O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 58
Um fio vermelho que não se rompe


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Espero que estejam gostando dos novos capítulos!

Depois de anos de hiatus, estamos na reta final da fanfic. Sim, ela está perto de terminar e neste capítulo teremos mais uma passagem de tempo, mais precisamente sete anos, logo após o combate final contra Majin Boo em sua forma original. Também vou fazer referência a uma famosa lenda oriental, o Akai Ito (fio vermelho).

Enfim, trago a vocês o começo do final. Boa leitura a todos e espero que gostem!



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Após aquele combate dificílimo contra Majin Boo em sua forma original, vencido por Goku usando sua Genkidama, combinada à estratégia de Vegeta e o apelo popular de Mr. Satan, houve uma breve discussão sobre o que fariam com o Majin Boo que sobrevivera. Tão logo entraram em um acordo a respeito, Kibitoshin os teleportara junto a Dende à plataforma celeste do Templo Sagrado de Kami Sama e a recepção não poderia ser diferente: alegria, entusiasmo e emoção nos reencontros, além de um breve momento de susto ao ver o Boo rechonchudo. Não demorou muito para que o clima de festa se restabelecesse após as justificativas dadas por Goku, Dende e Mr. Satan para a presença daquele ser rosado e a ideia de ocultá-lo por seis meses até que se coletasse novamente as esferas do dragão, invocasse Shenlong e este apagasse da memória das pessoas da Terra as maldades do agora amigo inseparável do campeão mundial.

Enquanto o jovem Kami Sama relatava tudo o que ocorrera a Piccolo e Sr. Popo, Goku comemorava sua volta junto à família Son e Mr. Satan convencia Videl de que Boo agora era bom e também propunha adotarem o cãozinho, ao qual lhe deram o nome de Bee. Bulma e Trunks foram até Vegeta, que estava mais afastado e os dois estavam realmente felizes pelo retorno do saiyajin.

Vegeta, apesar de não demonstrar, estava igualmente feliz em retornar. Até momentos atrás, tinha certeza de que jamais retornaria ao mundo dos vivos após tudo o que fizera. Por trás de sua pose de não se deixar contagiar pelas emoções e ser extremamente reservado quanto a demonstrações públicas de afeto, o saiyajin tinha dentro de si sentimentos conflitantes. Por um lado, a alegria e o alívio pelo pesadelo chamado Majin Boo ter chegado ao fim. Por outro, a vergonha e a culpa por ter contribuído para que tal ameaça ressurgisse devido a seus propósitos egoístas.

Por conta disso, parecia sentir certo peso em suas costas e se perguntava se realmente era uma pessoa “boa” que merecesse ser revivido por Porunga, o deus-dragão do planeta Namek. Na verdade, quando tivera essa ideia para formar a Genkidama de Kakarotto, não passara em momento algum por sua cabeça a possibilidade de voltar à vida. Como Piccolo lhe dissera, por conta de seus atos anteriores ao seu sacrifício para tentar deter Majin Boo, todas as lembranças seriam apagadas e ele cairia no esquecimento, enquanto sua alma se reencarnaria em outra pessoa.

Já se conformava em aquele ser seu derradeiro ato, tentando se redimir pelo erro absurdo que cometera ao se aliar àquele inseto cretino chamado Babidi por razões puramente egoístas. Estivera tão desesperado tentando resgatar seu antigo “eu” para poder se focar em superar seu rival e até então inimigo que seria capaz de jogar no lixo praticamente uma década de relacionamento com Bulma, do qual resultara Trunks, a quem abraçara pela primeira vez em oito anos. Estava realmente disposto a jogar fora e esquecer os até então melhores anos de sua vida e colocar em risco as pessoas que amava, quando ignorara os alertas de Kaioshin sobre a ameaça que estava prestes a ressurgir.

Lembrou-se de que, como dizia um dito popular dos terráqueos, “vendera a alma ao diabo”. Aprendera várias expressões assim nesse período vivendo na Terra. Ele vendera sua alma, mas não lucrara como esperava. Pensava que voltar ao que era antes seria o melhor, despindo-se de seus sentimentos, achando que estava fraco por desenvolver sentimentos humanos aparentemente fúteis e laços afetivos, e que eliminar essas coisas lhe permitiria ter poder suficiente para eliminar aquele saiyajin a quem chamavam por Son Goku.

