Um novo The Big Four escrita por Dedinhos Magicos


Capítulo 13
B-Beijo??


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!!
Eu acho que dessa vez, não preciso pedir mil e uma desculpas. Só acho. Porque, afinal (para o meu padrão) eu nem demorei tanto assim!
Mas sério! O cap ta tipo, pft *--* e não tô dizendo isso porque fui eu que fiz não!
Vão nessa!
Te vejo é em baixo!



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Sábado

Como eu já suspeitava, foi a primeira vez que dormi bem, em dias! Nada de pesadelos, nem consciência pesada, nem “possibilidades”. Só eu, minha cama, e meu amado travesseiro!

Fiquei um tempo deitada, olhando para o teto, pensando na morte da bezerra, e viajando na maionese, até decidir levantar. Sentei na cama, me espreguicei, sorri (por que eu sorri eu não sei, só sei que sorri), levantei, peguei meu roupão, andei até o banheiro, e tomei um belo banho relaxante e revigorante. Algo me dizia que o dia ia ser calmo, hoje.

Quando saí do banho eram 7:30 (eu e minha mania de acordar cedo), me arrumei rápido, e quando desci para a cozinha...

_ Mãe? – Perguntei assustada, ao chegar na cozinha e encontrar minha mãe de pé uma hora dessas – caiu da cama?

– Ha Ha Ha! Engraçadinha! – Estirou a língua para mim (só para você ter uma ideia da mãe “normal” que eu tenho), eu ri – o que você vai fazer hoje?

– Bom, eu tenho menos de meia hora para encontrar com a Rapunzel no parquinho – disse, pegando o copo de leite em cima do balcão, e dando um gole – mas porque a pergunta?

– Vou passar o dia inteiro em casa hoje – falou – e andei pensando... ainda não tiramos a foto-lembrança de Corona.

– Verdade. Mas acho melhor deixar isso para amanhã. Ainda vou ter que olhar o ponto turístico de Corona.

– Então tá, né – ela parecia desconfiada, não sei por que, claro que eu vou falar do encontro, porque eu esconderia isso? – Pensei em darmos uma passada no shopping, levar umas coisinhas para a próxima parada, e uma mala nova. O que você acha?

– Perfeito! – Dei um beijo em sua bochecha, e subi as escadas para pegar minha bolsa e ir ao encontro de Punze.

É meio estranho pensar assim, em um segundo o plano é socorrer uma amiga, no outro, o plano consiste no planejamento da próxima viagem. Do jeito que minha mãe falou, qualquer um pensaria que ela teria uma dica de que vamos em bora logo, mas na realidade significava que ela não tinha a mínima ideia, e isso era bom. Mesmo assim, era confuso, me apegar a um lugar que pode não passar de hoje.

O clima de Corona é bem indeciso! Até ontem estava um nublado fresco e gelado, hoje, o Sol comanda o céu com seu calor. Mas eu gosto, me faz lembrar da América do Sul...

Depois de pegar minha bolsa inseparável, desci as escadas.

– Volto já – gritei da porta, antes de fechar ela.

Andei com nenhuma pressa até o parquinho, olhando para o tempo, pensando em nada e em tudo, conversando calada, respirando pausada. “ Será que devo começar pela Punze? ” Me perguntei, “ botar o plano para rodar? ”, talvez... Talvez.

Cheguei ao parquinho. Eram 8h5min, a Rapunzel já estava lá (e parecia ser a única, o que era estranho, por ser sábado, deveria estar cheio de famílias perfeitas) sentada em um balanço de madeira, ela mal se balançava. Me aproximei devagar, sentando lentamente no balanço ao lado. Não me atrevi a falar, esperei pelo tempo dela.

– Eu... admirei o trabalho de cupido que você fez com a Merida e o Soluço... – ela falou do nada. Acho que não sabia bem por onde começar – por isso... – ela respirou fundo, e antes de falar outra vez, cochichou bem baixinho, de modo que quase não ouvi: “eu vou me arrepender disso” – eu... eu quero que me ajude!

Paralisei.

– Não, pera, deixa eu ver se eu entendi... – falei sem acreditar – você quer que eu banque a cupido com você?!

– É, meio que...

