– Pra que exatamente?

Ward perguntou, todos ficaram em silencio, inclusive Nadia com seu sorriso de meia boca fechado e o seu suco em sua mão direita, olhos vidrados no agente em sua frente. Skye estava com os olhos grudados no chão e não se atreveu a movê-los para a sua equipe.

Todos aguardavam a resposta de Nadia que não falava nada. O silencio se alastrou pela sala por alguns segundos e então foi ouvido um pequeno toque e Fitz puxou de seu bolso um aparelho que apitava. Ninguém moveu de posição exceto Fitz e Simmons que se aproximou de seu amigo para observar o aparelho.

– Senhor? – Fitz chamou – Recebemos um aviso de um possível 0-8-4

– Tem certeza? – Coulson perguntou retirando a atenção de Nadia

– Querem que a gente vá conferir

Finalmente todo mundo pareceu que tinha descongelado e começou a se mexer, May foi preparar o avião, Fitz e Simmons foram preparar as coisas necessárias, Skye, aliviada que o assunto tinha saído dela foi pegar seu notebook e se vestir adequadamente, Ward mandou um pouco olhar para Nadia não muito amigável e começou a se retirar.

Nadia permaneceu com seu sorriso e levantou um pouco seu copo na direção dele, como se fizesse um brinde. Coulson ficou de frente com ela.

– 0-8-4 é

– É a designação da SHIELD para objeto de origem desconhecida, eu sei

– É claro que sabe – Ele disse com um sorriso – Temos que ir checar

– Sei disso também – Ela sorriu mais, era bom conhecê-lo

– Gostaria de ir conosco? – Coulson ofereceu

– Na verdade eu gostaria de descansar um pouco

– Quando voltarmos, vamos conversar direito

Nadia acenou confirmando com a cabeça. Coulson a tocou no braço e começou a se retirar, tantas perguntas apareceram na mente dele, o que ela fazia ali, o que havia acontecido. E tantas perguntas se faziam na mente dela, como Coulson poderia estar vivo, o que eles utilizaram?

Coulson havia acompanhado Nadia desde o dia que ela nasceu, sem ela saber claro, na verdade ele havia acompanhado todos os vingadores, mas Nadia sempre o fascinou ao maximo, ela era muito especial e ele sabia que ela não iria desistir até encontrar as respostas que ela procura.

Fitz ofereceu que Nadia descansasse um pouco no quarto dele e por estar realmente cansada ela não discutiu, ela se estabeleceu no pequeno quarto e começou a ficar a vontade, ela estava tirando um dos seus cintos quando ouviu alguém bater na porta, se virando ela se deparou com Skye que entrou segurando uma muda de roupa em seu braço esquerdo.

– Oi – Ela colocou a roupa em cima da cama – Por experiência própria eu sei como dormir com essas roupas pode ser desconfortável

– Obrigada – Ela sorriu e começou a olhar a roupa.

Skye abriu e fechou a boca duas vezes em 3 segundos, Nadia fingiu não notar por respeito a nova agente, mas ficou difícil fingir de não tinha visto. Ela levantou a cabeça em espera incentivando Skye a dizer o que ela queria dizer.

– O que quis dizer sobre Ward e mim? – Skye falou timidamente

– Acho que eu fui bem clara – Nadia falou se sentando na cama

– Sim, mas eu e ele nós não estamos juntos

– Não diga – Nadi sorriu – Seguindo regras da SHIELD?

– Nós dois concordamos que seria melhor não nos envolvermos assim

– Os dois? – Nadia perguntou silenciosamente.

Skye engoliu a seco, como aquela moça seria capaz de lê-la tão bem, ela apenas mexeu a cabeça e se afastou da adolescente dizendo que eles precisavam continuar se movendo e estariam voando em alguns minutos, Nadia acenou com a cabeça e Skye saiu. Nadia ouviu o aviso de que o avião estava em movimento e se sentou na cama fechando em seu corpo o cinto de segurança.

