Ela me ensina a fazer nós e conversamos sobre nossos distritos e suas respectivas atividades. Uso um tom simpático e amigável, que nem sabia que tinha, todo o tempo. Sabe ate que gostei dela, talvez não á torture tanto quando mata-la.

– Pronto!- digo a acabar o ultimo nó, e caramba, ficou bom.- Ei? Quer treinar tiro ao alvo com dardos comigo?

– não tenho uma mira muito boa, mas ok.

Seguimos ate a estação onde estão os dardos. Pego um cinto e uma arma de disparo, ela faz o mesmo.

Acerto todas como de esperado e ela, surpreendentemente, também.

– UHAU! Não tem boa mira? Garota sua mira é incrível!

–Haaa... Obrigada- diz ela envergonhada e completa – e me chame de Sunny.

– Claro! – estendo a Mao para ela que aperta a minha em comprimento- Chame-me de Mavra.

Ela concorda com a cabeça e o sinal para o almoço toca.

– Sunny? Quer almoçar comigo?

– Claro! To sozinha mesmo!

Seguimos juntas para o refeitório, nos servimos e sentamos em uma mesa bem longe da dos carreiristas que me encaram confusos.

Ótimo! Ate agora tudo bem! Afinal me aproximando dela, me aproximo do garoto do seu distrito que quero como aliado, e ela também não dará uma aliada ruim.

– Olha Sunny, eu sei que você provavelmente não confia em mim, mas eu gostei de você e...- é difícil pedir isso quando se é uma carreirista - ... e queria saber se... se não quer ser minha aliada na arena?

Ela parece surpresa, mas pensa um pouco e abre um sorriso de orelha a orelha.

– Claro! Mas com uma condição.

– Qual?

–O garoto do meu distrito poder vir também.

HOOO, mas isso é claro querida! Esse é meu objetivo!

– Sem problema algum! Ele pode vir junto, sem duvidas.

Falando nele, ele entra pela porta e depois de se servir, seus olhos vagam pelas mesas. Sunny abana e o chama para sentar-se conosco.

– Oi – diz ele e se senta.

– Henry, essa é a Mavra.

– Muito prazer – digo simpaticamente.

– O prazer é todo meu. – diz ele pegando minha mão e a beijando, mas com um olhar desconfiado.

– Henry, - chama Sunny- Mavra é a nossa mais nova aliada.

– É mesmo? Aliada?

– Sim, quero vocês como aliados- digo com convicção.

– e o garoto de seu distrito? E os outros carreiristas? –pergunta-me ele.

–Eles que se danem! Não gosto deles.

– Bom, mas já sou aliado do garoto do 8,

OTIMO! OTIMO!OTIMO! Tudo esta se encaixando! OTIMO! MARAVILHA!

– Não tem problema, desde que ele seja tão confiável quanto Sunny.- Ao dizer isso percebo ela abrindo um sorriso enorme.

–Não é, mas vai ter que servir.

O garoto do 8 deve ser tão confiável quanto Stuart, dois estúpidos que acham que podem ganhar os jogos.

–Bom, se não nos matar enquanto dormimos não ha problema.

–Isso ninguém pode garantir- diz ele, parece testar minha paciência, mas mantenho o sorriso no rosto.

– Nada é perfeito!- digo apenas isso e minha atenção se volta a Sunny quando a mesma limpa a garganta.

– Mavra, - começa ela desconfortavelmente- é... tem algo que esta me incomodando... oque fará com os outros carreiristas?

–Finjo que estou na aliança e depois os matamos na cornucópia ou fugimos durante o banho de sangue.

– É que eu estava pensando e se fingirmos uma aliança com eles e perto das finais os matarmos enquanto dormem ou sei lá, dá pra nos livrarmos do garoto do 8 também.

– Não sei, talvez funcione, não sei, mas teríamos que nos livras deles quando tiver sobrado apenas uns 10 tributos, nesse período não seremos a principal preocupação deles, será mais facil, e ai, depois disso, sobraram no maximo 4 tributos para caçarmos alem de nos, e depois disso... acho que é... é cada um por si. De acordo?

– De acordo- fala Sunny convicta.

– De acordo- diz Henry agora sem desconfiança.

O garoto do 8 aparece e se senta ao lado de Henry.

– Oi! Se não se importam vou me sentar aqui, to meio sozinho.

– Não tem problema. - diz Sunny sempre simpática.

Apresentamo-nos e explicamos o plano para Cameron, ocultando o detalhe de sua morte e ele concorda com cada palavra.

Depois do almoço treinamos os quatros juntos. As vezes percebo alguns olhares de Stuart sobre mim, mas como SEMPRE o ignoro.

Ensino a eles como arremessar uma faca, sem mostrar minha real habilidade, é claro, e os ensino a fazer uma fogueira baixa. Eles me ensinam como usar uma lança, coisa que eu já sabia, mas ok, a fazer mas nós e algumas das plantas de qual devo manter distancia.

Grande maioria das coisas eu já sabia, então foco no que não sei e ensino a eles mais algumas coisas que garantirão boas notas no treinamento individual, afinal boas notas = patrocinadores.

