Tantaram taram... Chegou o grande dia!!! Todo um alvoroço se formou nos bastidores do salão, algumas meninas estavam desesperadas por que ou quebraram as unhas, ou o figurino não servia, e a Julieta então? Estava como louca, rs acredito que ela incorporou bem a personagem. Eu peguei minha roupa e fui esperar a “grande hora”, nesse momento o João Pedro passou por mim e deu um sorriso com o canto da boca, meio maroto e disse: - Oi!

–Oi! –respondi meio que ignorando ele.

Então ele saiu, nessa hora eu fiquei grilada, aquele sorriso não foi em vão... Eu nem imaginava o que ia acontecer...

Aconteceu! O sonho da minha mãe se realizou! Ela conseguiu me filmar parecendo uma mocinha de vestidinho e tudo.

Acabada a peça tinha uma festinha organizada pelos alunos, escondido do diretor, claro! Partimos então para a tal, eu tinha uma companheirinha deslocada assim como eu, ficamos de papo no canto, quando João Pedro veio ao meu encontro. Sim! Ele veio ate mim, sorridente com um copo na mão.

–Oi!

–Oi! –respondi meio confusa.

–Quer dançar?

–Não! –respondi desacreditando na cena.

–Porque não? Sua nutricionista também te proíbe de dançar? –ironizou.

–Não! Na verdade eu não gosto dessas coisas de dançar.

–Coisas de dançar! Que mundo você vive?

–Olha eu não quero dançar ok? Me deixa!

– Ta, calminha! Vamos dar uma volta então?

Eu não conseguia acreditar no que ouvi, eu acho que fiquei tão perplexa que aceitei sem me dar conta disso, quando vi já estávamos andando.

–E ai? Você ainda joga bola? –perguntou.

–Não, eu não jogo... Nem lembro mais qual foi a ultima vez.

–Ainda bem, pois você era horrível. –zombou.

–Ah ta, falou o jogador da seleção! –retruquei.

(risos)

Não me contive e perguntei: - O que te levou a puxar papo comigo, já que tinha deixado bem claro que não queria?

– Sabe, aquele dia eu estava estressado porque fui obrigado a participar da peça, detesto essas coisas, então acho que acabei descontando em você, mas foi mal viu?

–Humm! Entendi!

– O que foi? Não acredita?

–Não!

–Por que não?

– Se fosse verdade, você teria vindo falar comigo depois, não acha?

–Eu fiquei sem graça, rs!

–Sei, sei...

– Não acredita?

–Não tem importância se eu acredito ou não, já passou.

–Mas e ai? Topa uma dança?

–Já falei que não, serio! Não gosto dessas coisas.

–Ok! Então dança comigo aqui fora, só nos dois não tem ninguém vendo.

–Você é insistente hein? Ok mas, por favor, cuidado! Tenho dois pés esquerdos.

(risos)

Começamos a dançar lentamente, como nos contos, parecia ate que era real. Quando num descuido meu... Ele me beijou! Serio isso? Enquanto ele me beijava eu fiquei paralisada pensando se era verdade, e também sem entender o que eu estava sentindo... Será? Eu apaixonada? Tão rápido? Inacreditável!

Mas antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, ouço umas palmas... Poucas na verdade pareciam umas cinco pessoas aplaudindo. Que sonho! Paramos e então e pude perceber que as palmas não eram nos felicitando, pelo contrario, estavam me zombando. Quem iniciou as palmas foi o Ricardo, claro! E foi seguido pelos “amiguinhos” deles, quando voltei a Terra percebi que zombavam, e muito, de mim... Senti uma pontada forte no peito, uma dor que eu nunca tinha sentido, e não era por ser zombada, era pela decepção de ver o João Pedro no meio deles rindo junto.

–O que é isso?-perguntei.

–Nada! –ele respondeu quase sem poder conter o riso.

–Como nada? Porque estão aplaudindo e rindo?

Ricardo tomou a palavra e respondeu: - Não pense que as palmas são pra você, elas são pro Pedrão que mostrou que com ele ninguém pode.

(mais risos)

–E agora eu tenho que pagar o almoço dele por uma semana - continuou Ricardo.

–Pa-gar? Por quê? –perguntei gaguejando.

–Porque eu apostei que conseguiria te beijar. E você foi fácil demais. –respondeu João Pedro.

Não fiz como as princesas fazem nas historinhas saindo chorando humilhada. Na verdade me senti assim mas o que eu disse foi: -E dai? Ta se achando porque conseguiu me beijar? Ta pensando o que? Que foi o primeiro? Haha!

– Você tremeu nos meus braços, isso mostra que gostou. –retrucou.

–Tremer? E isso que te faz macho? Quando uma mulher treme nos teus braços? Isso a gente faz ate quando sente frio, isso pra mim não significou nada!

– Então me diz porque você veio toda mansinha me dizer: -Olha eu sou a Dassy... bla bla bla? –zombou mais uma vez.

Nesse momento , não me contive eu tentei, fui o mais forte que podia, mas ouvir aquilo ainda como piadinha... uma lagrima caiu! Droga!

Pronto! Os risos aumentaram e as piadinhas também: - Chora, chora mesmo queridinha... Pensou o que? Que ia ficar com ele? (risos... muitos risos).- Disse uma das “amigas” dele.

O que eu podia fazer? Olhei fixamente pra ele, deixei todo meu ódio transpirar naquele momento e sai...