Nadia olhou para fora pela janela e observou como eles começaram a deixar o chão, ela se lembrou da primeira vez que ela voou junto com a equipe, quando ela tinha um pouco menos de 4 anos, é uma das suas lembranças mais antigas, ela só lembra de pequenos fleches da memória, mais conseguiu se lembrar de estar apavorada.

Ela conseguiu se lembrar de começar a tremer e dar soluços como se fosse chorar, e ela conseguia se lembrar dos braços fortes do Capitão America envolvendo o pequeno corpo dela e dizendo que estava tudo bem, por que ele estava ali com ela e por um momento ela realmente acreditou. Nadia sentiu as lagrimas ameaçando cair de seus olhos e piscou algumas vezes secando elas.

O aviso de que era permitido andar no avião foi dado, Nadia desatou o cinto e ficou de pé, ouvindo barulhos ela foi até o laboratório, através do vidro ela viu, agentes May, Ward e Skye na frente de uma mesa cheia de armas e Fitz e Simmons parecendo orgulhosos atrás. Ela entrou no laboratório, a maioria deles jogou sorrisos para ela, mas Ward voltou a sua posição original cruzou os braços e ficou a encarando.

– Precisaremos mesmo das armas? – Skye pediu pegando uma pistola

– Nunca sabemos quando o combate vai vir realmente

May falou

Nadia se aproximou da mesa e pegou uma das armas a examinando de perto, não era parecido com as armas que estava nos coldres em suas coxas, ela notou a luz azul, Fitz percebeu que ela estava curiosa e deu um passo a frente.

– Esses são os ICERS, são um exemplo de tranqüilizante

Nadia começou a mexer no aparelho e puxou a trava de segurança, ela notou com Fitz ficou surpreso, mas não parou de falar.

– Sua diferença de outras armas é que

Sem deixar que ele terminasse, Nadia se virou apontando a arma para a cabeça de Ward e puxou o gatilho, ninguém esperava por isso então Skye e Simmons deram um pequeno gritinho, May apenas piscou assustada. Nadia abaixou a arma e caminhou até Ward colocando dois dedos no pescoço dele, ela esperou alguns segundos e soltou uma risada.

– Uma arma não letal, boa idéia

Ela se levantou e colocou a arma na mesa, ICERS eram a ferramenta perfeita para parar alguém sem matá-lo. As armas disparam balas, não letais, com o poder de parada que se desintegram sob a pele, partir daí, as balas soltam uma pequena quantidade de dendrotoxina incapacitando o alvo tempo o suficiente para que sejam parados e sem efeitos secundários.

Depois do pequeno showzinho da Nadia os agentes ficaram encarando ela como se a mesma tivesse enlouquecido, Coulson entrou no laboratório e olhou Ward caído no chão imóvel,ele diminuiu o passo e se aproximou dos agentes. Simmons e Fitz apontaram para Nadia que revirou os olhos.

Eles haviam chegado no local em alguns momentos, Ward ainda estava caído no chão, e eles entraram nos carros e carregaram Ward para o SUV e começaram a se retirar. Coulson teve certeza que Nadia não queria ir com eles e então se retirou. Nadia esperou alguns minutos até ter certeza que ninguém mais estava perto

Ela pegou de dentro de seu compartimento o pendrive e entrou mais uma vez no laboratório. Nadia clicou em sua mordida da viúva e o conectou com os computadores do laboratório.

– JARVIS está ai? – Ela disse se aproximando de um computador

– Sim Nadia – Ele respondeu

Nadia colocou o pendrive em um computador e o ligou, ela digitou algumas coisas antes que aparecesse Confidencial na frente dela, ela tentou descriptografar o código, mas não conseguiu, ela utilizou um dos programas que ela tinha aprendido a criar para quebrar o código, mas confidencial continuava a aparecer na tela.

