Breakdown escrita por Nyuu D


Capítulo 1
único




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You were a problem child
Been grounded your whole life
So now you running wild
Playing with them good girls
No, that ain't your style

 

Maldito cozinheiro insuportável.

Deus, como ele era irritante. Não porque eles se provocavam o tempo todo, aliás, esse era apenas um dos aspectos; mas aquela maldita mania que ele tinha de viver atrás de qualquer saia que visse... Tsc. Ele ainda ia se ferrar ao achar algum cara que goste de usar saias, e enfiar-se dentro da roupa errada.

Mas falando sério, Zoro se irritava com esse jeitão feliz demais que tinha Sanji. Claro que, mesmo o espadachim não tendo o menor medo dele, ele era meio amedrontador quando ficava muito irritado... Mas que era ridículo quando ficava feliz – ou quando via uma mulher bonita – ah, isso era. Ainda mais quando se tratava de Nami... Daí sim ele era capaz de ficar intragável.

Por vezes Zoro perguntava-se se isso era bom para o bando de alguma forma. Esta rivalidade entre eles, no caso. Afinal, no final das contas, essa mania que eles tinham de um sempre bicar o outro em qualquer circunstância não passava de, enfim, pura rivalidade. Sempre querendo um ultrapassar o outro e ser mais forte.

O espadachim então, que era tão orgulhoso, não poderia admitir que Sanji viesse a ser mais forte que ele...

 

You think you’re hot shit
And oh, I love it, I love it (yeah, yeah)
Stumbling but yeah, you're still looking hella fine
Keep doing what you're doing and I'ma make you mine
 

 

Mas se havia algo em Sanji que Zoro gostava, o que era raro em seu ponto de vista, era como ele lutava.

Era como se aquele cozinheiro idiota e mulherengo adquirisse uma personalidade totalmente alheia àquela que era sua verdadeira. Verdade seja dita: não tinha muita oportunidade de vê-lo lutar seriamente uma vez que boa parte das vezes, estavam separados de alguma forma, mas sempre que o via usar suas longas pernas para nocautear o que quer que fosse, ou mesmo quando brigavam, Zoro ficava muito admirado.

Sanji parecia dançar. Tem aquela mania de enfiar as mãos nos bolsos e só as tirar de lá para levantar-se, ou para tirar o cigarro da boca. Mas que era um jeito único de se mexer, sem dúvidas...

Ainda mais quando ele voltava todo quebrado do campo de batalha.

Francamente, não era sadismo ou nenhum outro tipo de coisa psicológica assim. Era porque Sanji parecia muito mais forte estando cansado de uma luta, e isso era interessante porque Zoro media suas forças através dele. Através do quanto Sanji havia se desgastado para lutar e comparando os dois... Sabia quem havia se esforçado mais.

E se esforçar mais não é bom, porque significa que você é mais fraco.

Mas ele nunca conseguia chegar a uma conclusão com esses ferimentos.

 

Well, you're a hot mess and I'm falling for you
And I'm like “hot damn! Let me make you my boo”
'Cos you can shake it shake it shake it
Yeah you know what to do
You're a hot mess
I'm loving it, hell yes

 

Mas ah... Que Zoro gostava daquele jeito que ele se mexia, isso era absolutamente inegável. Nem que quisesse mentir para si mesmo o espadachim não conseguiria porque... Francamente, não achava necessário. Pelo menos consigo poderia ser absolutamente franco e dizer que, de certa forma, o admirava por seu estilo de luta.

Ele simplesmente sabia o que fazer.

E Zoro pensava se ele sabia se mexer de outro jeito com aquelas pernas, também... Argh, francamente, que tipo de pensamento é esse, Roronoa?!

Mas pra que se condenar, afinal de contas? Não havia necessidade, ninguém poderia ouvir seus pensamentos, certo?

Então era melhor olhar pra outro lado quando Sanji estivesse indo de um lado para o outro na cozinha, porque estava começando a ficar óbvio que aquelas pernas atraíam os olhos escuros de Zoro.

