Enquanto caminhava os dois quarterões para ir para minha casa, minha mente voava longe com pensamentos sobre William, como alguém podia ficar tanto tempo sem amigos, sera que ele já teve um amigo? Ele sempre parece tão triste, e o mais importante por que eu começara a pensar nele? Estava tão ocupado com meus pensamentos que demorei para reparar que já tinha passado da minha casa, então tive que voltar umas três casas para chegar a minha.

Antes mesmo de abrir a porta da sala, escutei o barulho de varias patinhas correndo felizes pelo chão de madeira, o que me sempre faz sorrir, querendo ou não, abri a porta e na frente da porta Mell me esperava, sim Mell com dois L, com um L só é muito comum, ela era um Poodle misturado Cocker, de pelos meio beje acinzentados por causa da idade e olhos cor de mel, daí o nome. Mell logo que me viu andou em direção a sala, como se fizesse sinal para que eu entrasse, então eu tranquei a porta e fui até ela e fiz um pouco de carinho, fazendo-a deitar no chão e se espreguiçar toda.

Como meu pai e minha mãe trabalham a manhã e a tarde toda, minha mãe sempre deixa o almoço pronto para mim esquentar no microondas e comer, mas antes, eu tinha que fazer uma coisa muito importante, ir no banheiro. Depois de ter me aliviado, almocei, e depois fiquei a tarde toda atoa, bom atoa entre aspas, eu fiquei uma hora pra fazer UM exercício de matemática, eu ODEIO matemática, tá mas eu acho que ninguém quer saber da minha vidinha simples, provavelmente só querem saber da minha história com William, acertei? Ok, então vamos lá.

Porém um pouco antes das 22h percebi, que eu, a genialidade em pessoa, tinha esquecido de combinar um horário com ele, então la fui eu desesperado para o facebook para ver se alguém tinha ele como amigo, e por incrível que pareça Anna havia ele como amigo, então eu mandei um pedido de amizade, que não demorou muito para ele aceitar.

" Eae " Mandei uma mensagem para ele

" Oi ^^ "

" Então eu esqueci de combinar um horário com vc, que tal as 15h? "

" Pode ser, então vou pedir pro meu pai me buscar as 18h "

" Então ok, flw, até amanhã "

" Flw "

Após isso eu fui para o banho, uma ducha rápida, no qual eu me dei a liberdade de me "tocar" um mais intimamente, que que foi? Eu não posso fazer isso? É parte da natureza do homem fazer isso, apenas aceite, mas por respeito a você, eu não lhe escreverei detalhes sobre isso, então fui dormir.

Quando acordei já eram 11h, havia dormido mais que planejava, corri para o banheiro lavei meu rosto e me observei pelo espelho, cabelos castanhos claros e curtos, olhos cor de avelã e pele "amarela", e em seguida tomei outro banho, sim eu sou um menino limpinho, dessa vez sem "toques íntimos" e me arrumei para receber meu convidado, e fui almoçar. Vocês devem estar pensando "Você chamou o William pra sua casa e nem avisou seus pais?", relaxe eu já havia os avisado, só não quis escrever isso e por algum motivo meu pai teve que trabalhar no sábado também, mas nem me importei de perguntar e minha mãe não se importa que meus amigos venham me visitar, então tudo de boas.

Exatamente as 15h o interfone tocou, pontual ele não? Então peguei as chaves do portão e o abri, William me esperava sozinho no portão, vestia uma blusa xadrez vermelha e preta por cima de uma blusa preta com o desenho do capacete de um Stormtrooper, calça jeans azul escuro e vans preta, porém ele olhava para a rua.

– Legal, você gosta de Star Wars também - Comentei chamando a atenção dele - Eae - O comprimente e dei espaço para ele passar

– Oi - Disse ele sorrindo levemente e entrando no jardim, no qual era bem pequeno, mal dá pra chamar de jardim, só tem um pouco de grama e alguns vasos

– Sinta-se a vontade - Falei enquanto entravamos na sala - Mi casa es su casa - Falei brincando

Rapidamente um vulto beje acinzento e baixinho passou por nós, assustando um pouco a visita, mas quando ele viu que era apenas um cachorro, logo se pôs a fazer carinho em Mell.

– Parece que a Mell gosta de você

– Os animais costumam gostar de mim - Comentou Will se levantando

– Leo, quem é seu amigo? - Perguntou minha mãe entrando na sala, uma mulher jovem 44 anos de cabelos castanhos claros até os ombros e olhos verdes.

– Mãe, esse é o William - Falei - Will, essa é a minha mãe, também conhecida como Fernanda.

– Oi

– Oi William, fique a vontade, não irei atrapalhar o trabalho de vocês, se quiserem algum lanche e só avisarem que eu faço um misto quente

– Obrigado - Falou ele meio tímido

– Tá mãe, nós vamos pro quarto agora - Dizendo isso o puxei para o meu quarto.