Ela conseguiu destruir duas barreiras até se deparar com uma imagem que pedia uma senha de acesso, Nadia tentou algumas coisas até mesmo tentou a dica que esta em seu bracelete que ajudou a abrir o cofre no banco, ela digitou Spero, mas apareceu outra vez que a senha estava errada e ela só tinha mais uma tentativa antes que o programa criptografado apagasse todas as informações no pendrive.

Nadia desistiu e tirou o pendrive do computador e começou a andar pelo avião, ela foi até o quarto que estava hospedada e olhou a roupa que Skye tinha deixado para ela em cima da cama, era uma calça de ginástica preta com duas listras brancas em cada lado, uma blusa de manga curta básica branca e um tênis preto.

Nadia separou os itens em cima da cama, ela tirou as mordidas da viúva de seus braços, e então tirou os dois cintos e suas botas, e então lentamente abaixou o zíper de seu macacão e saiu da roupa desconfortável.

Depois de ficar completamente nua e soltar seu cabelo que saiu livremente em suas costas Nadia entrou dentro do Box e ligou o chuveiro, a água quente bateu em sua nuca descendo pelas costas e pelos seios, a sensação de alivio que a atingiu foi sufocante ela precisava daquilo urgentemente.

Sentiu seus músculos relaxarem e seu corpo se acalmar, ela usou os produtos de limpeza corporal, limpou seu cabelo com xampu e condicionador. Nadia não sabia a quanto tempo ela estava lá, mas não podia ser menos de50 minutos quando ela finalmente teve a coragem de desligar a água ela estava se sentindo renovada e pronta para enfrentar o lado de fora.

O único problema era que ela tinha medo do lado de fora.

Nadia saiu do banho e se secou com a toalha que achou num dos armários no corredor, ela vestiu a roupa que Skye tinha emprestado a ela e depois que estava completamente vestida ela olhou o pendrive pequeno que descansava em cima de sua cama. Ela pegou o aparelho em sua mão e o girou em seus dedos soltando um lento suspiro.

– Qual é o seu segredo? – Ela sussurrou para o pendrive

Ela ouviu um barulho alto que deixava claro que a rampa de carga estava sendo abaixada, ela colocou o pendrive em seu bolso e foi em direção a rampa dentro de cara com Ward carregando uma Simmons desmaiada com Fitz atrás dele, Ward carregou a moça até uma mesa e a deitou lá.

Nadia observou como o engenheiro tocou em algumas coisas na mesa e ela ligou, era uma mesa touchscreen que estava projetando imagens do interior de Simmons para o computador na frente deles. Nadia entrou no local e se mudou para perto do computador olhando o que estava acontecendo dentro da cientista.

– O que houve?

Coulson perguntou, pois não estava perto quando Simmons desmaiou

– Ela desmaiou no segundo que tocou na flor – May respondeu cruzando os braços

– Precisamos de um hospital – Skye falando olhando para a amiga

– Não qualquer hospital – Ward disse se aproximando

Coulson acenou com a cabeça, eles não podiam ir num hospital qualquer e dizer que Simmons foi envenenada por uma flor que eles não sabiam do que era feita.

– Quando tempo até o próximo hospital da SHIELD?

– 3 horas – May respondeu a Coulson

– É muito tempo – Fitz disse se aproximando do grupo – E para deixar ainda pior a única pessoa nesse avião que pode ajudá-la é ela mesma

Ward olhou para Simmons e gritou:

– Hei – Ele foi até ela – Fica longe dela.

Todos estavam muito preocupados em o que fazer para perceber Nadia que se mudou para perto da bioquímica e estava tocando sua testa e pescoço, Ward quando viu imediatamente viu ela como uma ameaça e começou a se mover em sua direção com um olhar quase predatório.

Nadia não mudou sua posição e observou como Sky e Fitz foram impedir Ward de atacar Nadia.