 

You got me hypnotized
The city's your playground
I watch you take a bite
At 5 AM roaming in the streets
Drunk all night

 

Que maldita mania tem esse espadachim inútil de ficar enchendo a cara o tempo todo.

Era normal culpar Luffy pelos gastos infinitos com comida para satisfazê-lo – afinal, o capitão comia por praticamente todos os membros do bando – mas... Às vezes o cozinheiro se perguntava se boa parte do dinheiro não ia para todo o saquê que aquele marimo conseguia ingerir de uma vez só.

Era impressionante como ele bebia, bebia, e não ficava bêbado.

E o pior de tudo é que ele só ficava mais agressivo e mais irritante. E o fato de ser tão rude e ter aquele jeito todo troglodita. Mas é que ele... Gostava.

Ele até se esforçava, mas era simplesmente mais forte do que seus ímpetos de se controlar. Sanji tinha que soltar uma piadinha. Para fazê-lo ficar tão puto da vida a ponto de conseguir ver aquelas veias que ele tinha pipocarem na testa e nas têmporas. E que ele trincasse os dentes e o xingasse de alguma coisa estúpida.

De qualquer forma, Sanji o assemelhava a um alcoólatra nato, afinal de contas, o que ele fazia de melhor era simplesmente... Beber e dormir.

Não... Mentira. Tinha outra coisa que ele fazia muito bem.

Lutar.

 

You think you’re hot shit
And oh, I love it, I love it (yeah, yeah)
Stumbling but yeah, you're still looking hella fine
Keep doing what you're doing and I'ma make you mine

 

Zoro devia ter algum tipo de fixação oral, com aquela mania maldita de pôr a espada na boca. Por acaso era algum tipo de insinuação ou era só porque não tinha outro lugar pra segurar a terceira espada do santoryuu?

Mas sem piadinhas, Sanji gostava. Gostava mesmo de vê-lo usar aquelas belas katanas para arrancar sangue dos outros. De ver como seu jeito rude e calado refletia em seu estilo de combate. Zoro derrubava seus inimigos sem ao menos dá-los tempo de perceber o que diabos aconteceu; quando percebem, é tarde demais, já foram todos cortados.

E era tão interessante vê-lo colocar aquela bandana na cabeça quando realmente levava um inimigo a sério; Zoro mesmo ficava com uma aparência mais séria quando a colocava na cabeça, afinal, aquele cabelo verde simplesmente acaba com a imagem de durão que ele tem... Mas isso é só na opinião de Sanji, é claro.

Adiante, no caso do cozinheiro, era puro sadismo mesmo: adorava vê-lo todo ensanguentado da batalha.

O espadachim ficava simplesmente mil vezes mais... Mais...

Atraente. É. Muito atraente. E sexy. Independente do quão doente pudesse parecer, Sanji não queria saber. Zoro ficava quase irresistível com todos aqueles cortes e sangue espalhados por seu corpo e roupas... Parecia crescer uma brutalidade totalmente diferente daquela que Sanji, por vezes, não aprovava.

Porque era uma rudeza justa; a com seus inimigos, e não com seus nakamas.

 

Well, you're a hot mess and I'm falling for you
And I'm like “hot damn! Let me make you my boo”
'Cos you can shake it shake it shake it
Yeah you know what to do
You're a hot mess
I'm loving it, hell yes

 

E havia dois extremos na vida de Sanji: a brutalidade e a delicadeza.

Aquela delicadeza feminina à qual ele tanto idolatrava.

E a brutalidade masculina que tinha que ser extremada. E Zoro era o extremo. Ele era violento, agressivo e fechado. E cada um de seus amplos e certeiros gestos numa luta, então, deixavam tão claro o quão irredutível podia ser.

E era inevitável não se atrair, no final das contas, e nem queria negar. Mas claro que admitir isso em público era completamente inaceitável. Não via problemas, entretanto, em confessar a si mesmo sua imensa vontade de pegar aquele idiota e fazer dele o que bem entendesse... E por que não ir atrás do que se quer? Sanji nunca foi do tipo que se reprime, não é mesmo?