– AHHH! – Gritei de alegria! (Interrompendo ela, vale a pena ressaltar). Eu não estava nem acreditando! – PARA TUDO! Eu vou ligar pro Jack! – Peguei imediatamente o celular, e imediatamente fui interferida pela Rapunzel, que sem olhar para mim, pôs a mão cobrindo toda a tela do meu celular – u-ué?

– Não Jack – ela falou com uma voz sombria, sem levantar a cabeça. Por um momento pensei na possibilidade de ter medo da Punze...até ver a lágrima que escorria na sua bochecha. Sua mão tremia em cima do meu telefone – Bete... – ok, agora ela estava me assustando – Eu... quando... quando acabou o clube de desenho... eu tinha esquecido meus protótipos no dormitório... quando eu cheguei na divisa dos corredores... eu... eu não devia ter visto isso... eu... – o choro ficou mais forte, ela tremia cada vez mais rápido, e soluçava cada vez mais – ele... ele tava no corredor... ele... a Toothiana! Eles... eles...

Ela não terminou de falar, caiu em desespero. É claro que eu entendi a mensagem, é claro que eu queria estrangular o Jack, e é claro que eu não fazia a mínima ideia do que fazer!

Levantei do balanço, me agachei na frente dela, pus as mãos em seus joelhos, e disse:

– Eu entendo – “eu entendo” são as palavras que eu mais gosto de ouvir quando choro, então achei ser uma boa ideia – mas mesmo que eu quisesse...

– Não – ela entrou em desespero outra vez – não pode me dar as costas agora!

– Não estou te dando as costas! Eu...

– Você é a única com quem posso contar!

– Mas eu...

– Por favor, Bete! Nem pra Merida eu contei! – Eu não sabia o que dizer. Ela olhou para mim, tudo vermelho, e molhado – eu... eu não sei mais a quem recorrer! – Eeeee o desespero outra vez!

– Rapunzel, deixa eu explicar: não é assim que funciona o cupido! Não posso tirar um pretendente do chão! – Ela olhou para mim – os cupidos só fazem metade do trabalho... a outra metade é com você...

– Mas... – *sniff* – ...e se eu achar alguém...? Se eu achar um pretendente...? Poderia me ajudar?

– Punze, eu não acho que... – ela me olhou com cara de “gato do Shrek”, (eu definitivamente detesto quando as pessoas fazem isso) – leve o tempo que precisar – falei, cedendo.

Inesperadamente ela pulou em cima de mim, e me deu um abraço, loucamente desesperado. Paralisei por um instante, mas logo a ficha de que “era a Punze” caiu, e eu retribui o abraço.

– Porque a Merida não pode ser como você? – Perguntou ela, meio tristinha. Depois riu do nada (não como uma gargalhada, mais para uma risadinha) – e pensar que ela me avisou sobre isso...

– O-O que? – Assustei.

– Sobre o Jack – ela sorriu – assim que demonstrei interesse... ainda lembro de suas palavras... “Não deve se misturar com gente dessa laia Punze”

“Foi exatamente o que ela me disse quando perguntei do Itan! ” Pensei.

– Olha, Punze – eu pus a mão em seu maxilar – se eu não fosse sua amiga, eu diria que, não importa o que diga, nem faça, nem pense, você sempre vai amar o Jack... mas eu sou sua amiga, e quero seu bem, e sua felicidade... então, só posso dizer que vou ajudar você com essa ideia... mas não vou desistir do Jack! Eu vi o modo que ele olhou para você! Talvez não seja isso...

– Beterraba, eu vi com meus próprios olhos!

– Nem sempre o que vemos é o que aconteceu – eu sorri, pondo uma mecha do seu cabelo atrás de orelha.

Ela suspirou, e olhou a hora no celular.

– Eu preciso ir – disse ela, com um sorriso quase que forçado.

Nos levantamos, e sorrimos.

– Vejo você depois – falei em quanto via ela ir em bora.

– Até – acenou, e saiu correndo.

Eu sentei-me outra vez no balanço. E ali, sozinha, balançando monotonamente, pensando no agora, e no mais tarde... descobri, sozinha, que eu tenho razão, “Nem sempre o que vemos é o que aconteceu”.

...

– Mãe, cheguei! – Falei ao passar pela porta.

Joguei minha bolsa no sofá, e fui até a cozinha.

– Mãe!

Ninguém na cozinha. Fui subindo as escadas

– Mãnhe...

