Half a Heart escrita por MareaWho


Capítulo 2
Mistletoe


Notas iniciais do capítulo

Bem, essa não ficou tão curtinha.
Vocês provavelmente já sabem, mas visco ("Mistletoe") é uma planta que é pendurada nos lugares como decoração de natal (noa EUA, Europa, etc.) e existe a tradição que se duas pessoas pararem juntas sob o visco elas devem se beijar.

Beijinhos e boa leitura!



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Natal de 1935 – Amelia (Amy, para os íntimos).

Steve Rogers sempre havia sido cego quanto aos sentimentos das mulheres, estava ocupado demais com a sua própria vida para se preocupar com mais alguém. Alem disso, porque ele deveria? Elas nunca pareciam notá-lo de qualquer forma.

Steve era um adolescente, e ele era amigo daquela garota dês de pequeno. Bem, não exatamente amigo. Ela conversava com ele e era gentil, mas quando os valentões chegavam a menina mostrava um outro lado de si. Ele não gostava daquilo, a menina era falsa e o fazia se sentir mal. Ainda assim, ele não conseguia deixar de gostar dela. Como amigo, é claro.

Era natal mais uma vez, e seus pais estavam (como sempre) quebrados. Não tinham dinheiro nem mesmo para comprar comida, então Steve estava, como sempre, trabalhando. Vendendo doces, jornais, ou qualquer outra coisa em que ele conseguisse botar suas mãos. Estava frio, muito frio, e suas roupas esfarrapadas não o protegiam da baixa temperatura. Era natal, então não havia ninguém nas ruas e ele não vendera quase nada.

Era oito da noite quando ele finalmente decidiu parar. Olhando pela janela, Steve viu bolos de chocolate (os preferidos de sua mãe) deliciosos, desejando comprá-los (ele não podia). Então ela veio com seus cachos dourados, Amelia, aquela que estava sempre com os valentões. Ela parou ao seu lado, também desejando poder comprar um daqueles (a garota loura também não podia).

– Oi, Steve – Ela o cumprimentou.

– Oi, Amy – Ele sorriu para ela.

– Então... – ela se interrompeu, provavelmente pensando em algo para falar.

– Feliz natal – Ele falou.

– O mesmo para você e sua família – Ela sorriu e olhou para cima, seus olhos fixaram algo e, por um momento, brilharam. De alegria, talvez, mas ele não poderia dizer. Ele olhou para cima também e viu o que a encantara: o visco.

– E-eu, Amelia... – Ele falou, dando um passo para trás. Ele não podia beijá-la, não a ela. Ele não gostava dela, não daquela forma, e não queria partir o coração dela. Só faria tudo piorar – Eu não posso, Amy...

Então vieram as perguntas, perguntas estas que ele não queria responder. Que ele não sabia como responder.

– Sou eu – Ela o olhou, os doces olhos castanhos parecendo magoados.

– Não, não é, eu prometo. Sou eu. Eu... Eu não gosto de você tanto assim – Ele disse, olhando diretamente para os olhos dela (embora tudo que ele quisesse era olhar para baixo e evitar o olhar dela) – Quer dizer, eu gosto de você como amiga e me importo como você. Eu não quero partir seu coração, então não vou te beijar.

– Você não tem que me amar – Ela afirmou, quase implorando. Mas Steve apenas balançou a cabeça, negando. Ele não era aquele cara – Bem, eu nunca gostei de você mesmo.

Ela se virou e saiu andando.

Steve, cego como era, não percebeu que a menina realmente gostava dele. Ele apenas deu de ombros, não se sentindo mal. Ele não a havia eito sofrer, não é mesmo? O garoto voltou para casa, onde, como sempre, seu pai gritou com ele por não trazer dinheiro o suficiente e sua mãe chorou assistindo a cena.

No dia seguinte, o pai dele morreu e Amelia nunca mais falou com ele.

Natal de 1943 – A secretária de Howard Stark

Era natal novamente no acampamento, seu terceiro ano na Europa – não que ele se importasse. Steve não tinha nada a fazer nos Estados Unidos. O terceiro ano dês de que tinha tomado o soro. Após a sua transformação, a secretária de Stark parecia estar dando encima dele. Mas ele não a queria, ele não queria ninguém. Ainda não havia encontrado a mulher certa. Estava interessado em Peggy, mas não tinha certeza de seus sentimentos para com ela. O Capitão estava parado do lado de fora do Q.G., sem ter certeza do que estava fazendo ali fora, congelando. Talvez olhando os flocos de neve caindo do céu, talvez tentando clarear sua mente.

