Caçadora de Asas escrita por Chang Mei


Capítulo 7
Almoço do arrependimento


Notas iniciais do capítulo

Escrevi este mais cedo pela volta às aulas. Talvez atrase um pouco, mas virá.



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Ao sai de casa o vi sentado como sempre, encostado no vidro e com fones de ouvidos. Quando me percebeu foi até a porta da van e abriu-a para mim, dizendo:

– Bom dia. Perdoe-me a insolência. Somos amigos então pensei que podia... Eu não devia ter me precipitado...

Houve um enorme silêncio entre nós, eu não tinha reação a razão e o sentimentalismo resolveram ir embora, me deixando sem saber o que fazer e o mesmo aconteceu com ele aparentemente. Ficamos um ao lado do outro sem trocarmos se quer uma palavra, havia uma sensação estranha que não consegui traduzi-la.

A minha primeira aula de segunda de Filosofia, com isso pude pensar melhor no que havia acontecido na van com Marco. Gust percebeu que eu estava diferente e me perguntou:

– Você está bem? Aconteceu alguma coisa que está te preocupando?

– Não, aconteceu nada. Estou bem, só um pouco cansada. Não precisa se preocupar com isso.

Depois de dizer isso sorri para tentar lhe acalmar e convencer de que era verdade, já que eu não havia mentido, odeio mentir, eu só omiti o fato de um dos meus melhores amigos ter falado que me ama e depois se desculpado na van. Realmente não havia acontecido nada, ele só me pediu desculpas e eu assenti com a cabeça e sentei em outro lugar. Havia sido uma conversa rápida e sem constrangimentos, como iria responder algo relacionado a amor em um momento crítico destes. Depois de um certo tempo percebi o possível motivo para a preocupação de Gust, depois da conversa que ele teve com Gabe qualquer um ficaria preocupado, mais uma preocupação para mim, o que fazer em relação ao Gabe que me atormentara desde o primeiro dia de aula.

A data do torneio chegava mais próxima, faltava somente cinco dias. Quando Marco veio e me disse que gostaria de almoçar comigo para conversarmos. Nós precisávamos conversar, então eu aceitei e fomos almoçar perto da escola. Ele havia sido tão cavalheiro, se ofereceu para pegar minha mochila, como não o deixei a segurava pela alça para eu carregar "menos peso" mesmo não estando pesada. Abriu a porta do restaurante para eu entrar, escolheu uma mesa e retirou minha bolsa para que eu pudesse sentar. Puxou a cadeira em um gesto gentil e chamou o garçom, pela primeira vez estava tocando músicas românticas no restaurante, todas as vezes que havia ido só tocava músicas antigas e estranhas.

Nós estávamos sentados um ao lado do outro apenas conversando tranquilamente. Quando ele começou a me agradecer e dizer que era muito bom conversar comigo, me agradecendo por tudo. De repente ele pegou a minha mão em um súbito movimento, mas com tanta delicadeza. Senti-me um pouco incomodada, então em um gesto igualmente súbito eu retirei a minha mão e usei como desculpa beber o meu suco quando eu o olhei novamente ele estava com um ar de tristeza, seus olhos estavam baixos, pensei que foi por eu ter reacusado seu gesto.

Ao retornar a minha mão para o local onde estava antes dele a pegá-la ele a segurou novamente, mas desta vez não me incomodou, acho por ter visto a sua expressão de antes, não queria vê-lo triste. Deixei-o segurar minha mão, não me atrapalharia em nada.

Conversamos por horas, sobre quase tudo, até de vidas passada e reencarnação. Ele me perguntou:

– Você acredita em vidas passadas e destino.

– Acho que o destino é uma inversão para que possamos nos responsabilizar menos pelos nosso atos. E sim acredito em vidas passadas.

– Se existiu outras vidas, você e eu éramos bem ligados nela, pois me sinto muito bem perto de você.

– Então - tentei mudar de assunto - você acredita em outras vidas?

– Não exatamente, acredito na Lei de Lavoisier. Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.

Conversamos assim por horas até termos que sair, as conversas se tornaram cada vez mais constrangedoras. Quando fomos nos retirar, ele me agradeceu pela conversa que nos tivemos e falou algo quase sem emitir som, pensei ter entendido que era para eu o desculpar pelo seu gesto de agradecimento. Por mim, seria, ele ter segurado a minha mão, mas foi um erro ele veio com a intenção de me beijar, mas eu me virei recusando o seu ato e estão nos abraçamos e saímos do restaurante, meio constrangidos. Eu não poderia beijá-lo, se o fizesse como o olharia no torneio e mais preciso manter distância dos sentimentos fortes, pois é difícil esconder a cor dos meus olhos.

Não iria ser meu primeiro beijo em dezessete anos, por isso eu sabia o que aconteceria. Em época de paz não teria muito problema em eu ceder o beijo, mas como não era e tinha o torneio recusá-lo foi o melhor. Como me arrependi de não tê-lo beijado, quando saímos do restaurante ele estava de cabeça baixa e distante. Fomos para uma biblioteca para nos distrair, lemos um pouco. Nela havia uma conhecida que percebeu o clima estranho entre eu e Marco, mas nenhum dos dois admitiu que realmente tinha esse clima entre nós.


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Notas finais do capítulo

O arrependimento, aquela boca... Aquele abraço... Tudo junto, mas foi melhor assim.
Espero que tenham gostado.
Beijos, Mei



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