Fragmentos de Lembranças escrita por Yume Celestia


Capítulo 14
Lar doce Paris, parte II - Fotografia


Notas iniciais do capítulo

Domingo chato, tedioso, ninguém tem o que fazer, certo? Pois bem, aos meus caros leitores, resolvi postar a parte dois do capítulo triplo já que estou adiantada nos outros. Boa leitura.



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Acordei em uma cama, mas lembro vagamente de estar em um Café com Anabell. Sem entender o que aconteceu, levantei da cama com uma certa dificuldade. Ainda me sentia fraco. Depois de um tempo sentado à beira da cama, notei que eu estava novamente no quarto de hospedes de Alice, mas como?

Desci as escadas e tentei encontrar alguém naquela imensa casa. Eu mal conhecia os cômodos, estava praticamente perdido. Me arrastava pelos cantos com os olhos cerrados, até que finalmente encontrei a cozinha, aonde estavam todos.

– Está melhor, Eric? - Alice perguntou.

– Melhor? O que aconteceu? - Perguntei sentando-me em uma das cadeiras.

– Não se lembra? - Anabell perguntou. - Estávamos no Ambroisie e você desmaiou do nada.

– Desmaiei?

– Exatamente. - Anabell e Alice falaram juntas em perfeita sincronia.

– E como vim parar aqui?

– Um senhor me ajudou a te carregar até um táxi, e eu te trouxe de volta pra cá.

– Agora tudo está mais claro.

– Isso é comum? Costuma ter esses desmaios? - Alice perguntou.

– Não, é a primeira vez, que me lembre.

– Estranho. Talvez tenha sido a sua alimentação. Tem comido bem?

– Tenho comido normal.

– Quer ir ao um médico? - Alice perguntou preocupada de forma maternal fazendo com que eu me lembrasse de ligar para tia Luíza, caso contrário ela me mataria.

– Não precisa, já estou bem melhor. - Falei me recompondo.

– Ótimo. Então nosso passeio de hoje à noite ainda está de pé, certo? - Anabell perguntou com um belo sorriso em seu rosto. O seu sorriso de sempre.

– Passeio? - Perguntei confuso arqueando uma das sobrancelhas.

– Sim. A Torre Eiffel, lembra? - Ela falava fazendo gestos com as mãos.

– Ah sim, claro.

Histérica era a palavra perfeita para descrever tia Luíza. Quando contei sobre o desmaio repentino, ela se desesperou tanto que pensei que ela fosse me obrigar a voltar para Ternure naquele mesmo momento.

– "Eu falei pra você, só foi você viajar que isso aconteceu. Porque não aconteceu aqui quando eu estava por perto pra cuidar de você? Eric, se algo grave acontecer com você, Heloísa nunca vai me perdoar, e nem mesmo eu conseguiria me perdoar. Não posso te perder" - Foram essas suas palavras ditas de forma altamente emotiva.

–-x--

Andávamos pelas ruas extensa formadas por paralelepipedos, admirados com tanto talento escondido em cada esquina que virávamos. Por algum motivo, tudo fazia com que eu lembrasse de meus pais, e isso me torturava, por outro lado, toda vez que eu lembrava que ela estava ao meu lado, eu simplesmente esquecia os problemas.

Eu queria acreditar no que ela tinha dito na noite anterior, queria.

– Sobre a noite passada.. não precisava ter falado que me amava também só porque eu disse. Não quero que seja um “eu te amo” vazio. Quero que seja de verdade. - Falei e cabeça baixa contando os paralelepipedos um tanto constrangido.

Ela parou por um instante, ficou séria, parecia ter ficado brava com o que falei, fitou meus olhos ainda séria e disse em um tom alterado:

– Você acha que foi de mentira? Eric, porque acha que estou com você? Acha que não gosto de você? Eu não traria um qualquer pra Paris, muito menos diria eu te amo pra um qualquer.

– Sei lá, é difícil de acreditar. Você é tão bonita e inteligente, e eu sou um.. um sei lá.. otário zero a esquerda.

Ela balançava a cabeça negativamente sorrindo, aproximou seu corpo do meu, ficou na ponta dos pés para que assim pudesse aproximar seu rosto do meu, e sussurrou em meu ouvido:

– Eu já te contei que tenho queda por zero a esquerda? - Ela aproximou seu rosto ainda mais do meu ficando a menos de dois centímetros, novamente sorriu, e me beijou.

Em tão pouco tempo ela conseguiu fazer com que eu me apaixonasse perdidamente. Me arrancava suspiros tão facilmente. Um simples toque me levava aos céus.

–-x--

A noite caiu tão rapidamente que mal notamos. Como combinamos, fomos visitar um dos pontos turísticos mais famosos de Paris, e também do mundo, a Torre Eiffel.

Ela usava um vestido florido. Tão delicada. Em seu cabelo levemente ondulado uma boina preta que combinava perfeitamente com o clima, e o lugar.

– Tem uma pra você também. - Ela disse entrando-me uma boina.

– Sério? Mas eu fico ridículo de boina. As pessoas vão rir de mim. - Falei segurando a boina em minhas mãos.

– Se rirem é porque não sabem o que é beleza. - Ela sorriu de canto. - Vamos, coloque a boina e vamos tirar uma fotografia.

Vencido por sua insistência, coloquei a boina. Não poderia me sentir mais ridículo. Ela puxou de sua bolsa uma câmera, e assim registrou aquele momento com apenas um mágico clique.