O máximo que podia acontecer é ter o prazer de ver Zoro tirar suas katanas para tentar matá-lo.

E de um jeito ou de outro o resultado seria satisfatório. Claro que um menos que o outro, mas sair ganhando dos dois lados seria interessante da mesma forma. Sanji gostava de arriscar. Seguia a filosofia do “só me arrependo do que não fiz”.

E francamente... Cada vez que via o espadachim lutando...

 

E mais uma vez Zoro caía completamente destruído no campo de batalha; normalmente tinha que ser o primeiro a ser atendido porque estava em estado mais grave. Parecia que aquele idiota simplesmente gostava de ficar caindo aos pedaços antes de finalmente dar um jeito no inimigo. Dava o maior duro, se esforçava e sempre ganhava porque sempre ultrapassava seus limites.

Mas ultrapassá-los significava ficar sempre mais forte. E disso, o espadachim podia ficar orgulhoso, afinal.

Foi Sanji quem o encontrou inconsciente em meio aos destroços. Aproximou-se dele e se agachou, observando a camiseta branca toda empapada no sangue que lhe escorria da altura da clavícula e de outro corte perto do quadril. Ergueu a mão e lentamente aproximou a ponta dos dedos do abdômen do espadachim, sentindo a pele umedecer por causa do sangue. Suspirou.

Levantou-se, cambaleando de leve, afinal, também estava machucado de sua própria luta. Mas ainda mantinha sua consciência.

Ajoelhou-se com uma perna de cada lado do corpo de Zoro e o pegou em seus braços, erguendo o corpo ferido em sua direção e o abraçando firmemente pela cintura, tomando cuidado para não apertar demais a ponto de fazer doer muito.

Tendo seu corpo movido daquela maneira, o espadachim acabou por recobrar sua consciência, afinal, a dor aguda espalhava-se por todo o seu corpo. Nada que ele não estivesse acostumado e sequer o fazia torcer o rosto de dor... Mas era irritante. E o que era mais irritante é estar jogado nos braços de Sanji daquela maneira.

Mexeu-se e o cozinheiro baixou um pouco suas mãos para sustentá-lo num nível mais baixo, e assim, enxergar-lhe o rosto. Aquele rosto tão bonito, e tão forte. Aquela força toda que ele tinha era a parte mais interessante.

Zoro queria perguntar que merda ele estava fazendo, e o que queria, mas começava a ficar difícil manter-se respirando com perfeição e, portanto, queria poupar seu ar. Já Sanji, não falava por pura conveniência.

E porque seus lábios queriam fazer uma coisa completamente oposta a “falar”.

Isso é porque os de Zoro estavam ligeiramente quebradiços por causa da respiração que ele insistia em manter através da boca, mas úmidos do sangue vermelho vivo que lhe escorria do alto da testa até o queixo. E quando Sanji fez um trejeito com sobrancelha, arrancou uma risada sarcástica do espadachim que revelou então suas gengivas e dentes ensopados em sangue.

Ah, assim ficava difícil resistir.

O cozinheiro umedeceu os lábios com a língua e fez um pouco de força com os braços, aproximando o torso do outro do seu. Os peitos encostavam-se, mas Zoro insistia em jogar a cabeça para trás. Muito bem... Se não alcançava os lábios... Sanji passou a língua pelo pescoço do outro, exatamente na altura do pomo-de-adão, causando-lhe um arrepio violento na espinha.

Sacudiu a cabeça e acabou por erguê-la. Talvez fosse melhor ficar assim do que sentir aquela boca em seu pescoço novamente... E aquela dor daqueles cortes, que insistia em não parar de jorrar por todos seus músculos lhe invadindo os sentidos. Maldita seja.

Sanji, no final das contas, não conseguia mais reprimir seus ímpetos e pegou aqueles lábios ensanguentados para sua boca. Sem nenhum tipo de pudor ou iniciação delicada; foi logo o invadindo a cavidade com a língua e sentindo o gosto metálico salgando-lhe o paladar. Era tão, tão... Saboroso...

