessidade de ficar com ela, de tê-la em seus braços naquele instante. E bastou que ele tomasse uma única decisão para que ela entrasse correndo pelo quarto como uma ventania e se atirasse em seus braços.

                Ele estava pronto para recebê-la, depois do tempo em que passaram juntos, Jasper já sabia ser pego menos vezes de surpresa com a clarividência de Alice que todos os demais. Ele girou-a uma vez bem presa em seus braços, as pernas dela presas em sua cintura e enquanto a girava, ela inclinava o corpo para trás, de braços abertos e olhos fechados.

                Quando o movimento cessou, os dois ficaram se encarando por um longo tempo em silêncio, os olhos conectados sem se desviar, em juras mudas de amor, confiança e lealdade. Alice sorria radiante enquanto afagava o rosto de Jasper com doçura e paixão. Ele soltou uma gargalhada quando a sentiu extremamente ansiosa em seus braços.

                - Sabe? Você podia ao menos fingir que não sabe... – ele disse em tom solene, sem disfarçar sua diversão.

                Ela deu de ombros, rindo e perdeu seus dedos pelos loiros cabelos do amado. Jasper soltou o ar em uma única lufada, desviando os olhos pela primeira vez dos dela e olhando o chão como quem aceita a derrota.

                - Pelo menos sei qual é a sua resposta... – ele declarou, soltando a cintura dela gentilmente e colocando a mão no bolso. Alice deu um minúsculo passo pra trás admirando-o segurar na palma da mão a pequena caixa de cetim vermelho.

                Os olhos dela se abriram e se iluminaram numa emoção imensa e ela entrelaçou os dedos das mãos. Se pudesse, seus olhos estariam marejados. Ele se ajoelhou diante dela, abrindo a caixa e revelando a pequena aliança de ouro incrustada de diamantes delicados, adornada por dois filetes de ouro branco e um diamante maior que os demais que reluzia bem no centro da jóia.

                - Eu sei que é praticamente impossível surpreendê-la... – ele deu uma risada, elevando seu olhar até conectar-se novamente ao dela. – Tanto quanto enganar os meus sentidos... Mas quando a encontrei, quando a vi pela primeira vez e você disse que estava me esperando... Você derreteu todo aquele século de sofrimento e solidão que eu acreditava ser a única coisa que existia no mundo...

                “Você fez, faz e sempre fará toda a diferença na minha existência, Alice... Você me deu um novo rumo, um novo sentido... Você agora é meu caminho e meu universo... E tudo o que eu fizer vai ser pra você e todo o meu tempo, toda a minha eternidade será sua... Porque eu achava que estava condenado à eternidade... Mas viver ao seu lado é uma benção muito maior do que eu mereço...”

                “Por isso, eu estou aqui, de joelhos diante de você, jurando-lhe amor eterno e implorando que seja minha esposa pela eternidade...”

                “Alice, você aceita se casar comigo?”

                Ela sorriu lindamente e esticou o braço esquerdo para que ele colocasse ali a aliança.

                - Quando eu finalmente despertei – ela começou num sussurro, admirando a própria mão – e vi seu rosto pela primeira vez, eu me apaixonei. E eu sabia que ia te encontrar e que a minha felicidade estaria sempre ao lado da sua... Porque nada no mundo, nem que eu viva cem milhões de anos, vai conseguir ser mais forte do que esse amor que eu sinto por você, Jasper!

                Ele se levantou e enlaçou a cintura dela, ao mesmo tempo em que ela passava os braços pelos seus ombros. Os dois uniram os lábios avidamente num beijo apaixonado. Quase sem se mover, Jasper deitou Alice na cama, sem descolar os lábios dos dela. Estavam loucos de vontade de comemorar aquela união pelo resto do dia... Ou da semana... Teriam tempo de contar a novidade aos outros depois.

                Lá embaixo, na biblioteca, Edward sorriu contente pelos dois irmãos. Fechou o livro e o guardou na estante, saindo pela porta com as mãos enterradas nos bolsos em direção à floresta, admirando o céu entristecido e caminhando lentamente por sua solidão.