– Eu tô no quarto! – Gritou ela, em resposta.

Eu cheguei na porta do quarto da minha mãe, e fiquei escorada ali mesmo, na porta. Ela me olhou de relance, depois sorriu, e fez sinal com a mão para que eu me sentasse na cama, junto a ela. Obedeci.

– O que você está vendo aí? – Perguntei baixinho, ao me aproximar.

– Estava vendo nossas fotos-lembrança... – ela me mostrou algumas, pondo outras em meu colo.

Soltamos uns risinhos lembrando de algumas “presepadas” nas viagens.

– Olha a da China! – Ela me falou mostrando a foto. Eu ri muito.

– Você tinha que ver sua cara, quando comeu um escorpião! – Morri de rir.

– Aquele troço era horrível! Nunca mais eu volto pra China! – Ela disse, e caímos na risada. Peguei mais uma foto.

– Lembra dessa? – Olhei no verso da foto, e tinha uma letra garranchuda (da minha mãe), dizendo: - “Castelo de não sei quem” – li em voz alta. Em outra letra (a minha), no mesmo papel, tinha: - “ Nunca mais volto na Dinamarca em quanto houver inverno! ” – Li, me acabando de rir.

– Você parecia um picolé! Toda embalada! – Minha mãe ria tanto que eu nem ria mais das fotos, mas sim, da risada dela!

Ela caiu para trás na cama, apenas com vestígios da risada inacabável. Eu continuei sentada, remexendo nas fotos. Eu estava procurando por uma especifica, mas não estava achando!

– Mãe – chamei.

– Que foi? – Ela se apoiou nos cotovelos.

– Não tô achando a de Nova York.

– Ah – ela levantou da cama. E eu a segui com os olhos – a de Nova York não pode ficar com as outras – ela abriu o armário, e tirou uma caixa pequena, de madeira – ela é especial – ela sentou na cama, e abriu a caixinha – foram três anos de pura felicidade – ela tirou um papel de lá, e eu não me segurei, e peguei a caixinha da cama, pondo-a em meu colo, e olhando foto por foto.

Na caixinha, peguei duas fotos, as duas de NY. A primeira, era a do primeiro ano que passei lá, foi bem no comecinho, acho que tinha mais ou menos uma semana que tínhamos chegado, nela, só havia eu e minha mãe na times square, eu estava com a câmera, fazendo sinal de “paz e amor” piscando o olho, e ela estava atrás de mim, fazendo careta, como sempre. Na segunda foto (a do segundo ano) também foi na times square, mas dessa vez tinha mais gente, quase chorei em vê-los outra vez, na foto, dessa vez era o Harry quem segurava a câmera (para quem não sabe, Harry foi meu último, e mais marcante, namorado. Namoramos dois anos, e só terminamos porque minha mãe foi chamada, e então perdemos o contato), eu estava abraçada nele, encostada no meu ombro estava a Amali (a Amali era minha melhor amiga, foi ela que me fez conhecer o Harry. Ela é descendente de africano, e tem uma pele cor de café linda), aparecendo por trás de mim e de Amali, estava minha mãe, e Zeke (ele é o irmão mais velho de Amali, e o “Brothers” de Harry).

A foto me trouxe tantas lembranças boas... soltei a primeira foto, e procurei na caixinha a terceira foto, em vez disso, achei a foto da minha querida avó, salvadora da minha vida, e um anjo de doçura enviado do céu. Por impulso, olhei para minha mãe (acho que eu cérebro queria brincar de jogo das diferenças), e tragicamente, encontrei minha mãe chorando, com um papel em mãos, aquele que ela tirou da caixinha antes de eu pegar. Não era uma foto, mas sim um cartão postal... um cartão postal de Veneza.

Eu sabia o que fazer nessas horas, eu já estava acostumada. Levantei do meu lugar na cama, e sentei do outro lado da minha mãe, ela segurava o papel com as duas mãos, mas parecia estar olhando para lugar-nenhum. Tirei o cartão de suas mãos, e como esperado, instantaneamente ela caiu em meu peito, e desandou em lágrimas.

Minha mãe sempre foi forte, batalhadora e resistente, minha história de vida prova isso! Mas o que aconteceu em Veneza... acho que ela nunca vai superar... não é a primeira vez que lembrar do passado trás a ela lágrimas, e não vai ser a última.