Infelizmente, ou felizmente, eu ainda não sei exatamente, eu o puxei segurando sua mão, e só fui perceber quando chegamos no quarto, onde ficamos parados olhando um para a cara do outro de mãos dadas. Rapidamente recolhi minha mão para não o deixar incomodado, mais do que eu já fiz.

Meu quarto não era grande nem pequeno, suas paredes eram de um tom azul claro exceto uma, que era um pouco mais escura, que na qual carregava duas estantes cheia de livros. uma parede inteira era ocupada por um armário de madeira, havia uma cama, como em todo quarto, e uma bancada com um notebook, impressora, TV e varias outras coisas, e por incrível que pareça tinha duas, cadeira de rodinhas diante a bancada, assim não teríamos que pegar uma cadeira da sala.

– Então - Disse me sentando em uma cadeira - Vamos começar o trabalho!

Em silencio, William se sentou na cadeira em meu lado e começamos, o garoto defendia fortemente os homossexuais e deixava bem claro seu ódio contra homofóbicos, e eu concordava com ele, cada vez mais tem jovens homo ou bissexuais, e cada vez mais tem relatos de ataques de homofóbicos, o que é terrível, a escolha de gosta de alguém do mesmo sexo é dela, ninguém pode força-la a não gostar ou a não amar com violência. Em pouco tempo um trabalho de duas folhas que parecia que ia demorar para sair, foi feito em menos de uma hora, nos deixando um bom tempo livre.

– Você errou aquela palavra - Disse William apontando para a tela do computador - Você escreveu exceção com dois S

– Aonde? - Perguntei ele tinha olhos de águia? Eu realmente não estava achando

– Ali! - Disse ele chacoalhando seu dado para a direção

– Não to vendo nada escrito errado

– Oh, meu deus, você é cego? - Falou ele me fazendo rir, então ele colocou sua mão sobre a minha no mouse, me assustando um pouco, mas não para me fazer recuar ou pular, e por algum motivo eu senti um calor diferente vindo de sua mão, com certeza não era de temperatura - Aqui - Disse ele colocando o ponteiro em cima da palavra

– Ata, achei - Falei brincando como se não tivesse precisado da ajuda dele, e depois olhei para sua mão que ainda estava em cima da minha - Já pode soltar minha mão - falei sorrindo para que ele não me achasse grosseiro, o que fez ele tirar a mão rapidamente e corar um pouco, mas eu ignorei. - Agora é só mandar imprimir e... pronto! - Exclamei quando cliquei em "Imprimir"

– O que vamos fazer agora? - Perguntou ele

– Que tal conversamos? - Sugeri - Afinal mal nos conhecemos

– Ok

E assim foi, papo vem, papo vai, acabamos nos conhecendo melhor, descobrimos que tínhamos muitas coisas em comum, além de gostar de Star Wars, mas após umas meia hora conversando, eu tive que fazer uma pergunta, uma pergunta que estava formigando em minha cabeça.

– Will eu queria saber... - Falei meio sem graça - Se não quiser responder não responda, mas... Os boatos são verdadeiros? - A pergunta não pareceu surpreender ele, parecia que uma hora ou outra.

– Leo - Começou ele - Tem certeza?

– Sim, eu quero saber, independente da resposta, nós seremos amigos Will, eu não sou um daqueles idiotas.

– Está bem - Falou o moreno, ele respirou fundo - Sim, são verdade, eu gosto de garotos, eu sou gay. - Por algum motivo aquela resposta me fer sorrir bem levemente, talvez eu só havia sorrido por dentro, eu não sei.

– Outra pergunta, um pouco mais sensível - Avisei - Você gosta de algum garoto da sala?

– Sim - Respondeu ele, sem demonstra mais nenhuma vergonha que demonstrava a cinco minutos atrás

– E...

– O nome dele é... - Ele disse essas palavras devagar e fez uma pequena pausa - Leo - E antes que eu pudesse processar o nome que ele disse, um par de lábios macios vieram de encontro aos meus e logo se afastaram.

Fiquei em estado de choque, minha boca estava entre aberta, não conseguia me mexer, meu corpo não respondia, e em minha frente Will olhava fixamente para o chão, após um minuto nesse estado, o que pareceram séculos, uma voz me tirou do transe.

– Garotos, eu fiz misto quente, vem comer - Gritou da cozinha

A partir dai eu meio que agi automaticamente, comemos nossos mistos quentes em completo silencio, minha mãe pode ter estranhado, mas não comento nada na hora e nem depois, um pouco depois de comermos uma buzina tocou na frente de casa.

– É o meu pai - Avisou Will

– Pensei que ele vinha te buscar as seis - Falei, ainda automaticamente, indo para porta junto com ele

– Eu também, parece que ele veio me buscar mais cedo mesmo assim - Disse ele enquanto eu abria o portão - Me desculpe - E com essas palavras ele entrou no Corola 2008 de seu pai e foi embora, me deixando pensando se as desculpas era por ter ido embora mais cedo ou pelo beijo.

Eu ainda estava chocado, mas enquanto observava o carro indo embora, encostei meus dedos nos meus lábios e sorri.