31 days in New York escrita por Beatriz


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Hey, hoje o cap saiu mais tarde, mas está aqui.



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04 de julho

Eu não acreditava, mas eu estava dentro de um táxi indo para o tal hospital. Sorte desse cara que minha mãe sempre me ensinou a ajudar o próximo, mesmo que ele não merecesse.

Depois de mais de 20 minutos dentro do táxi eu finalmente cheguei ao hospital, paguei o táxi e caminhei até a recepção.

–Olá, eu estou procurando pelo paciente Cristopher Homell. – a recepcionista pediu para que eu esperasse um instante e chamou algum médico pelo telefone.

Alguns minutos depois o Dr. Tom Wesley veio me receber e explicou que Cristopher havia sofrido um acidente de carro, não havia sido nada muito grave, mas ele havia levado alguns pontos na testa e estava com muita dor de cabeça, mas que exames haviam sido feitos e ele não havia sofrido nenhum trauma.

Entrei no quarto indicado pelo médico, mas antes perguntei se era realmente necessário algum acompanhante. Ele disse que sim, pois não podia liberar o paciente com dores de cabeça tão forte para ir para casa sozinho.

–Senhor Cristopher, o senhor está acordado?

–Sim, não tem nenhum remédio mais forte não?

–Sim, mas nenhum para o senhor. Sua acompanhante chegou.

Cristopher levantou a cabeça para saber quem era. Quando me viu abriu aquele sorriso e eu fiz uma careta.

–Agora eu irei sair, daqui a uma hora volto com sua liberação de alta.

O médico saiu do quarto e eu coloquei minha bolsa em cima de uma poltrona que estava por ali. O quarto nem parecia pertencer um hospital. Era muito chique e tinha uma cama para o acompanhante.

–Não retornou e nem atendeu minhas ligações e olha onde você está agora, aqui, cuidando de mim.

–Bem, eu não estou cuidando de você, só vim até aqui por que você é tão importante para os seus amigos que nenhum veio para lhe ajudar, mas apesar de odiar você eu tenho um bom coração e vim para ajudar. Você vai receber alta, eu vou levar você para a sua casa e fim. E pelo amor de Deus, vê se dessa vez me esquece.

Ele tentou levantar mais na cama, mas pareceu ficar tonto. Instintivamente me aproximei, para quê? Ele segurou no meu braço e me puxou para mais perto, perto demais.

–Você é cheirosa.

–Você fede a vodka.

Ele passou a mão que não segurava meu braço pelo meu rosto e ficou olhando nos meus olhos, dei uma tapa na cabeça dele e ele me soltou.

–Tá louca? Eu já estou tonto e com dor de cabeça e você ainda bete em mim.

–Você pediu por isso.

Sentei em uma das duas poltronas que tinha no quarto, a mais afastada da cama dele e fique lá rezando para o tempo passar.

–O que você veio fazer em NY? Turismo, estudo...

–Estudo e turismo.

–Hum...

–Você é muito irresponsável mesmo. Como você dirigi depois de beber.

–Eu não bebi tanto, talvez uma garrafa de vodka só.

–Só, nossa, muito pouco.

–Acredite, existem dias que eu bebo muito mais.

Meu Deus, esse cara precisa de tratamento.

–Você é alcoólatra? Já pensou em se internar? Meu Deus.

–Eu não sou alcoólatra, eu só bebo muito, nada demais e fui irresponsável mesmo, mas juro, foi a primeira vez que dirigi depois de beber, foi um caso de necessidade.

O médico entrou no quarto e disse, a mim, que Cristopher ia precisar tomar alguns medicamentos e de preferencia horário e que a dor de cabeça ia persistir por mais uns dois a três dias.

–Não se preocupe doutor, ela vai cuidar direitinho de mim, não é querida?

–Eu vou é fazer você engolir todos os remédios de uma vez só.

–Ela é tão brincalhona.

O entregou a mim a receita de Cristopher e disse que chamaria uma enfermeira para ajudar Cristopher a trocar de roupa, mas ele disse que não precisava.

