CADIMUS: Mutação escrita por Sombrio1


Capítulo 2
Erick: Estrada da morte


Notas iniciais do capítulo

Primeiro Capitulo. Espero que gostem .) Não deixem de comentar. Por favor. Obg. ;)



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18 de Setembro de 2016

A musica tocava no mesmo ritmo do meu coração aquela noite. Um pouco acelerada por causa da vodka e da cerveja, um pouco lenta por causa da parte minha que ainda estava sóbria. A melodia era diferente. Era composta por uma pegada de rock e ao mesmo tempo que era misturada com um hip-hop. Enquanto a musica tocava corpos distintos dançavam no salão, enquanto se entendiam em meios a risadas masculinas alteradas pelo álcool e gracejos de meninas com vontade de apenas sair dali em um carro novo.

Em meio a todo esse agito lá estava eu. Do mesmo jeito que sempre estou. Sentado com minha jaqueta de couro preto, encharcada pelo álcool que deixei cair acidentalmente. Com as calças jeans de sempre e aquele All Star que tanto amava.

Coloquei meu copo na mesa branca. Minha cabeça girava a mil. Eu estava em mim? Perguntei pra mim mesmo enquanto observava as pessoas dançando. Não me julgue mal. Não sou o tipo de caras que sai por ai, quase toda noite pra encher a cara. Na verdade eu nem sou acostumado a beber. Só estava bebendo aquela noite porque queria esquecer tudo. E esse tudo e claro, também me continha nele.

Voltei a admirar os corpos dançando. Percebi que alguns já estavam se beijando, em meio aquele monte de gente que dançava distraidamente no ritmo em que o DJ botava para tocar.

– Oi – Uma voz agitada apitou do meu lado.

– Oi - Respondi. Mas não olhei para ela. Eu não sou um sem educação. Mas naquele momento queria era apenas ficar sozinho.

– Me chamo Gabriela – A voz disse. Ela parece ser bonita. Pensei. Mas não olhei para ela. Já existiam garotas superficiais demais em minha vida. Uma a mais, uma a menos no time não faria diferença.

– Prazer sou Erick – Minha voz soou melancólica. Tomara que ela perceba e vá embora.

– Então Erick. Por que não está dançando? – Ela perguntou. Droga, ela devia estar indo embora.

– Não gosto de dançar. E você por que não está lá? – Perguntei.

– Não gosto de dançar. - Ela disse, e o silencio se estendeu entre nos. O silencio durou apenas alguns minutos, mas parecia ter sido longos e frios anos.

A musica que tocava agora era uma daquelas musicas românticas antigas, do qual nossos pais deviam ter dançado há muito tempo atrás. Ela era completamente calma, melancólica e romântica. E os corpos como zumbis sendo controlados, responderam a musica com seus corpos.

Os meninos colocaram as mãos na cintura das meninas, as meninas envolveram seus braços em torna do pescoço dos meninos como um abraço de urso. Os que estavam beijando antes, se beijavam mais agora. Com mais intensidade, com mais amor.

– O que gosta de fazer? – Ela perguntou quebrando o silencio entre nos dois. Ela havia ficado tão calada que eu nem havia percebido que ela ainda estava lá. Deve ser por que eu ainda não olhei para ela. E talvez seja.

– Sou muito diferente... – Comecei, mas ela me interrompeu.

– Ah, não me venha com esse papo de diferente Erick. – Ela dizia como uma confiança encantadora. Deve ser medica pensei. - Imagina se o mundo fosse com pessoas completamente iguais. Com certeza seria muito...

– Bom. – Dessa vez fui eu que completei. Já havia tido uma discussão parecida na minha aula de literatura. – Não haveria guerras, discriminação, as pessoas se respeitariam mais. Não se matariam.

– Acha que seriamos um mundo melhor? – Ela perguntou, mas eu sabia que ela não esperava realmente uma resposta. Eu estava fazendo forças pra não olhar para o rosto dela. Mas parecia que cedo ou tarde eu cederia. – Alteraríamos a ordem natural das coisas Erick.

– A ordem natural? Se tiver falando das pessoas inocentes que morrem nas guerras acho que está errada.”

–Pessoas morrem todos os dias, não há como controlar isso.

– A maioria morre de violência. Há como controlar isso. – Eu disse. Senti que os olhos delas estavam fixados em mim como uma tatuagem.

– Guerras são partes de nos Erick. – Ela disse. E parece que me fisgou. Não consegui conter a minha vontade então olhei para ela. Logo desejei não ter feito isso. Ela era realmente encantadora. Acho que a menina mais linda que já vi em toda a minha vida.

Gabriela tinha cabelos loiros, uma boca vermelha extremamente carnuda e vermelha. Embora a luz não permitisse ver a cor de seus olhos eu sabia que ia gostar deles também. Quando olhei para ela, parecia que meu principio de não falar fosse quebrado. Agora eu queria falar, a noite inteira se fosse possível.

– E a ordem natural das coisas. Olhe os leões, eles brigam por território. Talvez somos como os leões. – ela falava muito bem. Como alguém que tinha certeza do que falava.

– Eu acho que não concordo com você. Pelo menos nessa parte. - Disse.

Então ela se virou. Como eu estava há alguns segundos atrás. Olhando para pista de dança. E eu continuei a observa-la. A pele dela era muito branca. Os braços. Então olhei para o pulso. E lá estava aquela tatuagem. Uma ampulheta velha em que uma serpente extremamente verde se enroscava nela, sufocando e a quebrando.

– Cadimus – eu disse. Ela olhou para mim, parecia assustada. Cobriu com a manga de sua blusa a tatuagem.

