O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 34
Medo e tensão: "Você vai ser pai!"


Notas iniciais do capítulo

Bulma está insegura... Como contar a Vegeta sobre sua gravidez? E qual será a reação dele?



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Bulma saiu do consultório e encontrou o Sr. Briefs, que já estava à espera dela.

― E então, Bulma? – ele perguntou. – Como foi a consulta?

O rosto da filha estava com um ar preocupado:

― Posso contar quando chegar em casa? Quero falar sobre isso para a mamãe também.

― Tudo bem. Vai comprar algum medicamento? Podemos passar pela farmácia no caminho.

― Sim, vou precisar de um remédio para enjoos.

Durante o trajeto, após passar pela farmácia, Bulma tentava processar direito os últimos acontecimentos em que estivera envolvida. Ainda não havia caído direito a ficha, estava difícil de acreditar que estava realmente grávida. E, pra completar, estava grávida de Vegeta. E o que mais lhe dava medo no momento era como ele reagiria ao saber disso. Começou a roer, angustiada, a unha do polegar de sua mão direita. A reação de seus pais já seria previsível, eles sempre diziam estar ansiosos pelo dia em que ela lhes daria um netinho. Nesse aspecto eles eram incrivelmente flexíveis.

O restante era uma incógnita. Não saberia ao certo a reação de, por exemplo, Goku e os outros ao saber de seu envolvimento com Vegeta. Provavelmente – ela passava a deduzir – eles reprovariam de forma veemente. E poderia ser pior, com o fato de que agora estava grávida do “inimigo” de seus amigos. Mas, mais do que a reação de seus amigos, ela temia a reação de Vegeta. O príncipe saiyajin era imprevisível. Dificilmente conseguia saber quando ele estava com um humor “razoável”. E conhecia muito bem seu temperamento explosivo.

No entanto, tinha medo do que ele poderia ser capaz de fazer. Claro, já estava habituada a isso, mas agora era diferente. Não se sentia em condições de enfrentar o saiyajin dessa forma.

O medo começava a tomar conta dela, à medida que se aproximava de casa.

O aerocarro parou e eles desceram. Bulma respirou fundo antes de entrar em casa. Seu coração ia a mil de tanta tensão e insegurança. Instintivamente, olhou para a direção onde estava a nave Cápsula 3 e logo sentiu um calafrio. Apenas uma palavra vinha à sua mente: medo.

Enquanto o Sr. Briefs encapsulava o aerocarro, Bulma abria a porta. Quando abriu, ela gritou e pulou para trás de susto.

― Você ficou maluca ou o quê? – Vegeta perguntou. – Viu alguma assombração por acaso?

A cientista pôs a mão no peito. O seu coração batia violentamente a mil. Não esperava dar de cara com o saiyajin tão cedo. Começou a suar frio, não sabia o que falar. Até que, depois de engolir seco, disse:

― Se precisar de mim, daqui a pouco pode me chamar.

No entanto, Vegeta segurou-lhe o pulso:

― Espera aí.

― Ai, Vegeta! Tá me machucando, me solta!

Ele a soltou.

― Nem usei tanta força assim, sua exagerada!

― O que você quer comigo? – ela perguntou esfregando o pulso dolorido.

― Afinal – ele já ficou impaciente. – O que você tem?

― Creio que isso pode ser assunto meu, não? – ela se pôs na defensiva.

― Você está mais estranha do que o normal.

― E daí? Você acha que tudo aqui é estranho! – Bulma passou por ele e entrou logo.

― Mas eu sei que você está me escondendo algo! – Vegeta falou sem saber se ela o ouviria.

 

*

 

Bulma chegou logo ao quarto e se jogou na cama, bastante cansada. Não fisicamente, mas mentalmente. Tentava achar um jeito de contar tudo ao saiyajin sem maiores problemas, porém estava difícil de se encontrar alguma forma de fazê-lo. Tentou relaxar um pouco, nem que fosse por uns breves minutos, mas a tensão que sentia não permitia isso. Apesar disso, conseguiu se tranquilizar um pouco.

Levantou-se e trocou de roupa, colocando uma mais leve e fresca. Saiu rumo à cozinha para ver se conseguia almoçar. Sentia-se bem melhor dos enjoos que andava tendo.

― Está com apetite hoje, filha? – perguntou a mãe.

― Eu acho que sim, mamãe.

― Que ótimo! E o que deu na consulta com a Dra. Yuuki?

― Bom, mamãe...

― Desculpa interromper a conversa, mas... – disse o Sr. Briefs. – Já está pronto o almoço, querida?

 Oh, sim! Vamos pra mesa, eu acho que você gostaria de ouvir o que a Bulma vai contar sobre a consulta que fez hoje.

― Ah, sim... Ela disse que queria contar para nós dois juntos, não é isso, filha?

― Ah, é – Bulma estava meio corada. – É que eu fiz os exames que a Dra. Yuuki pediu e não saiu nada com que se preocupar.