A pouca luz fez com que nossos rostos ficassem apagados, focando apenas nas luzes da imensa torre atrás. Enquanto ela segurava a câmera e à posicionava de forma que pudesse registrar os dois, eu fiquei atrás dela, segurando-a pela cintura com meu rosto colado ao dela.

Anabell fitou a fotografia por um tempo, no começo sorria um de seus mais belos sorrisos, mas aos poucos ele foi se desmanchando e seus olhos permaneciam focados na fotografia em suas mãos. Ela já não sorria mais e seus olhos estavam melancólicos.

– Você está bem? - Perguntei preocupado. Ela pareceu não ouvir. Repeti a pergunta e só assim ela parou de encarar a fotografia e voltou a olhar em meus olhos sorrindo amarelo. Suspirou emitindo tristeza, agarrou-se em meu braço e tomou a frente. Eu sabia que ela não era uma pessoa cem por cento feliz, e sabia que por algum motivo ela se entristeceu do nada. Eu só não sabia que iria ser tão difícil vê-la daquele jeito.

Estávamos a poucos centímetros da Torre. Ela recuperou-se rapidamente da tristeza repentina e voltou a sorrir como se aquele breve momento nunca tivesse ocorrido.

– Eu posso ver a foto por um instante? - Perguntei.

– Claro. - Ela respondeu entregando a câmera em minhas mãos.

Não era uma das mais perfeitas fotos, na verdade, estava longe de ser. Estava meia tremula e desfocada, mas ela conseguia registrar um sorriso meu que posso garantir que foi verdadeiro. Eu sabia que toda vez que eu olhasse para aquela foto, eu iria reviver aquele momento.

Minhas mão começaram a tremer, e novamente aquela tontura e fraqueza voltaram a aparecer, a dor de cabeça parecia estar mais forte, eu me sentia pesado e cansado. Soltei a câmera e antes que ela pudesse se chocar contra o chão, Anabell à pegou.

– Eric, está se sentindo bem? - Ela perguntou. Sua voz estava ecoada, como se estivéssemos distantes um do outro em uma caverna, e a voz fosse a única maneira de nós encontrarmos. Minha visão ficou turva, eu só conseguia enxergar a cor de seus cabelos em movimento.

– Eric, está se sentindo bem? - Ela perguntou novamente. Eu já não sentia mais meu corpo, era como se eu fosse anestesiado. Eu sentia meu corpo cair em câmera lenta, e antes que pudesse se chocar violentamente contra o chão frio, Anabell impediu que isso acontecesse, como fez com a câmera. Porém, ela não tinha força o suficiente para aguentar meu peso, e conforme meu corpo caiu, o dela caiu também.

Ela repetia meu nome diversas vezes. Eu já não conseguia mais enxerga-la, e de repente, não podia mais ouvi-la.

–-x--

A cena se repetiu, e acordei novamente em uma cama no quarto de hospedes da tia da minha namorada. Desta vez eu não estava confuso, eu sabia o que tinha acontecido. Levantei da cama, eu já não sentia mais nada. Estava revigorado.

Desci as escadas a fim de encontrar alguém, mas a casa estava vazia e chegava a ecoar. Procurei em todos os cômodos que consegui ter acesso, mas não achava nada além de vasos de flores espalhados por praticamente toda a casa, o que atraia algumas borboletas e até abelhas. Me arrastei até a sala, a TV estava ligada no mudo, me aproximei para desliga-la e me assustei ao ver Anabell deitada no sofá. Não pude conter, automaticamente os músculos do meu rosto formaram um sorriso, ela parecia um anjo dormindo. Sentei no chão admirando-a por um tempo. Seus olhos se abriram lentamente, ele deu algumas piscadelas até que finalmente pudesse enxergar com clareza.

– Eric? - Ela dizia sonolenta.

– Sim? - Respondi sorrindo feito um bobo. Ela estava tão linda.

– Eric? Você está melhor? - Ela perguntou colocando seu corpo sentando no sofá.

– Na verdade, eu me sinto ótimo. Eu realmente não sei o que aconteceu, desculpe ter estragado nossa noite.

– Tudo bem, não foi culpa sua. Ainda temos cinco dias para visitar e revisitar a Torre Eiffel quantas vezes quisermos.

– Verdade. - Sorri. - Aonde estão Alice e Alexander?

– Eles saíram, foram resolver algo sobre a decoração. - Ela explicou calma. - Tem certeza de que está melhor, não quer um suco, ou uma vitamina. - Ela disse com ênfase.

– Não precisa, estou bem melhor. - Insisti.

Levantei meu corpo do chão, e me sentei ao lado dela abraçando-a. Ela encaixou sua cabeça em meu ombro de forma tão perfeita e ficamos em silêncio durante um tempo. Um ouvindo a respiração do outro.

Quando notei ela tinha adormecido novamente. Envolvi seu pequeno corpo em meus braços, apertando-a suavemente contra meu peito. Deitei minha cabeça sobre a sua. Eu não queria adormecer, queria continuar assistindo ela dormindo em meus braços. Mas não aguentei.


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Notas finais do capítulo

Awn, que lindinhos *-* Enfim gente, espero que tenham gostado do capítulo. Essa semana mesmo eu posto a terceira e última parte. Até logo.
xoxo, YC.



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