Ela chorou por um tempo, quando estava acabando, meu celular toca! Eu ignorei as primeiras chamadas, mas quando ele chamou outra vez, minha mãe desfez o abraço, passou a mão nos olhos e no nariz, e disse:

– Pode ir – *sniff* – eu vou ficar bem.

– Mãe...

– Beterraba – ela me interrompeu – vai atender o telefone.

Eu não podia discutir com minha mãe naquele estado.

– Ok...

Sem muito o que dizer e fazer, levantei da cama, peguei meu celular no bolso, e saí do quarto, fechando a porta atrás de mim.

Ligação on.

– Alô? – Falei ao atender.

– Beterraba?

– Deny?! Como foi que... já até sei! Jack! - Ele riu.

– Então... eu vou ter que resolver umas paradas com meu pai hoje... bom, posso te pegar ás seis?

– Claro, Deny!

– Ok então! Ás sete!

– Ok.

– Até mais tarde!

– Até!

Ligação off.

“ Nem acredito que ele interrompeu um momento ‘mãe e filha’ para isso! ” Pensei.

Bom, sem ter muito o que fazer, e sem ter muita opção, fui para o meu quarto. Tirei os tênis, deixando-os em qualquer lugar, peguei meu livro, deitei na minha cama, e me pus a ler. E é óbvio que só podia dar errado, e eu acabei dormindo...

Ainda no Sábado (ainda bem).

Acordei do nada, assim de repente. Sentei na cama, e me espreguicei um pouco (Já parou para pensar que dormir de dia é bom, mas ao mesmo tempo estranho?) Bom, ainda era Sábado (eu acho), está meio de dia e meio anoitecendo. Esfreguei um pouco os olhos, meio desorientada, e foi o tempo em que minha mãe que estava passando no corredor, parar na porta do meu quarto.

– Dormiu bem, filha? – Perguntou ele, com o sexto de roupas nas mãos.

– Acho que dormi muito... – disse olhando para os lados, eu não estava vendo nada! Ela riu

– Foram só umas horinhas – ela disse rindo. Olhei no meu despertador as horas...

– Uau – exclamei ao “ver” que eram 15:45PM.

– Deixei um lanchinho pra você na mesa – foi a última coisa que ela disse antes de desaparecer no corredor.

Me ajeitei na cama e desci da mesma. Os olhos ainda estavam meio turvos, mas melhorou a ponto de eu descer pela escada sem cair.

A parte boa de viajar o mundo duas vezes por ano, era o conhecimento! Minha mãe e eu sempre adoramos experimentar coisas novas, comidas novas, culturas novas, etc. Ela dizia que gostava da comida Francesa, apesar de querer lembra o mínimo possível, ela não conseguia desgrudar da culinária, assim como nos EUA, o asar dela é que eu não gostava de sanduiche de creme de amendoim com geleia.

Cheguei na cozinha, e na mesa estava meu lanchinho: um belo pote de salada de fruta com sorvete (tentem isso em casa, crianças!). Pegando meu “pequeno” pote, andei até a sala e liguei a TV.

Minha mãe chegou um pouco depois, pulando no sofá.

– O que tá passando? – Perguntou, pegando uma colherada da minha salada.

– Alguma coisa sobre uma menina que não quer sair do país, mas vai sair mesmo assim – respondi, pegando minha colher de volta.

– E que vai chegar lá de cara emburrada, mas no final vai gostar, e nunca mais querer ir embora? – Sarcástica.

– Por que filmes adolescentes tem que ser tão previsíveis? – Ironizei com a colher na boca.

– Imitam a realidade. – Ela não devia ter dito isso.

– Imitam a nossa realidade – corrigi – não a realidade de pessoas normais.

– Nós somos normais Beterraba, os outros é que são estranhos – ela deu um beijo na minha testa, se levantou, e foi para a cozinha.

Essa frase é o bordão da vida da minha mãe, ela falava ele sempre que podia. No fundo fazia sentido, porém eu não queria ser “normal”, eu queria ser comum, mesmo que significasse ser estranha.

Um pouco depois de acabar meu pote de salada, o filme acabou também. Levantei do sofá, pus o pote na pia, e subi as escadas.

No quarto, eu só fiz topar na cama, e cair de cara no travesseiro. Levantei a cabeça para ver a hora, “17:20”, bati a cara no travesseiro de novo.

