Miller's Girl escrita por Ice


Capítulo 4
Último Capítulo


Notas iniciais do capítulo

ab95



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A primeira coisa que eu fiz quando cheguei em casa foi ir direto para debaixo do chuveiro. Eu estava usando roupas molhadas e cheirando a água de piscina. Isso não era nada agradável. Não demorei muito porque banhos quentes e demorados me fazem sentir como se eu fosse um vegetal cozinhando na sopa. Não era uma sensação agradável.

Já saí do banheiro vestida. Dentro do carro eu havia planejado o resto da minha tarde. Assistir a filmes de romance clichê, perturbar os vizinhos com música alta, Stalkear o twitter dos meus cantores preferidos e por fim, perturbar os vizinhos com gritaria e comentários pervertidos sobre os meus ídolos.

— Mãe, você viu o box de filmes de romance que eu tinha aqui no quarto? — Gritei para Anne que estava no andar de baixo. O meu quarto ficava no sótão o que era bom porque eu sempre tinha privacidade.

— Você querendo assistir filme romântico? — Minha mãe falou como se estivesse me zoando. — Mas não era coisa de adolescentes idiotas e mães solteiras?

— Você já ouviu falar de aprendizado por observação? É basicamente isso. — Expliquei. sorte a minha que minha mãe estava no andar de baixo e não podia ver o meu rosto ruborizado.

— Está tentando aprender como se apaixonar? — Ela perguntou e estava visivelmente confusa.

— Tá mais pra aprender a não sair correndo quando o garoto que você está afim te beijar. — Falei pensando alto. Eu estava no sótão, mas mesmo assim, minha mãe parecia ter ouvidos de morcego quando lhe convinha.

— OQUE?! — Ela gritou lá debaixo e eu corri para trancar a porta antes que ela viesse ter uma daquelas conversas constrangedoras de mãe e filha. Mas não eram só ouvidos de morcego, minha mãe também tinha a agilidade de um tigre. E repetindo para enfatizar, só quando lhe convinha.

Ela pôs o pé entre a porta e o batente antes que eu pudesse trancar, e entrou no quarto desfilando daquele jeito que as mães fazem quando querem passar confiança.

— Mãe! — Protestei fazendo uma cara de sofrimento. Na verdade é porque eu já esperava que a aquela conversa fosse ser no mínimo uma tortura.

— É o tal de Ethan? — Ela perguntou com os olhos brilhando de curiosidade. Minha mãe é fácil de ser enganada, coitada.

— Não mãe, é o Taylor.

— Taylor? Qual deles era o Taylor?

— Ah, você sabe. O da bandana... — Expliquei tentando ser paciente.

— Aquele menino que você me pediu pra atropelar quando eu fui te buscar no colégio de carro? — Ela perguntou. Eu confirmei com a cabeça e ela me olhou assustada. — Eu achei que você odiasse aquele garoto.

— E eu odeio, mas não é odiar de verdade, é só... Ah! Sei lá, eu sou muito confusa. — Falei pegando nos ombros da minha mãe e a guiando pra fora do meu quarto. — Sabe aquelas batatas que eu gosto? O que acha de ir no supermercado e comprar um pouco pra mim?

— Eu sou sua mãe, Mad. Você não me engana, mas eu vou no supermercado porque está faltando ovos, açúcar... — Minha mãe desceu as escadas listando oralmente tudo o que estava faltando em casa.

Me joguei na cama e encarei o teto. Não voltei para a ideia de assistir filmes melosos e chatos porque eles eram muito... chatos. Enfim.

Olhei pela janela e vi o carro da minha mãe saindo da garagem. Eu suspirei aliviada. Agora eu tinha tempo suficiente para ficar me odiando. Porque, sua burra? Porque você tinha que sair correndo daquela maneira tão infantil?

— Eu sou uma merda. — Falei para mim mesma e cobri meu rosto com as mãos.

— Não, você não é. — Uma outra voz falou vinda da porta.