Quando o médico saiu do quarto ele me pediu ajuda para levantar da cama, fiz ele prometer que não faria nenhuma brincadeira, ele concordou.

Ajudei-o a se levantar e quando estava pegando minha bolsa para sair do quarto e o deixar trocar de roupa ele me chamou.

–Para onde você vai?

–Sair para que você possa trocar de roupa. – falei achando aquilo a coisa mais obvia do mundo.

–Não, eu estou com tonturas, você precisa me ajudar.

–HA! Você acha mesmo que eu vou lhe ajudar a trocar de roupa? O médico ofereceu uma enfermeira, você não quis agora se vire.

Sai do quarto e bati a porta com força.

***

Depois de quarenta minutos trocando de roupa, quase me arrependi de não ter ajudado, quase.

Pegamos um taxi e ele ficou reclamando durante todo o caminho sobre seu Porche está com a frente amassada e não poder dirigir ele pelo resto do mês. Paramos em uma farmácia no caminho e compramos os remédios receitados pelo médico

Após alguns minutos paramos em frente a um prédio no Upper West Side. Tinha poucos andares e ele disse que cada andar possuía um apartamento e o dele era o último. Ele desceu do carro e eu fechei a porta que ele havia deixado aberta.

–Para onde você vai?

–Para o meu hotel, onde mais?

–Não, você vai descer comigo.

–Sonha mais um pouco, ok?

Ele pegou a carteira no bolso de trás da calça e tirou de lá duas notas.

–Pegue, aqui tem 150 dólares, deve pagar o dinheiro que você gastou para ir ao hospital e o valor até o seu hotel.

Para tudo. Ele estava sendo simpático?

–Não precisa.

–Pegue, por favor, você não precisava ter ido me ajuda e nem tinha motivos para isso, mas foi.

Peguei o dinheiro e disse para o taxista seguir em direção ao hotel.

Quando estava saindo do taxi conferi se ainda tinha algo no banco como sempre faço de costume e para minha surpresa a sacola de remédios estava lá.

–Por favor, volte ao endereço que estávamos antes. – falei para o taxista, ele ficaria rico hoje.

***

Quando cheguei mais uma vez ao prédio de Cristopher o relógio já marcava 6:15 da manhã, o taxista disse que teria que ir embora, pois tinha um compromisso e minha vontade era matar ele.

No interfone apertei o botão que marcava 601, já que era o do último apartamento.

–Quem é?

–Oi Cristopher, é a Aurora.

–Ah, vou abrir, pode subir.

O prédio possuía 6 elevadores diferentes, cada um tinha em cima a numeração do apartamento. Meu Deus será que o dinheiro desse cara não tinha limites? Quanto deveria custar um apartamento desses?

Assim que a porta do elevador abriu Cristopher estava parado me esperando. Ele estava sem camisa e usava apenas uma calça de moletom.

–Eu sabia que você não resistiria a conhecer a minha casa.

–Você esqueceu seus remédios no taxi.

–Eu sei.

–Como assim você sabe? Você percebeu quando entrou em casa?

–Não, eu quis esquecer mesmo. Tinha certeza que você voltaria para entregar.

Joguei a sacola com os remédios no chão e fui em direção ao elevador. Mas a porta estava fechada e por mais que eu apertasse no botão ela não abria.

–Esse botão possui um sensor digital. Questões de segurança. – ele falou indo em direção a algum cômodo do apartamento.

–Cristopher, abra essa porta agora ou eu não respondo por mim.

–Calma. Eu vou abrir assim que você me fizer companhia no café da manhã e conversar um pouco comigo sem me tratar mal.

–Deus, por quê? Olha, eu preciso ir embora, eu tenho aula e apesar de estar morta de sono já que passei boa parte da madrugada acordada, eu não posso perder a aula.

–Então vamos fazer um acordo, você vai para sua aula, quando terminar vai para o seu hotel, descansa e de 20 horas eu passo para lhe buscar.

–Me buscar para...

–Tomar café é que não é, vamos jantar.