*Celular tocando*

– Mereço – falei, com o som abafado pelo travesseiro.

Peguei o telefone, tirei apenas os olhos do travesseiro, atendi a ligação, virei de barriga para cima na cama, e pus o celular no ouvido.

Ligação on.

– Beterraba?!

– Jack? – Assustei, sentando na cama – o que aconteceu?

– Porque o espanto? – Ele riu – não posso nem querer conversar?

– Com trezentas pessoas na escola, o espanto foi por ter sido eu, a escolhida.

– Não pegue tão pesado com si mesma – quando falou, o som de fundo deu a entender que ele tinha pulado, deitando em algum lugar.

– O que queres de mim? – Falei, também deitando para trás.

– Só queria conversar um pouco, mesmo – estranho – você tem tempo?

Olhei para o relógio no criado-mudo. “ Acho que dá tempo de uma conversa rápida” pensei, nunca fui de demorar a me arrumar.

– Algum assunto em especial? – Eu juro que não enxergo através de ligações, mas aposto que ele estava sorrindo.

– Bom... a turma tá meio estranha... não estou dizendo que você sabe o motivo, mas faz tempo que me “excluem” dos assuntos internos do grupo.

– Eu também te excluiria! Você não faz o tipo “democrático” – nós dois rimos – acha que isso afeta a estabilidade do grupo?

– Acho que já é difícil demais me manter naquele grupo, sem ser excluído...

Eu não sabia muito bem do que ele estava falando, mas sabia que iria descobrir.

– Com quem você tá falando, Jack? – Uma voz do outro lado falou, parecia uma menina, não tipo um adolescente, devia ter menos que dez anos de idade.

– Cai fora tampinha, eu tô no telefone! – Esse era o Jack.

– Mamãe falou que se você não descer para o jantar agora, vai ficar sem sobremesa! – A menininha era determinada. Jack bufou.

– Eu tô descendo – falou. Depois voltou a falar comigo – você ouviu?

– Cada palavra – falei, segurando o riso – você tem que ir.

– Ligo pra você depois? – Perguntou, cheio de esperança.

– Falo com você amanhã.

Ligação off.

Não foram nem três minutos de conversa, mas para mim foi uma eternidade! Uma eternidade que deixou um infinito de pensamentos e possibilidades, perguntas e possíveis respostas, devaneios sobre tudo, a acima de tudo, crises existenciais! Nenhuma ilha no mundo, me fez ter tantas crises existenciais!

Eu teria que esperar até segunda-feira para obter respostas? Ou alguém ao meu alcance poderia dá-las? Acho que não, Rapunzel está fora de questão, Soluço nem se fala, Merida sem chance, Jack não é boa ideia, Itan não é indicável, talvez... D... não!

Ah...

Caí para trás na cama. O teto parecia legal, o gesso perfeitamente branco não tinha tanta graça, quando fomos a china, ficamos em uma cabana de bambu, tínhamos mais opções, mas minha mãe disse que seria uma experiência interessante... não foi o que ela disse na Índia, quando deram a opção de ficarmos em uma tenda... talvez voltemos para lá, ou para a África do sul... talvez voltemos para Nova York...

Pensar no passado e no futuro não é uma coisa boa para mim, deixa a cabeça quente. Fiz um esforço e olhei para o relógio, “17:35”. “A gente perde a noção do tempo quando está devaneando” pensei.

Com um pouco de esforço, levantei da cama e fui ao banheiro, preparei a banheira e voltei ao quarto, me despi, me enrolei na toalha, prendi bem o cabelo, e voltei ao banheiro. Quando entrei na banheira, meu corpo se arrepiou com a temperatura perfeita da água.

Eu tinha tempo de sobra antes que desse a hora de me arrumar. Eu poderia ficar devaneando, e tendo crises existenciais, mas acho que, no momento, o melhor é deixar a cabeça vazia, e não pensar mais em nada.

...

(Nota da autora: Sim, eu tô sem ideia para algo mais antes do encontro)

...

19:10 eu descubro que Deny não é pontual como Itan e Soluço. Estou completamente pronta! E nem sinal do Deny.