Como demonstração, destruíra as arquibancadas do local onde ocorria o Vigésimo Quinto Torneio de Artes Marciais, matando diretamente centenas e talvez milhares de pessoas e outras morrendo indiretamente pelo caos gerado por seus ataques na tentativa de enfurecer Goku e chamá-lo para a briga. Em um desses ataques com raios disparados por ele, agora lembrava claramente que por um triz não atingira Bulma e Yamcha. Em sua memória voltava o momento em que, de relance, a vira desolada ao vê-lo fazendo aquelas barbaridades. Essa era uma das razões para estar envergonhado do que fizera antes. Ele lhe mostrara a sua pior face e vira a desolação dela ao testemunhar tudo. Preferia mil vezes o sorriso dela ou até mesmo o mau humor enquanto ralhava com ele a vê-la quase às lágrimas.

A energia desprendida do confronto contra seu rival fora decisiva para o despertar de Majin Boo. Ao sentir seu ki enquanto lutava ferozmente contra Kakarotto, percebeu o grande erro que cometera e optou por carregar sozinho o fardo de sua estupidez. Pensava que dar cabo de sua própria vida para deter Boo poderia redimi-lo daquele erro tão grave e imperdoável que cometera.

E mesmo quando Enma Daioh e Vovó Uranai o restauraram para ajudar Goku a vencer Boo, ainda estava acreditando piamente que não iria ser realmente revivido depois de tudo. De algum modo, buscava se preparar para enfrentar o esquecimento depois que tudo acabasse.

Mas lá estava ele, vivo mais uma vez e sentindo os braços de Bulma envolvendo seu braço direito e, ao mesmo tempo, sua mão esquerda instintivamente afagava os lisos cabelos cor lavanda de Trunks. Ainda fitando o horizonte de uma Terra reconstruída à sua frente, permitiu-se relaxar e parar de pensar momentaneamente naqueles sentimentos que tentavam tirar de seu coração a alegria que sentia, de tal modo que deixou seus lábios se curvarem em um raro e espontâneo sorriso.

Deixaria para pensar depois a respeito de seu fardo que lhe pesava.

 

*

 

Yamcha e Pual estavam nos últimos bancos do jato que Bulma pilotava rumo à Capital do Oeste. Ela gentilmente lhe oferecera uma carona, sem qualquer oposição da parte de Vegeta que, aliás, estava sentado no banco ao lado dela. Normalmente ele teria ido embora sozinho, voando por conta própria. E se ele quisesse realmente ir, seu corpo estava em perfeitas condições para empreender um voo do Templo Sagrado até a grande mansão amarela.

Mas, diferente de antes, o saiyajin fazia questão de acompanhá-los. Não se incomodara com o lobo do deserto indo junto e não aparentava cansaço físico apesar de sua habitual rabugice. Parecia, na verdade, bastante introspectivo enquanto Bulma contava entusiasmada que pretendia fazer uma festinha para reunir todos dentro de algum tempo e depois Trunks narrava animadíssimo como fora seu treinamento na Morada do Tempo junto com Goten, ambos supervisionados por Piccolo.

Embora observasse que aquela família parecia mais unida do que nunca, Yamcha percebia que Vegeta tentava manter sua expressão rabugenta de sempre, mas que não conseguia fazê-lo perfeitamente.

Foi quando se lembrou da conversa que tivera anos atrás com aquela enigmática vidente idosa, quando ela lhe mostrara em sua bola de cristal tudo o que aconteceria...

... E que, de fato, aconteceu.

Naquela bola de cristal, a velha vidente havia lhe mostrado justamente o momento em que Vegeta tentava deter Boo sozinho e se autodestruíra. Lembrou-se de quando sentira um aumento assombroso de ki, e essa energia explodindo para depois desaparecer, e Bulma naquele momento estivera angustiada, como se houvesse sentido de algum modo que ocorrera algo muito ruim ao saiyajin, enquanto ela e os demais buscavam pelas esferas do dragão para poder reviver os mortos nas arquibancadas.

Depois, viria a confirmação de que realmente acontecera tudo o que Yamcha vira na tal bola de cristal e ele mais uma vez se via amparando a cientista em sua dor.

Meses atrás a velhinha lhe advertira novamente a respeito em mais um encontro fortuito.

 

― Olá, meu rapaz! Há quanto tempo!

― Ah – Yamcha reconheceu a voz enquanto passava por uma das ruas na Capital do Oeste. – É a senhora! Há quanto tempo!

