O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 37
Confissões em um diário - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Continuação do desabafo de Bulma. Será que depois desse afastamento por parte de Vegeta pode ter uma reaproximação?



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Ah, Diário...

Preferia mil vezes que o Vegeta reagisse de outro modo! Fica parecendo que eu quase nem existo pra ele!! Já faz mais de dois meses que ele está me evitando! Não quero acreditar que seja só porque ele me engravidou... Se for, não entendo por que ele não me fala nada! É esse “gelo” dele que me deixa louca... Por que ele não fala nada, não desabafa, não diz por que quer manter distância de mim?

Pra você ter uma ideia, Diário, nem me azucrinar ele me azucrina! E ele adorava fazer isso. Nem mesmo rola uma discussão...

Estou angustiada, Diário... Ele faz de tudo pra me evitar... Não almoça no mesmo horário que eu, vai treinar muito longe, e já faz tempo que ele voltou ao quarto de hóspedes, fazendo o que pode pra não cruzar o meu caminho...

É horrível isso...

É horrível ver a pessoa que eu amo me ignorar assim na cara dura... Quase fingir que não existo mais, tentando me evitar o máximo possível...

Isso dói muito...

Droga... Já comecei a molhar a sua folha...! Mas não dá pra parar, eu preciso chorar pra me aliviar... Depois eu volto.

 

Bulma parou de escrever antes que as folhas de seu diário ficassem encharcadas pelas lágrimas que saíam sem querer. Por isso, pôs o diário à beira da cama. Enxugou os olhos úmidos e saiu do quarto, para beber água e tomar um pouco de ar. Não podia ficar assim, pensou.  Deveria erguer a cabeça, não agir como uma derrotada.

A luz do quarto ficara acesa e a porta da sacada, aberta. Um vulto havia visto tudo o que ocorrera. O vento soprou, agitando a cortina e as folhas do diário, o que chamou a atenção do tal vulto. Movido pela curiosidade, este se aproximou da cama e olhou o caderno de capa vermelha e seu conteúdo.

Bulma voltou ao quarto e acendeu a luz. Olhou-se no espelho e disse para si mesma:

― Hm... Vou ter que cortar o meu cabelo, ele está muito comprido.

Foi para a cama e, antes de apagar a luz para dormir, sentiu falta de algo:

― Ué...? Cadê o meu diário?

Olhou para o chão, próximo ao local onde o diário estava antes de ela sair. Ele estava caído lá, aberto e com as folhas para baixo. Respirou aliviada.

― Acho que tô ficando meio doida... Quem viria aqui pra bisbilhotar um diário? Relaxa, Bulma... – sorriu e disse para si mesma. – Você não pode ficar estressada assim!

 

*

 

Estava com uma sensação ruim.

Era como se algo apertasse o seu coração a ponto de quase espremê-lo. E havia piorado assim que chegara ao seu quarto. Desfez-se logo da armadura, das luvas e das botas e jogou-se na cama, começando a fitar o teto do quarto com ar pensativo. Pensava que um afastamento de Bulma o deixaria melhor e menos confuso, mas estava completamente errado. Estava menos confuso, verdade, mas não se sentia melhor. Muito pelo contrário, estava cada dia pior.

Tinha ficado muito mal-acostumado. E aquele caderno vermelho o deixara ainda pior.

Caderno vermelho?

Sim, ele esteve na sacada do quarto de Bulma assim que voltara do seu treinamento. A luz acesa lhe chamara a atenção mais do que de costume, até pelo horário. Quando chegou lá, ela estava no local, sentada na cama e escrevendo no tal caderno. Durante esse tempo ouviu soluços vindos dela. Esgueirou-se para mais perto da porta da sacada para ver o que ocorria. Viu Bulma enxugar os olhos azuis e sair, largando o caderno.

O saiyajin acabou tomado pela curiosidade. Queria saber que ligação tinha o tal caderno de capa vermelha com o fato de ela ter chorado. Entrou de fininho e foi direto ao caderno aberto nas páginas mais recentes. Inevitavelmente, começou a ler o conteúdo escrito. Já tinha noção de leitura e escrita dos terráqueos, o que facilitou sua “tarefa”. A letra da cientista era legível e, de certa forma, bonita.

