Sexta-feira, dia 28 de fevereiro minha vida mudou!

–Dassy, o que você acha de nós irmos acampar na praia amanha? –Perguntou.

–Ah! Amanha não da amor, acho que vou estar naqueles dias sabe?

–Ahh! Justo amanhã?

–É amanha é dia...29? Amanha é dia 29 mesmo?

–É Dassy, depois que acabaram as aulas você perdeu a noção do tempo foi? –Respondeu brincando.

–João, minhas regras eram pra ter chegado dia 16! –Respondi atônita.

–E o que que tem isso? –Perguntou sem se tocar.

–João eu to 13 dias atrasada, eu acho que to... (antes que eu terminasse ele caiu em si e disse: -GRAVIDA!!!)

Eu em meio à tremedeira, disse: -Acho que sim!

–Mas você não se cuidou, Hadassa?

Não sei o que mais me irritou, ele me chamar de Hadassa ou jogar a responsabilidade em cima de mim.

–Não! João Pedro, você sabe que nunca contei isso pra ninguém, eu não teria como saber me cuidar direito sem auxilio de alguém. E você não usou preservativo?

–Não, você sabe que eu não gosto!

–Ahhh! Maravilha João Pedro, por que você não gosta estamos ferrados!

–Estamos não! Você esta! Eu to fora disso! –Respondeu enquanto saia.

Eu amoleci, estremeci todo o corpo, e agora? Se eu estiver mesmo gravida? E o pior foi a sensação de abandono dele, aquilo me marcou muito, mas pensei que fosse nervosismo dele e logo ele me procuraria, claro!

Mas não foi assim, cheguei em casa me tranquei no quarto e corri pro banheiro fazer o teste de farmácia, foram os cinco minutos mais longos de minha vida!

(...)

NEGATIVO!!!

Não contive a alegria não era nada, graças a Deus! Mas mesmo assim eu estava com outro problema, João Pedro não ligou, não mandou mensagem, nada! Eu não quis ir atrás por saber que ele estava errado, me deixando sozinha, e se fosse o contrario e se fosse positivo? Ele nem fez questão de acompanhar o que ia acontecer, e isso acabou comigo.

Uma semana sem contato não aguentei mais e fui ate a casa dele, porque o telefone já nem chamava mais...toquei a campainha e quem atendeu foi a Inês, mãe dele.

–Oi querida!-Cumprimentou sem graça.

–Oi tia, o João Pedro ta ai?

–Não filha, ele viajou no fim da semana passada.

Fiquei sem chão, mal conseguia respirar...

–Como assim viajou, pra onde? Ele não me falou nada!

–Olha querida, ele disse que vocês tinham brigado e que ele iria pra casa da minha irmã pra começar uma faculdade com meus sobrinhos, e como percebi que era mesmo serio, o deixei ir, afinal ele estava decidido a começar uma carreira, e bom... ele disse que vocês definitivamente não tinham volta, me desculpe.

–Obrigado tia. –Me despedi dela com um beijinho.

–Minha filha, você quer o telefone da minha irmã, pra tentarem conversar?

–Não tia obrigado, ele tem razão, não tem volta! –Respondi e sai.

Naquela noite, não dormi é claro! Chorei como nunca tinha chorado na vida, eu tinha me superado, não conseguia comer, não queria falar com ninguém, só queria ficar ali imóvel esperando o que iria vir.

E os dias foram passando devagar, eu sentia cada minuto passando e minha vida se perdendo...Chega! Eu não vou perder minha vida toda esperando por alguém que não vai voltar, ele se foi e isso é fato. Joguei a coberta no chão e gritei:

–Mãããee...

Ela subiu correndo desesperada: -O que foi Dassy?

–Mãe eu vou sair dessa cidade, vou morar com a minha vó, vou estudar mudar minha vida, você me ajuda?

–Claro, Dassy eu faço qualquer coisa pra não te ver assim, sofrendo.

Arrumei minhas poucas coisas, meus melhores amigos (fones de ouvido), e embarquei no ônibus. Cheguei à casa da minha vó com uma esperança de que tudo seria novo, diferente... e me mantive assim por muito tempo, mas as vezes na madrugada eu chorava escondido. Não era fácil esquecer tudo o que vivemos, mas enfim era um fato e eu teria de esquecê-lo de qualquer jeito.