― Vim lembrar-lhe do que conversamos uns oito anos atrás, sobre o que mostrei na bola de cristal.

― Por quê? Alguma coisa vai mudar? Não vai acontecer?

― Pelo contrário, isso certamente irá acontecer. Aquela morte que te mostrei vai realmente acontecer.

O ex-ladrão suspirou:

― Cara... A Bulma vai ficar arrasada!

― Sim, porque a separação de duas pessoas que se amam é muito dolorosa. Ela vai precisar de muito apoio e você é a melhor pessoa para isso. Mas há algo que quero lhe revelar sobre os dois.

― Há algo mais?

― Sim, meu rapaz. O fio vermelho que liga Bulma ao homem chamado Vegeta não vai se romper.

― Fio vermelho?

― Todos nós quando nascemos temos um fio vermelho amarrado ao nosso dedo mindinho. Uma das pontas está amarrada em nós, a outra ponta está amarrada ao mindinho da pessoa que lhe é destinada. Há um fio vermelho que liga Bulma e Vegeta desde sempre, eles estavam predestinados a se encontrarem em algum momento de suas vidas. E quando dois predestinados pelo fio vermelho se unem, eles serão felizes.

― Então eu jamais conseguiria ser feliz com a Bulma, certo?

― Vocês seriam infelizes, pois você não estava na outra ponta do fio vermelho dela. E esse fio vermelho que a liga a Vegeta não será rompido nem com a morte que se aproxima.

― Acho que entendo... Será que há algum fio desses amarrado ao meu dedo mindinho?

― Talvez, meu rapaz... Mas você quer realmente saber seu futuro?

Yamcha ponderou por um breve instante e respondeu:

― Acho que não. Já tive spoilers demais. Melhor viver um dia de cada vez. Se eu tiver esse fio, beleza. – deu de ombros. – Se não, paciência.

― Sábia decisão, meu rapaz.

 

Era essa a resposta que tivera ao seu questionamento nos últimos anos. Ao longo desse tempo, Yamcha se perguntava por que o longo relacionamento que tivera com Bulma era tão ruim, cheio de idas e vindas. O rompimento era obviamente por culpa sua, não havia o que questionar. Fora infiel, como o fora por várias vezes, mas, mesmo quando ele se esforçava para ser um bom namorado, o relacionamento parecia arrastado demais, como se ambos forçassem algo que estava na cara que não daria certo.

E realmente não dera certo, jamais daria realmente.

Não, quando se lembrava das palavras da vidente e parecia quase ver um fio vermelho que ligava Bulma a Vegeta.

― Yamcha – ouviu Pual o chamando. – Algum problema?

― Não, Pual. – Yamcha sorriu enquanto ainda olhava para o casal à sua frente. – Apenas estou pensando sobre como o destino gosta de brincar com a gente. Só isso.

 

*

 

O sol poente lançou seus tons dourados por sobre toda a paisagem, dando fim a um dia extremamente longo. Depois de lanchar, optou por contemplar o astro-rei se pondo para dar lugar à noite. Nunca fora do seu feitio contemplar algo que parecia tão trivial, pois desde sempre vivia focado em aperfeiçoar suas técnicas de combate e se tornar um guerreiro poderoso e temido. Entretanto, algo em seu interior havia mudado desde que voltara à vida e com isso surgiram mais sentimentos conflitantes.

Sentimentos esses que tanto rechaçara por pensar que lhe seriam nocivos, mas a verdade era outra.

Vegeta teve seu fluxo de pensamentos interrompido por um ki que se aproximara dele, como se aproveitasse sua distração. Não era preciso qualquer esforço para reconhecer a presença de Yamcha, por isso nem se deu ao trabalho de se virar para vê-lo.

― Diga.

― Eu tava de saída e a Bulma me pediu para te chamar, ela estava te procurando.

― Daqui a pouco eu desço.

Um breve instante se passou e Vegeta percebeu que Yamcha não saíra do teto da mansão.

― O que ainda faz aqui?

― Antes de descer, Vegeta, só queria dizer umas coisas sobre a Bulma enquanto você esteve ausente.

― Diga. – ele se pegou respondendo.

― A Bulma teve a ideia de procurar pelas esferas do dragão para reviver as pessoas que você matou no torneio. E quando você se sacrificou para tentar deter Majin Boo, ela ficou inconsolável quando soube. Ela te ama pra caramba, Vegeta, e é feliz ao seu lado. Eu não seria capaz de dar isso a ela.


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