Prólogo

Fevereiro de 2013

Era sábado de manhã.

Já estava amanhecendo e Renne ainda dormia, mas acordou com o sol entrando pela janela do quarto e batendo em seu rosto.

Ele abriu os olhos com um pouco de dificuldade, pegou seu celular na mesinha de cabeceira e viu que ainda eram oito horas, mas ele sabia que não conseguiria mais dormir então se levantou e se arrumou rapidamente.

Em seguida, ele desceu as escadas de sua casa e foi na direção da cozinha, onde encontrou sua mãe preparando o café da manhã.

– bom dia mãe. – falou Renne e deu um sorriso.

– Bom dia Renne. – falou a mãe dele sorrindo. – você acordou cedo em um sábado, que milagre.

– eu dormi com a janela aberta ontem por causa do calor e hoje de manhã acordei com o sol batendo no rosto. – falou Renne e foi sentar a mesa para tomar o café. – mas, sabendo que o sol já deve ter saído faz bastante tempo, eu devo até ter conseguido dormir bastante.

– pois é você teve sorte de não ter acordado antes então. – falou ela e levou um bule com leite para a mesa.

– cadê o papai? – perguntou Renne percebendo que parecia que o pai dele já não estava em casa.

– ele já foi trabalhar. – falou ela e pegou um envelope que estava em cima da mesa. – Renne chegou esse envelope para você. Colocaram debaixo da porta.

– para mim? – falou Renne estranhando e pegou o envelope da mão dele. – que estranho. Ninguém me manda cartas. Ainda mais em época de facebook e Whatsapp.

– é eu também achei estranho. – falou a mãe dele enquanto o rapaz abria o envelope.

Assim que terminou de abrir o envelope, ele viu que não era uma carta e sim algumas fotos. E quando pegou as fotos, se surpreendeu muito com elas.

– não pode ser. – falou ele e uma lágrima escorreu de seu olho.

– filho esta tudo bem? – perguntou a mãe vendo novas lagrimas escorrerem pelo rosto do rapaz.

– eu tenho que sair. – falou Renne meio desorientado enquanto se levantava da mesa rapidamente e ele já foi correndo na direção da porta da casa.

– mas aonde você vai? Espera o café da manhã. – falou ela estranhando as reações do filho.

– não da mãe. Eu tenho que tirar essa história a limpo agora mesmo. – falou Renne parando para olha-la uma última vez antes de sair.

– que história? – perguntou ela ficando cada vez mais confusa.

– depois eu te conto. – falou Renne e saiu de casa apressado antes que ela pudesse perguntar mais alguma coisa.

– Renne. – ele ouviu a mãe gritar, mas não voltou para casa.

Enquanto isso, Flávia e James estavam sentados em uma cama na casa do rapaz e os dois conversavam sobre o relacionamento de Flávia com Renne que na opinião da moça, não ia muito bem.

– eu não agüento mais esperar. O Renne não quer fazer amor comigo. – falou Flávia e fez uma cara desanimada.

– Eu posso te dar assistência como já aconteceu outras vezes. – falou James com um sorriso malicioso.

– estou precisando muito da sua assistência. – falou ela mordendo o lábio e eles começaram a se beijar em seguida.

Renne chegou em frente a uma casa, a olhou por uns instantes e ao se aproximar da porta respirou fundo antes de tocar a campainha.

Depois de ele ter tocado a campainha, logo a porta foi aberta por uma mulher e Renne entrou na casa sem nem ser convidado.

– cadê o James? – perguntou Renne e dava para se notar que ele estava bem irritado.

– Renne o James esta no quarto dele. Aconteceu alguma coisa? Você parece agitado. – falou a mulher que abriu a porta e ela estava um pouco confusa com a maneira que Renne estava falando com ela afinal ela nunca o tinha visto naquele estado. Ela era a mãe de James.

– aconteceu isso aqui. – falou Renne e mostrou uma das fotos para ela que ficou muito surpresa. – desculpa falar assim, mas o seu filho é um sem vergonha.

– eu sinto muito Renne. – falou a mãe de James. – pode ir até o quarto dele se quiser conversar com ele.

– obrigado. – falou Renne e em seguida subiu as escadas da casa rapidamente.

Ele sabia bem como chegar no quarto de James afinal os dois são, ou eram, melhores amigos e ele já tinha vindo ali diversas vezes.

O rapaz chegou no quarto de James e foi entrando sem bater mesmo e se surpreendeu ao ver James beijando Flávia, a namorada de Renne, e a garota estava só de sutiã.

– o que esta acontecendo aqui? – gritou Renne já com os olhos marejados e os dois interromperam o beijo olhando para Renne em seguida com os olhos arregalados.

– Renne. – foi tudo o que Flávia conseguiu dizer.