O treino acaba e seguimos juntos ate o elevador, nos despedimos e cada um vai para seu respectivo andar.

Assim que chego no meu andar me deparo com Stuart berrando e xingando a Deus e ao mundo, escuto meu nome no meio da gritaria entre ele e Brutus.

– CHEGAAA!- Berro mais alto que ambos juntos e consigo a atenção- MAS QUE MERDA É ESSA?

– Eu é que pergunto! Oque fazia com aqueles caras no treinamento? Eu sou seu companheiro! NÃO ELES!- berra ele e agarra meu braço.

Olho para sua mão, depois para ele e para sua mão novamente. Agora o negocio vai ficar feio! Faço exatamente a mesma coisa que havia feito no trem, passo-lhe uma rasteira e o derrubo no chão, imobilizando-o e em seguida sento em suas costas, ele se debate e depois desiste.

–Tá mais calminho querido?- pergunto/sussurro em seu ouvido com toda a calma possível no momento.

Ele bufa em resposta e levanto-me de suas costas, sento-me no sofá. Stuart se levanta.

–Bom, se vocês já se acalmaram, expliquem-me que droga era aquela.

Brutus e Stuart abrem a boca para responder, mas Enobaria, que assistia tudo sentada com cara de tédio, é mais rápida.

– Stuart teve um ataque de ciúmes por que você não deu atenção para ele hoje, começou a insulta-la e Brutus com sua santa paciência se irritou e os dois começaram a gritar e bater boca, ai tu chego e meteu fim na asneira.

Ele gritou com Brutus!? ELE GRITOU COM BRUTUS!? HÁ ESSE DESGRAÇADO! EU MESMA VOU MATA-LO NA ARENA!

Mas agora é hora de manter a calma e colocar Stuart em seu devido lugar.

–Stuart.nós.aviamos.combinado.que.eles.seriam.nossos.aliados.- faço pausa em cada palavra.-Tu.tá.reclamando.do.que?

– Exatamente existe um NÓS! Nós somos do mesmo distrito, mas você parece que se esqueceu disso, os tributos do 1 estão ameaçando o fim da aliança carreiristas esse ano!

– Escuta, você mesmo disse que eu devia falar com eles e eu falei! Agora para de ladainha, amanha juntamos todos e no ultimo dia decidimos as táticas. Que tal senhor estressadinho?

O idiota pensa um pouco e revira os olhos. HÁHÁHÁHÁ! Ganhei.

– Ok! Ok!- diz ele e suas feições passam de raivoso à feliz.- Os tributos do 1 e seus mentores vem jantar aqui hoje para resolvermos de uma vez por todas a aliança carreirista. Vou ir tomar um banho.

– Ótimo- diz Enobaria se levantando.- Vá você também Mavra.

Eu e Stuart seguimos lado a lado pelo largo corredor, alcanço minha porta, ele do nada me prensa contra a porta e segura meu queixo com uma das mãos.

– Mavra, você tem que parar de me derrubar- ele se aproxima do meu rosto- isso me deixa loco sabe?- ele se aproxima um pouco mais e minha mão vai instintivamente para a maçaneta- e eu não prometo que vou me controlar.

Quando seus lábios roçam os meus, giro a maçaneta e entro no quarto, deixando-o parado na porta com cara de surpreso.

Estou prestes a fechar a porta quando ele coloca seu pé não soleira da porta me impedindo de fecha-la na sua cara.

– Não pense que não notei os olhares que você e o garoto do 4 trocavam, se cuida Mavra, se cuida.

Ele tira o pé da soleira e eu fecho a porta com raiva, causando um enorme estrondo. Olhares!? Mas que olhares senhor? Só um idiota se apaixonaria antes dos Jogos.

Melhor esquecer isso, vou tomar meu banho e depois de muito tempo decido sair, percebo que estou com cheiro de eucalipto. Gosto desse cheiro. Coloco uma roupa simples e me direciono a sala.

O distrito 1 já havia chegado e estavam todos sentados na gigantesca mesa de jantar.

– Ola.- digo e os convidados do 1 se levantam, comprimento contragosto um por um e sento-me entre Brutus, que esta sentado na ponta, e Enobaria.

Meu pai e a mentora do um engajam em uma animada conversa, que não presto atenção alguma, meus olhos estão cravados no garoto do 1 que me olha com um sorriso irônico.

A garota estúpida do 1, só sendo do 1 mesmo, manda olhares nada discretos para Stuart, que não retribui, apenas me encara seriamente, com isso nossa ‘‘conversa” de antes vem a minha mente. A garota suspira e pisca os olhos castanhos freneticamente,mas ao seguir o olhar de Stuart, sua expressão se torna triste e o sorriso que brincava em seus lábios se esvai.

Um sorrisinho brota em minha boca, HAHAHA garota estúpida, só um idiota se apaixonaria antes dos jogos, espero que Stuart cometa esse erro! Que ambos se apaixonem! Será muito mais facil elimina-los se estiverem sentimentalmente abalados.

