“-Ela está morta!” as palavras de Alice ainda estavam na minha cabeça, eu havia a deixado para tivesse uma vida normal e sadia, não para morrer. Mas nada mais adiantava, eu havia sido um tolo em pensar que podia simplesmente deixar de existir, e agora, bem, agora nenhum de nós dois existia mais, quando ela se foi, levou meu coração consigo.

Estava no carro com Carlisle, Esme, Alice e Emmett indo para a casa dela. Minha família estava passando um tempo com os Denali enquanto eu definhava aos poucos pela solidão e pela saudade...

Eu estava buscando Victoria quando Alice me ligou.

Flashback on:

Era a decima terceira vez que meu celular vibrava no meu bolso, eu estava sendo um covarde em simplesmente não atender, mas não queria enfrentar o sofrimento de Esme, as acusações de Alice e a bondade de Carlisle, mas devia ser importante se não Alice não me perturbaria tanto.

No segundo toque da decima sexta ligação eu atendi.

-Fale! –praticamente rosnei para voz do outro lado.

-Preciso que você volte meu filho! –a voz em soluços de Esme me assustou fazendo-me levantar do porão empoeirado em que eu estava. O vampiro sorriu ao perceber que eu estaria perto de Bella.

-Por que Esme? –perguntei confuso o choro recomeçou e eu fiquei mais preocupado com o que poderia ter acontecido.

-É algo com algum de vocês? Jasper? Alice? Emmett? Carlisle? Rose? – Citei da família esperando uma resposta positiva. Meu coração morto a muito, parecia que recomeçaria a bater a qualquer momento com a única resposta que restou.

-Bella? – perguntei baixinho, temendo uma resposta positiva. Mas o telefone trocou de mãos.

-Filho? –a voz de Carlisle estava mais contida.

-O que está acontecendo pai, o que houve com Esme? Estou preocupado. – eu disse e o telefone foi passado para outra pessoa,

-Eu acabei de ver Edward. Ela está morta! –Alice disse mortificada... E ela não era a única.

Flashback Off.

O funeral havia sido há duas horas, Charlie impediu que eu fosse, mas os outros compareceram, eu fiquei escondido na floresta, os pais dela estavam inconformados com a maneira prematura de sua morte.

Minha família não conseguiu manter a postura por muito tempo, Emmett chorou feito um bebê, junto com Alice, Jasper e Rose os ampararam, Esme sentia a mesma dor da perda de seu primeiro filho.

Quando chegou a hora de descer o caixão, todos ficaram imóveis como se não acreditasse, a cena que se seguiu foi mais inacreditável ainda.

Rose estava com uma rosa branca nas mãos, ela caminhou devagar até o tumulo, quando o caixão já estava no chão, e jogou a rosa lá dento.

-Sinto muito Bella. Essa é por você Edward! No fundo eu gostava de você humana sem sal. - ela sorriu tristemente e retornou ao seu lugar ao lado de Emmett.

Agora dentro do carro com eles indo até a casa de Bella para me despedir eu não aguentava a dor que me esmagava, era como um buraco aberto no meu peito que nunca cicatrizava e sempre sangrava, eu pensava que não existia dor maior do que a abandonar, mas vê-la morta superava qualquer agonia.

A casa dela estava vazia, assim que eu abri a porta do carro não me detive e escalei a parede de seu quarto como costumava a fazer quando... Ela ainda estava viva.

-Vamos dar a você esse momento filho. –Carlisle disse ainda dentro do carro, ele acelerou e desapareceu pelas estradas vazias de Forks.

O quarto não estava como eu me lembrava, no lugar de sua cama estava uma maca hospitalar. E ao lado, vários aparelhos, que a mantiveram viva, ela havia enfrentado bravamente um câncer em seus pulmões.

Eu não havia permitido que Alice a vigiasse não tivesse como saber que ela estava doente. A cama ainda estava bagunçada e o cheiro era tão inebriante como antes, mas não fazia minha boca se encher de veneno mais.

Deite-me na maca imaginando tudo que ela havia passado, abracei seu travesseiro na falha tentativa de aprofundar seu cheiro, lembrei-me que havia deixado as fotos nossas no assoalho, rapidamente me abaixei e puxei um pedaço da madeira para cima.

Mas acima do álbum havia uma folha de papel, reconheci sua letra, ajoelhei-me no chão. Como se fosse uma espécie de objeto sagrado e fechei os olhos inalando o cheiro que estava diferente de certo modo, sua doença havia mudado alguns aspectos de seu aroma.

