Pov. Annabeth

–Pode falar Luke – disse sorrindo inocentemente.

–Ahn... Então, quer ir a festa comigo – perguntou todo nervoso.

–Claro, vai ser demais – disse alegremente.

–Sim, e...

–Chegar com os amigos é bem mais legal.

–Ah sim – ele disse parecendo desapontado – te pego na sua casa às oito?

–Pode ser, podemos dar carona ao Percy e a Thalia? – perguntei.

Ele refletiu um pouco, achei estranho, mas não comentei nada, apenas esperei sua resposta.

–Claro – disse ele abrindo seu sorriso de sempre.

–Então está combinado – eu disse o abraçando – você é o melhor.

E então continuei meu caminho de volta para casa. Tinha que bolar um novo visual para Percy, muito trabalho a fazer.

Pov. Luke

–Tem alguém mais na “friend zone” do que eu? – perguntei a mim mesmo, mas na hora errada e no lugar errado.

Senti uma mão em meu ombro e olhei para trás assustado.

–A vida é dura meu amigo – disse Nico, com um olhar solidário.

–Se você abrir a boca para falar isso para qualquer pessoa, eu quebro sua cara em mais pedaços do que você pode contar – eu disse já fechando a mão em forma de ataque.

Ele não se alterou em nenhum sentido, me olhou despreocupado e apenas sorriu sombriamente, do jeitinho que ele sabe fazer.

–Só tenho a te oferecer ajuda.

–Sei... E o que você quer em troca? – perguntei desconfiado.

–Relaxa, logo você saberá.

–Ai meus deuses .

–Tenho um plano perfeito, vou te conseguir o primeiro passo, e o resto será com você – ele disse já estendendo a mão – temos um acordo?

–Está bem – disse aceitando as condições – espero que funcione.

–Está mais que garantido meu amigo – ele disse e então foi embora.

Fiquei desconfiado, mas era a melhor opção que eu achei, pelo menos agora, quero ver esse primeiro passo que o Nico disse. Espero que funcione.

Pov. Annabeth

*Dia seguinte*

Passei a noite inteira pensando e repensando sobre como iria arrumar o Percy hoje à tarde, até preparei uma planilha com as coisas que ele deveria comprar, e confesso que pedi ajuda para Bianca que mostrou um ótimo gosto, pelo menos eu acho.

E então depois da aula o encontrei no lugar marcado. E não sei quem estava mais nervoso eu ou ele.

–E ai? Pronto para mudar o visual? – perguntei rindo um pouco.

–Com medo do que vai fazer, mas pronto – ele disse sorrindo de lado, e devo admitir que quase derreti.

Pegamos um táxi e seguimos para o shopping. Chegando lá, não sabia nem por onde começar. Eram tantas lojas, mas então respirei fundo e comecei a olhar para planilha e ver que roupas eram essenciais.

Passamos em centenas de lojas, uma após a outra, quando olhei para o relógio eram quase oito horas, e percebi que estava morrendo de fome. Paramos então em uma lanchonete com várias sacolas e pedimos alguma coisa para comer.

–O seu pai não vai dar falta do dinheiro? – perguntei.

–Não, pode ficar tranquila – ele disse sendo breve, e percebi que ele não gostava de falar sobre o pai.

–E então, planos para amanha? – perguntei tentando puxar assunto.

–Psicólogo, de novo – disse, como se aquilo fosse um saco, e devia ser mesmo, estava bem curiosa para saber o porquê de ele ter que ir para aquele lugar. Mas respeitarei seu espaço – depois de comer podemos ir embora? Meus pés estão me matando, e eu odeio fazer compras.

–Quase, só falta um lugar – disse – já é hora de cortar esse cabelo, está quase no seu ombro.

–Acho que sim – disse ele, um pouco sem jeito passando a mão por seus fios.

Terminamos de comer e seguimos para a tarefa final. E quando o homem terminou de cortar, Percy parecia o Logan Lerman.

–Ficou muito legal – falei animada – o pessoal amanha na escola não vão nem acreditar que é você.

–Isso é um elogio? – ele disse fingindo estar ofendido.

–Claro que sim, já estava na hora de você ter essa transformação. Deixar o passado para trás – disse sorrindo.

–É, pode ser – falou, parecendo ficar triste de repente, e então fomos embora.

Pegamos outro táxi, e o caminho inteiro de volta para casa foi em silêncio, sempre que eu tentava começar uma conversa ele dava respostas curtas e diretas, e não parava de balançar a perna, ansioso e irritado. Não sei se foi alguma coisa que eu disse, mas resolvi deixar ele quieto.

Paramos primeiro em minha casa, dei um rápido abraço e ele me agradeceu pelo dia, depois entrou de novo do táxi e foi embora.

Pov. Percy

Aguentei a barra até chegar em casa. Peguei as sacolas e entrei na sala. Meu pai estava trancado no seu escritório e nem viu eu chegar. Subi para meu quarto e joguei tudo no chão, e sentei encostado na parede abraçando os joelhos.

Não queria estar tão alterado, mas não pude evitar pensar em meu irmão, com toda aquela conversa de transformação e deixar o passado para trás. Não queria mudar, eu estava bem, afundado em minha própria fossa. E sem perceber as lágrimas vieram e acompanhadas com as imagens de meu irmão caçula no chão... Morto.

Puxei meus joelhos, abraçando os mais fortemente e balançando de um lado para o outro, e então mais e mais imagens vieram, e elas não paravam de vir, me sufocando com a dor.

Demorou um pouco, mas finalmente comecei a acalmar, e a controlar a respiração. Forcei-me a levantar e a tomar um banho gelado. Deixei a água escorrer por minhas costas, o que ajudou a relaxar.

Coloquei um pijama e deitei na cama. Peguei meu celular e tinha uma mensagem de Annabeth:

“Você está bem? Ficou estranho depois de passarmos no barbeiro. Eu disse alguma coisa errada?”.

Senti-me um pouco culpado, ela não sabia o que aconteceu comigo e eu não podia descontar nela.

“Relaxa, não foi nada, só estava cansado”.

Ela logo respondeu.

“Ah, ok. Está melhor?”.

“Sim, boa noite”. – respondi sendo breve.

“Boa noite”

Coloquei o celular de lado e levantei, estava muito nervoso para dormir, peguei na minha mochila um maço de cigarro e fui para a varanda do meu quarto. Acendi um e logo a culpa veio. E lembrei a conversa que eu tinha tido com meu pai, meu irmão não gostaria de me ver assim. Então desisti de fumar, apaguei o cigarro e voltei para cama.

Comecei a pensar no dia, passei a tarde inteira com a Annie, e foi tão legal, e ela é tão bonita, com seus cabelos cacheados e olhos cinza, ainda é atenciosa e preocupada com os outros... E adormeci, esperando sonhos, mas tive pesadelos.