O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 28
Nas alturas!




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Vegeta como sempre acordou no seu horário de costume, mas se sentia meio dolorido. Talvez, pelo mau jeito com que havia dormido no sofá. Quando tentou se levantar, percebeu que Bulma estava apoiada em seu ombro ainda adormecida. Teve novamente aquela sensação estranha tomando conta de si, como sentia toda vez que se aproximava demais dela. Parecia que alguma coisa em seu interior estava em efervescência total. No entanto, sentia-se bem ao sentir o calor dela encostada a si.

Viu à sua direita dois almofadões que estavam no sofá e os alcançou. Colocou um deles entre ela e o seu braço esquerdo, que estava meio dormente. Em seguida, colocou o outro almofadão logo abaixo do primeiro. Bulma se espreguiçou e se ajeitou no grande sofá assim que o saiyajin saiu.

 

*

 

Já fazia bastante tempo que a tempestade de neve havia parado. Se seus cálculos estivessem certos, a nevasca que cobrira toda a Capital do Oeste cessara pouco depois do amanhecer, o que não significava que estava menos frio naquele exato momento. Estava tão frio, que o simples ato de respirar fazia com que saísse uma densa fumaça pelas suas narinas. Estava ali não simplesmente por estar, mas porque precisava fazer pelo menos alguns minutos de aquecimento rápido.

Tirou o sobretudo, que revelou seu uniforme de luta. Iria fazer seu aquecimento por ali mesmo já que, graças à sua resistência de saiyajin, ele não sentia tanto os efeitos das baixíssimas temperaturas do inverno. Mesmo que a nave ainda não estivesse funcionando, ele preferia ao menos se exercitar para não perder o ritmo dos treinos quando a nave estivesse pronta para retomar seus treinos com a máquina de gravidade.

Começou com uma sessão de alongamentos para depois partir para as flexões e, em seguida, para os abdominais e outros exercícios de aquecimento. Ao fim desse aquecimento, Vegeta começou a treinar ao ar livre seus socos e chutes em meio a saltos e voos. Porém, em meio a um desses saltos, mais precisamente no momento de aterrissar, acabou afundando o pé esquerdo no gelo.

― Mas o que é isso? – ele esbravejou. – Maldição! Eu me esqueci do resultado da nevasca de ontem!

Puxou o pé de volta, mas a sua bota acabou ficando enfiada dentro da espessa camada de neve, sobrando apenas a borda do cano. Vegeta ficou inconformado, puxou com tudo o calçado e caiu sentado, praguejando muito.

― Não dá nem pra ter um treino decente por aqui!

Ainda emburrado, calçou a bota e pegou o sobretudo, jogando-o por cima de si e indo para dentro da casa enquanto resmungava. Era melhor tomar logo uma ducha bem quente para tentar relaxar.

 

*

 

Bulma estava agora com uma touca roxa enterrada até as orelhas, além de estar vestindo saia xadrez de flanela, meia-calça de lã e um sobretudo cor caramelo. Em frente à porta da casa, e com uma pá na mão, pensava por onde começaria a tirar toda aquela neve. Ô tarefinha ingrata para uma garota tão “frágil” e delicada... Empunhou a pá e começou a cavar o gelo e jogar para o lado. Depois de alguns minutos e bastante esforço havia apenas avançado alguns passos. Passou a mão na testa e se desanimou, pois ainda não avançara nem metade da metade do caminho.

― É nessas horas que eu gostaria que tivesse alguém por aqui que fosse útil o bastante pra tirar essa neve daqui...

De repente, um grande clarão passou bem ao seu lado, fazendo desaparecer o gelo que deveria ser removido e explodindo um aerocarro estacionado no outro lado da rua. A cientista simplesmente ficou com os olhos azuis esbugalhados, tentando não acreditar no que via: um corredor cheio de vapor do gelo que estava ali e que acabara de ser derretido.

― Tá dizendo que eu sou inútil? – disse uma voz sarcástica logo atrás dela.

Bulma se arrepiou toda. Não, não era só por causa da proximidade de Vegeta em relação a ela, mas principalmente porque temia que ele chamasse a atenção com seus superpoderes.

― V-Você é... Você... É... Maluco...!

Ele deu o sorriso mais cara-de-pau que possuía naquele momento. Ela se refez e esbravejou:

― Você enlouqueceu? Se tivesse alguém ali, poderia ter sido morto! Será que não percebe o que fez?

― Não tinha ninguém lá, se isso te deixa feliz. Além disso, você está chamando mais atenção do que eu.

Bulma não tinha onde enfiar a cara naquela hora, já que alguns transeuntes olhavam justamente para ela. Olhou para trás, mas ele já havia ido embora.

― Você me paga, Vegeta! – murmurou.

 

*

 

Horas depois, via-se totalmente entediado outra vez observando as pessoas deslizarem pelo gelo. Não achava muita graça em ver aquilo, mas era bem melhor do que tentar e ele já havia tentado patinar no gelo sem sucesso – e não voltaria a tentar de novo tão cedo. Vegeta era um príncipe saiyajin, não deveria pagar micos a torto e a direito. Estava sentado displicentemente sobre o banco e passou a olhar mais especificamente para a mulher de cabelos azuis que patinava feito uma adolescente. Ela deslizava graciosamente sobre o gelo com uma leveza incrível.

E olha que ela havia aprendido a patinar há uma hora e meia... E havia tomado apenas três tombos. Já ele havia desistido logo no primeiro tombo para não passar por mais uma situação embaraçosa e virar alvo de piadas ridículas de humanos. No entanto, o guerreiro levantou-se do banco e se aproximou da grade próxima do local onde as pessoas estavam patinando. Seu olhar acompanhava Bulma por onde quer que ela patinasse.