Abri a carta com tanto cuidado como se acarinhasse sua face.

“Edward”. Não me controlei e comecei a soluçar lendo meu nome escrito tão fortemente por suas mãos fracas e cansadas.

Primeiramente quero que saiba que não tive uma luta heroica contra o câncer, eu resolvi NÃO me tratar, eu quis! Eu escolhi NÃO FOI SUA CULPA! Por isso não se martirize.

Acho que quebrei a promessa de me manter viva, meus pulmões infelizmente não ajudam muito, mas vou resumir minha vida sem você. É tão estranho saber que estou morrendo. Dói Edward, o tempo todo. Dói não conseguir respirar, dói não ter você.

Eu não estava cumprindo minha promessa direito, não levava uma vida humana e saudável, vivia como um zumbi, não tinha alegrias nem vontade de viver.

Então comecei a sentir-me muito mal numa manhã na escola, tiveram que chamar a ambulância para mim, eu me contorcia no chão do refeitório, o ar não chegava até meus pulmões e minha consciência estava me abandonando, mas você ficou lá comigo o tempo todo. Não você obviamente, mas, uma alucinação, foi o momento mais feliz de todos esses meses, você segurou minha mão e disse que tudo ficaria bem.

Mas não ficou. Fui diagnosticada em estagio final, quando meus pulmões já não passavam de órgãos inválidos. Charlie tentou de todas as maneiras fazer com que eu deixasse os médicos me envenenarem com seus remédios, mas eu resolvi que já era adulto o suficiente para recusar.

Passei semanas no hospital indo a voltando na linha da vida e da morte, foram momentos, dolorosos, mas os viveria mil vezes se tivesse a certeza que você estaria aqui do meu lado.

Está se aproximando Edward, eu sinto a morte chegar mais perto todos os dias, mas eu espero Edward, espero que a qualquer momento você chegará e dirá algumas mentiras, vai dizer que me amou todo esse tempo, que ainda me ama, eu morreria feliz, estaria no paraíso, bem no meio do inferno.

Algumas pessoas vieram me visitar, mas muitas se afastaram. Ângela Weber, com certeza aquela garota é um anjo, vinha aqui todos os dias, fielmente às quatro da tarde me contava o que havia acontecido na escola, me fazia sorrir e ia embora, Jessica Stanley veio aqui uma única vez e nunca mais voltou... A maioria foi assim. Minha mãe veio morar aqui comigo, ela e Phill sempre ficam aqui comigo. E eu tenho um melhor amigo, o nome dele é Jacob Black, ele é um lobisomem você acredita? A magia realmente me persegue, Jacob foi um dos motivos principais por eu lutar, pelo menos um pouco.

Eu sinto muito! Sinto por não ter sido o suficiente para você, sinto muito não ser a companheira que você merecia, sinto ser essa humana invalida e doente que sou agora. Mas eu te amei (e amo) com todas as minhas forças, onde quer que eu vá.

Edward, por favor, não me deixe morrer sem te ver, eu quero apenas um ultimo sorriso seu, não te peço para me transformar em vampira e viver ao seu lado, só quero poder ver seus olhos por uma ultima vez. Eu já não consigo mais andar e falar é algo muito difícil para mim, o tempo está se esgotando Edward...

Mas se isso for uma despedida;

Adeus Edward,

Onde quer que eu esteja eu te amarei.

Eu me levantei de sua cama, beijei a carta como se fossem os seus lábios, com todo a carinho que eu podia e a guardei no bolso do meu casaco, bem ao lado do meu coração morto e agonizando. Mas eu sabia o que tinha que fazer, caminhei até a janela olhei pela ultima vez seu quarto e inspirei seu cheiro.

Corri até a fronteira de La Push, os lobos por instinto já me esperavam lá, seus pensamentos eram de pena, todos eles haviam visto de perto o sofrimento de Bella e viram o quanto ele ecoava em mim... Mas eles sabiam por que eu estava ali, escutei o tal Jacob Black pensar: Ela te amava, sanguessuga. Prometi a ela que te diria isso.

Dizendo isso ele avançou, eu fechei os olhos e por um segundo também tive minha ultima alucinação com Bella, sua voz era calma e profunda, três palavras foram proferidas, “eu te amo”.

E eu a segui.

Para luz.

Para sempre.