Não havia ninguém nas ruas e já era quase noite, o sol estava se pondo. Steve observou o céu mudar de cores: azul claro, laranja e finalmente azul escuro. Ele esfregou as mãos, esperando aquecê-las. Não funcionou. O som de passos leves na neve o fez virar para observar a loira andar até ele.

– Está com frio? – A voz fina dela ressoou.

– Um pouco, por quê? – Ele perguntou, sem perceber as intenções da mulher.

– Posso te esquentar? – Ela perguntou, o empurrando para a parede. Steve estava prestes a dizer algo, quando ela o cortou – Olhe! Visco!

Estava acontecendo tudo novamente e ele não sabia o que fazer. Ele não a queria, aquela mulher que ele nem mesmo sabia o nome. Ela estava se atirando para cima dele. Ao menos Amelia havia sido um pouco mais sutil.

– Pare – Ele falou.

– O que? – Ela estava confusa.

– Eu nem mesmo sei o seu nome – Ele admitiu para ela. Ela revirou os olhos.

– Jessica – Ela contou para ele, avançando novamente para beijá-lo.

– Pare – Ele falou de novo – Jessica, eu não te conheço e não vou te beijar. Nem mesmo sabia seu nome até, tipo, cinco segundos atrás.

– Aw... Que fofo. Qual é, Capitão – Ela tocou o tórax dele e sorriu maliciosamente.

– Não, Jessica.

A mulher olhou para ele da mesma forma que Amelia havia olhado e ele tinha certeza que diria as mesmas palavras. Mas, ao invés disso, ela arrumou as roupas e saiu andando. Ela não olhou para trás, nem mesmo uma vez, e fingiu que nada havia acontecido. Jessica continuou falando com Steve da mesma forma que sempre havia falado (um pouco mais friamente, no entanto).

Natal de 1944 – Peggy Carter

Este foi um dos piores erros que cometeu em toda a sua vida. Peggy, o amor da sua vida, e ele havia deixado a chance de ficar com ela escapar apenas por não ter certeza de seus sentimentos ainda. Era natal no Q.G. e todos estavam lá, bebendo e se divertindo. Essas festas eram a única chance deles se divertirem, de se esquecerem por um momento dos problemas que os cercavam. Até mesmo Bucky estava lá.

Steve estava olhando pela janela, o natal sempre havia sido uma época difícil para ele. Especialmente após a morte de seu pai. Ele olhava os flocos de neve atingindo a janela, a lua que brilhava cheia no céu. Estava tudo perfeito. Então ela veio e parou ao seu lado. Por um momento, ambos encararam a janela, olhando a paisagem, como se procurassem por respostas nas estrelas.

Então as risadas ficaram mais altas e ele se virou para então ver cada um dos soldados bêbados apontando para eles e rindo. Ele olhou para cima e lá estava, aquela maldita planta. Aquela que parecia segui-lo para todos os lugares. Steve gemeu e passou uma mão pelos cabelos louros. Peggy olhou para ele.

Os dois queriam. Steve queria beijar os vermelhos lábios cheios dela, queria ficar com ela e tinha certeza de seus sentimentos. Os olhos dela diziam o mesmo, mas ele se convenceu do contrário. Ele se convenceu de que precisava de mis tempo para pensar sobre o assunto, então simplesmente saiu andando.

As risadas pararam. Peggy foi embora da festa mais cedo, assim como Steve.

Ah, como ele se arrependeu daquela noite. Arrependeu-se de não beijá-la, de não chamá-la para dançar e de não agarrar a mão dela quando ela queria ir embora e pedir que ela ficasse um pouco mais. Tudo porque ele não tinha certeza.

Natal de 2014 – Sharon

Steve e os outros Vingadores (e o mais novo membro, Sam Wilson) iam celebrar o natal na mansão de Stark em Washington. O Capitão esperava Sam vir buscá-lo. Como estava frio demais para usar a motocicleta, Steve havia pedido uma carona. Ele estava esperando na frente do prédio quando Sharon veio, usando jeans e um suéter vermelho.

