O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 12
Depois da festa - Parte III, ou "Ressaca com Milk Shake"


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui vai um pouquinho do sofrimento de Yamcha após o fim do namoro com Bulma, e como ele resolveu afogar as suas mágoas após o rompimento...



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No apartamento reinava a bagunça geral. Parecia que um tufão havia passado. Dezenas de pacotes vazios de batatas fritas jaziam no chão da sala junto a várias latinhas de refrigerante e peças de roupa, entre outras coisas. E jogado no sofá estava Yamcha, que dormia deixando escorrer baba para o braço do sofá. Pra completar, ainda estava com a fantasia que Bulma alugara para ele.

O sol surgiu pela janela da sala indo direto ao rosto de Yamcha, que acordou. Nem tinha dormido direito durante a noite, no máximo cochilara por uma hora e meia. Sentou-se no sofá, bocejou, esfregou os olhos e limpou a boca com o punho do uniforme branco, onde fixou seu olhar sonolento.

“Idiota. Você é mesmo um idiota, Yamcha.”, pensou.

― Yamcha? – Pual perguntou. – Você tá bem?

― Eu bem que queria, Pual... Bem que eu queria estar bem.

O gatinho azul estava preocupado. Não que ele não soubesse a razão de seu amigo chegar daquele jeito após a festa na casa de Bulma, mas preocupava-se com a reação dele após o fim do namoro entre ele e a jovem de cabelos azuis. Yamcha estava mesmo na maior fossa. Antes de voltar ao apê, o guerreiro decidiu afogar as suas mágoas num bar, enchendo a cara de...

― Milk shake, de novo?! Essa já vai ser a décima sétima taça de milk shake, meu chapa!

― E daí? – Yamcha respondeu ao balconista. – Sou eu quem tá pagando tudo isso! Anda logo com esse milk shake, que eu preciso afogar as minhas mágoas!

― Tá bom, tá bom... – o balconista revirou os olhos e acrescentou de forma debochada. – Como desejar... “Alteza”!

Ele ainda estava com o traje da festa, aquele uniforme branco de príncipe. Não podia evitar lembrar-se do fora que levara de Bulma. O namoro, depois de tantos anos e de tantas idas e vindas, chegava mesmo ao seu fim. E da forma mais patética possível.

A confirmação – para Bulma – de que ele não passava de um mulherengo vulgar.

Recebeu mais uma enorme taça de milk shake e bebeu tudo num instante, para depois soltar um sonoro arroto.

― Me dá mais aí!!

― De novo? – perguntou o balconista.

― É claro que sim, dããããã...

― Olha cara, desculpa estar me intrometendo, mas parece que você tá na fossa, não é mesmo?

O olhar de Yamcha tornou-se triste como o olhar de um cachorro que caiu do caminhão de mudança.

― Ah... – prosseguiu o balconista coçando o queixo. – Você levou chifre da sua namorada, não é mesmo?

― Não, ela me deu um fora.

― Pelo jeito foi porque ela já estava de olho em outro, não é mesmo?

― Não.

― Então, o que aconteceu? – o balconista já começava a atacar de psicólogo.

― Apenas cometi o maior erro de toda a minha vida... Eu chifrei a minha namorada... Eu a traí com outra!

― E ela te pegou no flagra, não foi?

Yamcha, que estava sentado num banco em frente ao balcão, começou a bater a cabeça contra a bancada à sua frente. A cada pancada dada contra o balcão, ele se xingava:

― Burro, imbecil, babaca, trouxa, idiota...!

― Ei, calma aí! Não é o fim do mundo!

― Claro que é! – Yamcha, desesperado, agarrou a gola da camisa do balconista. – Como você lidaria com um namoro que durou mais de uma década e que acaba de repente, e ainda por cima por uma burrada sua?!

― M-Mais... Mais de uma década...?! – o olho esquerdo do pobre homem tremia num tique nervoso. – Sinceramente, isso não era namoro, cara... Um namoro tão longo assim é pura embromação!

Yamcha largou o outro e se ajeitou resignado no banco. O cara estava coberto de razão. O namoro entre ele e Bulma não passava de pura embromação.

― Mas eu sou um idiota mesmo... – Yamcha desabou. – Como pude ser tão burro? Como pude desperdiçar a chance de me casar com a garota da minha vida...? Eu sou mesmo um idiota, um grande idiota...! Por que não consigo resistir a um rabo de saia?

O balconista o olhou com pena e comentou:

― Nossa... Se com milk shake ele tá assim, imagina se ele tivesse tomado umas biritas... Seria muito pior!

― Yamcha? – Pual perguntou, agitando uma patinha diante dos olhos do amigo. – Você tá acordado?

― Ah – ele respondeu, saindo do transe. – Tô, sim... Não se preocupe...

Yamcha olhou novamente para a manga do uniforme branco. Teria que encarar Bulma no dia seguinte ao acontecido.

“Não quero mais te ver, Yamcha!”

Não tinha coragem de ir até lá. Não, depois de ela ter dito isso. Sua cara caía completamente de vergonha depois do acontecido. Não podia simplesmente dar as caras assim, mas era preciso. Levantou-se e foi ao quarto. Trocou de roupa e pôs a fantasia branca no cabide no qual viera. Lavou a cara e tomou café da manhã. Depois escovou os dentes e se sentou à frente da TV, ligando-a com o controle remoto.

― E, no programa de hoje, vamos ver uma reportagem sobre homens que traem suas namoradas...

Yamcha logo apertou um botão e trocou de canal.

― Vamos direto ao assunto... Por que os homens não aguentam olhar apenas para uma mulher? E por que eles costumam trocar a atual companheira por uma mais... “generosa”?

O guerreiro não hesitou e apertou mais uma vez o botão do controle.

― Você... Aqui...?

― Sim, sou eu... Esperava quem?

― Não me diga que você viu tudo, Yaki...!

― Mas eu vi, Soba... E de camarote!

― N-Não é nada disso que você tá pensando, Yaki querida...!

― Acabou, Soba... Acabou... A nossa história acabou...!

― Mas a gente tem uma longa história juntos, não pode acabar assim!

― A nossa história foi jogada no lixo. Não adianta me fazer mudar de ideia.

― Mas me dá mais uma chance...!

Espera mesmo que eu te dê uma chance, depois de te ver com essa perua siliconada? Não quero mais te ver, Soba! A nossa história acabou!

Yamcha, trêmulo, apertou sem pestanejar o controle remoto e desligou a TV para se livrar do dorama. Será que tudo conspirava contra ele hoje?

O ex-ladrão respirou fundo e tomou coragem. Iria à casa de Bulma para entregar-lhe a fantasia, nem que para isso precisasse envernizar a cara. E se tivesse alguma oportunidade, já planejava um discurso para pedir a ela uma nova chance.

― Pual, vou até a casa de Bulma e já volto. Preciso entregar esta roupa.

― Ok, Yamcha. – respondeu o gatinho. – Se cuida.

Yamcha saiu voando pela janela da sala mesmo, rumo à casa de Bulma. Durante seu voo sentia frio na barriga e engolia saliva. Estava tenso, principalmente pelo o que acontecera na noite anterior.

Mas, mesmo assim, queria se redimir.


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Notas finais do capítulo

Será que Yamcha vai se redimir de sua última traição? Será que Bulma o perdoará? Façam suas apostas!

Continua...

P.S.: Se algo ficar estranho, como o título que não ficou centralizado, é porque ainda tô me acostumando com o novo editor de texto, ok? Fora isso, espero que tenham gostado deste capítulo!