– eu nunca imaginei que você seria capaz de fazer isso comigo Flávia. – falou Renne com muita raiva da garota. – eu achei que você me amava, mas já vi que eu estava enganado.

– não você não estava enganado. – falou Flávia ficando com os olhos marejados e o medo de perder Renne já começou a aparecer. – eu te amo Renne.

– a ama? E se me ama, porque esta quase nua beijando o meu ex-melhor amigo? – gritou Renne indignado com a cara de pau da moça.

– ex-melhor amigo? – perguntou James e arqueou a sobrancelha se questionando se isso existia.

– é. Ex melhor-amigo. Ou você achou que ia ficar tudo numa boa depois dessa cena ridícula que eu vi aqui hoje? – falou Renne o encarando. – eu pensei que você fosse meu amigo, mas eu já vi que era tudo falsidade.

– eu nunca fui falso com você quando te disse que você era meu melhor amigo. – falou James tentando demonstrar sinceridade, o que era bem difícil diante da situação que se encontravam.

– Isso não importa mais. – falou Renne visivelmente transtornado com tudo o que estava acontecendo. - Vocês me traíram. Os dois traíram a minha confiança.

– Renne foi um momento de fraqueza. – falou Flávia tentando se safar enquanto se levantava da cama e ia na direção dele. – eu tentei fazer amor com você varias vezes e você não quis. O James percebeu que eu estava carente e me seduziu. E eu acabei cedendo em um momento de fraqueza.

– eu te seduzi? – falou James e a olhou sem conseguir acreditar que ela estava mesmo jogando a culpa nele. - Você é que não parava de reclamar para mim falando que o Renne não estava dando conta do recado.

– para com isso James. – falou Flávia o olhando. – você não vai conseguir estragar o meu namoro com o Renne. eu o amo e a pior bobagem que fiz foi cair na sua conversinha só porque estava carente.

– Flávia você é que não vai fazer isso parecer só culpa minha. – falou James se irritando um pouco. – você teve coragem para trair o Renne agora tenha coragem para assumir a responsabilidade pelos seus erros.

– chega. – gritou Renne e os dois o olharam outra vez meio assustados. – não me interessa quem seduziu quem. O que interessa é que vocês estavam quase transando quando eu entrei aqui e eu não vou relevar isso. Flávia o nosso namoro acabou.

– o que? – perguntou Flávia o olhando surpresa. Ela parecia que realmente não esperava ouvir aquilo de Renne.

– isso mesmo que você ouviu. – falou Renne a olhando com desprezo agora. – o nosso namoro acabou.

– Não Renne não faz isso. – falou Flávia percebendo que estava perdendo o namorado e então começou a chorar. – eu te amo. Você não pode fazer isso com o nosso namoro.

– Foi você quem fez isso. – falou Renne e deixou novas lágrimas rolarem. Em seguida, ele olhou diretamente para James. –James eu não quero mais olhar na sua cara.

– Renne pensa melhor. Nós ja somos amigos a tanto tempo. – falou James.

– você não pensou nisso quando resolveu transar com a minha namorada. – falou Renne alterando a voz outra vez.

– Renne nós já falamos que foi um momento de fraqueza. Só aconteceu hoje. – falou Flávia ainda com esperanças de poder concertar tudo.

– a é? Só aconteceu hoje? – falou Renne e agora com certeza a raiva tinha voltado. E ele gritou suas próximas palavras. – então porque eu recebi varias fotos de vocês se beijando hein Flávia? Vai negar que estão me enganando já faz tempo?

– a casa caiu Flávia. – falou James. – ele descobriu.

– a quanto tempo vocês se encontram as escondidas? – perguntou Renne.

– Já faz uns dois meses. – admitiu Flávia. – todas as vezes que você me chamava para jantar ou algo do tipo e eu dizia que estava com dor de cabeça, na verdade eu ia encontrar com o James. E sempre que você me dizia não também.

– parece que resolveu falar a verdade agora. – falou Renne e a decepção estava estampada em seu rosto.

– Mas me diz Renne. Você acha mesmo que vai encontrar alguma garota que esteja disposta a esperar por tanto tempo? – perguntou Flávia.

– eu acredito que ainda existam garotas decentes nesse mundo. – falou Renne. – ainda bem que eu não me entreguei para você.

Depois de dizer isso, Renne saiu do quarto, desceu as escadas da casa chorando muito e saiu andando pela rua meio sem rumo pensando em todos os momentos que viveu com Flávia.

– porque fez isso comigo? Por que. – gritou ele e viu que estava em frente a um bar.

Sem pensar duas vezes, ele entrou e pediu ao atendente uma bebida.

– melhor beber para esquecer. – falou ele e virou a dose de uma vez na boca colocando o copo no balcão em seguida. – me da outra dose.

– esta bem. – falou o atendente e deu mais uma dose da bebida para ele.