11 de Janeiro de 2003

- Bella! Vem logo com essa máquina! Esse coelho tem manchas cinza em todo o corpo! A gente precisa fotografar isso!

Edward sempre me chamou de Bella, pois sabia que eu não gostava do meu nome inteiro: Isabella. Sempre que me chamavam assim, eu achava que brigariam comigo, ou então, diriam que não revelariam o filme da minha máquina.

Eu tinha a mesma máquina desde os cinco anos, e fazia questão de que revelassem todas as fotos quando acabava o filme. Edward me ajudava a achar coisas legais para tirarmos fotos. E como ele adorava animais, cerca de metade das minhas fotos eram dos bichinhos da fazenda do meu avô Marcus Swan.

- Ed, vem aqui! Achei um pato lindo no lago! – Como sempre, ele fez a minha vontade e veio até o lago.

Pegamos um dos barquinhos, e fomos até o meio do lago para tirarmos fotos de toda a fazenda. Minha mãe nunca me deixava ir ao lago sem algum adulto junto, pois eu poderia cair e me afogar. Eu não tinha culpa se ela nunca me deixou fazer natação! Mas como Edward nadava, e o fazia muito bem, ela nunca se importou muito.

- Bella, eu acho que está ficando tarde...  – Ele estava com medo do escuro? Nunca tivemos horário para nada naquela fazenda. Os pais dele moravam na fazenda ao lado e durante as férias, nós brincávamos até o sol nascer praticamente. Ainda tínhamos um mês de férias, e ele já queria voltar mais cedo para casa?

- Mas, eu quero tirar fotos. Eu quero ficar aqui fora com você, para não ter que ir para dentro da casa e dormir – eu sabia que ele não resistiria. Ele era meu melhor amigo desde que eu me entendia por gente, e sempre que eu pedia algo, ele cedia.

Conhecíamo-nos desde pequenos. Meu avô conheceu o dele quando resolveu se mudar para o campo. Trazendo toda a família junto, como sempre.

Eu tinha cinco anos quando me mudei da cidade, e me lembro muito bem de quantas vezes minha mãe havia perguntado se eu queria mesmo me mudar para o campo. Eu sentia falta dos parques de diversão da cidade, e do cinema, mas quando conheci Edward numa visita antes da mudança, vi que seria legal morar no campo.

Ele era um ano mais velho, mas estava no mesmo ano que eu na escola. Acompanhava-me para as aulas, e sempre me ajudava no dever de casa. Era o meu melhor amigo, sempre tinha sido e sempre seria. Mas por que ele queria acabar com a diversão tão cedo?

- Edward, será que nós podemos ficar mais um pouco aqui? Eu não quero ir para casa, meu avô anda de mau humor e...

- Isabella – para ele ter usado meu nome inteiro, era algo sério -, na minha casa acontece o mesmo. Mau humor, irritação... E você sabe o porquê, não é?

- Não sei de nada. – E era verdade, até aquele momento, eu nada sabia.

- Como não? Nossos avôs estão brigando há dias, e você não percebeu nada? Eu nem devia estar aqui, para começar! E quando eu chegar em casa, você sabe o que eu vou dizer? Direi que estava com o Jacob – nosso outro vizinho -, sendo que eu nem gosto dele.

- Mas o Jacob é legal, eu já disse...

- BELLA! Se eles estão brigando, nós devíamos estar brigando também! – Ele me pegou pelos ombros e me chacoalhou.

- Você é que está brigando comigo agora!

- Você é criança demais para isso, não é? – Eu o encarei, e ele se assustou.

Eu não me lembrava de brigar com ele alguma vez na vida. A nossa maior briga tinha sido no último Natal, quando eu pedi o primeiro pedaço do bolo e ele roubou de mim. Por que ele estava tão chato comigo?

- Você é quem fica agindo estranho comigo, por uma briga que nem é nossa! – Respondi aos berros. - E agora, leve esse barco até a margem do lago, ou eu vou gritar.

- Bella, você não gritari... – Eu o interrompi gritando, até que ele colocou a mão na minha boca, e falou – Você é louca? Por que gritou?

- Você não vai me levar mesmo até a margem do lago?

- Bella, pare com isso. Você quer mesmo agir como criança e fazer birra? Sabe que isso não levará a nada, não é? Vem, eu te abraço e fica tudo resolvido.

Ele ia me abraçar. Ia até eu me desviar de seu abraço, e ir para a ponta do barco.

- Se você se mexer mais um pouco, eu juro que vou pular na água, Edward.

- Você não sabe nadar, não faria isso. Eu sei.

- Edward, eu quero ir para casa. Estou te odiando nesse momento.

Nunca pensei que eu fosse falar isso, mas eu realmente o odiava naquele momento. Ele levou o barco até a margem sem dizer uma única palavra e quando eu saí, virei para ele e disse:

- Você está desconvidado da minha festa de aniversário de dez anos.

Corri para dentro de casa, subi as escadas de dois em dois degraus e me tranquei no quarto. Faltavam dois dias para o meu aniversário, e ele já tinha comprado o presente. E ele já tinha me contado no Natal que o presente dele seria o melhor de todos.

Quando minha mãe chegou, eu desci correndo para falar com ela. Ou melhor, para não falar com ela. Sempre que me via chorando, ela me abraçava e não falava nada. Até que eu falasse o motivo do choro...

- Mamãe, eu odeio, eu odeio o Edward!

- Você o quê? Mas isso é... Horrível? – Ótimo. Ela com certeza ia completar com “ótimo” se eu não estivesse chorando.

- Eu não sei o que é, mas é ruim. Onde você estava essa tarde toda?

- Ah, Isabella, eu tive que resolver umas coisas com o seu pai.

- O que aconteceu, mamãe? – Ela parecia tão preocupada. E como ela estava grávida, eu logo pensei que era algo relacionado ao meu irmãozinho que estava para nascer.

- O que você acha sobre a idéia de nos mudarmos daqui? Eu, você e o papai? Logo depois do seu aniversário? Seu irmão vai poder nascer na cidade já!

- Maravilhoso. Eu quero a minha cidade de volta, mamãe.

- Perfeito! Simplesmente perfeito, Bella! – Ela tinha me chamado pelo meu apelido? É, realmente deveria estar perfeito para ela.