– E. eu trabalho lá. – Ela disse meio sem graça. Mas ela tinha muitos motivos para isso.

Ultimamente trabalhar no hospital Cadimus, era motivo de vergonha. O hospital no qual a muito pouco tempo havia recebido boas criticas por sua grande descoberta, a cura para câncer e outras doenças, agora era criticado pelo mesmo. Cadimus começou a enfrentar sérios problemas judiciários, pelo motivo de um dos seus funcionários internos ter dito que eles tratavam mal as pessoas. Logo quem trabalhava na Cadimus era meio que um “patrão” na época da senzala.

Não falaria mais nada com ela. Não pelo motivo da Cadimus. Mas sim porque estava bêbado, precisava ir pra casa.

– Vou ao banheiro, depois vou para casa. – Disse. Ela olhou para mim. – Não pense que e porque descobri que você trabalha na Cadimus. Só vou porque estou muito ruim. – Ela sorriu.

– Foi um grande prazer te conhecer Erick – Ela disse.

Não sabia o que falar. Então simplesmente levantei. E quase cai. Eu estava realmente bêbado. Tudo ao meu redor girava descontroladamente. Fui então passo-pós-passo ate o banheiro. Encostei em uma pia. Liguei a torneira. A água estava agradável. Lavei meu rosto e me olhei no espelho.

Meu reflexo estava estranho. Eu era o mesmo cara, com aquela barba rala, com aquele cabelo preto, aquele olho azul-acinzentado. Mas por que eu me sentia um estranho? Pensei em Gabriela. Tudo que eu queria era voltar lá e pegar o numero dela. Mas não. Eu nunca faria isso. Eu e meu orgulho idiota. Fechei a torneira e fui em direção à porta. Quando abri um baque ecoou atrás dela. Eu havia acertado alguém.

– Qual e a tua? – Ele disse. Quando viu que se tratava de mim, sorriu maliciosamente. – Tinha que ser o filho da puta do Erick.

– Desculpa foi um acidente.

– Não existem acidentes Erick. – Ele disse então tirou a chave de seu carro do bolso. - Lá fora. Agora.

– Não estou com meu carro aqui. – Menti. Na verdade eu ate toparia uma corrida com aquele cara, mas estava bêbado demais para isso. Tão bêbado que nem sabia reconhecer quem ele era.

– Rick – Ele chamou. Logo em seguida outro cara se ajuntou a ele. Era corpulento, tinha cabelos ruivos e muitas sardas no rosto. – Entrega a chave do carro para ele.

Rick fez o que o grandão mandou. Atirou sua chave no ar. Agindo no automático, apanhei ela. O aço frio da chave percorreu meu corpo, como um choque. Logo em seguida o grandão que havia me desafiado se dirigiu a porta. Fui atrás. Não sujaria meu nome com o apelido de Covarde.

O grandalhão foi até um carro. O carro era muito bonito era como um daqueles que você vê em jogos de corrida. Eu não era muito fã de carros por isso não sabia a marca. Rick tocou meu ombro.

– Aquele e meu carro – Ele apontou pra um carro azul. Que era muito semelhante ao do cara que me desafiou.

Fui em direção ao carro. A minha parte lúcida dizia para eu não fazer aquilo. Mas minha parte competidora, dizia completamente o contrario.

– Se riscar meu carro, ou até mesmo o amassar, você morre. - Rick disse então se afastou de mim.

Pensei em dizer. Tenho problemas maiores que seu carro. Mas ainda gostava do meu olho, sem um grande hematoma roxo.

Coloquei a chave e dei a partida. O carro de Rick era muito confortável. Percebi que o outro carro ia para o meio da rua. Então assim como ele o mesmo eu fiz. Fui para o meio da rua estávamos separados por alguns centímetros de distancia apenas. Porem eu podia sentir o sorriso no rosto do grandalhão. Uma mulher passou pelo corredor que nos dividia um do outro.

– A corrida vai ter apenas uma volta. – Ela dizia, com uma voz bem alta para que todos que estivessem ali pudessem ouvi-la. – O primeiro que atravessar o quarteirão vence. - Ela colocou a mão dentro de sua blusa e tirou seu sutiã. - No três. – Ela disse, então se preparou para lançar o sutiã para cima no momento do três. - Um... – Pisei no acelerador enquanto um pé estava no freio para aquecer os motores. – Dois.. – Apertei o volante com tanta força que meus dedos chegaram a ficar vermelhos. – Três – Pneus cantaram enquanto os carros seguiam a uma velocidade surpreendente pela rua, ao mesmo tempo em que o sutiã voava pelos ares.

Sempre gostei de praticar rachas, Então já tinha um pouco de pratica. Mas parecia que o grandalhão tinha mais. Ele corria como se fosse o construtor daquela rua. Conhecendo cada detalhe de sua extensão.

Pisei no acelerador. Ficamos um do lado do outro. Ele percebeu. E lançou seu carro contra mim. Eu pisei mais fundo, mas ele se lançou de novo me impedindo de prosseguir. Eu já podia ver a primeira curva. Preparei-me para fazê-la com perfeição. E parece que ele também.

Quando chegamos à curva. Ele se lançou contra mim mais uma vez. A ultima vez. Meu carro perdeu o controle. Tombei. Meu carro rolou para calçada. Uma. Duas. Três. Quatro vezes. Até parar.

Estava inconsciente. Não sentia minhas pernas. Mas podia ouvir. Com os olhos semicerrados pude ver enquanto algumas pessoas vieram me socorrer.

E em meio aos murmúrios agitados delas. Eu desmaiei.


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Notas finais do capítulo

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Até a próxima .)