Especialmente porque Zoro retribuía. Mesmo com falta de ar e forçando seu peito para conseguir respirar pelo nariz, ele entregava-se em retorno num beijo em que a língua encontrava-se completamente passiva aos desejos que tinha a de Sanji. Que obviamente, não se contentava com pouco, assim como seu dono. Mas a exaustão física e mental do espadachim não lhe permitia ir muito além disso.

De qualquer maneira, Sanji não sabia se o sangue das pessoas tinha sempre o mesmo gosto, porém, aquele parecia fazê-lo salivar ainda mais.

Mas claro que, no fundo, ele sabia que era apenas reflexo de sua intensa vontade de ter Zoro. De devorar aqueles lábios e fazê-lo trincar os dentes por um motivo completamente diferente do estresse costumeiro.

O espadachim sacudiu a cabeça e jogou-a para trás novamente, evitando o beijo. Não conseguia respirar. Mesmo que quisesse manter aquele contato, ficava difícil manter o ritmo. E obviamente aquele cozinheiro pervertido era bem rápido. Sanji, então, baixou um tanto a cabeça para alcançar o pescoço alheio e o beijou, num roçar muito suave dos lábios, na curva do maxilar.

E quando Zoro respirou fundo com alguma dificuldade, o cozinheiro sorriu e o segurou com mais firmeza contra seu corpo, apoiando a cabeça em seu ombro.

Era engraçado como o cheiro dele também se assemelhava ao metal. No final das contas, o espadachim tinha tudo para ser o que era. Sanji havia se atraído por seu sangue, as katanas, o cheiro e a maldita mania de erguer pesos de toneladas com as mãos nuas.

O cozinheiro mais uma vez tocou os lábios na pele de Zoro, perto do ouvido, chegando às bochechas e novamente naquela curva que ligava o pescoço ao rosto, uma curva que era particularmente muito atraente aos olhos do loiro. Sossegou a boca então naquela região e sentiu que o outro tinha mudado sua expressão facial, e era um sorriso.

Um sorriso sincero, embora Sanji não pudesse ver.

Claro que se estivesse em perfeitas condições, aquele beijo seria imediatamente retribuído com um pontapé, mas talvez sua vulnerabilidade abriu uma brecha gigante e permitiu que o cozinheiro o tocasse daquela maneira. Ou quem sabe o fato de estar ferido o impediu de reagir precipitadamente, e deixou que pensasse um pouco a respeito do que acontecia... E chegar à conclusão que Sanji não era de todo mal.

E o cigarro não tinha um gosto tão ruim quanto parecia.

– Seu... Maldito cozinheiro pervertido...

Sanji riu.

– Não seja tão rancoroso, você está ferido. Ficar irritado só vai piorar seus ferimentos.

Por um instante, Zoro não respondeu, o que causou estranheza no cozinheiro. Assim, afastou-se e o olhou.

– Não estou...

Movendo suavemente a sobrancelha, o loiro sorriu. – Que ótimo. – Ele fez um movimento rápido e enfiou uma das mãos por dentro da camiseta tingida de vermelho do espadachim, laçando-lhe a cintura e apertando a região, segurando-o numa posição que, às vistas de Zoro, era simplesmente indigna. E seu rosto esquentou. Talvez o carmesim do sangue impedisse os orbes azuis de enxergarem seu rubor.

Menos mal.

Não obtendo as reações negativas esperadas, Sanji o soltou e levantou. – Vou te levar. – Curvou-se e o pegou no colo. O segurou cautelosamente na altura das costelas e debaixo do joelho. Um dos braços do espadachim pendia para fora e segurava duas de suas katanas firmemente nas mãos; a outra, Wadou Ichimonji, de Kuina, estava na bainha.

– Francamente... – Lamentou-se.

– Não reclame, marimo. É uma vez na vida, e outra na morte. Ou no casamento, talvez.

– Não brinca comigo, porra!

Sanji deu risada e Zoro fez uma carranca enorme.

– Assim que eu estiver saudável... – O espadachim tossiu. – Vou acabar com você.

– Acho mais fácil eu fazer isso... – Retrucou num tom que fez Zoro corar de novo.

 


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