Estou sentada na cama, mechando no celular (jogando no celular), quando recebo uma mensagem do Deny: “você não pode fugir de mim. Desce, eu tô aqui”

– Beterraba, o que você acha de pedirmos alguma coisa hoje? – Grita minha mãe da cozinha, na mesmo hora.

Desci as escadas num pulo. Quando chego a sala, minha mãe está na portada cozinha com as mãos em um pano de prato.

– O que você achar melhor – fui até ela rápido, dei um beijo na bochecha, depois sai em direção à porta – eu vou sair.

– Aonde você vai?

– Te conto quando voltar – soltei um beijinho no ar, e fechei a porta atrás de mim.

Andei/corri até o Deny, que estava fora do carro, todo “posudo” (gira de velho, que para quem não sabe, significa “em uma pose egocêntrica e sexy”. Pera, que?). Eu nunca achei que diria isso na minha vida, mas o Deny está realmente lindo! Com uma jaqueta de couro preta, e uma touca de lã também preta, que contrasta perfeitamente com seu cabelo e carro vermelhos.

– Tô muito atrasado? – Perguntou ele, pondo a mão na nuca, quando me aproximei.

– Tirando o fato que eu estou pronta desde 18:50? Não! Imagine! – Zombei, sarcástica. Ele riu.

– A culpa foi do meu pai – se explicou – desculpe.

– Tudo bem – eu realmente estou adorando quando as conversas fluem com o Deny, ele pode ser um acara de pau, mal caráter, galinha, chato, encrenqueiro, e um idiota sem-noção, mas quando deixa tudo isso de lado, passa a ser uma pessoa maravilhosa! E olhe que só vi ele assim uma vez.

Ele abriu a porta do carona para mim (estava do lado da calçada). Quando eu ia entrar, minha mãe aparece na porta.

– Beterraba! – Chama ela. Me viro para olhar para ela – antes das onze! – E ela entra em casa, sem dizer mais nada.

Rimos baixinho e entramos no carro. E lá dentro...

– Aonde está me levando? – Perguntei.

– Se eu falar vai deixar de ser surpresa – respondeu, sem parar de olhar para a pista.

– Nunca disse que era uma surpresa.

– Ah, não? – Ele fez cara de pensativo – pois bem: é uma surpresa – eu ri.

Fiquei olhando para ele enquanto dirigia, ele não tirava os olhos da estrada. Por algum motivo, hoje, especificamente, ele está interessante, sorridente, firme, lindo... não, pera.

– O que tanto olha? – Pergunta ele, olhando para mim sempre que o trânsito da trégua.

– Olho? – Ele ri.

– Eu poderia dizer uma coisa bem pervertida agora... – ele voltou o olhar fixo à pista, e sorriu – mas sei que você não gosta desse meu lado – dessa vez fui eu quem sorri – e posso falar uma coisa? – Ele falou devagar e calmo, olhando inteiramente para mim. Meus olhos arregalaram, e eu olhei-o com toda atenção – você é a primeira.

– Primeira... que prefere seu lado não-pervertido?

– Não... a primeira por quem eu mudo... para agradar.

Depois disso eu calei, não falei, nem me mexi, nem olhei, nem nada. Fiquei o resto do caminho olhando para meu próprio colo, com as mãos paradas, e com a boca calada.

Em tempo real, o caminho foi bem rápido, mas no tempo da minha cabeça, demorou dois séculos e três agostos. Quando chegamos, cada segundo no carro valeu a pena. Estávamos em uma praia, e definitivamente o litoral de corona é o mais lindo que já vi! (Detalhe: eu já vi 90% dos litorais mundiais). Fiquei observando a lua, o mar perfeitamente azul, e as estrelas...

– Ei – chamou Deny, interrompendo meus pensamentos – tá olhando para o lado errado – ele apontou para o lado contrário ao mar.

É sério! Corona está me levando a loucura! Um parque de diversões! Bem ali! Na beira da praia!

– Vamos! O que está esperando? – Gritou ele de longe, já estava perto da entrada do parque.

Dei uma corridinha básica, para alcança-lo. Quando cheguei, ele estava na bilheteria da entrada, vi ele pondo a carteira no bolso, e pegando as fichas.

– Preparada? – Perguntou, ingênuo.

É claro que eu não estava preparada! Pergunta para o porco se ele está preparado para o abate!