Eu estou ficando louca, minha porta está falando comigo.

Eu devo estar ficando mais louca ainda porque eu estou vendo o Taylor parado na soleira da porta, ele está olhando para mim.

— Volta pro inferno, capeta. — Gritei jogando uma almofada na direção dele e ele desviou com facilidade. Ele não estava com as mesmas roupas de algumas horas atrás, eu nunca vou admitir isso verbalmente, mas ele estava lindo.

Uma tapa na cara mental foi o que a minha consciência me deu.

— Como você entrou aqui motherfucker? — Me levantei da minha cama num pulo e fui na direção dele, mas era só pra tentar empurrá-lo para fora do meu quarto, e se eu conseguisse, da minha casa.

— Foi bom você entrar nesse assunto de mãe. A propósito, a sua é muito simpática. Você podia tentar ser mais como ela. — Ele respondeu sarcástico. Se a polícia me perguntar, eu vou dizer que o homicídio foi por invasão à propriedade privada, porque se esse garoto abrir a boca de novo, ele morre.

Espera... Ele conversou com a minha mãe?

— O que ela disse pra você? — Perguntei meio nervosa. Não só o nervosismo que Taylor me causava quando estava perto de mim como também o medo da minha mãe ter dito mas que o necessário.

— Ela me perguntou o meu nome e eu respondi, depois ela me disse que você estava aqui e me mandou entrar. — Ele narrou como se fosse a coisa mais simples do mundo, só que não é Taylor, não é.

— Só isso? Ela não estava sorrindo, estava? — Perguntei fechando os olhos por alguns segundos, já prevendo a minha desgraça. Taylor não respondeu porque estava ocupado demais em exibir um sorriso canalha. — Fala, Miller!

— Howking, você é muito agitada. — Hiperativa seria a palavra correta. — Eu achei que eu já tivesse respondido todas as suas perguntas.

— Respondido minhas perguntas? Eu já te fiz milhões de perguntas e o que você faz é simplesmente sorrir ou me dizer alguma coisa totalmente ilógica. É por isso que você me deixa louca.

— Eu deixo você mad, Howking? — Ele segurou meu antebraço causando um formigamento estranho onde seus dedos tocavam meu braço, também tive que me esforçar muito para não demonstrar isso. — Eu já falei, mas eu vou repetir por que você é meio lenta. Eu já respondi todas as suas perguntas.

Revirei os olhos.

— Como?

— Beijando você e você saiu correndo. — Ele deslizou a mão pelo meu braço me causando um arrepio irritante. — Mas podemos tentar de novo se você quiser.

Eu entreabri os lábios para protestar. Ou dizer um palavrão que uma garota de respeito não diria em circunstância alguma. Ele aproveitou para encaixar os lábios dele nos meus. Por um momento eu apenas fiquei parada, em choque. Eu estava tentando controlar as minhas pernas trêmulas e ao mesmo tempo afastá-lo de mim.

Mas por mais que eu tentasse, ele tinha aquele efeito sobre mim. Eu poderia até tentar afastá-lo,mas eu sabia que eu não era física e psicologicamente, então quando sua língua desliza para dentro da minha boca, eu faço a coisa mais sensata, talvez a única, que eu fosse capaz de fazer nesse momento.

Eu retribuí.

Senti que ele estava sorrindo, mas dessa vez, eu não me importei se ele estava com aquele sorriso indecente no rosto. Ele me pegou pela cintura me puxando mais para perto. E como naqueles filmes clichês de romance que eu tanto abominava, a minha mão foi parar na nuca dele.

Ele me beijava cada vez mais intensamente e era uma sensação tão boa que eu não queria que acabasse tão rápido. Mas infelizmente, eu ainda não tinha aprendido a sobreviver de fermentação lática como os demais seres anaeróbicos.