– Ela pode ajudar – Coulson garantiu.

Nadia foi até uma mesa e pegou uma caneta e um papel e começou a escrever, enquanto isso Ward atravessou o laboratório para chegar perto de Coulson outra vez, ele tentou diminuir o tom de voz, mas a sua raiva não ajudou muito, ele estava frustrado e irritado, por que não sabia o que tinha feito aquilo com Simmons e ele queria que fosse uma pessoa alguém que ele pudesse culpar, ele se sentia dispensável.

– Ela é infantil, atirou num agente sem saber os resultados

– Eu sabia dos resultados agentes Ward, muito antes que você, alem disso se eu não tivesse te sedado você muito provavelmente iria colocar uma câmera para seguir meus movimentos

Nadia falou de longe e voltou a escrever

Ward revirou os olhos e olhou outra vez para Coulson

– Ela é inapropriada e faz piadinhas, não sei se é responsável

– É – Coulson concordou – Parece familiar?

Coulson tentou conectá-la a Anthony Stark, Ward suspirou e olhou com Nadia ainda estava escrevendo furiosamente em seu caderno, ela terminou e então caminhou para Fitz que estava com seus olhos grudados na sua parceira e entregou uma lista para ele

– Isso é o que eu vou precisar para ajudar sua amiga- Ela disse. Fitz olhou para Nadia confuso - Não temos muito tempo agente Fitz

Ela disse a ultima frase e começou a se aproximar de uma maquina no final do laboratório tal maquina que ela já estava familiarizada com e confundiu todo mundo quando tirou o seu bracelete do pulso esquerdo tirando dele o pingente de verde e colocando na maquina.

– Sim claro – Ele olhou a lista – Acho que Simmons tem quase tudo nos armários, mas carbono em forma alotrópica, isso é diamante não temos isso aqui

– Eu imaginei

Ela então puxou uma alavanca e a maquina se fechou, todos ouviram um barulho de algo se quebrando em minúsculos pedaços.

***

Passou algumas horas e Nadia havia criado um soro para Simmons com todos os ingredientes que ela havia pedido de Fitz os juntando com os farelos do diamante de sua pulseira, não houve nem um pingo de hesitação em sua ação quando ela puxou a alavanca, mas por dentro ela queria chorar.

Aquele diamante era a única coisa que fazia Nadia se lembrar de Bruce.

Mas quando a vida de alguém está em perigo ela não pensa em si mesma, Nadia estava agora observando Simmons e vendo seus sinais vitais, do lado de fora Coulson observava a menina trabalhando com sua expressão seria. Philip estava com os braços cruzados no peito e ouviu quando May se aproximou dele.

– Chegaremos na central em 1 hora

– Não precisaremos mais, Simmons já está bem

Houve uma pausa.

May olhou para Nadia que estava observando os batimentos de Simmons enquanto checava seu pressão arterial. Ela viu como a adolescente se inclinou sobre a mesa para ouvir a respiração da bioquímica e como ela se aproximou da tela em sua frente para observar como Simmons respondia ao soro.

May tentou achar muitos motivos do por que de Nadia estar ali, mas ela não achou mais nem um, ela sabia a verdade e parte dela não queria saber.

–Eles morreram não é mesmo? É por isso Nadia está aqui, eles se foram

– Não May, eles podem ter morrido, mas eles não se foram

Ele levantou o olhar e olhou para Nadia

– Eles estão bem ali, quando eu olho para ela eu vejo eles. Eu vejo a beleza de Natasha, a inteligência de Bruce, o humor de Tony, a lealdade de Clint, a bravura de Thor e a Compaixão de Steve, eles estão bem ali e eu sei que ela vai passar a vida inteira tendo certeza de que o mundo que a família dela lutou tanto para proteger está seguro.

– É muita responsabilidade pra uma garota, ela é só uma criança

– Ela é tudo o que nós temos – Ele respondeu dramaticamente