Deny quis, de cara, me levar para a casa fantasma, e depois de mil “nãos” ele desistiu, mas logo depois quis me empurrar para o túnel do amor.

– Você não tem jeito! – Falei rindo – que tal a montanha russa? – Falei apontando para a enorme construção.

– Tem certeza? Porque pra mim, o túnel do amor parece bem mais radical – falou, brincando, com aquele sorriso de malícia.

– Engraçadinho! – Eu ri – vamos!

Fomos até a montanha russa, quando ela começou a andar o coração foi até a boca, e voltou. O frio na barriga, que dava toda vez que ela descia, era incrivelmente perfeito, eu sentia viva toda vez que subia, e morta quando descia. Deny não tentou nada todo o percurso, na verdade, estamos nos divertindo.

Depois da montanha russa, fomos em vários outros brinquedos, desde os que giravam, até os que viravam de cabeça pra baixo! Fomos até no carrinho de bate-bate, onde o Deny fez de tudo para bater em mim! Depois de tudo, andávamos pelo parque quando...

– Olha lá! – Ele apontou uma pelúcia de coruja, rosa – parece com você – falou. Andou até a barraca do bichinho.

– Ha, há, há, engraçadinho – ironizei, seguindo ele.

– Ola, ola! – Disse o senhor, com um super sotaque chinês, quando nos aproximamos da barraca - Atire para ganhar, sim!

– Atirar? – Repetiu Deny – essa é minha praia! – Ele deu o dinheiro ao homem, e pegou a arma de chumbinho – já te falei que eu comando o time de paintball? – Ele pôs o olho na mira.

– Não falou, mas digamos que eu já sabia – cruzei os braços, ele riu.

Eu sabia que ele era bom, afinal, ele comandava o time! Mas além de certeiro e preciso, ele era rápido! O jogo não era por tempo, mas sim pela quantidade de tiro, no cartucho tinha doze balas, quanto mais pontos, maior o prêmio. Acredite se quiser, mas ele bateu o recorde daquela coisa!

– Nossa, nossa! – Falou o senhor – namorada sortuda, sim! – Falou olhando para mim. Eu poderia tentar fazer o velho entender que não temos nada, mas deixa ele, parecia tão feliz.

O senhor foi virando para a banca, e pegando um coelho enorme de gigante (acho que o bicho era do meu tamanho).

– Não, não – falou Deny – vamos querer a coruja.

– Mas batesse maior pontuação, sim! – O senhor ficou confuso.

– Deixe esse para quem se importa com tamanho – Deny sorriu – vamos ficar com a coruja.

O senhor ficou maravilhado com a ação dele, deu a coruja com todo amor.

– Porque não ficou com o coelho? – Perguntei quando andamos para longe da barraca.

– Eu queria a coruja, eu consegui a coruja – ele me olhou sorrindo, e me entregou o bichinho.

Ele olhou no relógio.

– Tá meio tarde... – ele olhou para mim – quer ir agora?

– Podemos ir na roda gigante antes? – Perguntei. Seu sorriso só não era maior do que o do coringa.

– É claro!

A roda ficava do outro lado do parque, o brinquedo mais próximo da praia. No caminho, passamos por uma barraquinha de doces.

– Posso te comprar um algodão doce? – Perguntou ele, parando de andar.

– Hum... – parei um pouco mais a frente - não gosto de algodão doce – (me julguem). Ele riu.

– E que tal uma maçã do amor? – Insistiu.

– Se você faz tanta questão... – riu outra vez.

– Duas maçãs, por favor – disse ele, a moça gorda de barraca.

Pegamos os doces e fomo para a roda gigante. Na fila, não esperamos muito, e quando foi nossa vez, Deny me fez sentar longe da portinha da saída. La em cima, quando esperávamos as outras pessoas subirem, eu não sabia como puxar assunto, mas, eu tentei.

– Então... – comecei – é para cá que traz todas as suas “paqueras”? – Ele riu, tipo, muito.

– Sim, claro – dava para ver que estava sendo sarcástico – considerando o fato de que você é a primeira que trago aqui.

– Jura?

– Sim – ele olhou nos meus olhos (e isso foi muito, muito, muito estranho), depois sorriu – as outras, é só levar no cinema, ou passear pela cidade.

– “Outras” – ri – o que isso quer dizer, Denyel?