– Oi, Steve, Feliz natal – Ela o cumprimentou com um sorriso.

– O mesmo para você, Sharon – Ele respondeu, sorrindo de volta.

Houve um minuto de silêncio constrangedor, enquanto os dois simplesmente esperavam por suas caronas.

– Então, você vai passar o natal com Stark, certo?

– É – Ele assentiu e riu – Como você sabe?

– Tenho minhas fontes – Ela piscou.

A risada deles preenchia o ar frio da noite antes do silêncio começar a reinar novamente. Steve gostava de Sharon. Ele estava em dúvida entre ela e Natasha, mas a ruiva aparentemente não estava nem um pouco interessada nele. Então, ele olhou para cima e lá estava. Visco. A agente olhou para cima também, vendo a planta.

Ela sorriu timidamente e corou. Ao contrário das outras garotas, Sharon não se moveu, esperando que ele fizesse o primeiro movimento. Steve se aproximou, e se inclinou, vendo os olhos dela se fecharem e Sharon fazer o mesmo que ele. Seus lábios estavam quase se tocando, ele sentia o coração acelerado e a respiração acelerada dela em seu rosto. Então o som de um motor quebrou o silêncio.

– Steve! – Sam gritou, fazendo o loiro olhar para ele.

– Me desculpe, Sharon, isso vai ficar para depois – Ele se desculpou e correu para carro, acenando, antes de entrar.

– Hey, Capitão – Sam falou, com um sorriso malicioso – Estava se divertindo com a Sharon, ali atrás?

– Na-Não é o que você pensa! – Disse Steve, nervoso.

– O que quer que você diga, cara – Sam disse, para depois murmurar algo que se parecia com ‘Natasha não vai gostar disso’.

Mas Steve tirou aquilo da cabeça. Porque Natasha teria ciúmes dele?

Ceia/Manhã do natal de 2014 - Natasha:

Quando eles chegaram na casa, Natasha estava em frente a lareira jogando poker com Clint, Tony e Bucky. Sam correu par se juntar a eles enquanto Steve conversava com Bruce, Thor e Jane. No final, ele acabou conversando apenas com Thor, pois Jane e Bruce iniciaram uma conversa sobre ciência e outros assuntos que nem o deus nem o capitão entendiam muito bem. Pepper chegou alguns minutos depois, e eles jantaram.

Então Tony teve uma ideia para tornar mais divertido o jogo de poker: o perdedor teria de tomar uma dose de Vodka. Como todos os jogadores eram muito bons, quando a meia noite chegou apenas Natasha e Bucky estavam sóbrios (bem, eles não podiam ficar bêbados de qualquer forma).

Tony colocou música para tocar. Todos escutavam a música e continuavam a conversar e jogar jogos. O Stark podia ter todos os defeitos, mas tinha um ótimo gosto musical. Quando as músicas dos anos 60 começaram nenhum deles conseguiu ficar parado.

Já era o final da noite e todos tinham caído no sono ou estavam bêbados demais. Steve e Natasha eram os únicos acordados, e tocava uma música lenta. Steve andou até ela, que estava sentada no sofá distribuindo cartas e brincando com elas sozinha.

– Nat – Ele a chamou – Você me concederia esta dança?

– Seria uma honra, Steve – Ela sorriu e pegou a mão dele.

Ele a puxou para mais perto pela cintura, e eles balançaram com o ritmo da música. Ela estava tão perto dele. Ele sentia a cabeça dela descansando em seu peito, conseguia sentir o cheiro delicioso do cabelo dela e, quando ele olhou para baixo, ela o encarou. Eles pararam. Steve olhou naqueles belos olhos verdes e se perdeu neles.

Ele não iria perder aquele momento. Ele não poderia perder aquele momento. Steve queria beijá-la, ele queria que ela fosse sua. Ele sabia (ou ao menos esperava) que ela não iria dizer não. O que ele havia visto naqueles olhos verdes tão profundos como o oceano era amor.

Ele a beijou. E ela o beijou de volta, envolvendo o pescoço dele com os braços. Ele provou aquela boca que estava morrendo para provar. E, quando sentiu os lábios dela pressionados contra os dele pela segunda vez ele jurou que era a melhor coisa que já havia provado na vida.

E nenhum deles notou que estavam parados sob o visco.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Qualquer errinho me avisem. Críticas e elogios são bem vindos.