O tempo passava e a noite chegava. As luzes se acendiam enquanto as pessoas deixavam o local, pois a temperatura estava diminuindo aos poucos.

― Nossa – ela disse, enquanto soltava os patins das botas. – Como o tempo passa!

Procurou no bolso do sobretudo por alguma coisa, mas não encontrava.

― Droga... Será possível que eu perdi a minha cápsula...?

― Deve ter perdido. – era a voz do saiyajin. – Você sempre foi uma louca distraída.

― Distraída uma ova! Só não sei onde foi parar... Deve ter caído do meu bolso e alguém carregou embora. Vou ter que andar um pedação a pé pra chegar em casa.

De repente, algo ou alguém agarrou firmemente a sua mão, levando-a para o alto. Sentia que seu corpo subia sem parar.

― Ei, o que está acontecendo?!

― Será que nada te deixa contente? Você reclama demais!

― Estamos... Voando...? – ela perguntou, ao ver a cidade e seus pontos luminosos vários e vários metros abaixo dela.

― Não. Não estamos voando. Estou flutuando e segurando uma garota terráquea escandalosa, que parece que nunca voou em toda a sua vida, apesar de se gabar demais.

― Eu não preciso ouvir isso, Vegeta, pode me soltar!

― Não seja por isso. – ele disse e a soltou.

Bulma despencou alguns metros em queda livre jurando que, se sobrevivesse àquela queda, transformaria a vida do saiyajin num inferno e imploraria para que Goku o matasse. No entanto, sentiu que dois braços fortes a seguravam interrompendo o trajeto descendente que estava tomando rumo ao chão.

― Você é maluco pra me deixar cair desse jeito? – ela esbravejava, socando o peito do saiyajin. – O que você pensa que é pra me matar de susto dessa maneira? Será que não pensou que eu poderia morrer com uma queda dessas?

A única resposta que ela ouviu foi uma sonora gargalhada de Vegeta que parecia bem... Espontânea?! De duas, uma: ou ele tava “alegrinho” demais, ou ela é que tava pirando de vez. Nunca, NUNCA, em toda a sua vida, havia visto Vegeta rir espontaneamente, aquele tipo de riso totalmente desprovido de seu típico sarcasmo.

A ela só restou dar um sorrisinho amarelo e totalmente sem graça.

― Se eu deixasse você cair, quem terminaria de consertar aquela máquina de gravidade, hein?

Bulma se sentiu vencida.

― Vamos pra casa... Eu tô cansada.

― Então se segura direito. Não vou me responsabilizar se você se soltar e se espatifar lá embaixo.

― Mas você é chato, hein, Vegeta!

O saiyajin, com uma das mãos, segurou-a firmemente pela cintura enquanto ela segurava-lhe o pescoço para garantir que não tivesse o risco de cair durante o voo. O vento frio batia suavemente no rosto dela, enquanto iam voando em velocidade moderada. No entanto, num dado momento, Vegeta subiu mais alto, passando por entre as nuvens até chegar acima delas. Para a surpresa de Bulma, eles estavam voando acima das nuvens e abaixo das estrelas que estavam incrivelmente cintilantes. A cientista não acreditava no que estava vivendo... Seria real tudo aquilo? Seria mesmo real estar voando acima das nuvens com ele?

Era real. Era mesmo real aquele vento gelado no rosto, aquele frio na barriga, aquela mão firme que a segurava... Tudo era absolutamente real.

Um sonho real.

Logo que percebeu, estavam logo acima da enorme mansão amarela. Desceram até a sacada do quarto dela. Os olhos azuis da cientista estavam brilhando tanto quanto as estrelas que viram acima das nuvens.

Os dois se encararam por alguns instantes e, sem pronunciarem qualquer palavra, partiram para um quente beijo, carregado de ansiedade e urgência, como se um estivesse extremamente necessitado do outro. Era, talvez, o beijo mais ardente que já haviam tido, com direito até a uns primeiros e poucos “amassos”. Depois disso, Bulma destrancou a porta da sacada. No entanto, acabou tropeçando e caindo no chão, levando Vegeta junto. Agarrou a gola do casaco do saiyajin e fez com que o rosto dele se aproximasse uma vez mais do seu.

― Não vai me dar um beijo de “boa-noite”? – ela sussurrou de forma sedutora e com um risinho abafado.

Beijou-o mais uma vez. O saiyajin, claro, entrou no “joguinho” dela e intensificou esse beijo. Bulma parecia viciante. Como é que nunca sentira vontade de se envolver antes com uma fêmea? Talvez porque nunca tivera uma chance. Sua chance estava ali, e tinha cabelos e olhos azuis. Não iria ser tolo de desperdiçá-la. Pelo contrário, iria aproveitar cada instante.

E ela também. Principalmente ela.

E entre mais beijos e amassos, os dois pararam bem na hora em que as coisas poderiam esquentar ainda mais. Na verdade, Vegeta parara abruptamente, quase sem fôlego e todo escarlate. Engoliu seco umas duas vezes antes de desaparecer do quarto de Bulma e ir correndo para o seu. Entrou no quarto ainda ofegante, e fechou a porta logo atrás de si, encostando-se nela com as pernas totalmente bambas, o rosto suando muito e a roupa ligeiramente desalinhada pelos agarrões da terráquea. Fechou os olhos para tentar retomar seu autocontrole e relaxar. Seus hormônios estavam tão nas alturas como ele quando havia voado com ela.

― Maldição... – ele praguejou, ainda tentando se recompor. – Quase cometo uma loucura... Ainda não estou pronto para uma coisa dessas... – deixou escapar, segurando uma cápsula na mão. – Não estou...!


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado dele! Até a próxima!



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