Vago meu olhar pela mesa e prendo-o no garoto do 1, que continua a me encarar com um sorriso irônico. SERA QUE ESSE FILHOTINHO DE CRUZ-CREDO NÃO TEM MEDO DE MORRER?

Meu olhar muda direção quando o elevador se abre, não fui a única a perceber, todos voltamos nossas cabeças para as portas prateadas, agora abertas, do mesmo.

Uma Avox entra com um bilhete nas mãos em forma de concha, faz uma reverencia e caminha ate a mesa entregando o bilhete a mentora do 1. Cashmere o abre e o lê, sua testa franze e seu olhar se torna duro, conheço essa expressão, meu pai e Enobaria ficavam assim quando a preocupação comigo vinha a tona, ou quando seus pesadelos me envolviam .

– Sinto muito,- Cashmere começa, quebrando o silencio- meu irmão não está disposto à vir, tivemos alguns problemas,- seu olhar se esguelha para o garoto irritante do 1- ele não esta com a cabeça para discussões como a que teremos.

– Sim claro, sem problemas, - diz meu pai,- mas primeiro o jantar.

O jantar é servido surpreendentemente rápido e estava magnífico, melhor ate que a comida do trem.Comemos em silêncio, que era quebrado vez ou outra por um dos mentores conversando com perguntas idiotas como “ como esta seu distrito” ou “como estão os outros vitoriosos do seu distrito”, as vezes os tributos do 1 perguntavam algo a Enobaria ou a Brutus, mas quando o estúpido garoto do 1 pediu como estava a família de Enobaria, seu rosto se contorceu em uma careta e o olhar de ambos os vitoriosos endureceu. GAROTO IDIOTA!!!

Cashmere mando-o fechar a matraca. Brutus e Enobaria nunca me contaram sobre suas famílias, nunca tive coragem de perguntar, afinal deveria haver um motivo para que esse assusto fosse proibido, Brutus me instruiu a nunca perguntar sobre isso a nenhum vitorioso e assim o faço.

O jantar termina e vamos para a sala discutir a aliança.

– Bom, vamos logo com isso, Mavra, por favor, conte a eles o motivo de sua ausência na aliança hoje no trinamente- pede-me Enobaria.

– Vou ser direta, em um acordo entre o distrito 2, decidimos que os tributos do 4 e o garoto do 8 fariam parte da nossa aliança, porem é claro, mantendo o olho aberto sobre eles, com um de nós sempre montando guarda com um deles e assim respectivamente no que for necessário. Mas deixo bem claro que a aliança carreirista ainda vigora.

– UHUUUUM... – Cashmere batuca os dedos sobre os lábios- Interessante, acredito que eles sejam as melhores apostas esses ano, e não deve ser difícil elimina-los, afinal seu treinamento, se existente, não é tão preparatório quanto os nossos. Não vejo problema.

– POIS EU VEJO!- o garoto do 1 se pronuncia e Cashmere assim como eu revira os olhos- Não farei aliança com o 8, muito menos com os do 4, que nos matariam sem dar valor a aliança.

–Ângelo,- Cashmere visivelmente tenta manter-se calma- se você não esta de acordo, azar o seu, estou...estamos- ela diz apontando para meu pai e Enobaria- fazendo o melhor para os carreiristas, para o nossos distritos, para que seja um de vocês a voltar vivo, voltar vitorioso- seus olhos extremamente azuis se voltam instantaneamente para mim- se não lhe agrada o melhor, não acabe com as chances da Melani, do Stuart e da Mavra. Saia dessa aliança. O elevador esta logo ali – ela aponta o mesmo com a cabeça- a escolha é sua.

– Pois eu estou com Ângelo!- pronuncia-se Stuart, oque esse idiota esta fazendo ?- Os do 4 até tudo bem, mas o do 8 nem a pau!

– Cale-se Stuart- digo transbordando raiva na voz- nos já acordamos isso, a menos que você não seja homem, não ira voltar na sua palavra!

Melani, a garota do 1, se põem ao meu lado.

– Estou com Mavra! Eles são nossa melhor chance, e nossos maiores inimigos! Alem de nos mesmo é claro!- ela constata o obvio, to começando a acha-la tolerável- Agora se querem sair da aliança, saiam! Mas vão sozinhos! Eu fico com Mavra!- ela diz e repousa a mão em meu ombro, em outro momento a xingaria por isso, mas estou preocupada com outras coisas no momento.

– Traidora!- Ângelo branda em plenos pulmões e caminha ate Melani, dando-lhe um tapa na face direita, extremamente e surpreendentemente forte, para um garotinho ele tem muita coragem.- Vadia! TRAIDORA! IDIOTA!

Os olhos de Melani estão surpresos e perplexos, antes que Ângelo possa pensar em se afastar ou alguém de afasta-lo, dou-lhe um soco e ele cambaleia para trás, seu nariz sangra horrores.

A perplexidade nos olhos de todos aumenta.

Derrubo Ângelo e o imobilizo com facilidade. Algo me arranca de cima dele e me derruba no chão, quando olho, percebo que é Stuart.

AGORA O CIRCO VAI PEGAR FOGO!