Eu me afastei tentando controlar minha respiração. Enquanto eu o encarava perplexa, ainda tentando entender o que acabara de acontecer, ele sorriu daquele jeito que me deixava com vontade de socá-lo. Na verdade, agora eu cheguei a conclusão de que o que eu realmente queria era beijá-lo, mas isso não importa. Eu não estava acreditando que isso realmente tinha acontecido a alguns segundos atrás.

— Eu estava querendo muito te beijar. — Soou quase como um sussurro devido à proximidade que o rosto dele estava do meu.

— Ah, é? Desde quando? — Perguntei. Na verdade, não importava o que ele fosse dizer, ele podia muito bem me beijar de novo se quisesse.

— Desde que você começou a me chamar de Miller. — Ele respondeu se aproximando ainda mais. Nossos narizes se tocavam e eu sentia a respiração dele contra o meu rosto.

— Você está mentindo pra mim... — Parei a frase. Eu não saberia do que eu devia chamá-lo agora, depois do que ele acabou dizer.

— Continua

— Você está mentindo pra mim... Miller. — Falei soltando uma risada nasalada e me aproximando dele, para juntar novamente nossos lábios.

Mas não passou disso, já que eu ouvi um barulho de chaves vindo do andar de baixo. Comprimi os lábios, me esforçando para não descer lá em baixo com uma faca.

— Espera aqui, que eu vou ver quem é. — Ele falou pondo a cabeça pra fora do quarto. — Sua mãe.

Ótimo mãe, isso era tudo o que eu precisava agora.

Desci pulando de dois em dois degraus para chegar lá em baixo o mais rápido possível. Taylor veio atrás de mim, mas não na mesma animação. Na verdade eu não estava animada, eu estava muito, muito brava mesmo.

— Posso saber o que você está fazendo aqui? E as compras? — Perguntei com a voz alterada, minha mãe me olhou com um sorriso inocente. Era um sorriso inocente para qualquer pessoa que não a conhecesse, mas como eu era filha dela (Claro, né) eu sabia que aquilo significava algo mais do tipo: "Eu sei o que você fez no verão passado". Fazendo minha própria alteração mental, ficaria mais ou menos: "Eu sei o que você fez a vinte segundos atrás."

— Esqueci o cartão de crédito. —Ela falou passando por mim e indo pegar o cartão que por algum motivo que só Deus sabe, estava na cozinha. — Oi, Taylor.

— Oi. — Ele respondeu simplesmente. Ela passou por nós com uma cara tão inocente, mas eu não podia fazer nada sobre isso, porque ela era a minha mãe. — Desculpa Howking, eu tenho que ir.

Agora é sério, valeu mesmo mãe.

— Então você, só veio aqui pra me beijar e ir embora? — Perguntei estreitando os olhos.

— Mais ou menos isso. — Ele respondeu e eu concordei.

— Mas você pode fazer isso sempre que quiser. — Deixei escapar. Madison Howking, sua acéfala.

— Tipo agora?

— Tipo agora.

Ele se aproximou de mim, mas desviou os lábios da minha boca para a minha bochecha dando um beijo estalado.

— Eu preciso mesmo ir. — Ele falou e eu concordei.

Como eu sou uma garota educada. Pausa pra rir. Ok, voltando... Como eu sou uma garota muito educada, eu fiz o favor de acompanhá-lo até a porta. Não estava muito tarde, na verdade não estava nem mesmo escuro.

Eu não sabia como me despedir dele. Essa duvida só durou até ele me beijar pela segunda vez hoje. Um beijo demorado e lento. Ele se afastou, ofegante, mas eu ainda lhe roubei um selinho.

— Cara, esse dia foi muito estranho. — Taylor e sua adorável habilidade de cortar o clima.

— Eu tenho que concordar. — Falei quando ele já estava se virando para ir embora. — E só pra não perder o costume, você é um babaca, Miller!

— Você é uma idiota, Howking. — Eu mostrei o dedo pra ele e entrei para dentro de casa.

Nada do mundo iria me preparar pra chuva de perguntas que minha mãe faria a seguir.


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