–Não, muito obrigada.

–Então venha, vamos tomar café.

–Tá bom, eu aceito.

–Coloque aqui o nome do seu hotel e se você colocar o nome errado não ache que é isso eu vai me impedir de te encontrar. – ele me entregou um caderninho e eu escrevi o nome do hotel e o endereço.

Ele foi até o elevador e apertou o botão, a porta do elevador abriu na hora.

***

Passei a aula toda pensando no tal jantar e não consegui dormir durante a tarde. Quando o relógio marcava 18:30 fui tomar banho e me arrumar. Decidi colocar um vestido preto justo que eu tinha comprado em alguma loja na Times Square e fiz uma maquiagem bem básica. Sequei meu cabelo com o secador de leve para que não molhasse o vestido e coloquei uma sapatilha de cor neutra.

Faltando alguns minutos para 20h resolvi descer logo. Na recepção conversei com Camille, descobri ser esse o nome dela, ela foi super simpática, perguntou se eu estava bem e o que estava achando da viagem.

As 20h em ponto meu celular tocou, era Cristopher dizendo que estava na frente do hotel.

Quando sai me deparei com ele vestindo um terno e com a porta, de um carro preto muito bonito por sinal, aberto.

–Boa noite, você está muito bonita nesta noite.

–Ehh... Obrigada.

Entrei no carro e fiquei em silencio todo o caminho e incrivelmente Cristopher também não falou nada.

Chegamos em frente a um portão. Era apenas um portão grande e cinza.

–O que estamos fazendo aqui?

–Vamos jantar. – ele então puxou o ferrolho do portão e o abriu.

Por trás daquele portão havia um jardim lindo com velas pelo caminho de pedras.

–Pode entrar. – ele disse entendendo a mão para o caminho.

Meu Deus, como aquilo era lindo. Será que aquele cara era o mesmo dos outros dias? Aquilo tudo era bonito demais para ter sido planejado por um cara tão arrogante e idiota como Cristopher.

–Impressionada?

–Um pouco, na verdade.

Chegamos a uma mesa que estava no meio do jardim, havia apenas dois lugares, no meu tinha uma rosa vermelha em cima do prato. Cristopher puxou a cadeira para mim e depois foi até o seu lugar.

–Posso pedir para servir?

–Sim.

Dois garçons entraram com uma bandeja coberta e nos serviram. Quando tiraram a tampa havia uma entrada fria que parecia está muito boa.

–Espero que goste.

Os garçons vieram nos servir um vinho, mas eu logo disse que não.

–Não bebe?

–Não e eu tenho 18 anos, não posso beber aqui nos USA e você não deveria beber, a sua cabeça.

–Bem, mas no Brasil se pode beber com 18 não é?

–Sim, mas eu não bebo.

–Ok, sem brigas hoje. Só paz.

Começamos a comer e Cristopher começou a falar de uma época que estudou em Londres.

–Londres, sempre quis conhecer, talvez morar lá. New York e Londres, as cidades dos meus sonhos.

–Um dia te levo lá.

–Você?

–É. Amo Londres, seria ótimo voltar lá com uma ótima companhia.

O prato principal chegou e depois a sobremesa. Cristopher e eu estávamos nos entendendo. Ele perguntou sobre o que eu fazia no Brasil e eu disse que no último ano só havia me dedicado a cursos aleatórios, ainda não sabia o que iria fazer na faculdade.

Quando o jantar terminou Cristopher me levou para o hotel.

–Chegamos.

–Obrigada pelo jantar Cristopher. Você é muito legal quando não está sendo arrogante ou convencido.

–Meu Deus, eu recebi um elogio de Aurora.

–Muito engraçado.

Cristopher abriu a porta para mim e me levou até a porta do hotel.

–Não se esqueça de tomar seus remédios.

–Não esqueça que eu sou um cara legal. – ele disse sorrindo.

–Ok!

–Amigos?

–Talvez. – entrei no hotel e Cristopher foi embora.


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Notas finais do capítulo

E aí, será que é o ínicio de uma nova amizade?



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