– Quer dizer que você é única – ele falou baixinho, e pôs uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Corei na hora! – E não tenha ideias tão maldosas sobre mim! – Continuou – noventa e nove por cento da minha fama, é culpa do senhor Jackson Frost!

– Por que a fama do Jack passou para você? – A curiosidade ainda vai me matar um dia.

– Bom, o Jack nem sempre fez parte do TB4 – ele me olhou, como se tivesse se arrependido de ter começado, mas a cara de curiosidade que eu fiz, não deixaria ele deixar pela metade – antes dele ingressar para a turma, assim que ele chegou em Corona, nós nos tornamos Brothers, sabe? Tipo, íamos a todas as festas, curtíamos, zuávamos, fazíamos de tudo! Mal deu tempo de ele chegar na ilha, e já tinha construído sua fama! E como eu andava com ele, a fama veio para mim também.

– Como acabou? Por que se separaram? – Perguntei, (super ultra mega) interessada.

– Acabou porque a Merida chegou, acabou porque ela fez ele enxergar peixe maior, acabou por causa do TB4. E só nos separamos por causa disso.

– Acho que não entendi direito – ele respirou fundo.

– Quando Merida chegou aqui, ela estava tipo... contratando – ok – a primeira pessoa que ela pescou, foi a Rapunzel, depois, o Soluço foi por livre e espontânea vontade, depois, Jack entrou, mas ele só foi pela Rapunzel. Jack sabia que Merida não deixaria ele chegar perto da loirinha, se ele não fosse do grupo.

– Pensei que Rapunzel tinha nascido na ilha.

– E nasceu, mas ela era tipo invisível, até Merida chegar e tirar ela do canto da sala.

– Então Jack gosta mesmo da Punze? – Foi mais uma afirmação do que uma pergunta. Mas ele, mesmo assim, concordou com a cabeça – e porque ele nunca disse nada a ela? Ele tem o jeito e a experiência para conquistar uma garota!

– Sim. Mas se ele chegar perto, a Merida mata ele! E ele sabe disso.

– Gente, essa menina é doente! – Nada disso fazia sentido. Deny riu da minha lógica perfeita.

– Demorou só um pouquinho pra descobrir – ele riu. A vontade de bater nele era enorme, mas o riso foi mais forte.

As estrelas brilham muito mais aqui em Corona, só tem prédios no centro, então a beira da praia era vazia de construções, o que deixava seu céu muito mais estrelado, muito diferente de Nova York, ou São Paulo.

– Sabe...- disse ele, do nada – quando te vi pela primeira vez... lá, no bar da minha casa, não vou mentir pra você, eu pensei “ nossa, essa tem que entrar na minha lista! ” – Ele sorriu, estava olhando para as mãos no ferrinho do brinquedo – mas... quando te puxei pra a pista de dança... pouco antes do Soluço me dar um soco na cara... eu percebi... – ele olhou pra mim – percebi que você não poderia ser, nem que eu quisesse, ser apenas mais uma na minha lista... – ele pôs a mão no meu maxilar, como o Itan faz... – você é única Beterraba... e eu não vou desistir de você... – ele se aproximou devagar, mas de repente – nem que dure pra sempre... – ele fez o esperado/inesperado, Deny me beijou...

“Cadê o Soluço quando se precisa dele”, pensei. Eu sabia que ele iria tentar, mas como pará-lo? E porque pará-lo...? Não! Ele precisa ser parado! Não posso permitir uma coisa dessa! O que minha mãe diria?

Ele não beijou com a ferocidade que achei que beijaria, ele nem tentou pôr a língua onde não devia! Seu beijo foi doce e calmo, seu contentamento em ter a boca apenas encostada na minha, me fez pensar que talvez todas as palavras dele fossem realmente verdadeiras. Mas talvez, ele fale isso para todas, e eu, de burra, acreditei, ou quase, não sei, tá tudo tão confuso! Porque não existe um manual de “como sobreviver à vida”?!

Eu devo beija-lo de volta?

Devo empurra-lo para longe?

Devo ficar imóvel para sempre?

O que devo fazer???

ALGUEM ME AJUDA!


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Notas finais do capítulo

Eu sou muito má, eu sei!
Eu quero saber de vocês, o que a Bete deve fazer?
Obs: eu não vou escrever o o próximo cap, antes de saber!
Kissu!! E até mais!



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