O movimento na sala é grande. Caesar Flickermanm está com uma nova cor de cabelo, vermelho sangue extremamente vivido. O mesmo caminha até mim com um sorriso largo. Não entendo como não rasga os músculos faciais com um sorriso tão grande e falso. Retribuo o sorriso da mesma forma, porem em minha cara deve parecer um tanto quanto maléfico, pois uma sombra de incerteza passa pelo rosto do cachorrinho de capital antes que realmente decida prosseguir em minha direção.

– Mavra! Minha querida! Esta simplesmente linda!- ele exclama e minha vontade é de cuspir em sua cara.

– Obrigada- respondo educadamente.

– Sabe, você é uma vitoriosa memorável e creio que passara muito tempo na capital, então que tal demonstrar seu lado sexy na entrevista?- ele sugere e, devo admitir, esperava ouvir isso de todos, menos dele.

– Se não se importa, prefiro manter meu jeito natural- retruco e Caesar suspira.

– Se assim deseja, não irei interferir- ele me puxa para um abraço e sussurra- Cuidado Mavra, lembre-se que quem faz as regras. Snow está te observando.

Caesar me solta e lança-me uma piscadela, voltando para as mãos da equipe de maquiagem.

Agora é minha vez de suspirar. Eita vida filha da puta que eu tenho heim! Se até Caesar está me alertando é por que a coisa é seria mesmo.

– A transmissão vai começar em 3 minutos!- grita alguém e eu suspiro novamente.

Já não bastava a entrevista antes da coroação, tem de haver mais uma agora!

E lá vamos nós! Com as mesmas perguntas banais e ridículas. Com a mesma falsidade e encenação. Lá vamos nós.

***

– Bom Mavra, nosso tempo está acabando, mas foi realmente ótimo conversar com você novamente! – Caesar fala, dando fim a nossa entrevista.

– Igualmente- respondo sorrindo.

– E... Corta!- berra o diretor.

ALELUIA!

– Então é isso Mavra, nos vemos no baile dos vitoriosos- despedisse Caesar, dando-me três beijinhos melecados.

– Até lá- retruco e lhe dou as costas- Quem dera não fosse necessário- murmuro inaudivelmente- Vocês ainda vão pagar pelo que fizeram comigo.

E eles pagaram.

Depois disso, minha vida continuou. A gloria e a fortuna chegaram até mim. Gloss e eu realmente nos envolvemos serio, porem sem que ninguém soubesse, claro. Fui usada pelos babacas da capital como carne de segunda. Mas minha vida continuou. Eu formei 2 vitoriosos. Eu sobrevivi aos jogos vorazes. E eu nunca fui esquecida.

Mas então veio a 74ª edição. Os malditos tributos do 12 quebraram as regras. A rebelião começou.

75ª edição dos jogos. As pessoas com quem eu realmente me importava foram arrancadas de mim e eu fui proibida de ser mentora. Eu apenas pude assisti-los morrer. A dor me consumindo aos poucos. Um por um. Todos mortos.

Mas eu me vinguei. Sim eu me vinguei. Plutarch Heavensbee me ajudou. Eu me vinguei da capital. Ajudei a rebelião. Fui a cabeça da rebelião no distrito 2. A capital caiu e eu assisti de camarote.

Não parou por ai não! Seria ridículo se parasse! Eu envenenei Snow.

Foi facil! Ninguém desconfiou e a única que sabia era Johanna. Uma gota de veneno na bebida do velho. Uma gota que intensificou sua tosse. Uma gota que o levou a morte. Nem mesmo o tordo teve tempo de atirar. Ele morreu na poça de seu próprio sangue. E eu assisti a tudo. No meio da correria, depois da morte de Alma Coin, eu me ajoelhei em sua frente e assisti enquanto se engasgava com o sangue. Não o sangue de quem ele já havia matado. Mas o sangue de seu próprio ser. Sua risada sádica sumindo aos poucos, substituída pelo silencio da morte.

Ninguém nunca soube, mas Snow caiu por minhas mãos.

A vingança foi feita.

Pois bem. Com o fim de tudo, minha vida voltou ao normal. Eu me tornei general e trabalhei no distrito 7 até o final dos meus dias. Não consegui voltar a olhar Enobaria. Ela crê que morri no ataque ao distrito 2. Moro com Johanna. Ela não consegue ficar sozinha. Muito menos eu. E duas problemáticas junto até que deu certo. Claro que ninguém faz idéia disso. Poucas pessoas realmente sabem da verdade, sendo elas Annie, que vive visitando Johanna, Peeta, a quem salvei da tortura da capital o tirando de dentro do complexo militar, e Plutarch.

Quando me fui, deixei uma carta. Foi tudo que deixei e ela se dirigia a todos, principalmente a ele.