“Ela escreve tudo?”, pensou.

Chegou às páginas mais recentes e por algumas vezes ficou rubro, se controlando para não ficar nervoso. Sem contar que estava visivelmente embaraçado. Uma expressão de embaraço surgiu no rosto do guerreiro enquanto lia mais alguns trechos.

“Definitivamente, ela escreve tudo...! Até sobre mim...!”

Ao ler a última página escrita, seu coração ficou apertado. Não fazia ideia de que ele não era o único a se sentir mal com seu afastamento. E isso ficou ainda mais evidente após perceber que aquela página ainda estava úmida. Suspirou. Não sabia quando estava sendo mais ridículo: se era ali bisbilhotando um diário ou se era quando estava dando aquele “gelo” em Bulma, fazendo o máximo possível para se afastar dela.

De repente, ouviu o clique da fechadura sendo aberta. Sentiu que era o ki dela e rapidamente saiu, deixando o caderno cair no chão perto do local onde o encontrara.

 

*

 

O vento soprava suavemente no quarto de Bulma. Ela acordou de seu cochilo e viu um vulto conhecido na sacada.

― Ué, Vegeta...? – ela perguntou. – O que está fazendo aqui?

― Eu tenho que dizer? Pensei que estivesse dormindo.

― Eu só estava cochilando. Ando meio sem sono.

Ele nada respondeu. Permanecia sentado na balaustrada da sacada como habitualmente fazia. Ela se aproximou ainda insegura. Temia que ele não a quisesse.

― Sei que você está perto. – ele disse e acrescentou uma pitada de humor. – Você sabe que não mordo.

Bulma não entendeu logo o que ele queria dizer e hesitou em se aproximar.

― Depois de tudo você ainda tem medo de mim? – ele sorriu com ironia. – Logo você, a “destemida” Bulma?

― O que você está sentindo, hein, Vegeta?

― Eu também tenho o direito de sorrir de vez em quando, não? Também tenho dias em que estou com um pouco de bom humor.

Dessa vez foi Bulma que sorriu. O sorriso do saiyajin era algo raro de se ver. E para a cientista, era algo belo de se ver e tal visão a encorajou a se aproximar dele na balaustrada. Num rápido movimento, ele desceu da grade e ficou ao lado dela. Ambos passaram a fitar o horizonte noturno por um breve momento até que ela rompeu o silêncio:

― A nave está quase pronta. Falta pouco para terminar a reforma.

― E em quanto tempo ela fica pronta?

― Acho que mais um ou dois dias, no máximo.

― A previsão seria até amanhã. – ele observou.

― É, eu sei. Mas é que amanhã vou ter que fazer mais alguns exames do pré-natal. E já vou poder saber o sexo do bebê, já que vou entrar no quarto mês de gestação. Você gostaria que fosse o quê? Um menino ou uma menina?

― Tanto faz.

― Sem graça! – disse, empinando o nariz, mas logo abandonou a pose. – Ai... Logo vou ter que comprar roupas novas...

― Mais? Você já não tem roupas demais, não?

― Se você ainda não reparou, já estou começando a não caber nas que eu tenho! Não tá vendo a minha barriga crescer?

― Não acho que tenha crescido tanto assim. Você está exagerando.

― Não estou, não, e ainda nem chegou na metade da gestação. São nove meses, o que quer dizer que ainda faltam cinco meses pro bebê nascer! Conclusão: A minha barriga ainda tem muito o que crescer!

― Que seja.

Mais outro breve momento de silêncio entre os dois, que voltaram a fitar o horizonte escuro, mas salpicado com algumas estrelas. Bulma sentiu algo por cima de sua mão esquerda. Percebeu pousada sobre ela a mão direita de Vegeta.

Seria o sinal do fim do afastamento de ambos?


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Notas finais do capítulo

Continua...