― Mas, e os seus enjoos? – sua mãe perguntou.

― Sobre isso, bem... É que... É que eu estou... Grávida.

Breves segundos de silêncio tomaram conta do local. Bulma só esperava pela reação dos pais, que não tardou a aparecer:

― Oh, que maravilha!! – exclamou a Sra. Briefs e abraçou a filha. – Agora vamos ter um netinho pra alegrar a nossa casa!

― Será que vai ser um menino ou uma menina? – o marido perguntou também animado.

― Querido, se for uma menina, vai ser linda, igualzinha à mãe. Agora, se for um menino... Acho que ele vai ter a beleza selvagem do pai, e assim vai sair tão bonitão quanto ele!

Bulma só poderia rir de modo meio constrangido, enquanto via a mãe imaginando como seria seu futuro neto ou neta. Estava tão sem reação, que só lhe restava rir mesmo.

 

*

 

Noite. A brisa fresca entrava suavemente no quarto. No entanto, Bulma não conseguia pegar no sono, estava difícil fazê-lo. Levantou-se da cama e, inevitavelmente, olhou-se no espelho do quarto. Fitou o seu próprio reflexo com um olhar minucioso. Agora começava a se ver com outros olhos, tentando imaginar como seriam as transformações pelas quais seu corpo iria passar.

Sabia que a partir dali seu corpo seria diferente.

Ainda com os olhos azuis fitos em seu reflexo, tentava pensar em como seria sua vida diária agora que ali, dentro de si, outra vida estava sendo gerada. Enquanto pensava em tudo isso, instintivamente pôs a mão sobre o seu ventre que ainda não havia se alterado.

“É...”, pensou. “Já estou começando a me sentir diferente...”

De repente suspendeu sua respiração. Pelo reflexo do espelho percebeu que alguém estava por ali. Ele estava ali e a observava, só não sabia há quanto tempo. Mas, mais cedo ou mais tarde teria que encarar Vegeta e seu temperamento forte e imprevisível.

― Você é mesmo muito estranha. – ele comentou.

Olhou para trás e deu de cara com o rosto do saiyajin, que exibia um leve sorriso irônico.

― E então? – ele a encarava com seu olhar penetrante. – Me diga... O que você anda escondendo?

Mais uma vez aparecia a insegurança no rosto de Bulma, que mordeu o lábio inferior. No entanto, ergueu a cabeça e o encarou:

― Como sabe se estou escondendo alguma coisa?

― Eu apenas sei.

Ela suspirou. Mais cedo ou mais tarde teria que contar. Recuperou o seu típico ar decidido e o encarou mais uma vez:

― Tudo bem, você venceu, Vegeta... Eu tentava arranjar outro modo de te dizer isso, mas...

― Mas o quê?

― Mas já vi que não tem jeito. Bom – ela respirou fundo. – Eu... Eu estou esperando um filho seu. É isso. Eu estou grávida... Você vai ser pai.

O saiyajin não pôde evitar ter um pouco de surpresa. Mas logo tudo começou a fazer sentido na sua cabeça.

― Então... – ele disse com sua típica indiferença após um breve momento de silêncio. – Então é por isso que eu sentia que seu ki estava diferente depois daquele dia. Não era apenas um ki... São dois!

― Como assim?

― São dois kis em você. – ele explicou. – Um é o seu, e do outro eu sinto um ki saiyajin.

― Um ki saiyajin?

― Sim. Dentro de você.

― Então você já sabia disso.

― Sim. Já imaginava que seria meu. Mas não pensei que teria um filho, e ainda por cima, um mestiço.

“Onde vim parar”, pensou ao olhar para Bulma e sentir aquele novo ki mais uma vez. “Agora vou ter um filho mestiço. Se os outros saiyajins estivessem vivos, com certeza eu seria motivo de piada entre eles!” Por trás daquela fachada de indiferença, Vegeta começava a se odiar por tudo o que havia acontecido até então. Seu orgulho de príncipe saiyajin não o deixava em paz, acusando-o durante todo o tempo.

Ainda estava tentando digerir tudo aquilo, mas não seria fácil.


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Notas finais do capítulo

Continua...

—__________

Notas:

Bom, sobre este capítulo em especial, a minha intenção inicial era fazer com que a reação de Vegeta fosse algo bem cômico. Por que eu não coloquei essa ideia? Bom, porque eu pensei bem e achei que não teria muito a ver com o anime. E, no anime - mais precisamente na Saga dos Androides - Vegeta pouco se importa com o fato de ter esposa e filho. Então, achei melhor que ele agisse com alguma dose de indiferença ao saber da gravidez de Bulma. A reação cômica ficaria legal, mas achei melhor optar por uma que fizesse mais sentido com o momento.

Bom, mas ainda não abandonei essa ideia, penso em usá-la numa fic em um futuro próximo...

No mais, um abraço a todos e até a próxima!